Suspiro
Às vezes, a noite chega como um suspiro de despedida e um convite ao recomeço. Entre o fim e o início, há um instante de silêncio onde cabem todas as reflexões, os acertos e os erros, os sonhos que resistiram e os que precisam ser reinventados. Que esse momento nos ensine a aceitar o que passou e a abraçar o que vem, com a leveza de quem sabe que cada novo dia é uma nova chance de ser, sentir e transformar.
Edelzia Oliveira
A vida é tão intrigante — ao mesmo tempo que pode ser longínqua, pode ser um último suspiro. E isso é incrível, pois nos mostra que, no fim, somos todos iguais, independentemente de qualquer coisa.
"Quando o pôr do sol beija o mar"
Quando o pôr do sol beija o mar,
há um suspiro no universo inteiro,
como se Deus descansasse os olhos cansados
numa tela viva de luz e silêncio.
O céu se curva com humildade,
num gesto de ternura que só os puros entendem,
e o mar, velho confidente dos ventos,
abre os braços em ondas de encantamento.
Não há pressa.
O tempo se descalça para caminhar sobre as areias douradas,
e cada segundo parece uma eternidade
vestida de paz, cor e esperança.
É ali, nesse limiar entre dia e noite,
que os corações mais sensíveis se encontram consigo mesmos.
Alguns choram baixinho sem saber por quê.
Outros apenas respiram, gratos por existir.
Porque quando o pôr do sol beija o mar,
algo em nós se acalma.
As dúvidas dormem, os medos se recolhem,
e o amor — mesmo sem nome —
nos visita com os pés descalços e alma leve.
As lembranças antigas dançam na espuma,
e as promessas do futuro se pintam no céu
como se dissessem: “Vai ficar tudo bem…
a vida sabe o que faz, mesmo quando parece não saber.”
Há poesia em cada reflexo dourado,
em cada pássaro voltando ao ninho,
em cada barco que silencia no horizonte,
sabendo que não se chega a lugar algum
sem antes se perder um pouco na beleza.
E tu, que olhas o pôr do sol em silêncio,
carregas dentro de ti um mundo inteiro:
as dores que ninguém viu,
os sonhos que ainda não contaste,
as alegrias escondidas em pequenos detalhes.
Mas naquele momento, tudo cabe num só verso:
“Estou vivo. Sou parte disso tudo. E sou amado pelo céu.”
Quando o pôr do sol beija o mar,
há um recomeço disfarçado de fim,
uma luz que se despede só para voltar mais forte,
e uma certeza suave:
mesmo nas sombras, ainda há beleza.
E que belo é saber que, enquanto o sol beija o mar,
o amor também nos beija em silêncio,
nos convida à leveza,
e nos recorda — sem dizer palavra —
que viver é, sobretudo, saber contemplar.
" VEREI? "
Verei, de novo, a noite enluarada
silenciar-me a alma em seu suspiro
e despertar-me à carne outro vampiro
no veio da poesia em mim sangrada?
Debruçarei por sobre o sol no giro
de um ano a mais na solitude dada
ou deixarei que a luz da madrugada
descanse em mim o verso em que respiro?
Contemplarei, de outra nudez, o encanto
ou, da paixão, a voz em acalanto
chamando-me à união uma vez mais?
De novo, já nem sei se o esplendor
verei, de reluzente e incauto amor
a se atracar no escuro do meu cais!
Penso que Deus deixou para o último suspiro da vida, o maior prazer que poderemos sentir. Acho que nessa hora, antes do apago final, deve haver um relaxamento tão grande, que morrer será o maior prazer que um ser vivo poderá experimentar... A questão é que será apenas uma única vez...
Faça o que você tem vontade naquilo que te faz feliz. Seja o motivo de um suspiro e sua inspiração. Ter medo é normal, mas não deixe que o medo te impeça de viver aventuras em sua história. Tudo que acontece hoje amanhã você compreenderá por que passou por esses percursos longos que parece que nunca chegarão onde quer chegar. Às vezes, queremos colocar vírgulas e pontos onde não poderemos colocar, sabe por quê? Nunca se esqueça que quem destinará sua história, está escrevendo hoje.
Antes de meu último suspiro, atravessarei altos e baixos, abraçando a plenitude das experiências que a vida tem a oferecer.
Cada suspiro meu é um convite para um mergulho profundo no oceano dos meus desejos mais íntimos e ardentes.
À Distância de Um Suspiro
Era só uma conversa no sofá. Café na mão, assunto solto. Mas quando nossos joelhos se encostaram, o ar pareceu ficar pesado.
O jeito como ela mordia o lábio me fazia esquecer qualquer frase. Tudo virou vontade de aproximar, de provar, de perder o rumo.
No fundo, sabíamos: se a gente se encostasse de verdade, não teria mais volta.
suspiro suspirando o teu cheiro perfumer avassalador, te abraço abraçando entrelaçados teu corpo devastador.
