Coleção pessoal de Cleude

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⁠O livro é o melhor transporte que existe. Com ele nas mãos e nos olhos é possível viajar por lugares diferentes, conhecer histórias e culturas diversas, além de proporcionar autoconhecimento e deixar o passageiro “preparado” das mais poderosas ferramentas para se
defender das armadilhas que existem no meio do caminho
da vida.
Existem fatores que devem ser considerados por
uma auxiliar de biblioteca que tem o livro como algo sério
e ao mesmo tempo o atribui ao conceito de leveza das asas
de um pássaro.
Livros e pássaros não se dissociam ao abrir asas.
Um mediador de leitura é um elo entre alçar voo e
alcançar as nuvens. Sou uma mediadora de leitura por
amor às asas e ao voo.
Outro lugar onde livros são capazes de nos levar é o coração humano. A humanidade precisa de pessoas
dispostas a caminhar até encontrar esse caminho.
Eu encontrei e estou começando a percorrer por ele.
Isso mesmo, meu projeto é apenas o começo de uma longa jornada. Entre o primeiro passo e o pico da montanha
certamente vou encontrar pedras e espinhos.

⁠Uma biblioteca é o órgão que contém todos os sentimentos e emoções de uma unidade escolar, tanto nas páginas dos livros, como em toda a sua estrutura física. Estrutura abalada pelo tempo, pela chuva,pelas infiltrações e pelo descaso.
O vírus que corroeu as entranhas das paredes do coração da escola foi também cruel o suficiente para fazê-la entristecer. Chorava constantemente durante muitos invernos, às vezes encharcando livros e outros pertences,
como estantes e armários. Livros também entristecem quando é um vírus chamado descaso que invade seu
espaço e estremece suas bases atingindo sua real importância.

(Livro: Relatos do projeto de contação de histórias Estrela estrelinha -a biblioteca e a bibliotecária 2° edição)

⁠EFICÁCIA

Quando eu chorar
Apenas me olhe
Se possível, me ofereça
Um lenço
Nunca a solução
Para o meu problema

Quando eu sorrir
Apenas ria comigo
Se possível, me ofereça
Uma droga
Nunca a solução
Para a minha loucura

Quando eu morrer
Apenas me deixe ir
Se possível, recite
Uma poesia
Mas não queira
Devolver-me o ar

A vida é eficiente
A morte, eficaz.

⁠ROSA CATIVA

No meio do caminho
Tinha flores
Tinha flores no meio do caminho

Ninguém me avisou
Mas elas estavam lindas

Na curta longa estrada minha
Nunca me esquecerei
Que no meio do caminho
Tinha flores e borboletas

Não couberam todas
Na minha cesta
Mas uma delas me acompanhou
A minha rosa cativa

Tinha flores, borboletas e espinhos
No meio do caminho.


(intertextualização ao poema:
No meio do caminho tinha uma pedra,
de Carlos Drumond de Andrade)

⁠AUTOCONHECIMENTO

Nada como tirar o salto
Depois de um relacionamento abusivo

Nada como uma cama vazia
Para poder me jogar
Um cobertor de flores
Para me enfeitar

E meu corpo inteiro
Para eu conhecer
Antes de me namorar.

⁠ÂNCORA

Deixei-me levar
Pelo ir de um navio
Por pensar ser livre
Depois que abandona
O Porto e a beira do Rio

Mas olhei ao redor
E me vi presa
Às águas e ao vento
Porém, notei que não sentia
Vontade de voltar
Nem para o porto
Nem para mim mesma

Aqui estou navegando
No meio da saudade
E apesar do frio

Oora na proa
Ora na âncora.

⁠CARTA AO AMOR PERDIDO

Querido amor perdido
Não sei aonde anda agora
Mas sinto seu perfume
E ele anda comigo
No avesso e na gola
Daquela mesma camisa

Deixei algumas lembranças
Dentro do meu livro velho
Uma carta breve
Meus óculos de graus
E uma pena amiga

Mas não volte por mim
Nem pelo meu choro
Volte para guardar ovestido
Na gaveta da cômoda
E para dar aos pássaros
Alguma comida

Não volte pela revolta da pena
Só por ser minha amiga
Mas volte para fechar
A última página
Do livro da minha vida.

⁠PRISÃO

Quando o sol se puser
Vou sentar na calçada
Ver a cidade solitária
E imaginar tudo
Onde não há mais nada

Na praia ainda existe
A última pegada
Desde que não pude mais voltar
Para ver a fuga dos pássaros
E a presa do tubarão
Que vinha os abocanhar

Mas neste sentido
A palavra prisão tem dois lados

Um deles me absolve sem conspiração
O outro me condena sem antes me julgar.

⁠O PORTO

Estamos todos num navio
A bordo, vazios
Estamos cheios um do outro
Em meio à tempestade
De sonhos e medos
Que causam arrepio

Não há nenhum bote
Ou colete salva-vida
Nem necessidade disso
Para nos aquecer do frio

Nem é preciso socorro
Para cairmos na água
Pois quando chegarmos ao porto
Não haverá mais rio.

