Textos do Mundo

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MEU EU POR MIM

É claro que um dia pensei:
 Se todos fossem igual a mim...
O mundo seria melhor!

Não mudei meu pensamento;
É verdade, que ainda penso:
Seria bem melhor...

Hoje apenas desconfio:
 O chato é que eu teria de viver
sempre comigo mesmo.
Eu não me aguentaria...

Não me envergonho;
Sei quem sou...
Só preciso de alguém que me faça lembrar isso.
Lembrar-me do chato que sou.

Inserida por REGISLMEIRELES

A ARTE DE OUVIR

Há aqueles que aprendem;
E também aqueles que apenas ficam sabendo;
Por isso não podem assimilar
Os significados das coisas que lhes ensinam.

Quem fica sabendo, inventa o resto;
Inventa o que não presta.
Quem aprende, vale a pena...
São ricos em certezas,
Vivem suas vidas na riqueza,
Nas riquezas do saber.

Inserida por REGISLMEIRELES

MATURIDADE

Percebe-se que amadureceu
Ao concluir que tudo terminará como começou :
Nas mãos de alguém:
Dependentes de outros seres humanos;
Na sorte dependente dos pais...
E depois dependente dos filhos.

Nasce vivo, mas nu...
E morto, nada se saber.
Quem não depende de alguém:
Não tem dono;
Não tem amores...
Não é ninguém!

Inserida por REGISLMEIRELES

É muito fácil encontrar defeitos nas outras pessoas, difícil é olhar para dentro de nós e encontrar algo para ajustar, não que não tenha, tem e muito, mas a humildade de reconhecer é o que precisamos.
Para um mundo melhor, é preciso reajustarmos as nossas condutas diariamente, pois todos os dias é uma nova página para se escrever e uma nova chance de mudar!

Inserida por maitekeitel

"PROFESSOR"


Se um dia o mundo ficar nas escuras
Quem irá restabelecet a corrente do saber?
É electricista, enfermeiro, engenheiro ou carpinteiro?
Sim! é professor, é professor quem ilumina o mundo inteiro
O ser que molda todas as profissões do mundo inteiro

Viva, viva 12 de Outubro
Dia dos guerreiros que lutam com giz nas mãos
Guerreiros que perto ou longe, com prazer ou com dor
Dentro de sala de aulas ou debaixo duma árvore
Aí está o virtuoso professor
Instalando os seus fios para iluminar o mundo do saber

Professor, professor você semea a sabedoria e amor
E germina Arte, Paz, Educação e Desenvolvimento de Moçambique
O que você escreve no quadro é poderoso e transbords felicidade
As crianças sabem ler e escrever graças à você, Ó professpr
Graças à você o mundo floresce com abundância
A tua bata branca é sinónimo de paz e amor desde a flor de infância

É professor, é professor quem ilumina o mundo
É professor, é professor quem constrói o mindo
É professor, é professor quem espelha o mundo
É professor, é professor o motorista que conduz o mundo

O lendário herói que desenha o patriotismo
E rema seu barco contra as ondas do analfabetismo
Professor, Ó Nfundzisi você é súper virtuoso
O teu trabalho é brilhante, incomparável, precioso e honrosp

Ó professor, Ó professor
Todos os aplausos do mundo recaem sobre você
Você ensina tudo e sem exceptuar a paz e amor
Viva 12 de Outubro, dia de professor es.


Xadreque Pedro Janasse & Claúdio Matsinhe

Inserida por Chady70

ACREDITO NO AMOR

Quero acreditar no amor que nunca morre;
No amor que nunca acaba;
No amor que a saudade
seja a testemunha de sua existência,
ainda que a distância os amantes separa.

Teimo acreditar no amor verdadeiro;
Ainda que tenha sido ligeiro;
Que exista a entrega dos amantes
sem reservas, um ao outro por inteiro.
No amor que duas pessoas una;
Mesmo não sendo amor à primeira vista;
Que faça as histórias de duas vidas
confundirem-se como se fosse uma.

Vivo por acreditar no amor,
que a convivência seja mútua, duradoura;
Que leve a pensar-se sempre em duas pessoas,
mesmo estando presente só uma.
Que sempre se acredite que sozinho,
um, tenha valor neutro;
Que mesmo tendo valor do ouro,
ainda que equivocados da realidade,
se pense: nada vale um sem o outro.


Insisto acreditar no amor
que o tempo não tenha influência;
Ainda que os sentimentos mudem
no contar dos dias vividos;
Que este amor se intensifique;
Que seja cuidadosamente polido;
A fim, de que conscientemente
não reclamem os amantes,
que por estarem tantos dias em companhia
não se contem os dias, como um tempo perdido.

Inserida por REGISLMEIRELES

VÓS SOIS A LUZ DO MUNDO

O Eterno é o manancial, a matriz de onde se origina o homem, que é o ser resplandecente e tem sua origem n'Ele. Se não existisse a Fonte Luminosa, o homem não existiria, pois sem Ela não haveria luz. Deus é a Procedência do homem que é a luminosidade emanada" d'Ele.
Analisando profundamente o tema, entendemos que a luz e a Fonte da Qual ela se origina são homólogas. Sem a Fonte Irradiante a luz deixa de existir. Portanto, não devemos nos afastar d'Este Ser Flamejante, a Fonte da Qual emana a Luz necessária para a nossa existência. Sem Ele haverá somente o black-out profundo; Sem Deus, não há vida.

