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É muito fácil ser pedra, o difícil é ser vidraça.

Estraçalhado.
É tempo de vidraça.
Felizmente o tempo passa...
© Moacir Luís Araldi - Direitos autorais reservados.

Sobre ser vidraça
Quando se é vidraça o cuidado tem que ser maior porque a sensibilidade é grande. A gente racha quando o impacto é forte e também quebramos, porque não suportamos tudo. Mas quem é vidraça é transparente. Quem é vidraça permite que os outros vejam o que tem por dentro.
Ser forte não tem a ver com sair ileso ou inteiro, tem a ver com juntar os cacos e estar pronto para fazer tudo de novo. Ser vidraça é se permitir confiar, sentir, se entregar e acreditar que alguém saberá cuidar melhor do que tem nas mãos.
Ser vidraça é Ser Humano.

Eu nunca fui muito daquelas de fazer sentido. Eu sempre senti! Senti muito, senti tanto, transbordei diversas vezes e por esse único e exclusivo motivo, me esvaziei.
Parece contraditório, eu sei, mas foi exatamente assim que o meu muito foi se tornando pouco.
Enquanto o coração transbordava, os olhos choviam, as palavras secavam e eu as engolia seco. Enquanto a vida passava me dando tapas com luvas de pelica ou por diversas vezes socos fortes mesmo a fim de um nocaute, eu fui me apaixonando pela reciprocidade.
Eu fui aprendendo a esvaziar o copo pra quem me deixava com sede e aprendendo a transbordar pra quem me dava uma fonte.
E sem ser nenhum pouco contraditória, aprendi a ser gelo e fogo em um mesmo corpo, em um mesmo coração.
Então não jogue pedras na minha vidraça e espere que eu vá lhe cumprimentar com uma rosa em botão.

OLHAR PELA VIDRAÇA

No olhar pela vidraça a minha visão embaça;
Dos outros enxergo somente as proezas.
Não atino as mazelas;
Coloco-me de costa a minha realidade
E a vida fica sem graça!

Pela vidraça há sempre uma ilusão lá fora
E o medo pelo lado de dentro.
Pela vidraça não ouço soluços,
Não percebo as lagrimas
E não escuto os lamentos.

Pela vidraça penso:
Que vida boa o vizinho tem?
É bem melhor que a minha...
Cria-se as ilusões, as fantasias.
Mas não se pode medir uma dor
Alojada no coração.

É difícil ser vidraça enquanto alguns detratores ainda são pedras. Ignorantes da sua própria condição, machucam. Piores aqueles que sabem que são pedras.

DIA CHUVOSO

Olhando a chuva, minh'alma é pura tristeza.
Uma cantilena que lembra antiga canção,
invade suave e devagarinho o meu coração.
A chuva tece na vidraça linda renda de Veneza.

Tua imagem se faz presente em mim, lentamente,
vejo além da janela teu sorriso lindo e tão amado.
As minhas mãos tristes tocam o vidro gelado,
nele buscando talvez o calor de tua mão ausente.

Mãos que tão suavemente me acariciavam.
Pernas que se entrelaçavam, me aprisionaram.
Olhos onde eu naufragava e me perdia em mim.

Relembro teus beijos que do chão me tiravam.
Teus braços que com sofreguidão me apertaram!
Saudade! Nunca houvera amor tão grande assim.

Verluci Almeida

P.S.
Com este soneto 'Dia Chuvoso', ganhei o primeiro lugar
no 3º Concurso de Poesias da Comunidade "Navegantes
das Estrelas", no ORKUT em março/2006

Estilhaçado.

É fácil ser pedra,
O difícil é ser vidraça -
E riu, sem graça.

⁠As lembranças são um lago de águas transparentes, que só é possível admirar de longe, pelas vidraças saudade. 

Não sucumbi às vagas ferozes que vinham
em cascatas mortais tentando me levar,
não sucumbi a tsunamis, vendavais,
nem às pedras atiradas nas vidraças,
não sucumbirei nem a ataque nuclear,
tenho um bunker que é pura proteção,
aço indevassável, alimento, água e ar,
é a poesia pura, germinando no coração,
dela nunca irão me separar

Inserida por neusamarilda

É fácil ser pedra. Difícil é ser papel e tesoura.

