Texto sobre Avô

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Ser avô e avó é como fazer uma colcha de retalho sim, como muitos dizem, é juntar pedaço por pedaço de cada quadradinho, de cada retângulo, de tamanhos diferentes, de cores diferentes, mas sempre cores vivas, alegres, cheias de vida e transformando aqueles pequenos retalhos num ato de amor, mesmo que cada um tenha estilo próprio.

a minha avó

um dia parei para pensar
como será sem minha avó?
aquele arroz gostoso aonde vou comer?
seu cheiro sereno aonde vou sentir?
depois que ela se foi, pra longe de mim
o eco da sua voz ainda estou a ouvir
e em cada situação, vovó passa a existir

a minha avó ( Maria do Socorro Moreira in memorian)

⁠Encontrei um sapo
meio amargurado
que tinha sido príncipe
noutro reinado
Uma bruxa malvada
apunhalara-o pelas costas
quando soube que outra
é que era a sua amada
O sapo olhou para mim
como que pedindo por favor
acredite no que lhe transmito
disse
em pensamentos o faço
porque a bruxa malvada
me tirou a fala
Não sei o que aconteceu
só sei que acordei
e que ao pé de mim estavam:
um homem, um sapo e uma fada.
Se foi sonho, ou se foi conto
não sei se vos sei dizer
só sei que foi real
tanto, ou tão
como a magia do Natal.
E o meu filho pequenino
deliciado com a história
acabou por adormecer
com esta lenga lenga
que tinha na minha memória.
ML in Lenga-Lengas da Avó

Inserida por marialopes

Resistência

Ouvi do meu pai que a minha avó benzia
e o meu avô dançava
o bambelô na praia, e batia palmas
com as mãos encovadas
ao coco improvisado,
ritmando as paixões
na alma da gente.
Ouvi do meu pai que o meu avô cantava
as noites de lua, e contava histórias
de alegrar a gente e as três Marias.

Meu avô contava:
a nossa África será sempre uma menina.
Meu pai dizia:
ô lapa de caboclo é esse Brasil, menino!
E coro entoava:
_ dançamos a dor
tecemos o encanto
de índios e negros
da nossa gente

Coisas de Vovô!
Eu sou aquele tipo de avô, que esquece do mundo, não dimensiona bem as suas responsabilidades e que fica totalmente surdo às broncas dos filhos e da esposa.
Interajo as minhas emoções, e raciocino como se tivesse a mesma idade minhas netas.
Aprendi que para ser feliz, a gente precisa sair do lugar. E hoje,o meu melhor lugar é aonde estão as minhas netas.
( Nino Carneiro)

Casa da Vovó

Minha avó era exatamente o que se esperam de uma avó, bem tradicional. Cabelos totalmente brancos, ancas largas e usava avental. A casa dela tinha tudo o que não tinha na minha casa, nem nas casas das minhas tias, sei lá, era só um lote típico da grande BHte dos anos setenta. Trezentos e sessenta metros de área, mas tinha tanta árvore frutífera que parecia uma chácara fincada na Cidade Industrial. Manga Ubá, cana, figo, uva, abacate, pitanga, limão, laranja, frutas e mais frutas que davam o ano inteiro. Cada fruta em seu tempo próprio faziam o lote ser um paraíso para mim, meus irmãos e meus primos.

Minha avó jamais brigava conosco quando nossos brinquedos eram suas coleções de moedas antigas, ou os trotes ao telefone que só lá tinha. Quando eu estava lá sozinho, brincava com os cães do meu tio ou me estirava no sofá que parecia tão gigante na frente da TV. O café da minha tia... Humm que delícia de café!

Minha mãe se tornou avó como minha avó. Cabelos brancos, ancas largas e eventualmente um avental. Um "fubá suado" como nunca mais experimentei. Ver meus filhos e meus sobrinhos brincando pela casa, subindo na laje, descendo o morrinho do portão, voltando em bando para comer o bolinho de chuva com recheio especial... Ontem fez um mês que elas se reencontraram na casa nova...

