Coleção pessoal de NaraMinervino

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⁠O COELHO E O RATO
Nara Minervino

Eram um coelho e um rato muito amigos. Saíam juntos. Voltavam juntos. Dormiam e comiam juntos. Era uma amizade para lá de sincera. Acontece que, certa vez, o coelho acreditou que, por ser menor de tamanho, o rato era também menor de valores, e passou a esnobar o rato, andando cada vez mais arrogante e falando barbaridades, sem pensar no quanto de mágoas poderia causar ao amigo.
- Amigo rato – dizia o coelho em tom de brincadeira e dando altas gargalhadas –, não sentes vergonha do que a natureza fez contigo? Não vês que teu pelo, teu tamanho e tua cor são insignificantes perante a beleza da minha cor, do meu tamanho, do meu pelo e da minha representatividade em qualquer jardim? Estou certo de que, se pudesses, teria tudo o que eu tenho para seres feliz.
- Amigo coelho – respondia o rato –, admiro de fato a tua beleza e o teu porte perante o meu, mas não troco a minha agilidade pela tua cor, a minha capacidade de me esquivar dos perigos pelo teu tamanho nem a minha esperteza pelo teu pelo, afinal, de nada valem essas tuas qualidades físicas, se facilmente tu és capturado pelas armadilhas que te impõem e nenhuma das tuas belezas podem te livrar dessa prisão.
MORAL: Todo vaidoso é vencido, se o motivo da vaidade não o livra do perigo.

A CORUJA E O PAVÃO
Nara Minervino

Uma coruja e um pavão se reuniram para falar sobre a coisa mais importante da vida.
A coruja disse:
- Penso que a coisa mais importante da vida é a sabedoria, porque o sábio consegue ver tudo o que é belo na vida.
O pavão, cheio de sua beleza exterior, disse:
- Que nada! A coisa mais importante da vida é a beleza exterior, porque tudo o que é belo chama a atenção, é aplaudido e desperta o interesse de todos.
A coruja, sabendo que era feia por fora e vendo que todos admiravam, de fato, a beleza do pavão, pensou que o pavão estava certo. Então, resolveu deixar de estudar e se dedicar a ficar cada dia mais bonita por fora.
O tempo passou, a coruja não adquiriu a beleza que procurava e, além disso, deixou de ser sábia.
Quando a coruja foi procurar pelo pavão, considerando-o seu amigo, o pavão disse:
- Não fale comigo, coruja burra! Não sou seu amigo. Tu não sabias que a coisa mais importante da vida é a sabedoria ou não terias deixado de estudar para se dedicar a ter uma beleza que, com o tempo, só vai se acabando!

MORAL: Cuidado quando um inimigo dá um conselho amigo.

⁠O CORDEIRO E O PAVÃO
Nara Minervino

Estavam o cordeiro e a raposa a conversar sobre beleza e virtudes, quando, de repente, o pavão afronta o cordeiro com suas palavras de vaidade:
- Bem se vê que tu nunca vais arrancar aplausos em tua vida! És tímido e inocente demais para veres que a realização pessoal e o interesse dos outros vêm da vida esplendorosa e da beleza plena! – Disse vaidoso o pavão, cheio de suas penas coloridas, lindas e esticadas.
- Mas não são de aplausos que procuro viver, Pavão amigo e afrontoso. Não preciso de holofotes. Minha vida simples e tranquila é mais do que suficiente para trazer toda a alegria de que preciso. – Respondeu humildemente o cordeiro.
- Não! Não podes dizer uma coisa dessas! Afinal, tu tens a lã mais macia do mundo e é por ela que precisas tornar glamourosa a tua vida. Afinal, se não te tornas cada dia mais belo, quem há de querer tua lã, ainda que seja a mais macia do mundo?
O cordeiro, entendendo que o pavão demonstrava admiração por sua lã, respondeu:
- Pavão, meu querido amigo Pavão, tu me amas e me admiras, mesmo sabendo que eu não tenho vaidade alguma nem me esforço para que minha lã seja ainda mais macia. Por que, então, aqueles que, como ti, me amam e admiram não quereriam o que lhes posso oferecer tão simplesmente: a minha lã naturalmente macia e a minha bondade?
O pavão, ouvindo atentamente as palavras do amigo cordeiro, respondeu-lhe, meio sem graça:
- É verdade o que tu dizes, amigo Cordeiro! Amo-te e te admiro! Tua lã me encanta como teu coração me conquista! Mas te ver tão sem vaidade incomoda a mim, que sou tão esplendoroso e belo!
- Tu te achas esplendoroso e belo porque assim tu és, mas de que adianta tanta beleza, se o teu coração fosse amargo e seco? Não haveria quem te quisesse cheio de glamour, se o que tu tivesses a oferecer não fosse nada além de tuas penas, que há de ficarem velhas e caírem?
O pavão admirou-se ainda mais do cordeiro, desculpando-se pelo que disse.

