Cora Coralina Poema do Futuro
OUTRORA TIVE MEDO DA GUERRA
Outrora tive medo da guerra
Pois lia nos livros, via nos filmes. Quão desesperador era fazer parte dela, fosse como vítima ou agressor.
A guerra é o último estágio da bestialidade humana, conclusão de que o embrutecimento não é animal e sim humano.
Animais não jogam bombas letais sobre os filhos dos seus irmãos.
A guerra é obra prima do espírito egoísta, que faz morada
na consciência dos homens.
Outrora tive pavor da guerra, contudo sempre achei que não veria, com mesmos próprios olhos seu avanço sobre os inocentes..
Cheguei a duvidar dos livros e dos filmes, onde ela me parece tão cruel e desnecessária.
A guerra, às vezes até parece poética, quando os heróis nos conquistam com discurso de bravura e nacionalismo.
Mas a guerra existe fora dos livros e dos filmes, hoje vejo em alta definição sua força e realismo, sua estupidez sobre as crianças da Ucrânia.
A guerra é real, ela acorda pais e mães para fugirem dos ataques noturnos, a guerra é hoje nosso maior enredo de uma epopéia trágica e realista .
Evan do Carmo
Qual o motivo da guerra?
Senhor, me ajude a entender
Se a vida é tudo que temos
Por quê muitos precisam morrer?
Ao nascer nos tornamos iguais
Numa luta comum pra viver.
Imitamos a vida do pais
Que esperam da vida colher.
Ver crescer as crianças saudáveis.
Ver o mundo se desenvolver.
Trabalhando em busca da paz
Todos querem o amor entender.
Não entendo senhor a razão
Pela qual se destrói a esperança, nem porque se agride um irmão.
Se somos todos iguais nesta vida.
Triste vida.
Não existe amor sem perdão.
Evan do Carmo
ELA FINGIA
Ela fingia entender o que eu dizia
Ela fingia saber o que não sabia
Enquanto eu tentava explicar
Enquanto eu tentava explicar
Sobre o caos deste mundo
Sobre a falta de amor
Sobre a busca da paz
Sobre o inferno e a dor
Na sua ilusão panteísta
Não havia lugar pra razão
Tudo é culpa de Deus
O sofrer redenção
Mas ela sempre aceitou minha fantasia.
Ela sequer perguntou sobre a minha ironia
De me achar tão sabido
E o sentido da vida não ter entendido
Que segundo ela era viver
Bem distraído.
Que segundo ela esquecer o mal sofrido
Enquanto eu tentava explicar
Enquanto eu tentava explicar
A filologia, a antropologia
A democracia, Voltaire e Platão.
Ela nada sabia de astrologia
Nem de poesia, Pessoa ou Drummond.
Mas ela sempre aceitou minha fantasia
Ela sequer perguntou sobre a minha ironia
De me achar tão sabido
E o sentido da vida não ter entendido
Que segundo ela era viver
Bem distraído
Que segundo ela esquecer o mal sofrido.
Em todos os caminhos
há pedras e espinhos
em outroshá rios e montanhas
mas o caminho do poeta
é cimentado sobre
cobras e aranhas.
Soneto da distância
Minha amada vive muito longe de mim
No mais alto monte da saudade
Tão distante deste mar sem piedade
Onde habito sem sossego até fim
Onde vivo e morro de desejo
Não suporto sofrer tão mal assim
Nunca pude sequer lhe dar um beijo
Para ter seu corpo quente junto a mim
Dois amantes que a sorte condenou
Ao destino fatal do abandono
A distância se impôs e ordenou
Que jamais pudessem se encontrar
Nesta estrada sem rumo sul ou norte
Onde o amor se consome até a morte.
MUSA DO MAR
Sempre que você me olha
o meu corpo treme desejo
desejo de lhe abraçar
desejo de lhe dar um beijo.
Lembro aquele dia
nós dois e do pôr do sol,
seu corpo bronzeado
eterna poesia..
Você, musa do mar
divino pão dourado
e eu pobre mortal
escravo do pecado
Pierrot sem fantasia.
FOLHA MORTA
Se a minha boca não te surpreende
se o meu corpo não te satisfaz,
o que te falta, para ir embora,
seguir teu rumo, me deixar em paz?
A vida a dois não é cláusula pétrea
se for por força de obrigação
o amor definha, vira folha morta
logo um se despede, outro fecha a porta
finda toda rota de contradição.