Inserida por SIMOESPENSADOR

As Sete Aberrações

IIV - O Mundo

Sete latas vazias, espalhadas sobre a pequena mesa da sala. Uma oitava, em minha mão direita, apoiada no braço do sofá, enquanto insisto em assistir à tv com meus olhos pesados e piscantes. Os energéticos não pareciam estar sendo tão efetivos em manter-me acordado e afastado da próxima aberração que havia de vir.

No meu primeiro bocejo, tudo continuava normal, as latas deitadas respingavam no carpete enquanto as propagandas da programação noturna não cessavam. Fechei os olhos por instantes no bocejo seguinte, instantes suficientes, para que outra vez, mergulhasse em devaneios.

Minha pele se arrepiou quando grandes estrondos começaram a tomar conta do lugar. O chão parecia tripidar conforme os barulhos, que mais pareciam onomatopeias para passos, vinham em minha direção: nas escadas, depois no corredor, finalmente chegando à porta. Fiz tudo o que podia para mantê-lo longe e não adiantou, agora, estava mais amedrontado do que nunca.

"Como pode? Eu não dormi! Estou acordado, você não pode vir!" Lamentava, desesperado.

Até que, por poucos segundos, os barulhos cessaram. Aquele hiato foi logo quebrado com o maior dos estrondos até agora. Pude ver a porta sendo arremessada, fechadura e dobradiças de metal arrebentadas e assim, finalmente, aquela figura monstruosa revelou-se.

Sua pele, ou melhor, sua ausência de pele, revelava a carne viva, nervos e algumas veias da criatura obesa, humanoide, de cabelos e olhos negros. Meu estômago revirou-se, quase me fazendo vomitar. Pensei em correr, mas mero pensamento, meu corpo já havia sido paralisado graças ao medo e à angústia.

Trazia consigo um cheiro horrível de putrefação e em uma das mãos, algo parecido com o pernil de um animal, com o qual se alimentava. A criatura começou a aproximar-se em seus passos lentos e estrondosos, desengonçados de certa forma. Quando estava próximo o suficiente para que seu malcheiro quase me asfixiasse, pude ver que debaixo de seu braço esquerdo, trazia um corpo.

Sentou-se ao meu lado e não disse uma palavra sequer, como se eu sequer estivesse lá. Em seu colo, colocou tal corpo, que mesmo com uma aparência completamente mórbida, estava vivo. Era uma criança, um pequeno garoto esquelético, com uma corrente presa ao pescoço e aos braços. Ele me encarou por um momento, com um olhar de desentendimento. Minha mesa, que outrora coberta de latas vazias, tornou-se farta de ali

O monstro esticava seus braços, enchia suas mãos de comida e devorava ferozmente. A cada leva de alimento que o monstro devorava, a criança esticava suas mãos, tentando agarrar e roubar alguma migalha para que saciasse sua fome.

Entrei em desespero, então, qualquer sinal de medo em mim, simplesmente desapareceu. Tentei atacar ao monstro com socos, mas ele continuava sem sequer se mexer. Era como se eu realmente não estivesse lá. Então, fiz o que podia, levantei-me, peguei um copo de água e dei de beber ao garoto, depois, coloquei um pouco de comida em suas mãos e o pequeno devorou-a em um piscar de olhos, chorando de emoção ao finalmente conseguir sentir o sabor de um alimento.

Ele me deu um sorriso e então não pude aguentar a emoção. Comecei a chorar, assim como ele.

"Qual o seu nome, menino?" Perguntei. Quando ele tentou responder, uma algema presa a correntes tapou sua boca e suas narinas.

"O pequeno não é ninguém, não passa de número" uma voz grave respondeu atrás de mim.

"Solte-o! Você vai matá-lo, não está vendo?" Comecei a puxar a corrente com todas as minhas forças, mas nada adiantava.

"E a quem isso seria um problema? A você, que assim como essa criança torna-te escravo de suas necessidades, enquanto cria novas necessidades inexistentes? A mim, que me sustento do desespero daqueles que lutam para conseguir o superficial, e nada conseguem? Ou a ele, cuja vida tão miserável é repleta de doenças, dores, tristezas e tão presa a correntes, as quais o próprio criou e entregou às minhas mãos para que o controlasse?"

O menino finalmente começou a se debater, esticando suas mãos e agarrando minha camisa com todas as forças que tinha.

"Eis em vossa frente o retrato daquilo em que escolheste viver! Quem está abaixo sofre, prendendo-se em correntes, enquanto no topo, tudo que existe sou eu, nutrindo-me de tal circunstância, até que em seu finório momento, tudo o que resta é o que estás testemunhando, e a angustia de finalmente saber, que toda a luta foi em vão!"

Suas mãos soltaram minha camisa devagar. Seus olhos, agora sem qualquer brilho, fecharam-se lentamente, sua cabeça inclinou-se para trás, até que começasse a cair do colo da criatura.

