Adson Guedes
Viajo nas curvas dos relevos da mãe natureza, com sua floresta desmatada, eu beijo cada área desse chão inundado; o fogo que a consome é intenso.
Vivias implorando por chuva, num forte calor amazônico que fazia escorrer suor no teu rosto devasso, que hoje se misturaria as lágrimas daquela lembrança.
Nessas idas e vindas, caminhando sobre tábuas, eu estou acostumado com a beleza dessas plantas; as vitórias-régias são lendas que atiçam o meu intelecto.
Tudo que é sublime e rústico traz nas suas curvas os traços poéticos necessários para a inspiração e a construção de uma obra de arte.
Não é talento, são muitos goles de café, com aroma perfumado, entrelaçados nos fios ondulados e cativantes dessas águas.
Aquela selva com águas agitadas me faz imaginar um futuro mais concreto. Esta é uma floresta celestial e aromática, onde as águas ficam calmas quando eu estou distante dela; os orvalhos nas suas folhas traduzem uma dor permanente; ela possui uma profundidade e eu uma incerteza.
" A vista do horizonte amazônico com o calor, causaram nela uma submissão voluntária imediata; quando veio a chuva impudente, gotas escorreram no seu rosto feito orvalho nas plantas "
"....uma selva desconhecida, cheia de detalhes com espinhos, flores, folhas novas e velhas; ando descalço sem medo, porque a essência é boa e a paisagem encanta...."
" A infância é a fase da alegria. Quanto mais consciência
mais gostaríamos de não compreender certas coisas."
O olhar do sublime percorre cada traço censurável dessa natureza desconhecida, cuja areia é branca e as águas me afogariam.
" Lábios de mel
que me maltratavam tanto com esses cabelos longos no meu rosto, eu a resgataria nesse seu país fudido
e viverias no caos do meu; as nossas agonias e aventuras juntos se eternizariam em palavras."
" As águas se encontram e formam um grande espetáculo. Onde estão os outros talentos ? Onde estão as mentes criativas ? Onde está o conhecimento para recitar, registrar, compor cânticos ou explicar toda essa poesia ?
Provavelmente não nasceram
ou estão amargurados pela melancolia da chuva, atormentados pela vida. Outros já se foram, muitos não sabem do que são capazes, poucos se arriscam a ensinar."
Se eu nascesse cego, talvez eu iria gostar desses cabelos pelo o que os outros descrevessem pra mim ou eu iria desejá-los pelo simples cheiro e maciez.
" Não é de um coração pecador e livre que tu deves desconfiar. Toda alma que transparece puritana, maqueia seus corpos perfeitamente para iludir a sociedade"
" As tantas mensagens, batidas na porta e na cama. Tudo por uma doce ilusão; só revelou que muitas vezes o instinto boêmio tinha superado a maturidade. "
" Não é um dia qualquer, acordei com o rosto cansado e com um fio de cabelo branco, uma parte da minha história envelhecida. Brinquei demais na rua, brinquei demais com as crianças, brinquei demais com corações, brinquei demais em terras distantes. Agora é juntar tudo o que restou de mim e continuar carregando os mortos no meu peito, transformando a agonia em arte, buscando inspiração em rios e risos."
Olhos da cor do rio.
Tu pareces Manaus com esses cabelos e essa pele morena.
Quente, perigosa, molhada em noites chuvosas.
Há quem odeie, há quem se apaixone.