Texto sobre Avô
A velha casa do meu avô
(Devaneios de um jovem)
Ah, meus tempos de criança, dos momentos que vivi e hoje me recordo na casa grande do meu avô. Me lembro que à noite ficava na varanda da casa, no primeiro andar, me pendurava na grade pra ver a rua e o mais lindo era ver os navios ao longe, com suas lindas luzes amareladas e brilhantes no mar. Entre as imediações da praia do Janga e Olinda, lá eu via eles passarem, como uma simples coisa me deixava tão feliz e ainda me deixa, ah como aquilo era bom, e me maravilho porque isso ainda vive dentro de mim, bons tempos passei naquela casa, naquela rua D sete. Lembro também das vezes em que meu avô me pedia para tirar seus belos cabelos brancos, um a um, para parecer mais jovem, ó céus, como isso tudo era gostoso. E a minha vó, com o seu amor, como era mimosa e amorosa minha vó, sinto tantas saudades dela, nela eu acreditava que tudo era um mundo sereno de paz e tranquilidade. Bom sentir esses devaneios de pura intencidade da melhor época da vida de um ser humano. Como eu era feliz na velha casa do meu avô.
Élcio José Martins
SIMPLESMENTE MULHER
Mãe, tia, avó,
Dama, esposa, bisavó.
Amásia, amante, trisavó,
Filha, neta, bisneta e outra que vier,
Seu nome, simplesmente, MULHER.
Oito de março,
Dia de festa, de beijo e abraço.
Hoje é seu dia, o ontem também foi,
O amanhã também será.
Não há dia, não há data que a ela não caberá.
É origem, é meio, é final,
É tempero, pitadas de sal.
É razão, é paixão e emoção,
Sexto sentido, escuta com o coração.
Destemidas e decididas,
Já foram perseguidas.
Ganharam o primeiro round,
Ninguém a conhece mais do que Drummond.
Abriram novos caminhos,
Eram sucos tornaram vinhos.
Buscaram a maioridade,
Ganharam a igualdade.
As mulheres são cheias de graça,
Tanto na terra quanto no céu.
Salve Maria, Santa e fiel,
Manto sagrado coberta do véu.
Deus iniciou a construção,
Criou primeiro, Eva e Adão.
Deu às mulheres o poder da criação,
Deu ao mundo uma nova geração.
Às fêmeas, Deus fez a diferença,
Crescei e multiplicai essa é a sentença.
És tu o cimento e a cal da esperança,
Da construção do ser e da sua semelhança.
Cada um tem uma especial,
A mãe, a esposa, outras tal.
Quem não ama a mulher,
Não reconhece a mãe sequer.
Mulher, doce encantamento,
Brilho no olhar, contentamento.
Aliança no dedo, comprometimento,
Véu e grinalda o grande acontecimento.
As estradas são longas e estreitas,
Na condução da vida são perfeitas.
Nas curvas da virtude, caminham sem suspeitas,
Perfumadas e sempre belas, escondem as receitas.
Sobre o salto equilibram com elegância,
Na luta nunca fogem da militância.
Cuidam dá casa com grande maestria,
Doam charme, inquietude e simpatia.
Dos filhos cuidam de dia,
À noite fazem do amor, eterna melodia.
No trabalho já buscam ousadia,
Ainda sofrem preconceitos, uma grande covardia.
Virtuosas e vencedoras,
Por Deus são protetoras.
Amam pelo destino de amar,
Estão na terra para o GADU representar.
O mundo gira a seus pés,
Não há desânimo mesmo ao revés.
Não há lar sem seu olhar,
Nem tristeza que a faz parar.
É segura e sonhadora,
Justa, honesta e trabalhadora.
Nas indústrias, nas letras ou nas lavouras,
Veio uma, vieram duas e muitas seguidoras.
Protegem a quem amam,
Suor e lágrimas são fluidos que acalmam.