Inserida por pavinski

Explica-me, que às vezes tenho medo que o sol luarento não dissolva a minha vidraça. Que deixe de ter, como agora, quando o vento que cessa e o sol que se revolta e se vai. Explica-me, que medo é esse de voltar à amar. Explica-me, porque os campos não são mais tão verdes, as ondas não são mais tão misteriosas e o amor não é mais um porto tão seguro. Mesmo sem compreender, quero continuar por aqui onde constantemente o orvalho se envolve ao chilreio trazendo o amanhecer. Por mais que pareça que o mundo conspira a não se amar vejo como o rigoroso inverno estende seu tapete gélido de neve por sobre às montanhas como presente para a primavera que esta por surgir além da próxima nuvem.
Se até mesmo o inverno com toda a sua magnificência saí do palco para deixar um novo espetáculo começar, talvez com o amor também seja assim: às vezes ele saí do palco para que possamos amadurecer e depois ele regressa para o seu grande ato triunfal.

Inserida por iiiiiii

PELA VIDRAÇA

Chove muito e as gotas d'água
deslizam suavemente pela vidraça.
Pela janela observo a mulher
que caminha lentamente pela rua deserta.
Para onde ela irá assim sem pressa?

Imersa em seus pensamentos
segue em frente e fico a imaginar
o que faz uma mulher caminhar
tão tranquilamente ignorando
a chuva forte que cai.

Seria o término de um romance,
de um belo caso de amor?
E indiferente aos pingos de chuva
que molham sua roupa, seu corpo,
segue levando consigo o seu segredo.

Verluci Almeida
250210

Inserida por VERLUCI

É chegada a hora
Hora de fazer balanços, deletar lixos, apagar histórias mal resolvidas...
Hora de preparar a terra para semear novas histórias
Limpar a poeira do tempo e organizar prioridades
Hora de deixar no armário do fundo o que ainda pode vir a ser usado
Lançar fora o que nunca serviu direito
Abrir a janela dos olhos e limpar a vidraça embaçada
Dos medos e inseguranças que nunca foram necessários
A hora se faz nesse resto de tempo que ainda resta.

Inserida por JacquelineBatista

Nenhuma paisagem será bonita, se você não limpar a sua "vidraça"!

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Inserida por rascunhosescondidos

" Como efetivamente tudo passa,
bobagem viver disputando entre
ser pedra ou vidraça."

