Textos de Chuva
Meus cílios são como barras de ferro aprisionando meus olhos
eu os sinto pesarem, ando olhando para o chão
a loucura é um espelho que liberta meus dragões
enfurecida, incendiosa
voo, subo alto e sou puxada de volta
não posso ultrapassar muros
as sombras nascem junto com o sol
antes que a realidade queime minhas retinas
vou arranhar paredes, roer as unhas
preciso ser mais leve
me desfazer de mim
comer a boca, me consumir inteira
serrar as grades
e todo dia engolir um sol,
pra fazer parar de chover aqui dentro.
Numa noite dessas, estava chovendo,
decidi ir até a janela para observar o céu e fiquei o observando por alguns instantes, então, você apareceu nos meus pensamentos, um devaneio da minha mente, estava linda, excitante, sorridente, estávamos exultantes
por estarmos juntos até que, repentinamente,
senti uma brisa suave tocar o meu rosto e os meus lábios
como se fossem os seus beijos enviados pelo meu audacioso desejo,
uma afronta à realidade.
Não queria despertar, entretanto,
fui contrariado quando uma densa neblina tomou conta,
ocultando assim a sua presença,
a chuva ficou mais forte,
logo, despertei e fechei a janela.
CHUVAS DE OUTONO
Sonhei que chovia, acordei chorando. Antes de levantar-me, penso sobre o quanto a vida é injusta, e o quanto somos egoístas ao ponto de priorizarmos nós mesmos e nossos sentimentos. Bom, ao deixar minha cama, volto ao meu cotidiano entediante.
Já não fico mais faminto, é como se eu estivesse cheio, mas de que ? Sendo que não comi nada. Cheio de sentimentos negativos ? Cheio de pensamentos autodestrutivos ? Talvez eu só esteja cheio de você.
Você é saudade, e vem rasgando minha carne. Mas eu me recuso a sofrer de novo, embora a tentação seja grande. Tomara que as águas de abril carreguem a tristeza e a solidão que em mim habitam.
Gotas de prata dançam no chão,
Lágrimas do céu em sua solidão.
Em cada gota, um suspiro ecoa,
O eco do amor que não se encontra à toa.
Nas ruas molhadas, passos vagarosos,
Cada um conta uma história de desejos.
A espera pelo toque, pelo olhar,
Mas a chuva, implacável, parece brincar.
Em cada pingo, um sonho se dissolve,
No ritmo da chuva, a saudade se envolve.
Mas em meio ao clichê da chuva e do amor,
Persiste a esperança, mesmo na dor.
Fechei os olhos. Com força. Obriguei-me a lembrar, a visualizar este ano que vai indo... Fitei a amizade feita com todos, as amizades já de anos, as delícias de momentos vividos e sentidos, a distância que me separa de minha cidade natal, meus parentes queridos e eternos... E disse:
- Tenho que ser mais eu!
Atravessei a sala, examinei a rua em silêncio. Agachei-me embaixo da fresta da janela. O som da chuva aumentou. E eu consegui entender que nada dessas coisas poderão sair da minha vida. Posso abrir uma página nova na minha vida, mas jamais virar as páginas vividas. É a única verdade que eu realmente sei. Eu disse a mim mesma e a digo a você agora.
Eu não escrevo para os outros, não escrevo pensando no que eles gostariam de ler.
Escrevo para mim, escrevo para esvaziar a alma, descarrego em letras o peso que trago aqui dentro.
Meus texto são meus gritos silenciosos. Quem vier a ler tem todo o direito de não gostar, mas espero ter o efeito que alguns tiveram sobre mim.
Espero arrancar sorrisos, mesmo quando pareça que desaprendeu a sorrir.
Espero amenizar as dores que trazes na alma.
Espero que chores as dores do texto e se esqueça da tua.
Espero que se divirta em campos ensolarados, enquanto do lado de fora da sua janela chove.
Espero aquecer a alma fria.