Não há dor e nem noites sem dormir,
Que a façam desacreditar e desistir.
No céu como na terra,
A luz do sol a lua descerra.
Mãe Maria junto aos anjos descansa,
Esposa Regina a luz, a energia, a paz e a esperança.
Gratidão não é palavrão,
Não é raio e nem trovão.
Obrigado mulheres da minha vida em comunhão,
Fostes vós o sentido, o caminhar e a razão.
Parabéns!...
Élcio José Martins
Há muito tempo, quando eu ainda era uma criança, perguntei para o meu avô qual o motivo de existir pessoas boas e pessoas ruins no mundo.
Ele deu um sorriso sarcástico que apenas ele sabia dar, e me deu um exemplo de duas pessoas vindo de encontro com a outra em uma calçada bem estreita, onde uma teria que parar para ceder algum espaço para a outra passar.
Meu avô disse que se as duas pessoas fossem ruins, ambas não passariam, pois nenhuma das duas pessoas estaria disposta a ceder algum espaço para a outra, e acabariam apenas brigando. Se as duas pessoas fossem boas, ambas também não passariam, pois as duas pessoas estariam dispostas a ceder o espaço para a outra passar, e dariam início a uma competição eterna de quem era a mais generosa. Se uma pessoa fosse boa e a outra pessoa fosse ruim, ambas passariam, pois a boa cederia o espaço e a ruim não hesitaria em passar.
E finalizando, ele me disse que é assim que o mundo segue, e que eu deveria aprender a conviver com isso, escolhendo um dos caminhos, o bem ou o mal.
Leda
Minha avó Leda está doente. Não se sabe bem ao certo se é orgânico, se é cansaço, ou se é uma soma das duas coisas.
Acho que a preocupação, o querer alguém tão bem a ponto de desejar pegar todo para si o seu sofrimento, é a maior prova de que amamos alguém. E eu a amo pelos seus detalhes.
A amo pelas pequenas mesinhas de abrir que mantinha em sua casa em minha infância, nas quais eu desfrutava de sua deliciosa salada de maionese nos almoços de domingo.
A amo pelos vistosos brincos de pressão que nunca deixaram de estar pendurados em suas orelhas, pelo batom coral em seus lábios e pelas suas unhas sempre bem feitas.
A amo por ter uma poltrona só dela em sua sala de estar, e pelo jornal rigorosamente posto a sua frente.A amo por seu amor à leitura.
A amo por sua intimidade e gentileza aos garçons, aos porteiros de seu prédio, aos filhos desses porteiros.
A amo até mesmo por sua sinceridade muitas vezes cruel, mas, acima de tudo, por sua sinceridade consigo mesma.
A amo pelo cheiro, pelas camisolas, pelos olhos azuis brilhantes, pela inteligência, pela coragem, pelo medo, pelo senso de humor, pela preocupação, por ser minha.
Ajusto meu paletó , enfeito-o !
com as flores tombadas , (ó minha querida avó !)
varridas pela fúria negra dos vendavais
de ti quando me sais pelas queimadas , almas !
na areia dos arrozais estendidos
nos olhos afogados que sufocados são vozes
das lágrimas !
Onde guardo o assobio desafinado
deste tão frágil fio , quebrado !
que é de frio ...
a soluçar pelas noites das bocas amarradas , dormindo !
acordadas ao lado do silêncio , sepultado !
E agora , que mais bela não poderia ser , a lapela !
os gritos que costuraram nela , acendem
acendem ...
uma vela ...
[Távola De Estrelas] Açucenas de Pedra
O NATAL DA MINHA INFÂNCIA...
Minha avó gostava de ler,
Ao final da festa de natal, chamava os netos,
E a cada um dava um livro, investindo no que iam ser!
Não imaginava, que dentre todos havia um neto
Que devorava as páginas, sem perguntar nem ter
O porquê dizer, do seu amigo, que no Natal ia ter!