"Sinto muito, mas por não dormir, tiveste que conhecer-me na vida real. Sugiro que não tente nos evitar na próxima noite. Apenas durma!"

Segurei o garoto no colo, enquanto em prantos, ouvia a gargalhada grotesca daquela aberração, seguida de quatro badalares. Fechei meus olhos e abracei o corpo do pequeno com todas as minhas forças. Mesmo de olhos fechados, senti como se um clarão tivesse se alastrado no local, então abri os olhos outra vez.

Estava sentado no sofá. Em minha mão, a lata vazia de energético ainda pendia, derramando algumas gotas. A porta, ainda estava trancada, no seu lugar de costume. Levantei-me, peguei o controle na mesa e desliguei a tv.

Inserida por viniciusmarciotto

As Sete Aberrações

V - A Esperança

Deitado em minha cama, mas meus olhos não se fecham, não consigo dormir. A imagem do pobre menino, tudo que pude fazer, foi assistir. Enquanto ele asfixiava, em meus braços o segurava, na esperança de o salvar, mas nada foi o suficiente, até o pequeno simplesmente parar de respirar. Tais lembranças me assolam e o medo, a angústia, tornam-se inquietantes, mas percebo que os sons no quarto não são mais apenas meu choro e o coração palpitante. Após o som de três badalares, ouvi correntes chacoalharem, me surpreendi. Engolindo seco, tomei coragem, sentei-me e ergui minha voz "Tem alguém aí?"

Não esperava qualquer resposta, mesmo se outra aberração acabasse de chegar, afinal, nas últimas visitas, as criaturas vistas, não costumavam conversar. Mas na porta, uma luz bem forte, então se pôs a dialogar: "Grato pelos seus esforços, por ficar apostos e me esperar".

Em minha frente, o vi entrando, suavemente, sem o chão tocar. Em seus braços e pernas, correntes, que não eram suficientes, para fazê-lo baixar. Tal figura não parecia malevolente, então assustado, mas inconsequente, resolvi questionar: "Tais correntes parecem pesadas, afinal de contas, o que lhe faz levitar?"

"Tu percebes que minhas correntes trazem pesos suficientes para me derrubar. Mas também deve ter notado, em vossos olhos, minha pele não para de brilhar. Esse brilho é trazido a mim, pelos sonhos sem fim, que fui capaz de sonhar. Enquanto essas pesadas, estúpidas correntes, tentam me segurar."

"Toca-me que fales de sonho, mas se essa é a prova que tenho de passar, devo advertir-lhe, que a mim não há esperanças de continuar. Deve bem saber, mas tuas visitas parecem o último ato, para minha vida terminar, não há nada que em mim, os sonhos estejam fazendo, a não ser desmanchar"

"Tolo tu és, se desejas assim pensar" A criatura, antes tão calma, começou, quase gritante falar "Podes pensar que os sonhos lhe abandonam, mas tu quem fizeste tuas correntes pesar. Lembra-te do que lhe foi dito pelo monstro que outrora tentou me matar: essas correntes são a realidade, elas nunca soltarão até conseguirem lhe levar, mas eu lhe digo: deixe fluir vossa mente, e que tua corrente não aumente, para que possas também flutuar, pois sonhos não se tornam ausentes, se parecerem sumir, vão logo voltar."

O rosto daquela criatura, acabou por me consolar. Nele, vi a criança, que a mim sorriu, de novo, grato, antes de zarpar. As correntes que antes arrastavam no chão, agora no céu, começaram a farfalhar, e a luz daquele menino, por todo meu quarto, pude ver dançar. Mais uma vez, uma lição foi dada, e enquanto meus olhos não paravam de lacrimejar, outros quatro badalares, inundaram meu quarto, me fizeram acordar. A realidade é bruta, cruel, logo com minha vida vai terminar, mas não quer dizer que deva logo ceder, antes de à Morte enfim, me render, posso vencer, por isso devo lutar.

Inserida por viniciusmarciotto

As Sete Aberrações

VI - O Tempo

Enquanto penso no que me foi dito na noite anterior, vou até o banheiro, encho minhas mãos de água e molho meu rosto, encarando o espelho logo em seguida.

De minha narina esquerda, uma linha vermelha se estendia até meus lábios. Esfreguei com meu pulso e encarei o sangue que manchava minha pele.

"Por quê?" - Falei, em voz alta. De trás de mim, inesperadamente, recebi uma resposta:

"Será que é tarde demais?"

Me virei rapidamente. Encostado na outra parede, enquanto sentado no cesto de roupas, ele estava, ou melhor, eu estava. Olhei para o espelho mais uma vez e ambos aparecíamos no reflexo. Olhando para baixo, percebi que não estava mais no banheiro de meu apartamento. Não existia chão, meus pés se sustentavam nas solas dos pés de outro reflexo meu, que me encarou da mesma forma que o encarei. Acima de mim, na imensidão branca onde deveria estar o teto, mais três reflexos perambulavam, sem parecer me notar ali, ou sequer, viam uns aos outros.

"Somos muitos, não?" Disse aquele que foi o primeiro a aparecer, e que ainda mantinha-se à minha frente.

"Mas você é diferente. Diga, você é outro? A sexta aberração?"