Espero te transportar para um mundo melhor do que o que vives.
Não por necessidade de ser aceita, mas por acreditar que tudo serve para algo.
Talvez meus gritos sirvam para acalentar a alma amordaçada.
O tempo vai passando
A vida vai voando
As pessoas se deslocando
O céu escuro vai dominando
A chuva intensa vem chegando
As casas vão enchendo
De pessoas correndo.
O dia vai terminando
Trabalhadores voltando
De seus empregos vão terminando
O turno vai se acabando
Voltando para casa
Pensando......
Ele era tão feio...
Mas tão feio...
Que era um assinte...
Em concurso de feiúra...
Ganhava de prato cheio...
De olhos esbugalhados...
Sampaco...
Narigudo...adunco...orelhudo...
Seu gogó imenso...
Muito pronunciado...
Parecia um marreco engasgado...
Rosto chupado..
Sem carne... só osso...
Labios finos...
Distorcidos....
Muito magro e bem alto...
Braços alongados...
Pernas muito finas...
Um espantalho...
De chinelos notei seus pés...
Pisando torto, desengonçado...
Tinha unha encravada...
Um joanete ao lado...
O joelho enrugado...
Igual cara de velho...
Coxa dura e seca...
Um boneco...
Muito mal vestido...
Debaixo da chuva impiedosa...
Em nada se importava...
Com a rua caudalosa...
Mas tinha um traço peculiar...
Que a tudo isso escondia...
Um brilho no olhar...
Em sorriso lindo que abria...
Então tudo transformava...
Um encantamento surgia...
Atrás da feiúra aparente...
Beleza verdadeira escondia...
Tudo que era fora de proporção...
Fazia sentido...
Se o sorriso era lindo...
Era nato e magnífico...
Naquele vulto distorcido...
A feiúra se transformar...
De um sapo errante...
Príncipe virar...
E com tal afinco sorria...
Que ao seu redor tudo mudava...
De tarde chuvosa...
Linda noite prometia...
Descobri assim...
Que na rua não devo mais sair...
Toda vez que isso faço...
Para comer pastel ou outro salgado...
Perto da maria-fumaça...
Sempre tem um babado...
Sandro Paschoal Nogueira
Sandro Paschoal Nogueira
#Ah...#triste #jacú...
Jacú tão triste...
Sob garoa...
Sob chuva...
Indolente...
Hoje não canta...
Hoje nem pia...
Não procura suas frutas...
Tristeza é sua companhia...
Triste jacú...
Por que tamanha tristeza?
Sozinho...
Assustado...
Calado...
Com frio...
Molhado...
Não quer voar...
Para onde iria?
Tão triste jacú...
Jacú tão triste...
O céu o compreende...
O firmamento chora...
Vendo a grande tristeza de coração...
Aumentando mais sua solidão...
O vento frio sopra...
Convidando o jacú para brincar...
Mais ele não quer...
Não quer voar...
Só quer ficar assim...
Aguardando...
Esperando...
Sabe-se lá o por quê...
Ah... jacú triste...
Tão triste jacú...
Que fez o jardim...
Também triste chorar...
Deixem assim o jacú triste ficar...
Quem sabe amanhã...
Quando o sol voltar a brilhar...
Faz a tristeza do jacú ir embora...
E ele feliz...
Volte a voar...
Sandro Paschoal Nogueira
#Hoje #entardeço #lilás...
Sai de casa esquecendo a razão...
Entrei em ruas, avenidas e vielas...
Em contra mão...
Cada um tem o seu amor...
Cada um sua forma de amar...
Seu destino a traçar...
Entreguei-me a vida...
E ela namorou comigo...
Flores e sorrisos alheios...
Se abrem para eu passar...
Caminhando em pedras azuis...
Meus devaneios...
Vivo cercado de flores...
Esquecendo meus dissabores...
Cultivando muitos amores...
Logo eu tão simples...
Assim quero ser...
