Poemas Góticos
Surdina
No cerrado, lá no alto um sino canta
Da capelinha, num badalar soturno
Canta um sino e a melancolia pranta
Finda o turno!
Canta, pranta o sino no campanário
Como se assim se quisesse
Benesse, no chuvoso dia solitário
Resplandece...
Na messe! Canta e pranta silente
Na torre da igrejinha sem estresse
E o dia adormece, docemente
18 horas: - tal uma prece!
O coração abafado e vazio
Num acalanto o sino canta
Nebuloso dia... Que frio!
Triste melodia, triste mantra...
Sina!
Bate o sino... surdina!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
25/01/2020, 19’47” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
EM TARDE CHUVOSA (soneto)
Março. Em frente ao cerrado. Chove demais
Sobre meu sentimento calado, aborrecimento
Gotejado do fado.... Rodopiando nos temporais
Enxurrando desconforto, angústia e sofrimento
Verão. E meu coração sentado na beira do cais
Da solidão. Do mar agitado e cheio de lamento
Por que, ó dor, no meu peito assim empurrais
Essa tempestade e tão lotada de detrimento?
A água canta, lá fora, e cá dentro o olho chora
Implora. Para essa tempestade então ir embora
Que chegaste com o arrebol e na tarde ainda cai
E eu olha pela janela deserta, e vejo o céu triste
E, ao vir do vento, a melancolia na alma insiste
Sem que das nuvens carregadas a ventura apeai
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/03/2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
MEU POBRE SONETO
Ele sussurra com uma dor sofrida
Que esmaecido chora na emoção
Tal a uma lágrima na falta sentida
Que bate forte o apertado coração
Ele canta com a sensação pendida
Dos urutaus, que cantando em vão
Entoam cantos de sisuda despedia
Soando saudade adentro do sertão
Um versar gemido e de melancolia
Que rola na trova com árida agonia
Com frios sentimentos superficiais
Meu pobre soneto, tão moribundo
Que quer arrebatamento profundo
E vive o sonho, que não volta mais.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27 abril, 2024, 18’17” – Araguari, MG
*à amiga Lucineide S. Ghirelli
SONETO PRIVADO
A tarde no cerrado cai, aquosa
Silente, e o pôr do sol rubente
A chuva, em gota lustrosa...
lacrimeja melancolicamente
Nesta languidez, a sensação
Duma aflição, vou suspirando
Enternecido, cheio de ilusão
E, lá fora o pingar em bando
Sinto o coração palpitando
Na solidão, e no devaneio
Assim, o tempo passando
Em um suplicante floreio
Nostálgico sinto arrepio
Demanda o pensamento
E a saudade no seu feitio
Cata poesia pro momento.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 dezembro, 2024, 17’43” – Araguari, MG
Então !!!!
((F...-..) palavrão)
É pra viver.
É pra falar.
É pra amar.
É pra curtir.
É pra ter.
É pra compartilhar.
É pra durar.
((F...-..) palavrão)
É pra se arrepender
Então !!!!
((F...-..) palavrão).
Eu olhei para o espelho e não me vi
Aquele reflexo de um ser rancoroso e tão mal amado
tinha certeza que não era eu ali
Cabelos embaraçados, postura curva, roupas despojadas e um olhar fundo
O mundo até chegava a ser mais turvo, eu não via mais o mundo de jeito profundo
Cor, amor, autocuidado
Ideias que larguei depois de receber o dourado
Mente que obedecia apenas por comandos, analisei a minha visão de desmandos foquei no espelho e lembrei
Era sim eu ali, apenas me iludi...mas foi a vida adulta que me fez ficar assim...
Um músico ou um poeta sofrido?
Sabe o que eu acho engraçado na poesia?
Isso mesmo, na poesia,
Que seus autores pegam harmonia e paixão, e transformam em melancolia e depressão.
Isso me fez refletir que, na verdade, poetas são pessoas rancorosas, aquelas pessoas que aumentam histórias de 10... 20... 50 anos atrás, quando na verdade elas são apenas espinhos de rosas.
Exato, espinhos de rosas vão te machucar, te furar, mas, em vez de simplesmente um curativo colocar, preferem deixar a ferida aberta e ficar cada vez mais de mãos abertas remoendo... se doendo e sofrendo por aquilo.