Inserida por AnaStoppa

Os donos das terras chegavam às plantações ou então mandavam alguém no lugar deles. Vinham em carros fechados e pegavam pequenos torrões de terra seca para esmagá-los entre os dedos e assim conhecer-lhes a qualidade; outras vezes traziam grandes escavadeiras que revolviam o solo para a análise. Os meeiros, às portas de suas cabanas míseras, olhavam inquietos o rodar dos carros através dos campos. E, finalmente, os donos das terras paravam às portas das cabanas para falar, sem sair do assento de seus carros, com os meeiros. Os meeiros paravam ao lado dos carros por um momento, e depois punham-se de cócoras e esgravatavam a poeira com varinhas secas.
As mulheres dos meeiros também chegavam às portas das cabanas e, com os filhos pequenos atrás delas, crianças de cabelos cor de trigo, olhos muito abertos, um pé nu sobre outro pé nu, os dedos dos pés a catar a poeira, olhavam os maridos falando com os donos das terras, e as crianças também os olhavam; mantinham-se em silêncio.
Alguns proprietários eram afáveis e detestavam o que tinham que fazer; e outros ficavam irritados e coléricos porque não gostavam de parecer cruéis e outros ficavam impassíveis porque tinham descoberto que um homem não podia ser dono de terras sem ser impassível. E todos eles se sentiam presos a uma armadilha mais poderosa que eles próprios. Alguns detestavam os algarismos que os impeliam a assim proceder, e outros tinham medo e ainda outros gostavam dos algarismos porque eles lhes forneciam um refúgio contra os tormentos de sua consciência. Se um banco ou uma companhia era o proprietário da terra, seu representante dizia: o banco, ou a companhia, é que assim quer, insiste, exige, como se o banco ou a companhia fosse o monstro, cheio de ideias e sentimentos, que os apanhasse em sua armadilha. Os representantes não queriam tomar a si a responsabilidade dos atos dos bancos ou das companhias, porque estas eram os patrões, e, ao mesmo tempo, máquinas de calcular, e eles não passavam de homens, de escravos. Alguns representantes tinham orgulho de serem escravos de patrões frios e poderosos. E, sentados em seus carros, explicavam tudo isso aos arrendatários dizendo: vocês sabem, estas terras são pobres, não dão mais nada; vocês já as revolveram bastante e agora não dão mais nada, Deus sabe disso?
E os meeiros acocorados no chão meneavam a cabeça em sinal de assentimento e concordavam, refletiam e desenhavam figuras no solo empoeirado. Sim, senhor, eles sabiam. As terras não dão mais nada. Deus sabia também. Se ao menos não fosse essa poeira que cobria tudo, decerto com algum adubo se dava um jeito. E os donos ficavam aliviados e diziam: pois é isto, as terras estão ficando cada vez mais pobres e imprestáveis. Vocês sabem o que o algodão está fazendo às terras; suga-lhes todo o sangue, toda a seiva.
Os meeiros acenavam com a cabeça, nós sabemos, Deus sabe. Se ao menos pudessem fazer uma rotação das culturas, lhe devolveriam o sangue, à força.
Bem, agora é tarde, não adianta. E os representantes explicavam aos meeiros como eram fortes os monstros, os bancos e as companhias, muito mais fortes que eles. Uma pessoa podia continuar com as terras enquanto elas lhe davam de comer e permitiam pagar os impostos; assim podia continuar com elas. Sim, podia continuar, até que as safras falhavam e tinha de se recorrer aos bancos para pedir empréstimos.
— Mas, olha, um banco ou uma companhia não pode viver assim, porque estas criaturas não respiram ar, nem comem carne. Elas respiram lucros e alimentam-se de juros. Se não conseguirem estas coisas, elas morrem, como vocês morreriam sem ar e sem carne. É triste mas é assim. É assim, simplesmente.
E os meeiros, agachados, erguiam a cabeça e aventuravam com timidez: mas será que não se pode esperar mais algum tempo? Talvez o ano que vinha fosse melhor, houvesse uma boa safra. Deus talvez permitisse que houvesse muito algodão no próximo ano. E com todas essas guerras, não é, o algodão pode subir de preço. Eles não faziam explosivos com o algodão? E uniformes? Tratem de arranjar muitas guerras e o preço do algodão subirá até o teto. Quem sabe no ano que vem? Olhavam os senhorios com olhares interrogativos.
— Não, nós não podemos nos fiar nisso. O banco, esse monstro, tem que receber logo o seu dinheiro. Não pode esperar mais; senão, morre. Não, os juros não param de subir. Quando o monstro para de crescer, morre. O monstro não pode ficar sempre do mesmo tamanho.
Dedos finos tamborilavam nas vidraças dos carros e dedos duros e calosos esgravatavam ansiosamente a poeira. Nas soleiras das cabanas batidas de sol em que moravam os meeiros, as mulheres suspiravam e mudavam as pernas, de maneira que os pés que estavam no chão ficavam no ar e os que estavam no ar ficavam no chão e os dedos dos pés se mexiam lentos. Cães se acercavam, farejavam os carros e urinavam nos pneus um após o outro. E galinhas se acocoravam na poeira quente e sacudiam as penas para tirar o pó que se lhe descia da pele. Nos pequenos e apertados chiqueiros, os porcos grunhiam remexendo com os focinhos os restos turvos de lavagem.
Os meeiros baixavam outra vez os olhos.
— Que vamos fazer? A gente não pode contentar com uma parte menor ainda das safras. Estamos na miséria. As crianças tão sempre com fome. Não temos roupas, só farrapos. Se toda a vizinhança também não fosse assim, a gente teria até vergonha de ir à missa.
Por fim, os donos das terras desembuchavam. O sistema de arrendamento não dava mais certo. Um só homem, guiando um trator, podia tomar o lugar de doze a catorze famílias inteiras. Pagava-se-lhes um salário e obtinha-se toda a colheita. Era o que iam fazer. Não gostavam de ter de fazê-lo, mas que remédio? Os monstros assim o exigiam. E não podiam se opor aos monstros.
— Mas os senhores vão matar a terra com todo esse algodão.
— Sim, a gente sabe disso. Mas vamos cultivar bastante algodão antes que a terra morra. Depois vendemos a terra. Muitas famílias lá do leste querem comprar um pedaço dessa terra.
Os arrendatários erguiam os olhos alarmados:
— Mas que será de nós? Que é que nós vamos comer?
— Vocês têm que sair daqui. Os arados vão rasgar os quintais.
E agora os meeiros endireitavam-se, coléricos. O avô tomou conta destas terras e teve de lutar com índios e expulsá-los daqui. E o pai nasceu aqui e teve que matar as cobras e arrancar as ervas daninhas. Depois, vinha um ano ruim, e ele tinha de fazer empréstimos.
(John Steinbeck, in As vinhas da ira)