Este encontrava na palavra escrita o querer
Foi achar um dia a razão do viver!
Esta criança sou eu,
Que agora estou a escrever,
E o meu encontro com Deus
Deu-se nas páginas que me por lê-la
Desde a mais tenra idade, sem saber
Do rumo que a vida iria ter
E que escritor iria ser
E esta estória de Natal iria escrever!
Mulher:
Dadiva de Deus, mulher avó, mulher mãe, mulher filha.
Mulher:
Dadiva de Deus, mulher maltratada, mulher amada, mulher fria.
Mulher:
Dadiva de Deus, mulher guerreira, mulher caseira, mulher vazia.
Mulher:
De todas as características, personalidades e índoles;
Mulher!
Um ser com diferenças, mas mesmo assim mulher.
DADIVA DE DEUS!
BA - NEGROS
O alemão branco feio tem um avô africano;
O italiano sambando bêbado tem avô africano;
Todos nós viemos da mãe África negra e selvagem,
Adão e Eva fugirão do leão na savana selvagem.
Um dia o meu e o teu avô ousou levantar,
Viu um pássaro e quem sabe ele queria voar,
Percebeu que levantando via mais distante,
Podia ter mais chance e viver bastante.
Mas o nossos avós eram pretos cabeludos,
Comiam carniças e eram bichos peludos.
Cultuavam o sol, a lua, o raio e cometa.
Intuíam a cura em cada planta do planeta.
Somos todos descendentes de negros no planeta.
Adão foi negro balbuciando uma cançoneta,
Eva foi negra talvez nem fosse humana e menina.
Caim e Abel foram negros mesmo tendo a ruína.
Quem mudou a cor deles?
André Zanarella 03-09-2012
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/4436682
Ser Mae pela a analise de um avô babão
Parece que ontem, quando minha querida filha em um restaurante ( bibi sucos ) me sentenciou a vontade de ser mãe .......
O que você acha pai ???????
Olha que eu sonhava com esse momento há séculos !!!!!!
Quem não sonha ????
Ver de novo meu filho ou filha nascerem de novo ????
Viver de novo aqueles momentos maravilhosos , obvio com
Escutar de todos , principalmente da mulher e filha , vc é desajeitado , não tem jeito , cuidado heeeeeeeemmmmm....Coisas e afazeres que nós homens , mesmo com o melhor doutorado em filhologia nunca vamos substituir um simples cuidado de mãe ou avó .
Mais que depressa expressei :
Que bom querida , que maravilha.......
Não vejo a hora .....
Nasceu a Rafa , que coisa deliciosa !!!!!!
Me deliciei quando ela chorou pala primeira vez .......
Uma vida nascida de minha vida que mais aprecio e amo , a minha filha !!!
Me delicio quando aquele portão automático se abre e vejo as duas sorridentes com o querido Andre .....
Me delicio quando a pego no colo e a acaricio no meu corpo , sinto- Me mais jovem , porque parece que tudo voltou de novo!!!!!
Minha filha , você não imagina a felicidade que hoje estou
Porque sei da sua imensa felicidade
com a Rafa e eu só sinto felicidade quando você mamãe Renata está também feliz
Um beijo enorme no seu coração pelo primeiro ano de MÃE em toda a acepção da palavra
De seu papai
Rabudo .....