MORAL: vale menos a aparência bela do que o belo que se tem por dentro.

E, DE REPENTE, CINQUENTA!

E, de repente,
Um susto!
A idade,
Sem avisar,
Veio
Chegando
Pra ficar,
Trazendo,
Em sua bagagem,
A fadiga
De uma viagem,
Mas trazendo,
Também, a alegria
De viver bem
Cada dia.

E, de repente,
Chegou!
A idade
Em mim
Se instalou,
Tentou fazer
De refém
Quem viveu
Plena
E além,
Além do que foi
Combinado
Ou do que era
Esperado.

Sem aviso,
Ou retardo,
A idade
Me alcançou,
Chegou-me
Bem,
Sutilmente
E invadiu
Minha mente,
Fazendo-me
Refletir
Na vida
Que eu vivi,
Vivendo
Intensamente
Tudo o que quis
Corpo e mente.

E, de repente,
Cinquenta!

Nem tudo
Primavera,
Também
Nem tudo
Quimera.
Cinquenta
Anos chegados
Com histórias
De assombro
E de agrado.
Cinquenta
Tons
Diferentes
Me tornaram
Quem sou
Realmente:
Uma mulher
Que é de fibra
E que aceita
O que lhe traz
A vida!

Agora
Já não é mais,
Já não é
Mais
De repente!
Agora são
Cinquenta anos
De espírito,
De corpo
E de mente!

Cinquenta anos
Chegou!
Os cinquenta
A mim
Me alcançou.
Domou
Por inteiro,
Completo
Este meu
Corpo inquieto.

Seja bem vindo,
Cinquenta!
Chegue e
Fique à vontade!
Te recebo
Com toda
A alegria
Que bem
Me trouxe
A idade.
Faça de mim
Tua casa
E me habite,
Como deve ser.
Te dei a
Prerrogativa
De fazer bem
Meu viver!

Saiba, porém,
De antemão,
Que sei bem
Como a ti
Receber,
Que também,
Nesta idade
Que chega,
Vou fazer
E acontecer,
E te aviso,
Com antecedência,
Pra não te pegar
De surpresa,
Que por mais
Cinquenta
Eu espero,
Pra viver
Com toda
A grandeza 🙏🏻🙏🏻🙏🏻!

Nara Minervino

⁠GENTE SEM DEIXAR DE SER!

Tem gente que a gente ama!
Tem gente que ama a gente!
Tem gente que a gente escolhe,
Mas que não escolhe a gente!

Tem gente que se demora
E espera a chuva passar.
Tem gente com tanta pressa,
Que nem vê a chuva chegar.

Tem gente que é alegria,
Que traz paz, contentamento.
Tem gente que faz história
E não coloca a gente dentro.

Tem gente que é da hora,
De tão bacana e legal.
Tem gente que sequer chora
Com o nosso triste final.

E assim se passa a vida
Que vai conduzindo a gente:
Um sai curando feridas
Outro escondendo o que sente.

E nessa gangorra insana
Chamada de "bem viver"
O melhor a fazer, é verdade,
É ser gente sem deixar de SER!

Nara Minervino

⁠DOS MOMENTOS

Dos relacionamentos
Não calculo o tempo.
Calculo momentos.
Os momentos incríveis
E as histórias indivisíveis!
Emoções que o tempo
- Nem mesmo o tempo -
Não é capaz de apagar!
Das memórias mais longes,
Calculo a vivência do instante
De quem a dois se permite amar!

Nara Minervino

⁠A VIDA VEM DE DENTRO

A vida vem de dentro.
A alegria estampada na cara
E a tristeza que não sara
Vêm de dentro.

A alma é interna,
O coração é interno
E os sentimentos também.
Alma, coração e sentimento são vida,
E vida vem de dentro.
E vida é isso:
Uma gangorra de emoções
Que num dia afloram
E no outro murcham.

