Poemas de Abandono

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Soneto

Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono

Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo

Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída

Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio

O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem por eles passa indiferente.

Mario Quintana
Quintana de bolso. Porto Alegre: L&PM, 1997.

Nota: Trecho do poema Jardim interior.

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Auto perdão

Pessoas que foram magoadas demais pela vida.
Pessoas que viveram o abandono ou a frustração dos seus sonhos mais caros,
se perdem em total falta de autoestima,
caindo na depressão mais profunda, sem forças para reagir…

Para todas estas pessoas, o caminho mais rápido para a “luz no final do túnel”
é a o autoperdão.
É a prática diária e recorrente do perdão pelas ilusões que criaram.
Perdão pelas vezes em que acreditou demais nas pessoas.
Perdão pela falta de atenção para com as próprias emoções.
Perdão pelas derrapadas emocionais que viveu.

Nessa fase de autoperdoar-se, devemos começar a perdoar as pessoas.
Aquelas que levaram parte do seu coração, da sua emoção.
Perdoar nesse caso é jogar para fora o que de ruim ficou.
Aquele nó na garganta que não sai,
aquela lágrima que insiste em ficar no canto dos olhos…

E por fim, na prática do auto perdão, levantar-se.
Olhar para a frente e projetar um passo de cada vez.
De volta a caminhada rumo a felicidade,
que não tem tempo, nem idade.

Por isso não se avexe, nem se culpe, perdoe-se.

O sol continua saindo pelas manhãs bem cedinho,
espiando pelas frestas da sua casa, para ver se você se levantou.
Sorrindo espera que você venha ver como ele está lindo.

Pronto para aquecer o seu coração, cheio de esperança pelo porvir.
Afirmando que é tempo de reconstruir o castelo, pedra por pedra.
E para começar, é só sorrir.

Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono

Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo

Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar com que navio
E me deixaste só, com que saída

Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio.

Me desinteresso facilmente
quanto aquilo que causa-me mera curiosidade,
mas jamais abandono
aquilo que cativa-me verdadeiro amor.

Os Viajantes e o Urso

Um dia dois viajantes deram de cara com um urso. O primeiro se salvou escalando uma árvore, mas o outro, sabendo que não ia conseguir vencer sozinho o urso, se jogou no chão e fingiu-se de morto. O urso se aproximou dele e começou a cheirar sua orelha, mas, convencido de que estava morto, foi embora. O amigo começou a descer da árvore e perguntou:
– O que o urso estava cochichando em seu ouvido?
– Ora, ele só me disse para pensar duas vezes antes de sair por aí viajando com gente que abandona os amigos na hora do perigo.

Moral da história:
A desgraça põe à prova a sinceridade e a amizade.

SAUDADE

Por que sinto falta de você? Por que esta saudade?
Eu não te vejo, mas imagino suas expressões, sua voz, seu cheiro.
Sua amizade me faz sonhar com um carinho,
Um caminhar à luz da lua, à beira-mar.
Saudade: este sentimento de vazio que me tira o sono,
me fazendo sentir num triste abandono, é amizade, eu sei, será amor, talvez...
Só não quero perder sua amizade, esta amizade...
Que me fortalece, me enobrece por ter você.

Desconhecido

Nota: O poema costuma ser atribuído a Machado de Assis, mas não há fontes que confirmem essa autoria.

Mas chega, se não houve troca, chega, porque amar sozinho é solitário demais, abandono demais, e você está nessa vida para evoluir, mas não para sofrer. Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz.

Tati Bernardi

Nota: Trecho da crônica "A Última".

Disfarçamos nosso abandono com frases ousadas e sem verdade alguma. O que a gente gostaria de dizer, mesmo, é: me dê sua mão.

Mas chega, se não houve troca, chega, porque amar sozinho é solitário demais, abandono demais, e você está nessa vida para evoluir, mas não para sofrer.

Tati Bernardi

Nota: Trecho da crônica "A Última".

O que mata um jardim não é o abandono. O que mata um jardim é esse olhar de quem por ele passa indiferente… E assim é com a vida, você mata os sonhos que finge não ver.

"Vivo com essa sensação de abandono, de falta, de pouco, de metade. Mas nada disso é novidade. Antes dele, teve o outro, o outro que continua indo embora para sempre porque nunca foi embora pra sempre. Eu não sei deixar ninguém partir, eu não sei escolher, excluir, deletar. São as pessoas que resolvem me deixar, melhor assim, adoro não ser responsável por absolutamente nada, odeio o peso que uma despedida eterna causa em mim. Nada é eterno, não quero brincar de Deus."

Exaltação ao Nordeste

Eita,Nordeste da peste,
Mesmo com toda sêca
Abandono e solidão,
Talvez pouca gente perceba
Que teu mapa aproximado
Tem forma de coração.
E se dizem que temos pobreza
E atribuem à natureza,
Contra isso,eu digo não.
Na verdade temos fartura
Do petróleo ao algodão.
Isso prova que temos riqueza
Embaixo e em cima do chão.
Procure por aí a fora
"Cabra" que acorda antes da aurora
E da enxada lança mão.
Procure mulher com dez filhos
Que quando a palma não alimenta
Bebem leite de jumenta
E nenhum dá pra ladrão
Procure por aí a fora
Quem melhor que a gente canta,
Quem melhor que a gente dança
Xote,xaxado e baião.
Procure no mundo uma cidade
Com a beleza e a claridade
Do luar do meu sertão.