A chácara e a avó
Ontem, 09-08, dia dos pais, fui à chacará em Pirituba. Nem de longe se parece com aquela chácara daqueles bons tempos de infância. Tá certo, as coisas mudam, mudam muito mais do que poderia imaginar ou desejar. Tem os seus pontos positivos e negativos. Olho ao redor, não vejo mais o verde que alegrava meus finais de semanas, não vejo aqueles babuzais dos tempos de pipas, não vejo nas a jaboticabeira com sua generosidade trasmudada em frutos. Ah, sim, aquela jaboticabeira...que às vezes debaixo dela eu ficava para descansar, ou que por vezes subia para olhar de um lance só toda a chacara. Já não existe mais. Somente na alma, em um tempo onde a traça não pode corroer. Quando cheguei, me deparei com aquela portinha de madeira, que antes era azul e que hoje está pintada de bege. Lembro-me das vezes que chegava, que a minha avó Haydée me esperava, debruçada gritando de lá de cima da casa: "Cado, que saudade de você!" Mas vi que ela não estava lá. Por um momento, parei para esperar que viesse e me recordei que me esperavas na portinha de madeira, por aquele farto café da manhã, com sabor de família, simplicidade, como se estivesse no interior. E realmente estava. O almoço, a tarde conversando, passando a limpo a intimidade em família. Me lembrei que me esperavas no hospital, na UTI para que rezassemos o pai-nosso, a ave-maria, para que horas depois, se despedisse do tempo. E por isso que penso que não basta ser parente, é preciso ser amigo, intimidade que não me mede com palavras, mas com olhares que sabem fazer a leitura de uma alma. Invoco Mario Quintana: "De que me adianta os livros, se ainda não aprendi a ler as pessoas que estão ao meu lado?" A saudade é grande, mas a gratidão também é. A segurança de ter passado na vida das pessoas e ter vivido com intensidade cada momento com elas, é o segredo que preciso aprender cada vez mais. As pessoas também. Não adianta violentar o ser depois que a morte nos ceifa alguém especial e amado. É sintoma de que não houve um aproveitamento qualitativo. O amor no qual amamos as pessoas não nos autoriza transformá-las em propriedade particular. Pelo contrário, ensina-nos que o amor passa pelo crivo da liberdade, mas que deve ser vivo nos detalhes, intensamente, entretanto, as pessoas que amamos não nos pertencem. Indo mais longe, nem a nós mesmos nos pertencemos! Tive a experiência de amar minha avó que não mais encontra-se no tempo. Mas está no meu coração e nas recordações mais lindas que me fizeram ser homem e ser pessoa. O verde pode ser plantado novamente na chácara, mas a ausência dela povoa meu coração, mas não é mais forte do que a certeza de que ela vive no pensamento de Deus!
Vovó Atenciosa
Quem já teve ou tem uma avó assim, com essa característica atenciosa, acompanhante, zelosa, vigilante, isso resume-se em amor ! Ou quem lembra dela?????????????????
Vó, Joana, mulher do século passado, muito altiva, determinada, sua palavra era ouvida e respeitada, que o diriam os genros. Eu a conheci já viúva com oito filhos, sóbria, com uma casa relativamente grande, cozinha com mesa e cadeira para toda a família. Imaginem o tamanho da mesa rsrsrs, cadeira só na sala, porque na cozinha eram bancos para abrigar a todos rsrs... Ah, que saudades...
Animada nas festas em família que era na sua casa, dançava o tempo todo, pois a alegria era muita. Também pudera a matriarca em continência a receber os seus...
Ela recebia não só os seus, como amigos também. Ah, e como era boa amiga, fazia suas visitas e eu a acompanhava, eta época boa...
Eram muitos folguedos entre os primos...
E as viagens a São Paulo na tia Alice, no Guarujá, em São Vicente...não havia dificuldades... Espero ser uma avó assim.Vamos aguardar!
