Coleção pessoal de RosalbaSaraiva

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⁠Aff. Lemos todos os dias o desrespeito das pessoas ao ousar empregar as palavras "gratidão, agregar e sororidade". Se não são gratos, não falem, não escrevam, não digitem! Se não possuem nada que realmente agregue, nem se apresentem e, por fim, se nem conhecem o conceito de amizade, companheirismo e sintonia entre as mulheres, se nunca se sentiram parte da luta, se não conseguem se irmanar, risquem a palavra 'sororidade' dos seus medíocres dicionários! Não vistam roupas que não servem em vocês, é no mínimo, desconfortável e constrangedor.

⁠Precisamos de um ritual de celebração a cada instante, desde o café da manhã, que muitas vezes, nem se consegue tomar, até o jantar em que se mastiga os restos das lacunas que sobraram do dia, engolindo devagar as mágoas, com o olhar fixo em imagens aleatórias que dançam na tela da tv. Não importa a situação, abra uma fresta da janela, espie as estrelas ou o céu escuro, beba as suas gotas de esperança para dormir com a certeza de que pegará a sua vida de volta logo ao amanhecer !

⁠Fim de muitos começos. Início de tantos fins.
E você começa tanto em todos os dias e acaba um outro tanto em qualquer momento. Muito já se afirmou em tom profético ou simplista que a vida é um início, um meio e um fim, no entanto, filosofando um pouco mais, parece apenas ter um indicativo de onde começa ,no mais, caminhamos para o final, a partida, o fechamento. Afinal, ao certo mesmo, você não sabe onde é o meio, pois o caminho existencial não tem placas, setas , mapas e nem aparece em GPS. Apenas siga o fluxo!

P⁠ensando em Renato Russo e Cássia Eller, "Mudaram as estações":
AGOSTO rasgando o tempo, agitando os LEONINOS, chamando os PAIS para a reflexão⁠, sem deixar de ser um mês tão FOLCLÓRICO! É mais um recorte de vida que se destaca em meio a um estranho inverno de 2022, uma estação que perdeu sua ameaçadora capacidade congelante para um OUTUBRO que parecia inofensivo e no entanto atacou sem piedade, lançando jatos de frieza em cima daqueles que confiavam e julgavam conhecê-lo.

⁠O poeta Vicente de Carvalho, em 1917, afirma sobre a felicidade:
" ⁠Existe, sim : mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos"
Nenhum poeta moderno ousou afirmar que a tal felicidade é processo, é caminhada, é a simplicidade da ingênua busca, é o esperar pela festa e não o evento em si, é o ritual de acordar todos os dias correndo atrás de uma força invisível que está exatamente ali, dentro de cada um.

Uma canção diz que 'o novo sempre vem', a outra menciona um 'novo tempo', no entan⁠to, a pandemia chegou, impactou, está se indo e o tal "novo tempo", que é atrelado a um novo ser humano, ainda não surgiu no horizonte. Talvez esteja escondido atrás de cavalos alados, rituais, algo apocalíptico.... quem sabe a qualquer momento a voz do anjo sussurre em nosso ouvido...
O fato é que enquanto ainda não ouvimos nenhum sinal, certamente o que temos de novidades são os medos, as dúvidas, a insegurança...

⁠30/01/2022. Falta mastigar só mais um dia e teremos devorado outro mês. E eu sigo com aquela pesada sensação no estômago da alma. Sei que há muito ainda nesta vida para ingerir, mas enquanto essa má digestão não passa, olho faminto para a próxima refeição, no entanto, permaneço encolhido, sentindo o amargo das golfadas de insegurança que me causam uma náusea existencial.

⁠ Há sempre um instante na vida em que precisamos enfrentar aquele temido e aguardado momento, assumir que é chegada a hora, que é inadiável! Nunca estamos preparados, mas o ingresso está sempre na mão, a passagem está garantida e não existe banco ao lado. O destino é o interior. O seu interior. E o percurso é solitário. O tempo dessa viagem depende de cada um.

⁠Conheceram-se em uma festa. Ele era astrólogo. Perguntou o signo dela, analisou: Áries, elemento Fogo, impulsiva, teimosa, determinada. Ele era de Peixes, um sonhador, transbordava emoções, indeciso, tímido, elemento Água. Considerou a conexão perfeita o encontro entre o primeiro e o último signo do zodíaco!
Enquanto discorria timidamente sobre estrelas, constelações, sol e lua, ela foi embora com um Leonino charmoso e meio embriagado que por ali passava. ´
Pobre astrólogo apaixonado! Esqueceu que a paciência não é uma das virtudes de Áries!

⁠O poeta Drummond sempre avisou que 'no meio do caminho tinha uma pedra', mas ELE, com sua sabedoria, seu olhar lírico, sua linguagem figurada, preferiu não revelar que, para muitas pessoas, há tantas pedras, que mal enxergam o caminho.

