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“Somos um filho mais novo da civilização, esta armazenada com uma bagagem de ódio.”
Giovane Silva Santos
Quando o pensamento comum de um povo altamente culto começa a considerar "ter filhos" uma questão de prós e contras, o grande ponto de inflexão chegou.
Qual é o oposto da alma de um leão? A alma de uma vaca. Para fortalecer a alma individual, os herbívoros substituem os números, o rebanho, um sentimento comum e as atividades em grupo.
Hoje vivemos tão acovardados sob o bombardeio dessa artilharia intelectual que quase ninguém pode atingir o distanciamento interior necessário para uma visão clara do drama monstruoso. A vontade de poder operando sob um puro disfarce democrático terminou sua obra-prima tão bem que a sensação de liberdade do objeto é na verdade lisonjeada pela escravidão mais completa que já existiu.
Cada coisa que se torna é mortal. Não apenas povos, línguas, raças e cultura são transitórios. Daqui a alguns séculos, não haverá mais cultura ocidental, nem alemã, nem inglesa, nem francesa, do que havia romanos na época de Justiniano.
Um dia o último retrato de Rembrandt e o último compasso de Mozart terão deixado de ser - embora possivelmente uma tela colorida e uma folha de anotações permaneçam - porque o último olho e o último ouvido acessível à sua mensagem terão desaparecido.
O romantismo não é sinal de instintos poderosos, mas, ao contrário, de um intelecto fraco e autodestrutivo. Eles são todos infantis, esses românticos; homens que permanecem filhos por muito tempo (ou para sempre), sem força para se criticarem, mas com inibições perpétuas que surgem da obscura consciência de sua própria fraqueza pessoal; que são impelidos pela ideia mórbida de reformar a sociedade, que para eles é muito masculina, muito saudável, muito sóbria.
Por fim, no amanhecer cinzento da Civilização, o fogo na Alma se extingue. Os poderes decrescentes elevam-se a mais um esforço de criação meio bem-sucedido e produzem o Classicismo que é comum a todas as Culturas moribundas. A alma pensa mais uma vez e, no Romantismo, olha para trás com pena, para sua infância; então, finalmente, cansado, relutante, frio, ele perde o desejo de ser e, como na Roma Imperial, deseja sair da longa luz do dia e voltar para a escuridão do protomisticismo no ventre da mãe no túmulo.
Nascemos nesta época e devemos seguir bravamente o caminho para o fim previsto. Não há outro caminho. Nosso dever é manter a posição perdida, sem esperança, sem resgate, como aquele soldado romano cujos ossos foram encontrados em frente a uma porta em Pompéia, que, durante a erupção do Vesúvio, morreu em seu posto porque se esqueceram de socorrer ele. Isso é grandeza. Isso é o que significa ser um puro-sangue. O fim honroso é a única coisa que não pode ser tirada de um homem.
Não escolhemos este momento. Não podemos evitar se nascemos como homens do início do inverno de plena Civilização, em vez de no ápice de ouro de uma cultura madura, em uma época de Fídias ou Mozart. Tudo depende de vermos nossa própria posição, nosso destino, com clareza, de percebermos que, embora possamos mentir para nós mesmos sobre isso, não podemos escapar. Aquele que não reconhece isso em seu coração, deixa de ser contado entre os homens de sua geração e permanece ou um simplório, um charlatão ou um pedante.
O homem faz história; a mulher é história. A reprodução da espécie é feminina: ocorre de forma constante e silenciosa por todas as espécies, animais ou humanas, por todas as culturas de vida curta. É primário, imutável, eterno, maternal, semelhante a uma planta e sem cultura. Se olharmos para trás, descobriremos que é sinônimo da própria vida.
Este é o nosso propósito: tornar tão significativa quanto possível esta vida que nos foi concedida... viver de maneira que possamos ter orgulho de nós mesmos, agir de tal maneira que alguma parte de nós viva.
No lugar de um mundo, há uma cidade, um ponto, em que toda a vida de vastas regiões se acumula enquanto o resto seca. No lugar de um povo verdadeiro, nascido e crescido no solo, há um novo tipo de nômade, coando instavelmente em massas fluidas, o habitante da cidade parasita, sem tradição, totalmente realista, sem religião, esperto, infrutífero, profundamente desdenhoso do camponês e especialmente daquela forma mais elevada de camponês, o cavalheiro do campo.
O último homem da cidade-mundo não quer mais viver - ele pode se agarrar à vida como um indivíduo, mas como um tipo, como um agregado, não, pois é uma característica desta existência coletiva que elimina o terror de morte.