Acordei aos berros quando parei pra analisar era a minha mãe dizendo que a minha avó estava no telefone, ah por mais que ela tenha me mandado embora da casa dela por nao me aguentar acho que é normal sentir saudades, eu peguei o telefone levemente e coloquei no ouvido e ouvi aquele suspiro.. 'ah ah ah' com um tom sutil eu disse, ''-Alo, e eu ouvi aquela voz de quem está agradeçida por ouvir a minha voz, ''-OI COMO VOCÊ ESTÁ? ai começamos um dialogo , nao muito profundo nem cheio de espaços, com terminações normais, e tudo tranquilo ! em uma parte ela meio sem graça me disse, ''-ESTOU COM SAUDADES'' eu sem querer responder, mais já que estava ali repiti '-'EU TB EU TB'' ah, polpe-me né? tá eu sei que eu errei , mais nao é motivos para depois de tanto tempo ela me ligar e falar que sente minha falta.. Moral :
"Um dia as pessoas caem em si e veêm que sente nossa falta, e nesse dia correm atras da gente e agente se aprofunda nas lembranças, mais o orgulho fala mais alto então nem ligamos. " .. bom vou indo pra escola até mais ! ;*
Querido avô "bigodes",
Estejas onde estiveres, quero falar contigo uma vez mais, quero dizer-te que o motivo desta carta são as saudades e a angústia de não te ter dito, pelo menos uma vez como te amo.
Não estava muito perto quando a tua passagem por este mundo terminou. Vi-te a ultima vez com vida e de olhos bem abertos à minha frente quando me despedi de ti em Maio de 2016. "O Natal e o Ano Novo estão ai à porta, não tarda nada estou contigo outra vez", era assim que eu pensava quando me despedia de ti, valorizando o tempo que levaria ate nos voltarmos a ver. Sorria enquanto meu coração chorava com medo de ser a ultima vez que te via. Nunca estamos preparados para dizer adeus de verdade, não é avô?
Perdoa-me, avô "bigodes", por pensar de mais nas teclas do meu telefone, pela inexperiência de escrever e pelo peso de o fazer apenas depois de ter partido.
Lembro-me dos teus mimos, das longas horas que brincaste comigo sentada no teu colo. Lembro-me do jogo das palmas das mãos, sempre suaves e macias e tão carinhosas, após "um, dois, três" cantado a uma só voz e implacável sintonia, era de longe o meu favorito. Lembro-me dos risos, de todas as vezes que pedi que o repetisses e de como tu o fazias. Lembro-me dos passeios pelo monte, dos abraços e das palavras que me aconchegavam.
Avô, ensinaste-me tudo o que sei hoje ou pelo menos o que importa! Ensinaste-me a ser menina, a ter a noção de que a vida me vai fazer cair muitas vezes , mostraste-me o lado bom de ser criança. Foi maravilhoso ter-te como avô, partilhar contigo alguns momentos, algumas birras. Fizeste-me todas as vontades e nunca pediste nada em troca porque sabias que no fim do dia eu te iria agradecer. É por tudo o que me ensinaste que és importante para mim.
Sei também que não disse as palavras no momento certo, por isso, aproveito esta carta para as dizer: amo-te, avô "bigodes"!
Um abraço cheio de amor da tua neta
Crônica: Lembranças de minha avó Mulatinha.
São poucas, mas são boas as lembranças de minha infância. Essas lembranças me transportam para uma deliciosa viagem ao um tempo que não volta.
Lembro e muito da minha avó, ela tinha um cheiro peculiar um cheiro próprio, único e marcante que não se confunde com outro cheiro, um cheiro bom. E volta e meia eu sinto esse cheirinho gostoso, mas sem ter ela por perto. Tenho saudades do seu meigo olhar, e que apesar da avançada idade ainda sentia prazer em brincar.
Chamava-se Mulatinha: vó Mulatinha! Até esqueci que seu nome era Maria. Acostumei... Minha última lembrança são de seus cabelos branquinhos como flocos de algodão e que brilhavam como raios de luar. Não sei a magia das avós, mas sempre são queridas. Deve ser porque não querem ser mais mães, não querem educar e nem repreender; querem apenas ser amiga dos netos.
Não esqueço de minha avó: era carinhosa e sempre com um sorriso maroto como se tivesse compartilhando travessuras. As avós podem se dar a esse luxo. Dizem que elas deseducam os netos; tudo bobagem! Elas nos abraçam de amor. Um amor que hoje, já adulto, sinto saudades. Muitas vezes precisamos desse aconchego sem fronteiras e sem limites.