Ouço cantos suaves saindo de algum lugar...
Bem longe...
Vozes se escondendo por alguns becos...
Que estou a chegar...
A chuva hoje não veio...
Não sei se ainda virá...
Isso, agora, não me importa...
A tarde finda...
Em doce encanto me convida...
A me perder no horizonte...
A abrir minhas asas...
E seguir mais adiante...
Em lugares mágicos e desconhecidos...
Farei deles meu abrigo...
Encontrarei a verdade bem além...
Banharei-me em fontes de virtudes...
Levando em minha bagagem..
Um sonho interminável...
De que a paz seja meu teto...
E de ter você sempre ao meu lado...
Sandro Paschoal Nogueira
"Eu me perdia nos seus olhos e na tentação do seu corpo.
Me queimava, cada beijo, e eu desejava outro.
Cada toque da sua boca, me deixava louco.
A sua voz serena acalmava todo pensamento tempestuoso.
Uma mistura de sentimentos, tudo novo.
A chuva leve, era a música de um amor fervoroso.
Quanto mais, à ti, me prendia, mais eu me sentia solto.
O nosso jogo é perigoso.
Mas o cheiro e o negro dos cabelos, me faz querer o perigo o tempo todo.
No escuro do meu quarto, quero adorar-te de novo.
Sua companhia se tornou meu berço, meu vício, meu conforto..."
Pelas beiradas do curral
a poeira verde levantava,
no arrastar da botina.
Arremate de quatro dias
de estio.
Antevi no revolto do tempo
que ele vaticinava chuva.
Aberta a derradeira cancela,
minha vista alcançou
no longe,
um véu esbranquiçado
de noiva virgem
entremeando os angicos.
Já molhava metade do alto.
Apurei meu passo sentindo
o sorriso que se desenhava
nos meus lábios.
Lá vem ela
colorir a pastaria
com a esperança das vacas.
Já vem ela
molhando de alegrias
os meus olhos pagãos.
E derramou.
Fiquei um tempo dentro da cabina da D20,
apreciando o barulho sonoro na lataria.
Vida de vaca
é felicidade à toa,
simpleza d'água,
ingenuidade de nuvem...
Quando se tem amor
.
Quando se tem amor, tudo é tão simples e verdadeiro que a gente não consegue caminhar em outra direção, nem acompanhar nada que seja menos do que isto.
O amor faz a gente ser seletivo demais com as emoções mais genuínas.
Abrir o coração pra alguém nem sempre é recíproco, porém vem cheio de tantas verdades que a gente se perde no sentir.
E a gente se entrega a ele como se fosse o sol em dias de chuva, como se as pedras não ferissem os nossos pés, como se o machucar nunca pudesse existir.
Porque o amor é superior às mazelas dos homens. Ele sabe pousar nos sonhos puros dos amantes e seguir em frente, mergulhando em mares que o deixa livremente navegar.
Vai ver tudo não passou de um sonho
E o louco fui eu
De acreditar que a vida era tão simples
Até chegar você em minha vida
E eu ter que juntar o que sobrou
Do meu corpo estilhaçado pelo amor
Eram tempos e temporais
Nada de mais
E a cada dia triste
Eu saía a pé na chuva
Na verdade eu não queria que me vissem chorando
E usava o tempo como desculpa
Um dia sonhei que o sol brilhava para todos
Foi o dia que quis seguir teus passos
Mesmo me quebrando em mil pedaços
Acordei
Ascendi a luz
Fechei a porta
Voltei a dormir
Quem me dera
Quem me dera voar como a águia... esquecer que ao longo da vida perdi algumas penas e outras que foram arrancadas
Quem me dera contemplar a aurora do amanhecer a beira de um penhasco onde nasce a flor rainha do abismo
Quem me dera sobrevoar o oceano acima das nuvens escuras onde o céu permanece azul e o sol radiante
Quem me dera despender das velhas penas, bicos e garras curvadas e voar sem destino pré definido
Quem me dera cruzar o céu ao som da brisa suave, bailar e cantar a mais bela canção
Quem me dera alçar voo ao seu lado sem olhar para trás... pois o universo é pequeno e a vida curta demais
Quem me dera, quem me dera
Se permitir abrir suas asas
Se permitir ver a vida além do horizonte
Se permitir um novo caminho
Se permitir uma nova história
Se permitir voar ao meu lado
Quem me dera, quem me dera
Guardei o que precisava, encaixotei o que faltava.