Último estoico
Sou amante da beleza,
sem extravagância
sem pudor, sem arrogância.
Amo a beleza sem medida,
fico preso a contemplar
uma noite, um luar,
ou uma tarde em despedida.
Mas no que tange ao meu prazer
sou estoico a perecer
nesta geração desvalida.
Os homens têm o mesmo espírito, quando o assunto é ter certeza, sobre que palavras devem ou não proferir.
Só um verdeiro sábio mede o efeito do que diz antes de falar.
Só um sábio perfeito, e na carne não há sabedoria perfeita que impeça um homem de ferir quem lhe escuta.
Não somos nada, poeira cósmica, partícula de pó,
vivificados pelo espírito santo
da vaidade..
Tudo que fazemos é em busca de aprovação, de aplausos
de Deus ou dos homens.
Quando deveríamos ser movidos por amor, por fazer o bem, não por interesse, mas isso não acontece com ninguém..
No final tudo é uma questão de estímulo e recompensa.
A PROVA DO MITO
O tempo é o crisol onde se forja o mito. Se ele permanece por três gerações há possibilidade de ser infinito.
Mas como são frágeis as asas de Ícaro, a cera é matéria que protege o rito.
O sol que aquece também incendeia, a fênix mergulha no éter-conflito, por que renascer para outra jornada, se a alma cansada perdeu seu apito?
A prova exige firmeza e coragem, há um céu aberto, um raio de sol, um trabalho árduo para refazer tudo que caiu, o povo esqueceu, a lógica dormiu.
Assim renasce o mito, um “tudo que é nada”, com outra empreitada para terminar na terra-arrasada, erguer pontes que foram destruídas pela voz da mídia, tão cara e vendida, sempre repetida, e pelas mãos sujas da justiça cega, ora preterida.
Há três gerações que não esqueceu, do bem que plantou, e do mal que colheu.
Um povo oprimido pela intolerância, jovem e criança parou para ouvir, um tio que fala dos anos esquecidos, onde houve paz, respeito e bondade, hoje só saudade recorda quem viu.
O mito está vivo, será que ativo irá prosseguir?
Amar não é comum,
querer que dois
se tornem um.
quando acontece amor assim
tudo é começo,
sem meio e fim.
MIGALHAS
Deixe eu lhe dar
só as migalhas
do meu amor
do meu querer.
Pois se lhe der
tudo de mim
sereium fardo
pra você.
Diz o poeta
com razão
que amor demais
dá combustão.
Acende o fogo
da paixão
e toda chama
um dia apaga.
Ela nada sabia de filosofia,
nem de poesia
de Pessoa ou Drummond
Ela pouco sabia de democracia
de Sociologia,
de Foucault ou Proudhon.
"O poeta é um fingidor".
Mente tão decentemente
Que parece que não mente
Quando fala de amor.
Os que escutam sua fala
Na vida passam a pensar
Que o que de fato vale
É a ilusão de amar.
Como se possível fosse
Entender falsa razão
Daquele que ama e mente
Que pensa que finge e sente
Que engana o coração
O QUE É ARTE
O Que é arte?
A discussão é infinita
pois que a faz sempre acredita
que a arte é tudo
que pensa tudo dita.
A arte é obra operosa
é verso, é flor,
é canto em prosa.
A arte é céu de estrelado
é noite escura
manhã bendita
é sol que brilha
e aquece a alma
que vive aflita
do ser que que clama
por paz, contrita.
SAMBA PERFEITO
Eu fiz um samba quadrado
Na mesa de um botequim
Só que a mesa era redonda
E o samba ficou ruim.
Um samba sem parceria
Não consegue agradar
É preciso poesia
para o mundo encantar.
Todo mundo quer um samba
Mas a vida é uma dureza
Estão queimando a Amazônia
Destruindo a natureza.
Todo mundo quer sambar
Mas o mundo é uma tristeza
Como pode o poeta inventar
Um samba bom?
Sem a letra do Vinicius
E sem a música do Tom?
Um samba pra ser perfeito
Não escolhe ocasião
Não precisa de instrumentos
Cavaquinho ou violão
Ele vive lá no peito
E se tratado com jeito
Pula pra palma da mão.
Eu fiz um samba quadrado
Na mesa de um botequim
Só que a mesa era redonda
E o samba ficou ruim.
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