Lembro-me quando perdi minha mãe aos quatros anos, lá foi eu e meu irmão Nem, de mala e cuia para casa de minha vó, apesar de quase cega foi ela quem cuidou de mim e de meu irmão, por um bom tempo, depois meu irmão foi morar com meu tio Martin e eu ainda fiquei morando com ela. Que maravilha! Porém, tinha um defeito, vivia dormindo pelos cantos kkkkk. Numa destas 'dormidas', meu irmão e eu pegamos as tripas de uma galinha enrolamos no pescoço de nossa avó. Ficou um lindo colar. Mas aquilo quase a matou de susto, ficamos arrependidos, afinal não é moleza acordar com um colar de tripas no pescoço. Foi a primeira vez que ela ficou brava e falou serio.
Porém, no dia seguinte ao chegar da escola, minha patinete estava toda vestida com minha camisa e meu short, em cima da única cama da casa onde dormia nós três! E ela sorrindo, como se quisesse se desculpar pelo desentendimento do dia anterior.
Beijos, minha vó mulatinha, quem sabe um dia a gente se encontra num lugar bem mais bonito, onde você deve estar brilhando. Então poderemos brincar sem medo e sem contar mais o tempo; pedirei ajuda aos anjos para que me guiem por essa imensidão, e perguntarei, em cada canto, se eles não viram uma 'Estrela chamada MULATINHA' sapeca, com uma cabecinha branca e brilhando como raios de luar.
Saudades, vó.
Théo.
Élcio José Martins
FAMÍLIA
Família tem contorno de ilha,
De avó, de mãe e de filha.
Tem o pão e o amor que compartilha,
Tem lição e instrução de cartilha.
A família é o esteio,
É o início, o fim e o meio.
É a avó com o coração cheio,
É o avô com as brincadeiras de recreio.
Família é a razão da vida,
Calma, suave ou atrevida.
É só perdão mesmo em bola dividida,
Só desiste dos seus, quando termina a partida.
É a rosa mesmo que o espinho doa,
É o calor mesmo ao tempo e na garoa.
Mesmo longe segue na proa,
Tem família severa e aquela que ri à toa.
Família é segurança,
É o ritmo da dança.
É a fé e a esperança,
É o sorriso e a alegria da criança.
Família é porto seguro,
É a liberdade cercada de muro.
É o verde fruto maduro,
É o amor latente, eu juro.
Família é o remédio e a cura,
É o ornamento de ternura.
É o médico que afasta o tédio.
É o lar, não importa o tamanho do prédio.
Família é a busca no aperto,
Na discórdia, no erro ou no acerto.
É a melodia do concerto,
É o símbolo que não precisa de conserto.
É a calmaria nas temidas tempestades,
É o amor no ceio das maldades.
É o entender das tenras falsidades,
É o afagar dos sonhos, dinamitando as vaidades.
Fujo, corro e escondo,
Pra mim, sou um estrondo.
Mas quando nada sai redondo,
É na família que acabo me recompondo.
Família é o astro que brilha,
É a lar recheado da mobília.
É a alegria dos pássaros cantarolando,
É raiz, é vida, É DEUS que está provando.
Élcio José Martins
MEMÓRIA
Minha avó fazia café bem doce. Talvez, por uma necessidade de se procriar além dos filhos legítimos. Biscoitos na gordura, pão de queijo no forno, bolo de chocolate em cima da geladeira. O cenário aparentemente bucólico escondia guerra das mais matutas em orvalhos e outras fragrâncias. Cheirava a cozinha um cheiro forte do que se come. No quintal, cheiravam as flores um cheiro que se vislumbra. Alimentar dos produtos da casa vigorava a minha carne. Alimentar do beija-flor que tomava o néctar de hibiscos em diversos matizes alimentava a minha alma. O cachorro latia freneticamente. Eu não sabia que o bichinho também comia: a alegria das folhinhas em domingo. Ao pé da jabuticabeira, meu Drummond chorava todos os lirismos nascidos da terra caudalosa, terra de muitas veredas e rupturas. Minha mãe afagava meus cabelos, o pai e os tios viam futebol, a pequena irmã devorava porções de desenhos animados.