Embrulhei lembranças, reordenei memórias.
Assisto tranquila e serena as malas pela casa.
Sentimento de nostalgia, enquanto no silêncio absoluto, me pergunto:
“Quantas vezes já senti esse ambiente?”
Quantas pessoas aqui passaram?
Quantas lágrimas de riso e choro aqui já derramaram?
Quantas conversas geniais e fios soltos aqui ficaram?
Vejo a chuva cair, nessa cidade fria, onde ao anoitecer, parece que ninguém habita.
Sinto esse lugar pelas últimas vezes.
Sinto a alma justificar-me, sinto o cheiro dos amores passados,
sinto o vento socar as janelas, sinto a madrugada fria desafiando o escritor a escrita.
Hoje é um dia chuvoso
Dia em que a alma precisa de um abraço.
Oito anos se passaram, e estavamos de volta no mesmo lugar.
Tudo começou com um beijo tímido, um abraço longo.
Minha cabeça encostada em seu peito, eu conseguia ouvir as batidas do seu coração.
Na minha frete, abraçado a mim, a imagem mais linda que meu olhos já viram
Ele usava uma calça de moletom preta, camiseta vermelha, meias e chinelo, um agradável cheiro de roupa limpa misturado ao seu perfume...
Um sorriso doce em seus lábios, e meu coração, ah, nem sei mais onde estava meu o coração, eu já estava totalmente entregue a ele, nada mais importava.
Sonho? Não, era a mais pura realidade.
Realidade que chegou ao fim.
Daqui pra frente, só lembranças de um tempo em que tínhamos todo o tempo e de um minuto, que não tínhamos nada mais que isso.
Tempestade pode ser uma condição climática, agitação atmosférica violenta, muitas vezes acompanhada de chuva, vento, raios e trovões. Vamos pensar numa grande agitação moral.
TEMPESTADE
A chuva cai suavemente, de forma doce alimenta os campos.
A tempestade é arrasadora
Derruba, destrói o que a chuva fortalece
A tempestade é súbita
Não se espera e preocupa
A tempestade é violenta
Invade o coração e nos atormenta
A tempestade é desordem
Inunda com medo nossa alma
A tempestade é perturbadora
Agita moralmente e nos enfraquece
A tempestade é inquietação
Exclui toda a serenidade
A tempestade é alvoroço
Impede nosso controle
Mas depois de toda tempestade
Há sempre uma esperança
Renova o que se acabou
E a luz volta a surgir
Para uma nova chuva suave e doce cair
Alimentar o campo e a nossa alma.
Trazer paz e tranquilidade
E de volta o nosso amor.
E a tempestade estava só começando.
Ela revirou o mar, destruiu casas e alagou várias ruas.
Ninguém lembra que ali não chovia fazia muito tempo, a natureza estava morrendo e a escassez de água acabaria com tudo.
A tempestade era um recomeço.
Sentir as gotas de chuva e o som do trovão me fazia lembrar que boas coisas estavam prestes a acontecer.
"Há muitas coisas entre o céu e a terra...!!!"
Os pássaros....,
As estrelas, poluição, nuvens,
Raios, aviões, e até trovão,
Tem a chuva, tem a brisa,
Tem o vento, que leva poeira,
Os homens....,
Tem a queimada com fumaça,
Promessas não cumpridas,
O dinheiro, tramoia, corrupção,
Que torna o mundo, confusão
