Musica Velha
Quem encara a velha vida de frente ou a vivência de baixo pra cima
torna-se mais que iludido.
Transforma o paradoxal contemplamento e experenciamento da mesma, em mero padecer.
E sofre encarceirado em prisões que julgará ser real a ilusão que contempla.
Eu vou pela estrada velha
Antiga estrada da alegria
Nela morava o meu amor
Eu criança e ela flor...
Trecho da letra - Estrada da alegria
Liko Lisboa.
ME DESCULPE, NÃO SEI MENTIR.
Não tente recuperar uma velha amizade, se houve motivo para recuperar é porque ela nunca existiu.
BOM DIA
Cômoda velha, segredos guardados
gavetas mexidas, remexidas, incompletas
palavras escondidas, trancadas à chave
papeis em silêncio, cheios de saudade
cheira a mofo de felicidade, esquecida no tempo.!!
Era outubro, na cidade velha de pedra,
de areia e espanto.
Foi de propósito — que sem querer — eu te olhei.
Você também, sem disfarce, me encarou.
E eu pensei: o que é tudo isso?
Artifício do acaso, ou um descuido da dor?
O tempo parou.
O céu ficou suspenso.
A primavera se atrasou.
A luz dos teus olhos me iluminou —
quando dei por mim, era verão.
Como parece ao vento
eu sussurrei um monólogo
Sem melancolia, nem saudade.
Quando tudo terminou, como num sonho
Inefável, eu aprendi a soletrar
A palavra eternidade.
Cemitério.
Madrugada.
O orvalho fede a lembrança e carne velha.
E eu tô ali.
Com flores murchas na mão
e esperança enfaixada em gaze suja.
Sabe o que é amor?
É escavar a terra com as unhas
porque a pá ficou leve demais.
É sentir o cheiro de formol
e ainda assim achar perfume.
É abrir o caixão devagar,
como quem desembrulha um presente proibido.
E lá está ela.
Minha musa cadavérica.
Rainha do silêncio.
Pele cinza como as manhãs que eu perdi.
Lábios rachados,
mas o sorriso?
Mais sincero que o de muita gente viva.
Dizem: “isso é doente.”
Mas eu te pergunto:
e aquele cara que finge amar só pra não dormir sozinho?
Ou aquela que sorri por obrigação no jantar de família?
Quem é mais doente?
Eu amo cada verme que beija tua carne.
Cada lasca do teu osso que brilha na luz da vela.
Eu passo os dedos pelas costelas
como quem dedilha um piano
e ela me canta, em silêncio.
Uma ária morta.
Um sussurro do além.
Te vesti com seda e desespero.
Te deitei no lençol da minha culpa.
E fiz juras que até Deus viraria o rosto.
Mas ela não.
Ela me olha com olhos secos
e ainda assim me vê por inteiro.
E sim, a cama geme.
Não de prazer.
Mas de peso, de passado,
de pactos que não têm volta.
Velha Amiga
Não corro da morte,
não tremo ao seu nome.
Ela não é sombra,
é apenas silêncio que chega sem alarde.
A vejo como uma velha amiga,
de passos lentos,
que caminha à margem da estrada,
esperando o dia em que nos sentaremos
para conversar,
como quem reencontra alguém
depois de uma longa jornada.
Ela não me assusta.
Me ensina.
Me lembra que cada nascer do sol é raro,
que o riso de hoje não volta,
e que amar vale mais do que temer.
E quando chegar o momento,
não haverá luta.
Apenas um aceno leve,
como quem parte de casa,
mas sabe que foi inteiro
enquanto esteve.
Velha embalagem
Embalagens luxuosas fazem do insensato um soberano intocável. Uma cobertura deliciosa e delicada, com data de validade. Consumidor final iludido, disposto a pagar caro pela embalagem desprezando o produto essencial interno. O ritmo do jogo faz parte de uma nova partida entre os bons e os melhores. É na ilusão da embalagem que se perde a essência e o valor da razoável dignidade.
Seu desejo atendido foi mera coincidência passageira da moda , do gosto , da ilusão que agora não passa de uma velha embalagem...
Autor: Gilson de Paula Pires
A velha estrada.
Após percorrermos longas e diferentes estradas, nos reencontramos na mesma esquina.
Quem sou eu?
Um humano entre as vielas na Velha Calçada
A pequena Londres te recebe de braços abertos
Confesso que
Imaginei um coadjuvante para o novo longa metragem
The Walking Dead ressurreição na cidade sol nascente
Após longa prosa o desconhecido abriu seu coração
Seu moço perdi minha familia, vício droga e destruição
Da ferroviária para linha de ferro não tenho parada
Quem já foi craque no futebol um dia
Hoje o "craque" dominou, sem amigos longe dos amores
Sou "nômade", becos, rodoviária, albergues, mocó, praças, viaduto
Olhar perdido sem rumo um cachimbo na mão
Meu Deus, o saci Pererê está sem pito
O breu é seus misterio nas frias noite inverno
Nosso povo generoso muita esmola e um sopao
Viva o assistencialismo, ah sou solidária sorriso estampado na face
Os anjos assistidos, sonham com um futuro melhor
Viva os maus políticos da velha política nacional
O pé vermelho encantado com a cantata natal
'Noite feliz noite feliz o menino Deus nasceu"
Nas noites natalinas corpos cobertos com papelão enfeitam as marquizes da cidade.