Aquele "eu" andou em minha direção com um olhar sereno, encarou-me e então, limpou meu sangue com um lenço que tirou de seu bolso, lenço esse, que eu mesmo ganhara de meu pai anos atrás. O mesmo lenço estava também em meu bolso.

"Todos somos, fomos, poderíamos ter sido ou seremos versões de você, em momentos do passado, presente ou futuro. Eu, sou a sua versão de um futuro bem próximo"

"Por isso é você quem me responde?" Perguntei. Ele me respondeu confirmando, com um aceno de cabeça e um sorriso de canto de boca.

Depois de pouco tempo, estávamos sentados, olhando para cada versão de nós mesmos. Ao redor deles, memórias do passado se formavam.

Apontava, animado, para cada uma delas, contando sobre os momentos felizes como se meu outro eu não os conhecesse. Nas memórias, vi pessoas que já se foram, como meus avós, alguns tios e primos. Isso me fez transbordar algumas lágrimas, secadas pelo meu outro eu, que tentando fazer me distrair, apontou na direção das memórias mais engraçadas de minha infância. Logo me reanimei, assisti tudo o que podia e não podia me lembrar.

Olhando um pouco à minha direita, vi algumas versões de mim que não reconhecia. Antes de eu sequer questionar, fui respondido:

"Ah, todos esses são versões de você que não chegaram a existir, graças às escolhas que fez".

Alguns momentos tristes, outros felizes, que gostaria de ter vivido, sonhos que não pude realizar em lugares que não pude ir, mas nenhuma parecia tão relevante quanto aqueles que há muito haviam partido, e agora, pareciam estar a um palmo de distância.

"Eu só queria poder dizê-los como sinto falta... De cada um deles". Estiquei minha mão em direção a eles, mas apesar de parecerem tão próximos, estavam longe demais.

"Impressionante" - Disse meu reflexo, enquanto me encarava surpreso "Mesmo com todas essas possibilidades lhe sendo mostradas, ainda insiste em olhar para os momentos do passado".

"Bom..." Respondi. "Cada uma dessas versões poderiam ter acontecido, mas não aconteceram. Sendo assim, elas não fazem parte de mim, não são eu, não me são tão valiosas."

"Você prefere suas memórias, mesmo as dores que passou, mesmo os momentos ruins, as perdas, todas elas fazem parte da sua vida"

Apenas concordei com um aceno de cabeça.

"Estou sem palavras, posso apenas parabenizá-lo" Nesse momento ouvi um barulho de estática, senti uma pontada no peito, depois todo aquele local pareceu tremer. As pessoas que vi simplesmente sumiram.

Coloquei minha mão no peito, me controlei e olhei para ele de novo.

"Para onde eles foram? Isso foi uma provação ou algo assim? Qual é a lição que deveria ter aprendido com isso tudo?"

Ele me olhou mais uma vez, com um olhar triste, ainda que sorridente.

"Acho que... Quem acabou recebendo uma lição fui eu. Esperava que visse todas aquelas possibilidades e se sentisse tentado em poder viver de forma diferente. Ainda assim, você preferiu a vida que teve" - Mais uma vez, a dor no meu peito e o barulho de estática se fizeram presentes.

"Eu não entendo" respondi

"Não percebe? Você conseguiu aprender conosco! Com cada uma das aberrações! Entende cada erro que cometeu, mas ainda assim, sabe que seus erros são parte de quem você é, ou melhor, de quem somos! A perfeição vem daquilo que é, não do que poderia ser. Você,

pequeno iluminado, pôde me dar uma provação e eu sequer passei, eu devo ser sua versão que fracassou nesse teste." Sua última frase saiu em um tom de ironia.

Meu coração apertou mais forte dessa vez, junto com outro barulho de estática, fazendo com que eu quase desmaiasse. O clarão ao redor começou a se raxar e mostrar o negro atrás daquela lona de luz. Pensei em perguntá-lo se ele de fato, era a sexta aberração, mas, rapidamente, a resposta a essa pergunta se tornou clara: já havia admitido, eu mesmo, ser uma aberração.

"Eu não me arrependo de nada, e também, não é como se fosse uma desistência banal, mas, queria ficar com eles! Deixe-me ir de uma vez, eu sei que estou pronto!" Disse finalmente.

"Não se preocupe, logo você estará com todos" - respondeu. A face começou a se raxar, revelando raios brancos e negros através da carcaça feita à minha imagem e semelhança - "Mas ao menos mais uma vez, você deve acordar" - um último som de estática me atingiu, fazendo-me fechar os olhos - "Ainda há aqueles que precisam de você do outro lado". Comecei a ouvir vozes desesperadas e gritantes ao meu redor, eles pareciam pedir espaço, ordens para que outras pessoas se afastassem, em um desespero que não me parecia fazer sentido.

Abri meus olhos a ofegar, quando vislumbrei tudo que estava ao meu redor. Estava deitado e amarrado a uma maca. Uma mulher e dois homens de jalecos brancos e máscaras que cobriam suas bocas e narinas, me encaravam, secavam minha testa com esparadrapos e me pediam para me acalmar, que já havia passado. Diziam eles, que apenas quatro choques do desfibrilador foram o suficiente, para que eu recobrasse a consciência.