O cérebro governa, porque a alma abdica. Os homens da cultura vivem inconscientemente, os homens da civilização, conscientemente. A Megalópole - cética, prática, artificial - sozinha representa a Civilização hoje. O campesinato do solo diante de seus portões não conta.
Atualmente, devido ao hábito do século XIX de superestimar o fator econômico, caracterizamos o conflito pelos termos superficiais socialismo e capitalismo. O que realmente está acontecendo por trás dessa fachada verbal é a última grande luta da alma faustiana.
Hoje, no final desta Cultura, o intelecto sem raízes abarca todas as paisagens e todas as possibilidades de pensamento. Mas entre esses limites está o tempo em que um homem considerou um pedaço de solo algo pelo qual vale a pena morrer.
A Inclusão do sujeito especial tomou tamanha proporção que se fez termo nas ciências sobre a evolução civilizatória.
Confinada, sob quarentena, a civilização será salva, em Pirapora, pelas marmitarias, pratos executivos, pizzas, açaís e fast foods delivery. Lave as mãos, não esqueça do álcool em gel, do disque-cerveja e chopp...
Quando nos vemos presos num baita congestionamento, ou então ilhados em ruas inundadas, e sem condições de chegar em casa, dá uma baita vontade de mandar tudo pro espaço e fugir da civilização...
Quando percebemos que as pessoas não entendem que certos cuidados são necessários para preservar a vida, é que sentimos mais forte essa vontade...
Osculos e amplexos,
Marcial
ÀS VEZES É BOM FUGIR DA CIVILIZAÇÃO
Marcial Salaverry
Por vezes sentimo-nos enfastiados de tudo e com tudo, e vem aquela vontade de sumir, de procurar um barranco com um gramado bem gostoso, para enfim, morrer encostado, sem pensar nas incoerencias do bicho gente que não é capaz de assimilar certas coisas que são importantes para a preservação da vida...
Isso pode acontecer quando vemos que, se existem pessoas que procuram usar o desenvolvimento tecnológico para salvar vidas, para melhorar a condição de vida de seus semelhantes, existem outros que apenas desejam destruir tudo, e muitas e muitas vidas são perdidas em atentados terroristas, em tiroteios, em gueras, revoluções, tráfico de drogas, e pelo fato de não serem observados certos cuidados que são realmente importantes, e isso provoca um certo desanimo, e esse desejo de fugir disso tudo, principalmente quando vemos que, de quebra existem muitos politicos safados que só pensam em lesar o povo, promovendo festival de corrupção, e quando chegamos à conclusão de que, mesmo que sejam punidos, o prejuizo já causado ao povo jamais será ressarcido, dá mais revolta ainda...
Por vezes, essa fuga da civilização, é o que melhor fazemos para nosso coração, e assim procuramos um canto isolado e ficamos em contato com a Natureza, que só nos oferece seus benefícios.
É quando buscamos a melhor de todas as companhias que podemos querer a nosso lado, e nessa companhia, enfim, sentiremos sempre uma doce emoção, pois teremos o céu por testemunha, e miriades de estrelas para contar, e ainda teremos o sol para adorar, desde seu nascer, até o arrebol, e depois vem nossa amiga lua com sua presença benfazeja. E então, estaremos na melhor de todas as companhias, ou seja nosso mui querido e amado Amigão, oferecendo-nos seu carinho e sua bondade, proporcionando-nos um espetáculo deslumbrante, o que nos dá vontade de seguir pelo caminho que a luz nos mostra no querido mar...
Também temos que nosso lado humano e apaixonado satisfazer, ouvindo e fazendo algo com prazer, não apenas para nos comprazer, mas para melhor viver, e ouvimos a linda música que nos chega do céu... A música quando toca, nossa vida retoca, e nosso coração nos toca, e sentimos em nossa imaginação a presença de quem amamos, e assim, enfeitando essa linda imagem, numa beleza que sempre perdura, vemos seu olhar com um languido e ardente desejo, trazendo a felicidade para nosso viver...
É para nós que vivemos, e nos agradar sempre devemos, e assim sendo, se lindos nos sentirmos, lindos estaremos, e em nossa busca encontramos quem nos fará feliz, esse alguem que talvez estivesse também nos buscando, sem saber que lá estávamos, por seu amor aguardando...
A poesia, a levamos no coração, e nos faz sonhar com emoção... As ondas do mar, em seu vaivem, lembra do amor também... A vida nos chega nessa fuga da civilização, propiciando-nos esse contato com a Natureza, mas, se não puder ser real, saiba usar sua imaginação... Vale a pena..
E assim, despertando o romantismo que existe no recôndito de nossa alma, certamente teremos UM LINDO DIA, e poderemos desfrutá-lo por muiitos e outros dias...