16/08/2021.
Os meus doces olhos lânguido
ficará pousados sobre o poente
naquela velha estradinha,
donde chegam e se vão as almas aventureiras...
Quem fica,
quem parte...
E que por alguns instantes de anos, horas imaginei avistar ao longe sua chegada...
O tão sonhado encontro naquela pequena praça,
disfarçando toda a nossa vontade em meio a pessoas estranhas que ali trafegavam...
A emoção, feito flor na pele,
exalava o odor único e incomparável,
o de nossos desejos...
Os meus olhos, então debulhado do que me transbordava o coração,
escorriam em lentidão, feito o orvalho da manhã,
gotas aveludadas e cristalinas.
Entre mãos e braços entrelaçados,
o seu corpo aconchegado ao meu corpo tão frágil e pequeno,
nos deixamos ali ficar como se todo o resto do mundo tivesse desaparecido da face da terra.
Aquele momento imaginado e tão esperado,
se fez como tanto sonhamos.
Já nem sei o que foi real ou ilusório,
e se todos os instantes idealizando um abraço seu no meu,
teria sido só loucura da minha cabeça...
Presa estou entre o que criei,
acreditei,
escrevi,
vivi,
senti,
e o que desconheço.
Você!
Rabiscando Palavras.
Aquele bolo que falaram,
Nascido da velha forma mágica,
Ser de fubá cremoso,
De tão bom,
Tinha gosto de creme fuboso,
— Olá velha amiga. Seja bem vinda. Sente-se e fique a vontade, já que conseguiu arrombar a porta.
Digo que é um imenso desprazer sua presença, mas você já faz parte de mim. Costumo te manter afastada pra proteger meu bem estar, porém é inevitável sua volta.
Te rejeito, pois traz consigo meus medos, meus traumas, minha insegurança... Mas vamos, tome um pouco de café, enquanto me lembra de como meu mundo é pequeno e destrutivo.
Conte-me como foi ficar tanto tempo afastada e o quanto lutou pra conseguir me abalar ainda que só um pouco e hoje conseguir forças suficiente pra atropelar meu castelo de areia que construí com tanto cuidado.
Cante para mim suas canções melancólicas enquanto dilareça meu coração e embaraça meus pensamentos.
Não ligue pra minhas lágrimas, nem pras minhas mãos trêmulas e muito menos pra minhas frases incompletas, que falo enquanto sufoco com falta de ar.
Mas seja breve por favor, depois que concluir seu trabalho vá embora.
Não te demores muito. Pois estarei recolhendo meus cacos espalhados por todo o carpete, e pedaço por pedaço tentarei colocá-los de volta no lugar.
E então até eu terminar não retornes, velha amiga.
Não se preocupes, você sabe exatamente onde me encontrar, e se possível se perca pelo caminho e nunca mais volte.
E se um dia eu precisar de você, o que garanto que não vai acontecer, gritarei bem alto: —Volte amiga Ansiedade, sinto sua falta!!!
GENTE GRANDE
Em minha velha infância eu queria ser gente grande
Quando eu tinha tempo para olhar o céu
Quando ficava de bem com o amiguinho entrelaçando os dedos
Quando dormia cedo para chegar logo o dia seguinte
No tempo em que as águas da chuva levavam meus barquinhos de papel
No tempo em que subir em árvores era tão normal quanto um sorriso ao comer chocolate
Mal sabia eu...
Naquela época é que eu era grande.
Certa vez; um homem que morava em uma casa velha se cansou por já está ali desde sua infância, e resolveu ir morar em um palácio. Lá descobriu que não havia alimentos. Retornando a sua velha propriedade, onde a lavoura era farta, descobriu que ela estava habitada por novas pessoas, e assim ele mendigou o resto de sua vida.
Cuidado com as escolhas que você faz, pode não haver retorno, e nem sempre o luxo tem a felicidade que aparenta ter.
A velha e inquietante pergunta.
Somos livres?
Há quem afirme e passe recibo com um enorme "Yes", "Sim."
Porém delibero um pressuposto inquietante de:
Se algo ou alguém nos detém ou controla ou dependemos;
dá-se a entender que liberdade é algo dúbio e fugaz.
... e indago-lhes!
Quem é livre?!.
A vida é um apeadeiro de memórias
A casa velha continua muito bela
Apesar dos anos que vai passado por ela
Paredes de pedra de cal já gasta
As árvores são versos que a terra
Escreve no céu e os pássaros fazem casa
Entre as memórias curtas de verão
Da casa velha poucas lembranças guardo
Mas sim dos fantasmas que oiço
E que nas suas caves ainda habitam
A vida é um apeadeiro de partidas e chegadas
Onde viajamos nos sonhos e regressarmos à realidade
É por a vida ser breve que agarro cada momento de felicidade
A velha norma não percebida é:
Todo o sistema errôneo por ser humano abrangeu sempre na punição.
Foi desde a "criação", porém imposta por humaninhos...
Acredito sempre numa norma evolutiva.
Acredito na norma EDUCATIVA!
Só está função precede a EVOLUÇÃO.
Já se pagou e paga-se um preço alto de mais por não se entender pra atender...
Fragmento
Caminho pela velha rua da minha infância...
jà mudou de nome umas seis vezes,
a miséria continua a mesma.
Minha pele é minha dona
E eu sou presa dela.
Minha pele é mais velha do que eu
Mas eu sou mais antiga que ela.