E precisamos viver para sermos
Alma e coração e sentimento.
E precisamos viver
Para estarmos nessa gangorra,
Que nos leva para cima,
E para baixo,
Mas que nos movimenta
E nos faz ver o espetáculo
Da vida,
Que é viver!

Nara Minervino

⁠Antes Solo do que Mal Interpretado

Inação é o sentimento que move nossos atos trágicos para conosco.

Minamos a possibilidade de evolução em nós mesmos. Nossa capacidade não deve ser mensurável, mas é.

Brindamos o despotismo sem nos dar conta, ao passo que bradamos nossa individualidade parcialmente residual. Viva o altruísmo pessoal !

Indivíduos tão livres quanto uma formiga encurralada por um copo. E ficamos indignados por esta situação.

Eu quero ter liberdade, mas para isso tenho que ter um salário, mas para tê-lo, preciso de um emprego, que para conseguir necessito de estudo, e só estudo se tiver tempo, que só é cultivado se eu tiver dinheiro para me manter no ócio criativo e enfim conquistar a liberdade temporal, mental, financeira, na qual possa exercer minha autonomia vital.

Besteiras, bobagens, ressaca intelectual. Então posso me governar, mas percebo que a inquietude de meu corpo é viral, foi contraída de outros e para outros será transmitida, "transmentida" por muitos a fim de maquiá-la.

Nós somos "Bugs", insetos parasitados (paracitados) batendo a cara na luz e ainda assim sem enxergá-la com clareza, sendo atraídos instintivamente, uma luz que não ilumina, mas cega.
Desorienta todo aquele que a ela persegue.

Preferível é a escuridão, não deixa sombra para dúvidas, simplesmente é a falta da luz, tudo fica calmo, quieto, porém imprevisível. Sem saber quando colidirá sua canela com uma mesa de centro no meio da sala. Parece que esta, tão pouco, é uma boa alternativa.

Que bela época vivemos, rodeada de respostas formuladas conceitualmente. Tudo tem uma explicação, menos aquilo que realmente importa, mas nem sabemos o que é que realmente importa; o que faz a diferença é a insistência da igualdade.

O que sei é que um Teórico não pratica o que diz, e um Prático não teoriza nada. Ambos são incompletos, por isso se completam ? Não. Quanta “#&*%@!” nós falamos; conotações sem nenhuma denotação é nisso que acredito.

Não se limite a acertar, erre, os erros ampliam nossa percepção de mundo.

Peque e veja que o arrependimento amarga e o perdão purifica.

Não fuja da solidão, em algumas circunstâncias, ela é a chave para seu cadeado. E mentalize: Antes solo do que mal interpretado.

Todo aquele que nos faz pensar, ir contra nossos desejos profundos, sempre é mal interpretado. O tempo dirá.

verbo arisco —
ser mal interpretado
é sempre um risco.

Quando se é mal interpretado, por vezes é necessário ser redundante ao que se fala.

Penso que na liberdade, tudo pode ser mal interpretado... Na visão daqueles que não sabem o verdadeiro sentido da palavra liberdade....

Cuidado com as palavras!
Pois ser mal interpretado
é como pagarmos uma dívida
que não devemos.

E mesmo que eu seja criticado e mal interpretado pelo que penso e por minha forma de agir, continuarei com meus ideais e como régua usarei sempre os meus princípios. É assim que sou!

⁠SOBRE ESPELHOS E REFLEXOS


Eu tenho um espelho em algum lugar dentro de mim! Um espelho que reflete os meus anseios, os meus medos e as minhas angústias. Esse espelho é pequeno, e eu no deixo bem lá num cantinho, onde eu quase não consigo vê-lo, para não valorizar as agonias que em mim também insistem em habitar.

Aí... numa outra parte de mim, tem outro espelho também. Este é maior, mais resistente e muito mais bonito. É o espelho que se encontra no centro de mim, porque é nele que eu reflito as minhas alegrias, as minhas conquistas e a minha paz. É o espelho para onde eu olho todos os dias, e sempre me encanto com o que vejo: uma mulher que, apesar de ter também os seus conflitos, persiste na felicidade e não desiste de ser cada vez melhor, por mais que difíceis as coisas possam parecer.

Mas nada é sobre espelhos e reflexos.
Tudo é sobre a importância de saber o que eu quero como prioridade em minha vida, porque é através do espelho da minha alma que eu faço refletir o meu eu no eu de outro alguém .