Inserida por viniciusmarciotto

As Sete Aberrações

VII - A Mãe

Estou sentado na cama de um hospital. Minha cabeça está enfaixada e em meu pulso direito, há uma agulha, anexa à mangueira que traz um soro às minhas veias. À minha esquerda, minha mãe está sentada, sem falar uma palavra sequer, apenas me encara. Presa à parede em minha frente, uma televisão exibe a programação tediosa de domingo. Ao mesmo tempo em que encaro a tela, não assisto, meus olhos estão completamente sem foco, sem brilho.

O sufocante branco fechado ao meu redor parece manter-me preso à ilusão que a aberração da noite passada causara.

Em uma mudança de imagens da tv, pude ver meu reflexo na tela. Sorri ao estranhar minha própria aparência e, enquanto as vozes de uma plateia de talk show gargalhavam histericamente, decidi quebrar o silêncio daquele quarto quase vazio, subitamente:

"Mãe" - Eu chamei. Ela me encarou surpresa - "Eu estou parecendo uma aberração, não estou?" Comecei a rir, enquanto algumas lágrimas percorriam o rosto mais magro e pálido do que outrora.

"Como você pode fazer piadas desta situação? Será que você não entende que é culpa sua que tenha chegado a esse ponto? Nós queríamos cuidar de você! Nós queríamos fazer isso tudo passar!"

"Quem não entende é você" - Respondi, calmamente - "Não faz ideia da dor que passei, todas as sete vezes, e nada adiantou"

"E por isso você vai desistir? Como você pode fazer isso conosco?" Ela começou a chorar, pendendo seu rosto para frente e cobrindo-o com as palmas das mãos.

Envolvi em meus braços a figura daquela mãe que, outrora tão firme, inabalável, agora mostrava sua sensibilidade e tristeza.

"Eu também te amo" - Respondo.

A noite chega e com ela, meu pai. Ele entra no quarto e abraça minha mãe, que logo após, aperta minhas duas mãos, beija minha testa e dá as costas. O homem de barbas curtas e acinzentadas senta-se ao meu lado um pouco mais tímido que minha mãe e segura minha mão esquerda.

"Como está essa força, garoto?" Pergunta. Obviamente sabe minhas condições, mas seu perfil, calmo e descontraído sempre fala mais alto.

"Estão igual ao meu cabelo" - Brinquei.

"Mas..." - Ele ergue um pouco as faixas em minha cabeça. Seus olhos castanhos se estreitam para encarar o outro lado das bandagens - "É, acho que não precisamos fingir que está tudo bem" - Termina, demonstrando frustração ao falhar em sua piada.

Dou risada enquanto o encaro e ele me acompanha. Não demorou muito, aqueles risos foram banhados em nossas lágrimas.

"Eu tenho que confessar... Estou com medo" - Pela primeira vez, ouvi aquelas palavras. Pela primeira vez, soube o que meu pai estava sentindo e, pela primeira vez, vi meu grande protetor, amedrontado.

"Eu também estou, pai" - Apertei a mão dele um pouco mais firme, enquanto seu sorriso sumia completamente, dando lugar aos soluços de choro - "Imagino que seja difícil, que doa me ver assim, mas, você precisa ser forte. Quando isso acabar, você será o único com quem a mãe poderá contar. Por favor, prometa que será forte, por ela"

Ele acenou afirmativamente com a cabeça e me abraçou, como nunca havia abraçado antes.

Minha família perdeu muito pela esperança de me curar. Tudo em vão. Agora, estava sendo difícil de aceitar a derrota, apesar de toda a gratidão que sentia por eles e toda a vontade de continuar lutando, o fim era iminente.

Pouco depois, minha vista começou a se turvar. Senti frio. Assisti o vulto embaralhado de meu pai se levantar, perguntando às enfermeiras que entraram o que estava acontecendo, de forma desesperada, quando tudo finalmente tornou-se escuridão.

Tudo o que pude ouvir, ou sequer sentir, foram três toques contínuos de sinos, como os das catedrais. Logo em seguida, vi algo em minha frente, o que deduzi ser a última das aberrações.

Seu corpo era simplesmente uma capa negra e flutuante, ressaltando dois olhos brancos e profundos dentro da touca. Nas extremidades das mangas daquela capa, mãos negras e esqueléticas se faziam visíveis. Em sua mão esquerda, trazia uma grande foice.

"Olá" - Tentei dialogar. Esperei algum tempo, em vão, não recebi qualquer resposta - "Acho que sei o motivo de estar aqui"

"Ela anuncia minha vinda com as fragrâncias de crisântemo, para que um dia possa ver as cores do jardim. Não permitiria que partiste só, então abri caminho até ti, mas, eu... Sinto muito..." - Respondeu finalmente a criatura

"O que? Sério? Você não é a Morte? É seu trabalho!"

