Poemas Vazio
O Vazio de Ivan em Mim
Não é que eu não queira crer.
Queria. Com a mesma força com que respiro, com a mesma urgência com que busco sentido quando o mundo me fere.
Mas há em mim — como havia em Ivan — um vazio que não se preenche com promessas, nem com orações que ignoram o grito dos que padecem.
Não nego Deus.
Mas me recuso a aceitar um paraíso onde o preço seja o choro inconsolável de uma criança torturada.
Se a matemática da salvação exige esse débito, então que me excluam da equação.
Devolvo o ingresso. Não me serve um céu comprado com sangue inocente.
Minha dor não é a do ateu. É a do exilado.
Não me falta fé — me falta reconciliação.
Entre o que vejo e o que dizem que há.
Entre a razão que me habita e o absurdo que me cerca.
Entre o amor que imagino ser divino e o horror que assola o mundo sem trégua.
Carrego a lucidez como lâmina.
Ela me corta todas as noites. Me acorda. Me sangra.
Mas prefiro essa dor do que o conforto mentiroso da inconsciência.
E, no entanto, por vezes, invejo os que crêem sem feridas.
Os que chamam de “mistério” o que eu ouso chamar de “injustiça”.
Os que abraçam um Deus com olhos fechados, enquanto eu — pobre de mim — insisto em fitá-lo de olhos abertos, sem saber se Ele me vê.
Talvez um dia eu compreenda.
Ou talvez minha travessia seja essa mesma: caminhar com o coração em ruínas e a mente em labaredas,
entre o silêncio de Deus e o clamor dos homens.
Mas sigo.
Não por esperança.
Nem por fé.
Sigo porque parar seria entregar-me à loucura.
E entre a insanidade e a ausência de sentido, escolho — por ora — a lucidez dolorosa de quem carrega o vazio como cruz e como bússola.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
1.
Não nego Deus.
Mas me recuso a aceitar um paraíso comprado com o choro de uma criança torturada.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
2.
Minha dor não é a do ateu.
É a dor de quem foi expulso do paraíso da certeza.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
3.
Carrego a lucidez como lâmina.
Ela me corta mais do que conforta.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
4.
Entre o silêncio de Deus e o clamor dos homens, eu sigo com a alma em ruínas e a mente em labaredas.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
5.
Não é ausência de fé.
É excesso de consciência diante de um mundo que sangra sem explicação.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
6.
Devolvo o ingresso à eternidade se para entrar for preciso aceitar a injustiça como preço.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
7.
Invejo os que creem sem feridas.
Eles dormem. Eu vigio.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
8.
Talvez minha travessia seja essa:
Habitar o exílio da certeza e suportar o peso de um Deus que talvez não me veja.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
9.
Não creio por conforto.
Se creio, é apesar da dor — não por causa dela.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
10.
Entre a loucura e o vazio, escolhi a lucidez.
Ela não consola, mas me mantém de pé.
Não é barulho vazio,
é poder que quebra normas.
O Espírito Santo não visita...
Ele habita, Ele reina!
Não vem só em culto forte,
Ele mora na alma cheia.
Quando Meus Monstros Vêm
Tava precisando de um colo quente,
mas encontrei o frio, o vazio presente.
Tava querendo um abraço apertado,
só recebi o silêncio calado.
Busquei um ombro pra desabar,
mas era o nada a me escutar.
Só o espaço, só o chão,
nenhuma mão, nenhuma direção.
Tava pedindo tão pouco, na verdade:
alguém que ficasse na tempestade.
Que não fugisse, nem se escondesse,
quando meus monstros aparecessem.
@tebaldi_emilia
Minha maior riqueza é o meu próprio vazio.