Nara Minervino

⁠MATRIMONIAR

"Matrimoniar" é verbo que se conjuga aceitando, dia-a-dia, que a relação a dois não é fácil, como fáceis não são muitas outras relações. Aceitando que, apesar dos problemas cotidianos, continuar ao lado daquela pessoa escolhida traz para as nossas vidas satisfação e completude.
Todo mundo já pensou em se separar um dia. É normal, mas não devemos tornar o matrimônio um fardo tão pesado que seja preciso desfazer. Não há relacionamentos perfeitos! Paixão é princípio, não é meio nem fim. Amor é aceitar que a paixão acabou e ainda assim querer continuar a caminhada juntos, lado a lado.


Nara Minervino

⁠EM PARTES


Em cada canto
Um encanto
Um acalanto,
Sem espanto.

Em cada espaço
Um abraço,
Um amasso,
Sem cansaço.

Em cada dia
Alegria,
Fantasia,
Sem nostalgia.

Em cada olhar
Um sonhar,
Um abraçar,
Sem cansar.

Em cada gesto
O universo
Um estar perto,
Sem regresso.

Em cada eu
O amor teu
Que prometeu,
Sem ser meu.


Nara Minervino

⁠AS PALAVRAS E EU


Eu engulo as palavras como se fossem bolo.
Saboreio-as e as degusto lentamente.
Elas são doce em minha boca de criança
Tão pronta a imaginar e ver em tudo esperança.

As palavras não fazem pouco caso de mim.
Estão sempre atentas e prontas,
Colocam ideias em minha cabeça
Me sentem suas e em mim se proclamam.

As palavras são o meu alicerce e o meu consorte.
Sem elas sou um pássaro de asa quebrada
Sem poder voar logo após a madrugada.

As palavras são o meu norte, o meu chão e o meu forte.
Elas são a ponte de que preciso
Para sair de mim e encontrar o paraíso.


Nara Minervino

⁠TRISTEZA ERRANTE


Estava a porta
Fechada.
Tentei abrir.
Fui ousada.
Passei
Entrei
Enxerguei
A luz da escuridão
A dor da solidão.

Era lá que tu estavas,
Oh, tristeza malvada!
Estavas tão bem
Sozinha
E te abrir para mim
Bem que eu tinha!

Tristeza de dentro
Do peito,
Volta a ti,
Ao teu leito.
Atravessas de novo
A porta.
Vais para sempre
E não volta.

E se alguém em tua porta
Bater,
Pra te ver outra vez
Renascer,
Se te forçar a
Eclodir
Para mais dor no peito
Explodir,
Eu mesma vou lá
Te salvar,
E ajudar-te a não mais
Voltar.
Vou deixá-la bem longe,
Distante.
E trancar-te pra sempre,
Errante!


Nara Minervino

VEM SEM MEDO, POETISA

Um convite, uma indicação,
E eis que nasce em furacão:
A mulher, a poetisa,
De ideias não dormidas
E há muito de emoções sentidas.
Poetisa que, mais que fecha,
Não deixa abrir feridas,
Que acalanta as almas de tantos
Desencantados de encantos
E de outros que jamais sabem
Que é a vida que os poetas invadem.

Nasce a poetisa artesã,
De palavras e de divã,
Que descreve com singularidade
(Des)alentos que a todos invadem
E que diz com alegria
Que o viver faz a alma sortida
De prazeres e de deveres,
De sonhos e fantasias,
De problemas e de dilemas,
De solidões, companhias.

Nasce a poetisa de alma só,
A poetisa de alma só dela,
Que, se encontrando em si mesma,
É no outro que se vê mais bela
De palavras e pensamentos
Que fazem sua inspiração deleitar
No papel, versos e incrementos
Que toda a poesia lhe dá.

Poetisa de almas e delírios,
Acalma aqui seus suspiros
Por uma vida de amor,
Cheia de luz e esplendor.
Que seus textos, em poucos versos
- Mas para a vida tão certos -,
Cheguem aqui a repousar
E à nossa antologia acrescentar
A definição do amor verdadeiro
E a contemplação do amar sem receio.
Que mostre à humanidade
Que é preciso amar com vontade,
De se perder e de se achar
Nos braços que só o amor dá.

Poetisa de vida e de almas,
Cujos versos corações acalma,
Cujos versos vêm oferecer
Calor para tantos do frio se aquecer,
Chega aqui, vem sem medo,
Que este espaço lhe será bom recreio.
Enriquece, pois, seus anseios
E se deleita, aqui, em devaneios.