⁠MEU BEIJO

Dentro da minha boca
Mora um beijo quente
Se um dia quiser prová-lo
Será seu o meu fogo

Só não me responsabilizo
Pela sua decepção
Ao encontrar nos meus lábios
As cicatrizes de um amor de perdição

Toda boca que beija
É capaz de morder

Sabe,
Meu beijo já deixou marca
De sangue em alguém
Mas se quiser provar também...

⁠PINGOS DE SANGUE

Às vezes me deixo magoar
Por pessoas insignificantes
Pessoas que juram amor
De maneira apedrejante

As perguntas sobre meu avesso
Parecem óbvias aos meus olhos
E não conheço uma resposta
Que satisfaça meus anseios

Mas sou poeta, sou poeta!
Posso me transformar no que quiser
Por ser poeta sou profundo
Sou pobre, sou rico, sou imundo

Mutações são necessárias
Quando há insignificâncias
Que perturbam a mente

Talvez o que me incomoda
Esteja na importância dada aos fatos

E há uma força incrível
Que me mantém de cabeça erguida
Mesmo pingando sangue.

POR QUÊ?

Às vezes me pergunto
Por quê?

Minhas pálpebras se cerram e isso parece uma resposta

Mas meus olhos se abrem novamente, mirando ao longe
Procurando um motivo mais convincente para o que sinto

Sem sucesso, retorno aos meus sapatos velhos

Não sei, mas meus olhos não se contentam nunca com as
perguntas que encontram
Já que respostas não existem

Meus pés descalços dispensam os motivos
Meu olhar continua perdido

E eu perguntando
Por quê?

⁠CAMINHAR COM A MÃO

Sinto um desejo enorme
De escrever sem parar
Até derramar por completo
Toda a roupa e toda a mágoa

O alfabeto é pequeno demais
Para conter as palavras
Que definem minha história
Este poema precisa mais de mim
Do que eu dele

Já o mundo precisa apenas do fio
De esperança que ainda existe
No caminhar da minha mão.

⁠VIDRAÇA

Tivemos que ceder
O banco da praça
Para o cortejo dos pombos
Resta-nos agora
Olhar o céu na vidraça.

Enquanto tudo acontece
Lá do outro lado
Daqui de dentro o muro
Não é de tijolo ou cimento
É de arame farpado.

Tivemos a faca e o queijo
O braço e o abraço
Tivemos tudo nas mãos
Mas ainda temos o chão
Para morrer de cansaço.

Mas não podemos nos entregar
Ao sótão dessa casa abandonada
Devemos continuar lutando
Contra a fúria de gafanhotos

Ainda podemos ser tudo
Antes de sermos nada.

⁠O TREM

Antes que passe o trem
Preciso pôr a máscara
E os óculos escuros
Para não ser atingida pelo vento
Que ultrapassa a TV

A música que ouço agora
Não é nada agradável
Mas vejo uma pipa no céu
Que me consola
E um menino na rua
Jogando bola

Meu coração sabe bem
Que a vida passa ligeiro
Como passa o trem

Sabe que a pipa leva o menino
Até a estrela mais próxima
A música desagradável
Já não ouço mais

Embarcar numa pipa
É leve e gratuito

E a vida é passageira demais
Para ser vivida em vagões.

⁠LIÇÕES DE BORBOLETAS
Escrevo sobre borboleta
De tanto sobrevoar jardins
Tem flor no olhar
E possui pureza nas asas
Trava uma luta contra as paredes do casulo
Até aprender todos os caminhos do vento
Ainda enfeita de cores o sol quando ele a vem queimar
Não usa Margarida contra Rosa
Nem tem inveja de beija-flor
Dos aprendizados adquiridos por humanos
Não absorveram lições de borboletas,
Tampouco sabem ser livres.

A magia da escrita permite ao autor fazer rodeios,brincar com as palavras e com a imaginação de quem ler. Faz
parte da escrita, falar das borboletas e dos sonhos que carregam, falar das flores do jardim e descrever o vento que faz cair suas folhas, faz parte da escrita falar de elementosque não existem ou existem implicitamente aos seus olhos.
Faz parte do escritor, inventar o que quiser para inserir ao seu texto. Eu inventei um lindo jardim. Faz parte do leitordar sentido as flores.
O sentido das borboletas nem sempre é o mesmo do jardim que beija. Não sei se é o jardim que possui asborboletas ou a elas ele pertence, só tenho certeza que elassão totalmente livres para voar e para voltar quandoquiserem, restando a ele o eterno ofício da espera.

⁠Não há nada mais sublime que colorir nossos sonhos, que fazer deles uma festa dentro de nós. Não há nada mais
saboroso que o gosto de vê-los se realizando.

⁠ O sistema de educação equivoca-se na medida em que não pensa o afeto como partedele, equivoca-se em não levar em conta o coração comoórgão principal de um processo de aprendizagem.

⁠Muitos problemas encontrados na educação poderiam ser sanados com um simples olhar doce, uma voz serena, um sorriso puro egestos de amor. O amor tem o poder de derrubar estruturas, vencer batalhas e educar. Acredito que a melhor forma deimplantar um novo sistema educacional seja usando o amor
como base de sua estrutura.