Poesias de Gregorio de Matos Guerra
Por que não chorou?
Quando minha face
Pálida, desbotou?
Por que Partiu?
Cuspiu na minha face
Que ainda corada sentiu
Desesperado, acordado
Levantei me de dor
Sinto na velhice os
Absurdos da mocidade
Amor amador
Por sua causa morro de
Agonia e mil patogenias.
Alegria, alegria, sou tirano
De um homem só
Olhe só
Voltemos ao fim...
Por que riu de mim?
Quando nasciam de mim
Dois rios sem fim
Por que mentiu?
Se iludiu
e Aplaudiu
O fim do que a vída
verdadeiramente é:
Um Espetáculo!
Canto no encanto dos teus olhos
o teu mais belo sorriso
O motivo dos meus poemas
Do meu riso, preciso e conciso
Prenda-me consigo
Usa-me sem aviso
Beba-me, Coma-me
Sua loucura e meu abismo
Admiro-te em segredo
Pela razao do meu sossego
Entrego-te a cruz que estava
o meu medo
Quero-te bem.
Mesmo que bem nao seja assim
Tenho asas quebradas de serafim
Meu bem querer mentiu pra mim
Te esperando aprendi a contar
estrelas que caem do céu em direção ao mar
O vento a ninar as folhas do pomar
Aprendi por ti a suportar
Tudo que nao me apetece
Até parece que sei dessas coisas
Minha espécie apenas adoece e
Apodrece.
Ê moleque...As coisas nao sao como antes
Nao existe voce que engrandece.
Por nao saber falar
Coisas
de quem
só agradece
Ja foi o dia
Com a Bohemia
Dormiu Maria
No carnaval
No festival
Li no jornal
O meu astral
Tanto Clichê
No meu Apê
Sou um Michê
Sou Pinochet
O velho Chê
Pra frente, avante!
Vozes soantes
Nos morros uivantes
Gemidos amantes
Quando eu fechar os olhos
E o meu sangue parar de correr
Leve-me para o mais alto morro
Para onde entao eu possa morrer
Vou ver as velhas infancias
Que toda herança impediu falar
Dançar toda mocidade que a sociedade
Ja nao quer mais ousar
Ouvir de todos os berros loucos
Das favelas do alto do porto
O eco dos gritos roucos
Dos abortos ao mendigo morto
Morri na escadaria da catedral
Com uma facada e um punhal
A morte é mesmo assim natural
Ja estou pronto pro funerol
O som vai acabar mais uma vez
A espera das nossas grandes sensações
Será que tu curtirás minha viuvez?
A partida será nossa todo dia
É o juizo final
Eis o meu ponto final
Toda insanidade
Tem em si
Uma certa castidade
Um certo ar santo
De todo pranto que cai
De tudo que se esvai
Um corpo que cai
Sou um sonhador
Apenas mais um lunático
A pensar que aqui
Nao é por certo meu lugar
Sou um copo, um corpo, quebrado no chao
Me divido em mil pedaços pontiagudos
Para me furar ou cortar ou nao.
Essa sou eu:
assim meio louca
assim meio desavisada
assim meio infantil,
mas,
em meio a tantas pessoas incoerentes
que moram em mim,
sou uma mulher que ama
e que vive de amor.
Bebo a seco sem saber que
A seco bebe o dever.
Bebo pra quem sabe um dia
Esquecer que toda fantasia
Veste o dia com uma tal bohemia
Que inventa de inventar o viver.
Vivo seco sem saber que
Sedento vive o dever
Vivo pra quem me quer mal
Saber que todo anormal
Faz da fantasia e bohemia
O dever de viver o dia.
Nada de muito especial
Para pouco paranormal.
Sou desses que não se lembram
Se sonhei, vivi ou chorei
Lembranças pequenas
Amarrotadas
Surradas
Guardadas
De um amor que um dia
Nem mesmo outro dia
É capaz de esquecer
Aguenta a tormenta
Que a tarde pequena
Faz-me padecer.