⁠ Último domingo do ano de 2021. Cenário: o homem de meia idade, está realizando as mesmas coisas, preocupado com os mesmos boletos, fumando aquele cigarro barato, o jovem ainda está exausto da festa de Natal, pois bebeu demais e se desentendeu com a namorada, a mulher adulta e mãe, segue sua rotina de tentar organizar a casa e cuidar das crianças, que inclusive, estarão em casa amanhã, pois já estão de férias , a vovó e o vovô jogam uma partida de dominó, derrubando peças no chão, desarrumando a mesa, enquanto a neta adolescente está estressada porque não tem uma roupa nova para a festa de Reveillon. Já os casais, em geral, em sua maioria, empurram com a barriga, com o bigode e com o bico do sapato os seus problemas, brigas e desentendimentos , afinal, a festa de virada já está marcada e separar nessa época seria um transtorno. E assim, todos aguardam um 2022 melhor, sem fazer absolutamente NADA, deitados eternamente em berço esplêndido .


Fábula da liberdade

O pássaro livre, em um alvorecer de primavera, pousa sobre a gaiola do impetuoso canário da terra , que canta com intensidade. Quando seus olhares se cruzam, o dedicado cantor, repete aquela e outras melodias para aquela plateia única, singular, movimentando com orgulho a sua plumagem amarela. O jovem pássaro paralisa, deslumbrado com a beleza do cantor e com seu repertório encantado. Decide que precisa libertá-lo imediatamente, mas quando inicia sua tentativa, ouve o outro interromper o canto de forma brusca e gritar: - Pare! O que pensa que está fazendo? Não pode invadir meus aposentos só porque permiti que me assistisse cantar! Vai embora, pardalzinho feio e atrevido!
E o pardalzinho voou rápido para longe, entendendo que o conceito de felicidade é diferente e que a liberdade não interessa a todos. Naquele instante seu voo foi tão reflexivo, leve, alegre que nem deu tempo de ouvir o canário da Terra entoar uma melodia triste e desafinada, ao vê-lo partir.

⁠26/12/2021,13h52min. Chove, tem sol, trovões , um cheiro de terra molhada e a lembrança de alguém que já se foi e , ao que tudo indica, não retorna mais para este mundo terreno. Esta produção não é poema, nem conto, nem crônica, é apenas e tão somente fragmentos ... não sei se de mim, de textos ou de saudades.

A cerveja gelada dos finais de semana já não te representa, o café quente bebido todas as manhãs, não te define, muito menos as roupas com aquelas etiquetas caras! E aí, ao lançar o olhar para os amigos, para a família , para os seres humanos que te cercam ⁠, constatas que também não se reflete mais nesse espelho!
Tu és a versão de ti mesmo, uma história mal contada, um livro com capítulos desconexos, um filme com gênero indefinido, ora uma 'ficção pessimística', ora uma comédia de humor duvidoso.


MINICONTO DE NATAL
Uma praga avassalou toda a humanidade. Milhares de pessoas foram dizimadas. A noite virava dia e o dia virava noite, só a dor não passava. O sorriso desapareceu do rosto dos sobreviventes. Foi um tempo de reflexão, de aprender com o sofrimento. Então, o DEUS dos DEUSES, onipotente, misericordioso, permitiu que as pessoas se reencontrassem e as convidou para o aniversário do seu legítimo filho, aquele, que outrora, o mundo desprezou, maltratou. Eis que esses convidados fizeram gastos, comeram, beberam, trocaram presentes, riram muito, contaram piadas, dançaram, soltaram fogos de artifício e esqueceram do aniversariante do lado de fora, na soleira da porta.

Rosalba Saraiva. 24/12/2021.

⁠ Vejo o meu semelhante tão diferente de mim quando ele comemora o fracasso e não a vitória, quando a dor do outro é motivo de alegria, quando pisa na ferida que está exposta, quando aplaude a miséria, sentado ao redor de uma mesa farta.
Vejo o meu próximo tão distante de mim, vestindo a armadura da indiferença e calçando desconfortáveis coturnos da desigualdade.
Lágrimas e preces me representam.
É o fim e nem questiono quem vai fechar a porta e apagar a luz, pois já tenho dúvidas se haverá porta, se haverá luz.

⁠ "Quando o sol bater na janela tu teu quarto" é uma canção que diz que 'tudo é dor e toda a dor vem do desejo de não sentirmos dor', foram esses versos que tomaram a minha mente em 11/12/2021, ao término do julgamento e condenação dos réus na tragédia da boate Kiss, ocorrida em 27/01/2013.
Tomara que o sol nunca deixe de nascer e que também não nos falte janela para ele entrar!

⁠ É sábado e você não compreende o movimento infinito da vida. É noite já. É cedo para dormir, mas talvez demasiado tarde para despertar. Na verdade, por mais que se esbugalhe os olhos e mantenha a mente lúcida, as dúvidas se espreguiçam dentro da gente e há tantos DESPERTARES pedindo passagem, que chegamos a ouvir o bocejo deles entediados com a nossa lentidão.


O que é a vida se não, esse movimento de chegar , ficar um pouquinho e partir? No entanto, o que importa mesmo é esse meio, esse intervalo de tempo entre o começo e o suposto fim, o que se faz, como se é e especialmente, a forma como enxergamos o outro. Desconfio que a delicadeza ao tocar a alma do próximo é o segredo para quem crê em um DEPOIS, em um RECOMEÇO...

⁠ Eu quero muito celebrar a VIDA, respeitá-la em toda a sua essência e formas, enxergando o meu próximo, o sangue do meu sangue, bem como os tantos irmãos da caminhada existencial.
Quero abrir as janelas que me conectam com o mundo e enxergar lá fora os meus semelhantes, mas sobretudo, quero olhar o espelho da consciência e reconhecer em mim, o reflexo de um ser humano.