Agora, tem outros poetas que pegam os sentimentos doloridos deles e escrevem com certa melodia, sabia? Chamamos eles de músicos, pessoas que sentem intensamente e então pegam isso e escrevem as mais belas sonoridades.
Ou vai me dizer que nunca ouviu uma bela harmonia que lhe fez dançar enquanto ouvia e te fez pensar... nossa, o que foi aquilo?... Mas quando você foi ver, era apenas um coração partido...
Decepcionante, né? Ok, mas talvez você não goste de escrever ou compor, talvez não goste de nenhum, mas também talvez esse poema não seja sobre músicos e poetas.
Em uma situação, você vai ser o poeta? Vai pegar algo lá do fundo, trazer para um assunto futuro aumentando em 30x e provando o quanto imaturo você é, ou vai ser um poeta que vai superar, mandar aquela pessoa para um lugar que não posso falar e escrever uma nova melodia com risadas e talvez algumas gargalhadas.
Vamos ser honestos? Eu prefiro ser um sincero músico a um poeta sofrido.
Não há nada a lamentar sobre a morte, assim como não há nada a lamentar sobre o crescimento de uma flor. O que é terrível não é a morte, mas as vidas que as pessoas levam ou não levam até a sua morte. Não reverenciam suas próprias vidas, mijam em suas vidas. As pessoas as cagam. Idiotas fodidos. Concentram-se demais em foder, cinema, dinheiro, família, foder. Suas mentes estão cheias de algodão. Engolem Deus sem pensar, engolem o país sem pensar. Esquecem logo como pensar, deixam que os outros pensem por elas. Seus cérebros estão entupidos de algodão. São feios, falam feio, caminham feio. Toque para elas a maior música de todos os tempos e elas não conseguem ouví-la. A maioria das mortes das pessoas é uma empulhação. Não sobra nada para morrer.
Ele me olhava triste. Eu não suportava seu olhar triste a lembrar-me das vezes todas que o tinha procurado inutilmente pelas ruas sem encontrá-lo. Agora que o encontrava, já não o procurava. E um encontro sem procura era tão inútil como quanto uma procura sem encontro.
Você segura na minha mão na hora de atravessar a rua, você me olha triste quando eu olho para o celular pela milésima vez, você sente orgulho de mim quando eu solto uma gargalhada e você vira o rosto se algum homem vem falar comigo. Você prefere não ver, mas eu vejo você o tempo todo.
Eu torço pra não fazer Sol, eu torço pra não chover, eu torço para acordar no meio do dia, eu torço para o dia acabar logo. Eu torço para ter alguma coisa que me faça torcer, que me diga que eu ainda sei torcer por algo mesmo sem torcer pela gente.
Saímos de um abismo de sombras. Caminhamos para um abismo de sombras. Mas triste mesmo é constatar que vivemos num abismo de sombras...
Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido frequente demais, ou até um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste?
Eu não consigo mais ser triste só para mostrar que um dia eu fui ou achei que tivesse sido. Aprendi com os meus próprios erros que sofrer não torna mais poético, chorar não deixa mais aliviado e implorar não traz ninguém de volta. Aprendi também que por mais que você queira muito alguém, ninguém vale tanto a pena a ponto de você deixar de se querer.
Outro dia me peguei pensando um absurdo que me fez feliz. É triste, mas me fez feliz. Pensei se isso que você faz, de ficar horas comigo depois de ter ficado horas comigo. Se isso é algum tipo de caridade sua. Porque, veja bem. Somos plantas e pássaros diferentes. Eu sou a bonitinha que lê uns livros e vê uns filmes. Você é essa força absoluta e avassaladora que jamais precisará abrir a boca para impor sua vitória.
É como uma árvore criou raízes fundas dentro de mim. Os galhos atravessam, crescem para fora, me abrigam e eu me deito à sua sombra.
Uma autoestima saudável está diretamente ligada ao autoconhecimento. Quem compreende seus próprios contornos, sua luz e sua sombra, suas potências e limites, reconhece seu lugar e valor, e não aceita menos do que merece.
Não sou água, não sou terra, não sou ar. Sou fogo, chama, prazer insanável. A quem me busca nunca poderá desvendar o que trago em minha mente! Sou fogo, mas em minhas brasas escondo sombras.
💡 Mudanças reais começam com uma boa ideia — repetida com consistência.
No canal do Pensador no WhatsApp, você recebe diariamente um lembrete de que é possível evoluir, um hábito por vez.
Quero receber