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Cartas poéticas.
Pode ser que um dia o destino volte para nós, e nos diga como foi o futuro sem a gente, seria legal sorrir e chorar em meio ao tudo que tivemos sobre tudo que lembramos, eu sempre volto para conversar, pra saber como foi o tempo sem mim ... na sala de estar ou na mesinha ao ar livre, estarei eu solitário com minha velhice, sorrindo de tudo que fiz, lembrando dos péssimos romances que me deixou infeliz, contarei como se fosse bom errar o caminho do amor.
Não pude ver os seus cabelos virarem algodão ,nem sua pele se tornar uva passa...
Não pude te escutar resmungar...
Eu queria um pouco mais, de tempo, mais alguns curiosos anos ...
Vais ser a eterna morena em minha mente.
A velhice não te conheceu,e sua vida escorregou entre os dedos da morte , pois eras como um balão , cheia de fôlego!
Agora mãe querida, brilhas apenas no meu céu...
Dedicado á ROSA ELISA FERREIRA DE CAMARGO
44. A velhice é o tempo onde com clareza o ser humano consegue enxergar e sentir com precisão o impacto da utilidade. Depois de anos e anos de luta pela vida, sendo útil para filhos, parentes e amigos, o homem chega a maturidade, a velhice, momento em que aposentado, sem ter mais tanta importância no ato de servir, pelo contrário, agora surge o instante em que é chegada a hora de ser servido, vem, então, a dura realidade o da dura dependência de ser levado para um banho de sol, de não ser ali esquecido e até mesmo de uma pessoa que disponha de alguns minutos para uma conversa.
Na Velhice
O último rosto a esquecer, é aquele que nos acompanhou até aqui.
O cansaço me colocou a dormir um pouco mais do que o habitual, o galo não cantou como de costume, danado não me despertou, causou-me estranheza, o que teria acontecido com o velho petrukio, nosso único galo no galinheiro. Quando fui pego pelo cheiro e um aroma delicioso que vinha da cozinha, era de bolo de milho e café, por certo não passa dás dez. Levanto, calço minhas chinelas surradas e a passos lentos vou espichando daqui e alongando ali até chegar na varanda, onde o café está posto na mesa grande, o sol pela janela lambe quase toda a varanda, o manto azul no céu doa aos pássaros a liberdade de ir e vir sem nenhum obstáculo, ouço um som de água borbulhando dentro da chaleira e da madeira a estalar no fogão a lenha, quase que atropelado pelas brincadeiras das crianças, penso, a algazarra está completa pelo pega-pega, pelos gritos e gargalhadas que ecoam nos corredores da velha casa, sinto-me regozijado pelo feito, então o silêncio sobrevém juntamente de uma tristeza sem fim, quando finalmente sou amparado e com suas mãos a cariciar meus cabelos, de uma voz doce e conhecida a me conduzir ao um grande tacho onde ela me banha todas as manhãs, diz-me o presente. O que meu velho anda sonhando acordado?
Contemplo, acaricio e beijo
o rosto enrugado...Castigado...
Cada ruga representa uma lição absorvida,
nas marcas do tempo,
no sorriso tímido
ou no doce olhar
a verdade dura, pode-se vislumbrar
nas mãos trêmulas, no andar cambaleante...
Percebo medo,
por um instante
corro pra te amparar...
A obrigatoriedade compulsiva de tratar os mais velhos de Senhor, tem sua origem na tentativa de esquecer que sob aquele corpo desfeito, está aprisionado um adolescente em pânico.
A pior velhice
não é aquela que vem com os anos;
é aquela que está dentro das pessoas
ainda na flor da idade.
- Velho?
- Quem disse!
- Problemas?
- Infelizmente tenho!
- Conselhos?
- Ah, este tenho aos montes. Sou vivido, sou muito amado, e por ser velho como dizem, sou feliz!
VELHICE
Aos poucos a velhinha foi sendo jogada par um canto do mundo
e foi se apequenando cada vez mais
humilde
para caber nele
e não incomodar a ninguém
com o que resta da sua presença.
Ano que passa
Na contagem é apenas mais um
Na vida a soma é numerosa
Os cabelos vão se modificando
Cada fio branco firma sua idade
O corpo já não responde
É um ritmo de estalos
A pele?
Melhor não falar!
Fica a sensação de um espaço curto
De uma vida breve
Que vai se fechando
Tempo que se achega
Tão rápido que assusta
Não quero dizer adeus
Quero o meu caminho seguir
Meus cabelos
Meu corpo
Minha pele deixar envelhecer
Sonhar que no fim terei forças
De chegar até onde meu destino mandar
A independência usada sabiamente cria boas dependências. Do contrário, na velhice poderá ser esquecido como um móvel velho e inútil
Ao longo da vida é prazeroso viver bem,
amores, festas, viagens,amigos por perto, formar uma família,
porém o que realmente importa e trás a verdadeira felicidade é você chegar a velhice em suas condições gerais com saúde, sorrindo e realizado e ainda com a certeza de ter feito seu melhor.