Saudade
Ah, saudade!!!
Como sinto saudade, saudade de tudo!!
Saudade do avô, dos tios...
Saudade de quando tinha 15 anos
Saudade de quando meus filhos tinham 1 ano
Saudade daquela mulher que não sabia o que era dor
Saudade de quando você me beijou a primeira vez
Saudade de quando conheci o amor
Saudade de ser apenas uma menina
Sem preocupações, responsabilidades
com apenas alguns medos e angustias
Hoje tenho medos, angustias, preocupações
responsabilidades e muita, mas muita saudade
de tudo isso e algo mais...

TRECHO DE: AS MARGARIDAS DO QUINTAL DO MEU AVÔ

Você nunca entendeu o porquê eu tacava a bola com força em você, então. Não era pra te castigar, mas para te mostrar que você é tão frágil quando uma margarida. E que dependendo da força que você tacava a bola, deixava marcas, eternas. Mesmo que a eternidade da margarida durasse um dia.

VOVÓ @. COM



Raquel de Queiroz me encanta sempre que leio “A arte de ser avó”, que mais parece uma declaração de amor do que uma crônica. Além do manejo perfeito das palavras, não há como desvincular o texto da serena figura da escritora, com aquele jeito de avó. Fofinha, de óculos, sorriso complacente, meiguice e doce cumplicidade. Vovó como mandava o figurino. Como foi a minha e a de tantas vovós de hoje.
Pois é, como tudo mudou com a aceleração da modernidade, as avós mudaram também. Não no mais importante, creio eu, que é no quesito amor maternal elevado à potência dez, mas na forma como esta relação tão especial acontece entre netinhos e vovós nos tempos de @.com.
Mudaram as avós ou mudaram os netos? Inclino-me a afirmar que a mudança maior atingiu as avós. Simples, as mulheres mudaram e isso independe do grau que ocupam na hierarquia familiar. Dos vinte aos oitenta os cosméticos, a academia, o vestuário muda muito pouco. Os hábitos também. Não causaria nenhuma surpresa encontrar a avó curtindo a mesma balada que a neta, visitando a mesmas lojas de jeans, fazendo o maior sucesso nas rodinhas de conversa. Afora as experiências e histórias que compartilham com os jovens sem nenhum constrangimento. Tem ainda a confiança inabalável e o prestígio que uma avó possui com seus netos. Mãe é para educar, reprimir , colocar limites, dizer não, impedir. Vó não, esta é para defender, dar cobertura às peraltices que mãe não tolera, ouvir segredinhos (e guardá-los), alcançar aquele dinheirinho extra, comprar e dar de presente um tênis de marca que o neto nem precisava, sercúmplice do namorinho escondido e até permitir que os pombinhos se encontrem na sua casa, sem que os pais desconfiem nem em sonho. E avós modernas têm Orkut, sabem usar o computador, fumam, namoram e dirigem automóvel. São tão arteiras como os netos. Gostam de música, de filmes de ficção científica e adoram comer porcarias, de preferência no schoping. Não que não encarem a cozinha para satisfazer a gula dos marotos. Muitos bolos, chocolates e brigadeiros no melhor estilo abre-embalagens de semi- prontos, melhora a classificação da vovó no ranking e no prestígio familiar. E o que é melhor em tudo isso é que essa vó moderna é fofa também, mesmo não tendo nada de matrona ela dá colo gostoso, abriga na sua cama, faz chá de camomila e curte a dor-de-cotovelo, sempre que essa desgraça acontece com seus netos. Muitos dizem “minha vó é uma fofa”, querendo dizer querida, amorosa, parceira, macia, gostosa de conviver.
Vó é tão especial, que mesmo sendo modernas, joviais e cibernéticas, não se importam nem um pouco em dividir o espaço em sua cômoda, abarrotada de frascos de perfumes e de batons vermelhos, com porta-retratos ostentando aquelas carinhas, que só ela sabe, são o maior e mais descarado amor que uma mulher é capaz de sentir.