Não fosse eu poeta, esta prosa seria pólvora. Não fosse eu poeta, partículas cintilantes de minha vida perderiam na guerra dos tempos que não se curam: saudade.
Na Terna Brandura do Cárcere
O Último Avo de um Amor Extinto
Em qual formato desconexo,
Depositamos desta vez,
Encharcadas expectativas ?
Quão afastados de nós mesmos
Pudemos chegar, sem ferimentos
Graves ou pesares terminais ?
Vislumbres precisamente balizados,
Experimentos da farta engrenagem,
Tudo estaria certo, exceto por nossa
Irrecuperável disposição à auto sabotagem.
Falências agendadas
Com antecedência,
Decompostos em
Nossa compostura célebre.
Resta-nos septos pútridos,
Hábitos promíscuos
E a terna brandura do cárcere.
Arrepios raivosos percorrem
Cada processo das vértebras,
Pálpebras aplaudem frenéticas,
Cãibras confirmam o torpor faminto.
Hoje minha avó morreu
A verdade é que foi tudo tão rápido e automático que não pensei nela
Só conseguia pensar no meu pai.
Sei que é loucura mas não consigo imagina-la morta
Pra mim ela sempre vai estar na frente da casa sentada na cadeira de macarrão proseando com os vizinhos.
Já meu pai não,
Ele está aqui e vejo os anos pesando sobre seus ombros.
Eu vi ele chegar hoje andando devagar, eu vi a dor nos olhos dele
E eu vi lágrimas que não via há muito tempo
Talvez nunca tenha visto como aquelas.
E me doeu tanto
Doeu na alma ver (incapaz de reverter) alguém que amo tanto exalando aquela dor tão real, tão intensa.
Pai tudo o que eu queria era arrancar isso de você, mas seria egoísmo demais não deixar você viver o seu luto.
O tempo tudo cura, você só precisa saber que ela está nesse momento, sentada na cadeira de macarrão, com a caixa de fumo do lado, fazendo pacientemente o próprio cigarro. Ela vai pedir um café pra depois do cigarro e vai rir de tudo isso. Daquelas gargalhadas doidas que se seguiam de um beliscão que era a forma dela dizer Te amo.
Ela está melhor que nós.
Eu te amo demais.
Eu queria que você nunca esquecesse disso.
Casa azul
Passei pelo portão da minha avó
Cruzei uma rua sem asfaltamento
Me dirigi à convidativa casa azul
Bati na porta por algum momento
Um homem de meia-idade abriu
Cumprimentei ele e segui o rumo
As escadas eu subi sem fraquejar
Havia lá uma garota com aprumo
O quão real pode ser um sonho?
Desejo muito então que se repita
Para tentar recordar o nome dela
Seria este um relato enfadonho?
A magia conhece quem acredita
E eu estou persuadido pela bela.
Toda vez que eu faço polenta me lembro da minha avó materna.
Ela pegava a panela onde havia sido feita e despejava um pouco de leite e depois que o angú desgrudava da panela, ela comia.
Minha avó lavava todas as roupas. Lavava toda a louça. Era forte e trabalhadeira.
Era vaidosa e nunca ficava sem esmalte ou tintura nos cabelos.
Sempre fazia um vestido novo que tinha bolsos na parte da frente.
O que a minha avó mais costumava falar era algum ditado antigo ou coisa que ela mesma inventava: " Quem chega por derradeiro bebe água suja." "Igual esse daí o diabo caga aos montes" e por aí afora.
Minha avó ensinou muitas lições preciosas. Mas esta é a melhor de todas:
A simplicidade é um item de luxo.
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