SEMPRE BOM LEMBRAR:

Frequenta o abandono quem vive um quase namoro, fantasia reciprocidade, aceita abraço frouxo, conversa sem olho no olho, ausência de carícia.

Frequenta o abandono quem chama a rejeição de saudade, implora por qualquer fiapo de atenção, enfeita sua própria desvantagem.

Frequenta o abandono quem vê na recusa uma possibilidade de mudança ignorando os sinais óbvios da distância.

Frequenta o abandono quem não reconhece que ser bem tratada não é um mérito, mas uma condição e segue chamando migalhas de banquete.

Frequenta o abandono com assiduidade quem se contenta com tão pouco que o Outro para mantê-la descobre que pode dar cada vez menos.

Frequenta o abandono quem não está disponível pra viver um romance porque namora um drama.

Amar alguém antes de amar a si mesmo é abandono...
Viver em função de alguém, querer adivinhar seus pensamentos e tentar a todo custo fazê-la feliz antes de si mesmo é burrice.
E não adianta dizer que não esperamos nada em troca porque esperamos sim...
Esperamos um sorriso, um olhar de muito obrigado, um abraço mais aconchegante.
Só que existem pessoas que não sabem lidar com carinho, não que elas não mereçam, mas por nunca receberem, ficam receosos, com medo do amor.
Medo da entrega mágica de ver sua vida nas mãos de outra pessoa, medo de acordar a noite sozinha e não encontrar ninguém ao seu lado.
Medo de não saber o que fazer quando o encanto do amor acabar e com isso terminam com ele primeiro, sem nem mesmo saber se acabaria ou não.
Entao quando a vida te colocar pessoas assim, você terá duas opções: ou deixa elas para trás com seus medos e suas inseguranças ou segura firme na mão dessa pessoa e diz "Vem comigo".
Aprendi ao longo da vida que quando encontramos pessoas importantes ou você chora pela ida delas ou faz de tudo para mantê-las ao seu lado.
E jamais, por mais desastroso que seja o fim de um amor ou o nao acontecimento dele, jamais desista de si mesmo!
Amor é para os fortes, para os que se levantam após a queda, que depois de uma discussão terrivel têm a coragem de pedir perdão.
É para pessoas que quando querem quebrar tudo, esmurrar a parede, apenas se calam e fazem uma oração silenciosa pedindo que o melhor aconteça.
Para aqueles que, ao descobrirem que jamais viverão um grande amor ao lado desta pessoa, consigam desejar que mesmo não sendo com você esta pessoa encontre a felicidade!
Porque não é facil e não nascemos com o dom do amor... essas são coisas que aperfeiçoamos com o tempo.

Destino travesso
Me tira o sono
Revira do avesso
Sinto abandono

Hoje não me alegra o mar
Lembro de ti
Me pego a chorar
Quero fugir
Já vi que não dá

Evasão, fuga
Tentativa frustrada
Ilusão, luta
Não deu em nada

Saudade, amor
Tanta saudade
Que me vira do avesso
E revira o meu avesso

Não sei se mereço
Desse jeito sofrer
Só sei que padeço
Não consegui te esquecer

O que é, o que é?
É abrigo é abandono
Faz dormir mas tira o sono
É tão manso e tão voraz
Causa guerra e sela a paz
É prisão é liberdade
É romance é amizade
É encontro é despedida
A missão maior da vida
O que é, o que é?
Doce às vezes tão amargo
Moderado, exagerado
É estranho e tão normal
Leve brisa ou vendaval
É deserto é um oásis
Um dom de fazer milagres
Faz cair e levantar
Faz sorrir e faz chorar.
Na mesma medida pra homem ou mulher,
Pra quem acredita e pra quem não tem fé
Quem vai ser feliz em um dia provar
A emoção que é amar.
O amor é a resposta
É entrega, é aposta
Pode ser rico ou pobre
Um plebeu ou um nobre
É razão, é loucura
É doença, é cura
Seja lá onde for
Na alegria ou na dor
O que vale é o amor

O amor é o abandono da lógica.
O abandono voluntário dos padrões racionais.
Nós cedemos a ele ou o combatemos.
Mas não há meio-termo.
Sem ele, não podemos continuar existindo com sanidade sob condições de realidade absoluta.

Quando somos abandonados pelo mundo, a solidão é superável; quando somos abandonados por nós mesmos, a solidão é quase incurável.

Augusto Cury
"Dez Leis Para Ser Feliz", Sextante

Um olhar vago, um sorriso calado,
Uma sensação de abandono,
Uma guerra íntima e perdida,
Uma lágrima prestes a cair.