"Sabes quem sou?" - Ele pareceu confuso. Apesar de sua aparência nada convidativa, sua voz e sua forma de falar eram suaves, quase doces. - "Não me agrada que as coisas aconteçam dessa forma. Queria ser capaz de evitar-me a vir àqueles como você, que mesmo tão jovens, tornam-se sábios e aclamáveis. Bem-aventurado seria o mundo, se os viventes presenciassem tudo aquilo que já vistes"

"Tu sabes de toda a dor que já senti. Conheces cada momento, dos triviais aos fundamentais, os quais presenciei. Por isso, hoje estás aqui. Morte, tu não vens como uma aberração ou uma inimiga, eu bem a conheço, pois tu és o descanso eterno, que agora sei, dentro de mim, que sou merecedor. Assim como a acolho alegremente, espero que me aceite, sob seus mantos, de bom grado" - Agora, tudo estava feito.

A Morte surpreendeu-se ao ouvir meus dizeres. Já sentia-me muito menos carnal do que sempre fora. Apesar de não poder ver a face daquele que estava à minha frente, senti certa emoção calorosa vinda de seus olhos, então sorri.

Ele estendeu sua mão direita em minha direção. Instintivamente, fiz o mesmo, ou tentei. Algo estava me segurando. Quando olhei para trás, várias pessoas estavam ali. Amigos de longa data e alguns que há muito não via, familiares que não eram tão próximos e alguns que nunca me abandonavam, até mesmos conhecidos, aos quais apenas dizia "Oi" ou "tchau". Todos eles seguravam meus braços.

Encarei aquela que estava mais próxima. Aquela pessoa, segurando com força em meu pulso esquerdo.

"Não vá, não ainda. Por favor! Eu sequer consegui me despedir!"

Vê-la chorar foi o mais doloroso dos sentimentos que tive até hoje. Logo após suas palavras, todos começaram a fazer o mesmo.

"Volte!" - Diziam - "Não desista!"; "Nós estamos aqui" - Os gritos eram incessantes

"Eram eles que ainda precisavam de mim, não é?"

"Esta é tua última e mais difícil provação" - Respondeu-me a Morte.

Olhei para todos aqueles que estavam ali, aquelas gotas de luz em uma imensidão feita de trevas. E, com um sorriso e um último aceno de cabeça, disse: "Obrigado" e "Adeus". Quase todas aquelas luzes acenaram de volta, enquanto reconhecia meu pai no meio da multidão, abraçando minha mãe com força, transformaram-se todos em flores variadas, cheias de cor, vívidas, a não ser por uma pessoa. Sua mão ainda segurava meu pulso, enquanto seu rosto inclinado ainda lamentava nosso adeus.

Coloquei minha mão sob seu queixo e o ergui, encarando profundamente seus olhos.

"Todos temos nossas próprias vidas para seguir, com ou sem outras pessoas, mas, sei que minha vida foi tão bela quanto poderia ser, porque você estava lá. Não quero que lembre de mim com arrependimentos ou mágoas, quero que saiba que, mesmo no último momento de minha vida, você foi a mais forte luz, que teimou em brilhar no meu coração sem pulso. Agradeço por sempre ter estado comigo. Obrigado. Eu te amo"

Aquela luz, ao me abraçar, finalmente cedeu. Em minhas mãos, tudo que sobrou fora uma rosa vermelha. Os badalares dos sinos começaram mais uma vez, mas, não pararam em seu quarto toque. Ao fundo, pude ouvir uma melodia que conhecia de algum lugar. As flores que

haviam caído ao chão começaram a se multiplicar em um extenso jardim. A imensidão negra deu seu lugar a um céu azul repleto de nuvens brancas e estrelas.

Atrás de mim, a Morte removeu de sua cabeça o manto, que, outrora negro, tornara-se azul. A imagem de uma bela mulher se fez presente sob as luzes dos céus e daquele manto. Aos seus pés, todos aqueles que já haviam partido estavam presentes. Aos meus lados, todas as sete criaturas que conheci anteriormente ajoelharam-se perante a ela. Aproximei-me e fiz o mesmo gesto.

"Você conseguiu. Seja bem-vindo" - Disse ela.

"Assim como vós, ponho-me sob o manto da noite, onde hei de descansar, brilhando como estrela, com todas as outras luzes que me aceitam em seu meio. Obrigado por receber-nos." respondi, em uníssono, com A Anunciante, O Espelho, A Máscara, O Mundo, A Esperança e O Tempo, despedindo-me de tais aberrações.

Estendi minha mão direita, entregando a ela, oito rosas vermelhas.

Minha irmã acordou assustada com esse sonho, sentou-se em sua cama e enfim, entendeu: "Suas orações foram entregues a tempo".

Inserida por viniciusmarciotto

MINHA ALMA (PASSADO)...

Minha alma tem uma dívida comigo,
Com ELE, que assoprou em mim tudo DELE...

Minha alma é uma viagem,
Uma manifestação da humanidade em mim,
Da terra, do vaso quebrado, do caco,
É o entristecer da abóbada celeste...

Minha alma é a queda do meu firmamento,
É bidimensional, é o céu e a terra...

Minha alma busca ser feliz, apaixonar-se,
Ela é sempre adúltera decepção,
Brilho fosco sem estrelas,
Pagã, sem brisas da primavera...

Minha alma espanca minha fé,
Cobre-me com figueira, como a folha da vergonha...