A fragilidade é natural por isso a trajetória deve ser bem planejada para estar feliz para não precisar mais conquistar e sim apenas usufruir de suas realizações e resultados.
Os pais carregam seus filhos, mas um dia seus filhos crescem se tornam homens e se esquecem que aquele homem ali na frente que envelheceu, que muitas vezes é ignorado, outras até insultado, ou mesmo abandonado e esquecido... é o homem, é o pai. Um dia a história se inverte, o filho se torna o pai, e olhara em um canto perdido do passado, e sentira o vazio, a saudade daquele homem que um dia foi seu pai. A saudade não é ruim, pior que a saudade é o remorso.
DOLOROSA VIA
O tempo me fez velho e derreado
Já não respondo aos vários limites
A vida agastada perdeu os convites
Os sonhos de mourejar hão curvado
O corpo na ação perdeu o apetite
E assim vou num choroso estado
De lamúria triste e olhar cansado
Enfraquecido na força sem rebite
E o insistente querer, ainda espera
Da vitalidade, poesia e viva quimera
Para velejar nas nuvens da ventura
Nestes trilhos deixo o carril da sorte
Até que eu baste no portão da morte
E vá estar na paz lúgubre da sepultura
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
Parodiando Pe. Antônio Tomás
Eu vou passar a velhice escrevendo sobre minhas crenças e ideologias.
Por enquanto vivencio cada uma delas com intenção de um aprendiz.
Se Deus te deu uma vida, não a desperdice, vivas com dignidade, pra que na velhice tenhas orgulho de ter vivido.
Leobino Filho
A vida é como dizem, curta. Andamos de um lado pro outro e ás vezes nem deixamos nossas marcas por onde passamos, estagnamos, nos tornamos ignorantes até desistimos de sonhar por algum tempo, certa vez alguém me disse que personalidade ninguém muda que é feita de cunho próprio, não adianta! Não é assim, vivemos tanto e não aprendemos o bastante para se viver, somos novos demais para entender a vida, velhos demais ao pensar no que ela pode nos oferecer e tolos demais se nos aceitarmos acomodados com nossos erros. Somos capazes de nos reinventar a cada dia, ato, conceito que se renova. Que venham os 70, 80 quem sabe? Talvez esteja certo que nos tornamos mais vulneráveis a morte, mas enquanto vivos nos preocuparemos em como viver e não como ou quando morrer.
Só sei que hoje eu não sei nada, e daqui um ano também não vou saber, mas quem sabe na velhice eu possa entender, como as coisas passaram de maneira tão rápida, que não pude ver. Tento imaginar o passado com decisões diferentes, referentes a escolhas certas, as quais só pude enxergar hoje. Espero que as coisas melhorem, ou mudem de forma que me mude também. A vida tem tudo pra ser boa, só não posso deixar tudo atoa, pois o tempo voa e eu posso perder.
Olhando para o longe, fitando o ar meus olhos fixam e perguntas me veem.
meus cabelos negros poucos me ensinam, preciso aprender mais.
Penso no amor e o que seria amar e o tempo passa.
Já amei e fui amado?
Existem sentimentos incondicionais onde a balança fica em desproporção,mas não somos Deus.
O amar sozinho é egoísmo ou altruísmo?
Egoísmo de quem ama e nao é correspondido, altruísmo ao darmos a alguém um favor de ama-lo sem nada receber?
Se amei não sei, se fui amado quem sabe?!
A idade em meus cabelos brancos me impedem de indagar, tenho a responsabilidade de saber e me espelhar.
As rugas em meu rosto cismam em rebater minha alma juvenil.
Ainda fitado o tempo se foi e o amor é o mesmo, mas onde esta o amor?
Minha respiração ofega e desfaço aos poucos e não atingi a utopia do amar.
Em instante sozinho, sem alguém e sem ninguém a brisa me trás lembranças do que se passou.
Um cheiro do passado com o vento gelado me impulsionam a chorar.
Lembro-me do que passou e de quem deixei a ficar, sinto saudades e sentimentos guardados.
Lembro que já fui feliz e que o tempo de hoje quem sabe sentirei também.
O amor existe mas tarde se ficou e o aproveitar se foi.
Amar não é constante mas é o que guardamos em mente, pois manter o desnecessário são para os nada além.
Não precisamos amar sozinhos mas nos doar a sós.
Quem recebe o amor ama, quem oferta também.
Não sabia que era amado e mal sabia eu que sempre amei.
