Tag tinta
Não estou leiloando minha voz,
Tampouco o que penso,
A tinta da minha mão é inapagável e impagável,
Cor invisível da liberdade,
Crianças...
O Tino disse à Tina:
- Atinas que na tina nós cabemos?
Tina desatina e diz a Tino:
- Tinhas, seu tinhoso, que atinar:
da tina solta tinta. E se nos tinta?
Atento, Tino tenta terno, então:
- E se tintar a gente for intento?
E o tento for tintar a ti de mim?
A Tina diz: - Tá bom seu Tino feio!
Te vejo lá na tina de noitinha.
E Tina põe corante lá na tina.
O Tino todo tinto, todo preto
diz noutro dia triste para a Tina:
- Tu te tornaste tinta, pois, em mim,
eu tenho a tua tinta em minha tez.
E Tina diz: - Até que todo tinto
estás tu tão bonito dessa vez.
Agora sim atino tu és Tino
e teces teu ao meu o teu destino!
Sou a pintura da tela
E também a do papel
Já fui uma vez de aquarela
Hoje mal tinto o pincel
Em verniz eu fui muito bela
Afável com cor de céu
Reluzente e até singela
Mas indigna de qualquer troféu.
Coração é igual casa alugada, cada vez que um morador sai convém jogar tudo que ficou nela fora, raspar todas as paredes e passar uma mão de tinta fresca antes que um novo inquilino entre.
Escreve um grande poema!
Mas fá-lo, sem tinta...
Sem rima...
Sem tema...
Sem palavras,
Sem poesia...
Sem métricas!!!
Nem fantasia.
Antes, teu ser, o escreva,
Amando, teu próximo...
De modo, que esse poema, ele em ti veja...
E diga:
Este ama...
E não me engana!
Faça a vida valer a pena
Pena tenho, e quero-a pra escrever
Escrever como outrora
Outrora se escrevia com ela
Ela a pena na tinta
Tinta preta ou azul
Azul pássaro do norte
Norte a sul quanto pena!
Durante o tempo em que a tinta e o gesso importarem mais que a alimentação e cuidado, em declínio continuaremos.
E de onde vem esta aura,
como se fosse um pincel mágico
em respingos e quimeras,
com perfumes e brisas sinceras ,
pintando nesgas de saudade
nesse quase tempo de primavera?
Nunca arranje uma briga com quem compra tinta em barril.
A borracha pode até apagar a tinta, mas desgasta o papel. Pense bem em como vai escrever sua história.
Tinta trovadoresca
Vem e vão numa passagem
hora ligeira, hora travada.
Nuvem branca e nuvem negra,
Porventura não será ela a mesma?
Talvez sim, talvez não,
cabe o poeta distinguir.
Saberá a alegria de amanhã?
Saberá a angústia de ontem?
Não! Ou sim...
Afinal, o que interfere no poeta?
Se o amor fosse uma obra de arte, você seria a pintura mais sublime, colorindo minha vida com a tinta mais vibrante de emoções e sentimentos."
Deixe-me ser a tinta que desenha a paixão em sua pele, quero revelar seus segredos com meus versos e envolver seu coração em cada estrofe minha.
A verdadeira elegância está na sofisticação minimalista, onde menos é mais. Deus não desperdiça tinta; Ele elege cada traço com propósito.
A tinta da saudade, manchando as páginas com emoções,
Um grito silencioso, que a solidão jamais ouviu.
Minha pena não tem pena de lambuzar-se de qualquer tinta ao ousar descrever o sentir de todo penar de quem pena sentir.
A receita é simples: basta uma pincelada de cor aqui, outra de amor ali e a gente acaba deixando qualquer dia da semana mais bonito.
Papel e Tinta
Laivei o meu pincel
no cinza do cascalhado
no entardecer fogueado
no chão ressecado
no desbotado areado...
Laivei o meu pincel
na luz do horizonte
na sombra atrás do monte
no suor da fronte...
E no branco do papel
vão aparecendo inquinações:
de folhas secas, chão árido
amarelados ipês, buritis, ar cálido
pequis, céu divino e estrelado
num desenho do cerrado...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2016
Cerrado goiano
Para o pintor, uma parede branca, suja e esburacada...
Transforma-se em tela e fantasia...
Horizonte e linhas do céu...
Um pouco de tinta...
Um pincel...
Para o poeta...
Um momento...
Palavras ganham novos sentidos...
Em pedaços de papel...
O poeta tece em palavras...
Como o pintor retrata em cores...
A arte vai imitando a vida...
e a vida inspirando a arte...
Sandro Paschoal Nogueira
Quando uma pintura ultrapassa a matéria da tinta, ela deixa de ser apenas imagem e se torna poesia que pulsa, uma crônica que narra silêncios, um manifesto político que inquieta, um grito que atravessa o tempo e uma denúncia que insiste em não calar. Ela não está no quadro, mas nos olhos de quem a sente, nos mundos que transforma e nas feridas que expõe para que jamais sejam esquecidas.