Minha alma é sem sonetos,
Poema atulhado de amargura,
Expoente ferida escorrendo,
Choro sufocado, língua trêmula...

Minha alma é do tamanho do mundo,
Sou eu, é a algema de tudo...

Inserida por marcelloamorim

Ontem, hoje e talvez amanhã.

Ontem o consumo nos carregava sei lá onde. Como marionetes do capital, comprávamos o dobro do que consumíamos. Sem tempo, afogávamos mágoas e ansiedade em remédios e smartphones, procurando refúgio em um consumismo desesperador.

Um vírus veio esfregar nas nossas caras como quem esfrega uma roupa manchada de vinho que afinal, não precisamos de tantas coisas. Que não devemos relativizar a vida ao capital e que precisamos cuidar uns dos outros e guardar quem é mais vulnerável. Que um vírus contamina muitas pessoas, mas os que morrem são os mais pobres e que quem menos tem, é quem mais doa.

Hoje temos tempo. Mas não podemos ir à praia, ao cinema... não podemos ver ou abraçar quem amamos. Mas também podemos pensar no quão as pessoas e a natureza são as únicas coisas que importam. E olha que louco, podemos ser heróis... basta apenas ficar em casa. Podemos olhar ao redor e pensar para onde estamos indo e que o Amanhã pode ser visto como um “renascer” onde as atitudes podem ser diferentes.

Inserida por johan_fontenele

-DESISTO DESSE MUNDO
Eu não quero mais ter muito dinheiro, trabalhar muito para ter bens, isso tudo não é felicidade, isso tudo não faz mais sentido para mim, para mim viver é eu está na minha casa com ou sem dinheiro com minha saúde mental intacta e livre de toda preocupação. Isso para mim é o sentido de viver, talvez seja aos olhos das pessoas uma visão de derrotado, mas não é, é permitir viver de forma leve e simples. Eu não quero mais nada que seja excessivo, tudo que é excessivo acaba comigo, me destrói, então todo pensamento de ter muito dinheiro, de ter um carro legal, uma moto, dar uma casa para minha mãe não quero mais ter esses pensamentos. Isso me faz ser ansioso, olhar somente para meu umbigo, e me faz subir a todo custo, não importa se eu vou está bem ou não. Isso eu não quero mais para minha vida, eu quero em minha vida amizades que não falam mais de visão de futuro, isso tem me acabado de uma forma inexplicável, eu falo que quero ser rico, mas esqueço que para ser rico tem que trabalhar muito, abrir mão do bem mais precioso do mundo “humanidade” “pessoas”, pra as pessoas serem aceitas e elogiadas no mundo, tem que trabalhar muito e mostrar que se esforça para chegar em seus objetivos, eu fico mal vendo tudo isso, eu não quero mais ter objetivos, eu quero viver de forma que as coisas vão acontecendo de forma leve sem peso. Quando eu penso em objetivos eu fico mal porque não sei por onde começar, pois a competição do mundo faz eu desistir antes de começar, eu não quero mais ser empreendedor, os empreendedores para crescer tem que se mostrar que é melhor que o outro, eu não quero ser melhor que o outro, eu quero o meu melhor e tratar todas pessoas bem da mesma forma que eu me trato. Para finalizar eu digo isso, esse texto parece ser de uma pessoa fracassado e desacreditada, mas não é, é um texto de uma pessoa que não aguenta mais ver esse mundo competitivo matando e ferindo o próximo a todo custo para chegar em seu objetivo, prazer, estou desistindo desse mundo.

Inserida por zuinglio_mourao

@s MELHORES do mundo…

Por tão ténue em nós ser, tal universo;
De nós, tal deveremos retirar;
Não de: o a tais querer ser, mas do pensar;
Que em nós, deixo gravado em este verso!

Pensar havido em tanta: nossa gente;
Incapaz, sequer de pra o lado olhar;
Daí, ter em si: tão rico julgar;
Que tão pobre, tanto põe, em tanto ausente!

Fazer: uma afirmação universal;
Sem de a tal, vermos provar, na evidência;
Tida em nós, já: quase oito mil milhões…

É fazermos a nós, afrontar tal;
Devido a essa em nós tal: maledicência;
Tão provar, nela o quão; somos morcões.

Com prudência;

Inserida por manuel_santos_1

UM MUNDO DE PAZ
O ser humano precisa de Paz
Para viver bem, em harmonia
Que a maldade seja incapaz
De deixar cinzento cada dia

É preciso ir buscar a essência
Na verdade, da alma encontrar
O ser humano deve ter decência
E pela Paz deve sempre lutar

A grande elite deveria reconhecer
O quanto de escravo ela faz
Seres humanos sem poder viver
Ter mais conforto, ser mais capazes

Muitos vivem em verdadeira agonia
Com a alma agitada, sem ter amor
Não sabem que ter paz, bom seria
Um mundo mais igual e sem dor

Se tivessem um pouco mais de piedade
Um mundo com maior transformação
Um pouco mais de amor, igualdade
Um mundo mais tranquilo, de evolução

Mas muitos só semeiam a maldade
Se envaidecem de ver o mal crescer
Não entendem que buscar a felicidade
É a meta para o bem se desenvolver