Maria Alice Guimarães

COMO CHEGAR AO AMANHÃ

O pequeno Paulinho pergunta ao seu velho e sábio avô:
- Como chegar ao amanhã?
E o velho sábio responde:
Primeiro, para chegar ao amanhã, é preciso querer chegar lá ...
Em seguida, devemos escolher as pousadas aonde descansar e refletir acerca do próximo caminho a percorrer.
Depois, a cada passo do caminho, perguntar o que fazer com as pedras encontradas na estrada, nas margens e no horizonte.
Manter o olhar alternadamente no futuro e a um metro dos pés.
Finalmente e sempre:
- sentir e caminhar, caminhar e sentir, sentir e caminhar...'
Como o pequeno Paulinho, caminhando e, sobretudo, sentindo, chegaremos ao amanhã...

Avô Sabará

A batucada me emocionou
o swing da negada {apaixonou}
no toque dessa levada eu vou eu vou
o cortejo e a pegada {me encantou}
Cadê meu avô sabará?
Saiu pra jogar dama e nada de voltar
Cadê meu avô sabará?
Nas ruas dessa Bahia foi se jogar
Cadê meu avô sabará?
Atras do trio elétrico foi sambar
Cadê meu avô sabará?
Ta tomando uma e nem pra chamar
Vou lá encontrar, eu vou
Antes que ele vá pr'outro lugar
Meu querido avô sabará

⁠Tou sentado a porta de casa
E vejo os netos que queríamos a brincar
Chamam-me avô como tínhamos imaginado
Os girassóis que sempre gostaste estão lindos
E até agora nem uma única doença me afeta
Meu coração continua poeta
E passo os dias a jogar ao dominó com os vizinhos, tal como tínhamos planeado em jovens
Tantos planos que foram concretizados
Como o sonho de nos casamos
E nem um do outro fomos convidados

OS PRATOS DE VOVÓ

A minha avó guardava, com alegria,
muitos pratos, lindíssimos, de louça
que ganhou de presente, quando moça,
e que esperava usar – quem sabe? – um dia.

Mas a vida passando tão insossa
e nada de importante acontecia
e ninguém pra jantar aparecia
que compensasse abrir o guarda-louça.

Vovó morreu. Dos pratos coloridos
que hoje estão quebrados e perdidos
ela jamais usou sequer um só.

Assim também meus sonhos, tão guardados,
terão, por nunca serem realizados,
o mesmo fim dos pratos de vovó.

⁠A casa da minha avó.
Casa simples num bairro operário, muro baixo, porta de duas folhas e nela meu avô olhando para as nuvens e prevendo chuva, homem alto e forte, óculos grosso ,emoldurando os olhos azuis. sala com cortinas de chita coloridas, rádio em alto volume tocando uma moda de viola ou futebol. Minha avó na cozinha, sempre agitada e ranzinza, coitada ,nunca foi de carinhos ,talvez porque não sabia. O carinho dela era fazer o que comer ,uma polenta fresquinha, ou um doce de laranja. Meu lugar preferido era o quarto da tia, uma colcha de retalhos sobre a cama ,e uma pilha de fotonovelas e gibis. Foi ali que aprendi a ler e a viajar ,foram muitas e muitas horas por dia naquele quarto .Lá fora ,no quintal, um quarador de grama ,roupas colocadas ali para branquear ao sol, laranjeiras lima ,baia e cavalo ,um pé de uvaia carregadinho. Lugar de brincar com a irmã e primos. Mas minha lembrança mais querida era o jardim da tia. Esporinhas rosas, brancas e azuis, margaridas , flores amarelas .Um pinheiro (faia)que dava umas bolinhas espinhudinhas. Mas o cheiro e a beleza do manacá ,são das minhas lembranças aquilo que mais me emocionam.Saudades.

⁠A avó

Quanto saber!
Quanta vida!
Quanto tempo!
Agora o ciclo faz a volta
Precisa de cuidado, alguém que cuidou!
Precisa de alimento, alguém que alimentou
Quanto cansaço!
O peso dos anos!
Mas também alegria em continuar vendo a vida!
Alegria nos dá
ao falar sobre tudo,
comentários tão francos que nos tiram sorrisos!
Seus cabelos nos lembram
que viemos de ti
e é para ti que nós vamos!