Pois bem eu sei
Vivi e chorei
Lembranças gravadas
Recém alteradas
Pensando em você
CIÚME: DEFINIÇÃO DO AMAR?
Nada é mais castigante para o amor do que amar,
Porque amar é egoísta,
é invejoso,
é mesquinho;
Porque amar nem sempre é sublime,
já que não é tolerante.
Quem ama
cria o que não existe,
enxerga o que não é real
e ouve o que não foi dito.
O que seria do amor sem o amar?
Seria a liberdade plena do sentimento:
sem amarras,
sem cobranças,
sem malquerências.
Que venha a mim o amor,
não o amar.
Que o amor me ensine
o seu lado bom;
que ele me mostre tão somente
aquilo que precisa ser visto
e que me faça ouvir
apenas o que realmente foi dito.
Cenas de ciúmes não coincidem com o amor,
mas com o amar.
É por isso que tantas pessoas que amam
jamais conseguem viver
plenamente o amor.
A tristeza é um dos estados de espírito mais favoráveis para uma reflexão minuciosa quanto a nós mesmos. E isso acontece por um simples motivo:
Quando nós estamos tristes, os espetáculos do mundo perdem um pouco do seu caráter de ídolos carentes, e nós voltamos os nossos olhos para o nosso ser tão ignorado no dia a dia.
O invejoso vive sob o efeito de poderosas ilusões:
Vê em outros seres humanos, deuses;
Vê nas conquistas terrenas dos outros, paraísos transcendentais;
E é invisível para ele mesmo.
O ser humano confinou o tempo em relógios. Por sua vez, o tempo confinou os pensamentos humanos em:
Excesso de arrependimento ou de saudades (passado);
excesso de esperança ou de temor (futuro),
e por fim...
...Ausência de vida (presente)
O fundamental valor do silêncio
Quando o silêncio se faz necessário, falar pode ser tão venenoso quanto a picada de um inseto peçonhento. A diferença é que o inseto age por instinto, enquanto muitas palavras têm propósito claro de envenenar.
Sobre despedidas
Parti!
Insistir nunca é perda de tempo,
mas reconhecer o que já acabou
também não é.
Sobre o sentido da vida
Sem sentido é a vida que
(bem equilibrada?)
encontra motivos de sobra
para se achar desenfreada.
O segredo da felicidade
E, para ser feliz,
basta se deixar ser feliz,
afastando-se das sombras
e assumindo a imensidão.
O que não cabe no papel
É no papel
que colocamos
os nossos pensamentos,
mas nenhum papel
é capaz de conter
a verdadeira maravilha
dos grandes sentimentos.
Encontrando a felicidade
A felicidade se regozija num sorriso, se abre num abraço e se torna plena num só gesto. Ser feliz, portanto, é a capacidade de encontrar encantamento em tudo o que se vê, em tudo o que se sente e em tudo o que se vive.
Entre aquilo que se diz
e aquilo que se ouve
deve haver um abismo imenso,
definido simplesmente por
"Não vale à pena!"
Nome: Mirla Cecilia, 24, São Luís - Ma
É poeta, cantora e compositora.
Decende de família artística. Desde criança entrelaçou-se com a música, apresentando-se em shows, adquirindo experiências práticas e profissionais. Recentemente foi pré-lançada pela mostra multicultural "Confraterna de Couto '16" que precederá o lançamento do CD "Destituição" de trabalho autoral da artista. Participou do Palco 42 e em festivais temáticos. Suas composições transitam em torno da universalidade, incluindo o Jazz, o Blues, o Pop, o Samba, o Reggae e a Bossa-Nova, estilos dos quais recebeu influências. A cantora compõe sobre os sentimentos e os sentidos, dando luz a metáforas e imagens poéticas. Sua música tem requinte e valores transcendentais.