O mundo precisa ser transformado
Um planeta bom para se crescer
O capitalismo tem é transtornado
Sem o ser humano, ele reconhecer

Precisamos de lições de paz e amor
Só assim teremos uma sociedade melhor
Socorrer o outro em sua luta e dor
Só assim teremos o viver auxiliador

Buscar a paz em qualquer evento
No contexto a paz pode reinar
Ela nasce em bons sentimentos
Para que a verdade possa assim ecoar

_________________________
Plantar flores
Regar com amor
A seara de cores
Terá mais valor

Inserida por NormaSilveiraMoraes

O mundo parece extremamente desolador e estranho aos olhos dos que não conseguem mergulhar na imensidão de si mesmos, -se conhecer.
Contentam-se em viver sob o relato das experiências daqueles que o fazem, ou da ignorância dos demais que, assim como eles, não sabem como fazê-lo, ou simplemente não se propõem a tentar.

Inserida por jose_carlos_camargo

Toque de recolher

Olho de minha janela e vejo o deserto das ruas. Onde até ontem pessoas circulavam com passos frenéticos sem trocar um único olhar, agora posso ver até os buracos das calçadas do alto de minha sacada do décimo andar. Pois não há ninguém para bloquear minha visão. Inacreditável, se alguém me contasse que isso se daria não acreditaria, mas é verdade, está bem debaixo de meus olhos que buscam por uma imagem que se mexa e nada vê.

O mundo parou, silenciou diante de uma criatura que nem ao menos podemos ver, um ser invisível aos olhos, mas nocivo a própria vida.

De uma hora para outra tivemos que mudar a rotina, nos trancafiar em casa em quarentena e refazer nossos hábitos, reinventar a vida. A vida que não tinha tempo para ser vivida e agora está tendo que aprender o que fazer com ele.

De repente a vida chega e diz: pendura a correria ali no cabide e vamos escrever um capitulo novo, uma nova forma.

Mas e depois que a quarentena passar? Será que voltaremos correndo para mesma vida de antes, ou vamos gostar tanto desse novo ritmo que ficara difícil retornar? Um risco que teremos que correr.

O mundo parou e curiosamente as pessoas em seus afastamentos parecem se unir muito mais do que quando as mãos podiam se dar e não sabiam o verdadeiro valor da aproximação.

As sensibilidades afloram, a tolerância parece rever seus limites e as prioridades mudam. A vida vira seu foco para a busca do sobreviver. Os interesses se unificam entre ricos e pobres, religiões, raças, gêneros e orientações sexuais. Todos estão unidos por um único objetivo, o de acordar na manhã que será anunciada que vencemos esse inimigo invisível e que as portas do viver livremente serão reabertas.

Enquanto essa manhã não chega vai se vivendo tentando ferozmente acordar a cada dia identificando as alterações nos valores que vão surgindo como brotos de uma nova arvore.

Descobrimos habilidades até então desconhecidas do mundo da correria e da falta de tempo. Lembramos de pessoas com quem não falávamos há tempos e de repente simplesmente queremos saber se elas estão bem. O afastamento compulsório causa aproximações inesperadas e surpreendentes tão ou mais que as mudanças de hábitos e de prioridades.

Talvez o mundo tenha parado para poder voltar a girar, talvez fosse necessário nos afogarmos no medo para voltarmos a respirar na esperança, talvez tivéssemos que morrer para poder viver. Mas isso é só e simplesmente talvez, o mesmo talvez que estamos vivendo a cada dia sem ter a certeza de nada a não ser de que nunca mais seremos os mesmos e que estamos vivendo um momento histórico da humanidade.

Inserida por BiaTannuri

"Desde que o mundo é mundo" nunca vi uma sociedade tão bonita e tão vazia...
Transbordam vaidade e carecem sabedoria... Tão cheios por fora!
Cabelos impecáveis, roupas de marca, corpos malhados e alto mutilados.
Presente de 18 anos? Cirurgia plástica...
O suplício da carne em prol de uma "ascensão social"... Afinal, nessa nova fase da vida, é preciso "ser curtido" para se sentir pertencido!"

Inserida por leandro_f_oliveira

O estranho adulto adolescente....

Quem não conhece ou conheceu em sua trajetória, um adulto adolescente? Sim, aquele que se adsorver e criou raízes no estágio mais conflituoso e perigoso que se poderia fixar? Sabe aquela pessoa cheia de certezas?! Que transbordam autossuficiência, não há espaço para dúvidas?!
Aquele lobo pré frontal super desenvolvido e estimulado! Conhece aquela pessoa que leu duas páginas de um livro e já afirma: "não concordo com o autor"! Tão seguras de si... Como são chatas! São tão boas as minhas confusões que vieram com o passar do tempo. E as incertezas? Como é incrível a relação entre o envelhecimento e a desapropriação! Talvez a velhice seja meramente o "não ser", o despertencimento, a dúvida como certeza, a biologia contribuindo para dar sentido!
Afinal, como me cansam as convicções rasas, as certezas que revogam as conversas. E eu? Eu sou isso, dúvidas profundas, incertezas intensas, e verdades dúbias!

Inserida por leandro_f_oliveira