O vazio e toda a solidão que sinto é o que me move a continuar. Todo esse vazio é necessário para sofrermos a dor de não seguir em frente. Quando a vida não tem significado, está aí a riqueza: o vazio, o nada, o insignificante. Tudo parece perfeito em sua zona de conforto, mas ao perceber o vazio, você corre atrás de coisas que nunca pensou estar procurando. No vazio, perdemos a esperança, a felicidade, a diversão, mas também ganhamos a sabedoria de que podemos ser mais do que isso, que podemos ganhar, tirar isso de nós. O vazio é um gatilho onde os mais sábios poderão ressurgir das cinzas. Todos podem me chamar de louco, de pessimista, de egoísta, mas estou apenas defendendo a minha pessoa do vasto mundo de desespero, de esperança e de preguiça. Eu só preciso acreditar que este vazio me fará mais forte em um dia não muito distante. O vazio nos torna verdadeiros sábios, pois só nós sabemos como poderemos sair disso. Infelizmente, alguns não saem, mas se aprofundam no vazio. Quando sentir o vazio, não deixe ele te acumular. Aproveite o vazio. Use o vazio como isca para o seu maior sucesso.
Amor ou Vento
Às vezes penso que amei —
mas talvez tenha apenas nomeado
um vazio bonito demais
pra continuar sem nome.
Disseram que amor aquece,
mas o que senti
foi mais como brisa:
toca, some,
me deixa tonto…
mas nunca fica.
Te olhei como quem busca casa,
mas será que era você,
ou só a vontade absurda
de enfim encontrar abrigo?
Me doei como quem aposta alto,
sem saber se o jogo existe,
ou se fui eu quem inventou
as cartas, o prêmio e o risco.
Era amor?
Ou só silêncio com cor?
Um eco daquilo que esperei ouvir?
Você sorria,
mas era por mim
ou só por hábito?
Talvez amar seja isso:
um tropeço constante entre
o que é e o que queríamos que fosse.
E o pior —
talvez nunca se saiba.
Talvez amor verdadeiro
nem faça barulho.
Ou talvez ele nunca tenha vindo.
E eu apenas dancei sozinho
com o vento.
Paixão Anestesiada
Sempre fui instável,
anestesiada,
um corpo ausente,
um peito vazio.
Nada me tocava,
ninguém me incendiava.
Até que você surgiu,
e meu corpo ardeu em chamas
quando se fez presença.
No começo,
você era tudo o que eu sonhei,
uma versão moldada pelos meus olhos cansados,
pelos desejos que eu escondia até de mim.
Atração fatal,
que crescia em silêncio,
se tornava paixão
sem que eu pedisse.
Eu te desenhei,
mais de uma vez,
como se os traços pudessem conter
o que eu sentia.
Escrevi cartas disfarçadas,
deixando pedaços do meu coração
nas entrelinhas,
esperando que você soubesse ler
o que eu não dizia.
Mas hoje,
me sinto boba.
Porque tudo o que enxerguei em você
eram só ilusões,
ecos de momentos mínimos
que jamais definiram quem você foi.
eu só queria ter enxergado antes.
Excesso de estímulos e cobranças apressam
um vazio que avança,
uma solidão que se lança,
um cansaço que não descansa.
A MENTIRA
Nós tentamos preencher
esse vazio dentro de nós,
Tentando se completar.
Em busca de algo que não
existe.
Agindo como seres irracionais.
Mas eu sei, eu sinto,
Eu e você somos mais que isso.
Sua alma é radiante e cheia de
sonhos, apesar das cicatrizes.
Temos muito o que fazer.
Não podemos continuar juntos...
Eu sei.
Mas eu sinto que ninguém
Pode me salvar, além de você.
Eu não quero ir.
Mas eu posso ficar com você.
Você merece mais do que
eu tenho a lhe oferecer.
"Não quero ficar com VOCÊ".
Estou me enganando.
Eu não consigo ficar sem você,
Porém não lhe mereço.
Perdão pelas coisas que eu
lhe disse.
Me odeio por isso.
O frio tem voz...
Ele fala no silêncio das madrugadas, no vento que corta a pele, no vazio das ruas desertas.
O frio sussurra ausências, revela solidões, convida à introspecção.
Mas também ensina: é no frio que se valoriza o calor, é no inverno da vida que se aprende a força da esperança.
Toda estação fala. E o frio… também tem voz.
Amar pela metade é como tentar acender uma vela sem chama.
É como entregar um cálice vazio e chamar isso de vinho.
Ou se ama com todo o ser — ou se deve ter coragem de admitir: não é amor.