Inserida por Filigranas

⁠O SILÊNCIO DIZ TANTO


Meu Presente se abre em silêncio, 
de pretéritos irresgatáveis.
A vida superposta em camadas, 
recheada de sonhos desfeitos, 
com seus encantos e desencantos, 
entre as alegrias e tristezas. 
Quando maceradas se fundem 
num riso triste ( transparência? )


Cada despedida - uma ferida... 
olhar resignado - farpas n` alma...


Sob a força de uma dor oculta, 
quando nem a lua é testemunha, 
enquanto o silêncio diz tanto,
com seus gestos lentos, sem vigor, 
( instigante ), abre a janela d`alma.


Sem as rimas rígidas nos versos, 
um poema brilha na vidraça, 
escorre com suavidade
igual a um orvalho matizado.

Inserida por MadalenaPizzatto

⁠VIDRAÇA

Tivemos que ceder
O banco da praça
Para o cortejo dos pombos
Resta-nos agora
Olhar o céu na vidraça.

Enquanto tudo acontece
Lá do outro lado
Daqui de dentro o muro
Não é de tijolo ou cimento
É de arame farpado.

Tivemos a faca e o queijo
O braço e o abraço
Tivemos tudo nas mãos
Mas ainda temos o chão
Para morrer de cansaço.

Mas não podemos nos entregar
Ao sótão dessa casa abandonada
Devemos continuar lutando
Contra a fúria de gafanhotos

Ainda podemos ser tudo
Antes de sermos nada.

Inserida por Cleude

⁠Metáfora

A vida é um floco de neve.
Também pode ser uma lata de lixo se você prefere;
A vida é como uma prece.
Mas também pode ser uma melodia simples;
A vida é uma vidraça.
E também pode ser um gume com duas facas...

Inserida por UmSimplesAutorOfc

⁠Quem sempre viveu lançando pedras em vidraças, não consegue sobreviver ao menor sopro da realidade de ser uma vidraça. 

Inserida por JBP2023

⁠"⁠Perfume. Veneno. Doce. Devaneios.
São tantas voltas por mim mesma,
que, quando paro, acho graça,
até da pedra que encontrou vidraça."
Carmen Eugenio

Inserida por CarmenEugenio

⁠Quem vira vidraça, não consegue impedir que vejam a sujeira 
na sua superfície.
A menos que mantenha-se 
limpo e transparente.

Inserida por GutoMaiaBaptista

Você ensinaria o caminho das pedras para quem vai quebrar as suas vidraças?
(é o que fazemos todos os dias com os nossos alunos, que ficarão mais ricos, bem sucedidos e, talvez, no futuro, digam que aprenderam tudo sozinhos!)

Inserida por GutoMaiaBaptista

O cruzamento entre pedra e vidraça pode não ter como resultado, necessariamente, estilhaços.

Inserida por LuizVentura