Pri Fonseca

Há o AMOR?
Amor da vida, do instante, do momento;
Amor de mãe, pai, filho, avó, avô, amante;
Não sabemos defini-lo;
Todos tentam explicar, cada qual sua formar;
Nada tão perturbador que o AMOR;
Ele é conflitante, instável, solúvel e volúvel;
Cada um entende o AMOR a sua maneira e forma;
Experimentar o amor é prender sua alma a outra;
Nos pensamentos do dia;
Na lembrança dos lugar;
Nos sabores e cheiros;
É viver livre e preso ao mesmo tempo;
Onde não a grades ou chaves;
Mas prender mais que prisão;
Há AMOR, o que seria da humanidade sem esse sentimento;
O que seria do AMOR, sem o AMOR.

⁠Até aos 24 Anos -

Nasci póstumo!
Neto de Alguém…
Avô de mim mesmo…
Filho de Ninguém ...
E de onde vim?!
De parte incerta
- por certo! -
Vivi póstumo na Vida,
tão póstumo,
que da Vida me perdi ...
E o que de mim fiz?!
Alguém que longe,
de tão longe
chegou a Si!
Profunda sintonia,
estranha contradição...
Mui mal me senti ...
Aqui e ali ...
Sem Coração!
Aquém-de-mim !
Num Universo sem fim ...
Meu triste e pobre Universo!
Sem verso, nem reverso,
fui Poeta, Solidão, Fado e Asceta,
intima Espiral de profunda comunhão!

Avó

Avó é a combinação perfeita: de anjo, fada madrinha e gnomo.
É a meninice que parou no tempo, num tempo que não quer passar.
Avó é essa saudade mansa que aos domingos vêm nos visitar, com cheiro de café quentinho e gosto de bolo de fubá.
Avó é uma mistura mágica do que foi e do que será.
É um ser tão encantado que mesmo quando se vai deixa pra sempre na gente o brilho do seu olhar, os odores da infância e esse mistério bonito de quem foi sem nos deixar.

Leda

Minha avó Leda está doente. Não se sabe bem ao certo se é orgânico, se é cansaço, ou se é uma soma das duas coisas.

Acho que a preocupação, o querer alguém tão bem a ponto de desejar pegar todo para si o seu sofrimento, é a maior prova de que amamos alguém. E eu a amo pelos seus detalhes.

A amo pelas pequenas mesinhas de abrir que mantinha em sua casa em minha infância, nas quais eu desfrutava de sua deliciosa salada de maionese nos almoços de domingo.

A amo pelos vistosos brincos de pressão que nunca deixaram de estar pendurados em suas orelhas, pelo batom coral em seus lábios e pelas suas unhas sempre bem feitas.

A amo por ter uma poltrona só dela em sua sala de estar, e pelo jornal rigorosamente posto a sua frente.A amo por seu amor à leitura.

A amo por sua intimidade e gentileza aos garçons, aos porteiros de seu prédio, aos filhos desses porteiros.

A amo até mesmo por sua sinceridade muitas vezes cruel, mas, acima de tudo, por sua sinceridade consigo mesma.

A amo pelo cheiro, pelas camisolas, pelos olhos azuis brilhantes, pela inteligência, pela coragem, pelo medo, pelo senso de humor, pela preocupação, por ser minha.

Inserida por patricia-pinheiro

Ajusto meu paletó , enfeito-o !
com as flores tombadas , (ó minha querida avó !)
varridas pela fúria negra dos vendavais
de ti quando me sais pelas queimadas , almas !
na areia dos arrozais estendidos
nos olhos afogados que sufocados são vozes
das lágrimas !
Onde guardo o assobio desafinado
deste tão frágil fio , quebrado !
que é de frio ...
a soluçar pelas noites das bocas amarradas , dormindo !
acordadas ao lado do silêncio , sepultado !
E agora , que mais bela não poderia ser , a lapela !
os gritos que costuraram nela , acendem
acendem ...
uma vela ...


[Távola De Estrelas] Açucenas de Pedra

Inserida por luizsommervillejr