Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada
o tempo constrói lentamente
um monumento entre nós
seus meandros são um mistério
tua figura solar se delineia contra o desconhecido
tua figura solar encarna por vezes o inexplorado
em que lar repousa teu pensamento
e quanto perdeu-se de ti
pelas veredas que a muito contento
teus olhos vislumbraram
de mim, quanto havia em ti
do meu amor,
quanto ficou pelo caminho
quanto ainda resta
quanto é necessário
quanto havia no teu pensar
quanto havia na tua ideia de lar
quanto havia na tua volta
tua figura solar me faz lembrar
dos pássaros, do pássaro que parte
para norte ou sul, indelével
e que nunca é o mesmo quando volta
tingi minha intenção
de azul anis
era apenas mais um corpo
na cidade do sol
mas minha vontade era púrpura
e meu desejo, vermelho
Composição dum Nada
Ao som da orquestralma, que solenelucida
nossa antiga caosciladora descida,
subimos agora escada avulsa e comprida.
Tal como composição por aglutinação,
tornamo-nos um. Para isso, perdi-me
em ti, que te perdeste em mim. Por tanto,
perdemo-nos em nada. Por quê?
Somos um, somos nada.
Ser que me envolve e tem, ancião
tu és de mim. Já que sou tu,
me chame pelo teu nome;
já que és eu, fogo cru,
chamarei-te pelo meu.
Porque te necessito assim como ar.
Porque te almejo assim como andar.
Porém estou sufocada por esse nada
e paralisada por aglutinação indesejada.
Ninguém que me falou,
Eu vi, eu estava lá.
Vi a lua te observando de fininho
Querendo aprender, com meu benzinho, como ela faz pra brilhar.
Um brilho especial e verdadeiro
Brilho, tal, que iluminou meu mundo inteiro.
Olhei pra baixo e vi o mar
Resiliente, num vai e vem consciente
Estonteado! Aprendendo a dançar
Com leveza e simplicidade
Minha realeza, transborda humildade
Me embriaguei de lucidez
E nessa clareza percebi as flores
Querendo tua delicadeza , teus gostos e teus odores
E a lagarta no galho da árvore
Olhando pra você encontrou a chave.
Confiança e paciência!
E não importa o tempo que passe na ampulheta...
Quem diria, tamanha inspiração fez dela borboleta!
E com a manhã veio o Sol
Ansioso pra ver
Como os demais
Também quis aprender
Um carinhoso calor
Que até cura ferida
Ao te observar aprendeu
E me arrisco a dizer que até Deus
Só pra te ver SER nos fez vida
Tão pouco a luz,
Apenas a loucura,
Queria nadar na escuridão.
Me entregar aos seus braços,
Mergulhar em sua boca,
Abalar seu coração.
O Poeta sem pensar
Apenas por sentir
Fez uma troca com a vida:
"Morro de Fome.
Mas,
Não vivo sem amor."
o menino e as histórias
ele queria contar uma história
de um menino que veio do interior
como quem conta passado.
como quem conta,
ultrapassado.
além desta,
tinham também outras histórias
das quais ele queria contar.
mas que nem contou.
hoje ele nem existe mais.
virou protagonista de uma poesia qualquer.
mas lá no interior,
não naquele,
no seu interior
restara uma história da qual me recordo bem.
de um menino que queria contar histórias
ainda que não quisessem ouvir.
dessas,
eu jamais esqueceria.
carsan
Estar ao seu lado é como navegar por um local desconhecido, a adrenalina de cada descoberta enche meu corpo de emoção.
Cada vez que aporto meu corpo, mesmo que cansado em seus braços, tudo fica paralisado, seu afago condensa o tempo em frações de segundos,
acalmando-me, equilibrando toda a confusão de pensamentos de uma mente acelerada, cheia de ideias e inquietações.
Quando seus lábios tocam minha boca, você me paralisa, mesmo sabendo que o mundo nunca para, fico ali, por horas estasiados com a doçura do seu beijo.
Quando sinto seu calor tocando meu corpo, nossas energias se alinham em um instante, são momentos únicos e inexplicavéis.
Estar ao seu lado é algo espantoso e singular, meu calmante natural, torna minhas noites de sono, realmente de sono, onde mesmo após exausto, descanso, recarregando todas as forças e estando pronto e feliz para cada novo dia.
De Ré
Canto esta melodia
que ecoa com maestria
por corredores sanguíneos.
É muda, é cinza;
é vazia, é oca.
As notas Sol ficam ranzinzas
com a sonoridade louca.
Que som tenho eu?
O som que queres ouvir ou o som da minha essência?
Sinto que não me pertenço,
sem lealdade a mim mesma.
Que som tenho eu?
Soar avulso, vermelha tercina,
púrpuro Si, acorde que ilumina?
Sinto-me mas não reconheço.
Sem dignidade, saio ilesa.
Carrego o fardo de uma vida
que não é minha,
o fardo da falsa personalidade.
Carrego prédios com corredores fora de linha,
prédios dum eu sem legitimidade.
Meu coração é como um sabiá
Cujo ninho na água é mergulhado
Meu coração é como uma macieira
Cujos galhos com grandes frutos estão sobrecarregados;
É como a concha do arco-íris
Que rema num tranquilo mar
E mais feliz que todos esses
Porque meu amor está para chegar
Em sonhos me surges. Por isso
Amanhã outra vez melhor me sentirei!
Muito mais consoladora ser-me-á a noite que
A saudade do dia sem esperança.
Quem escreve
é
um visitante
Chega nas horas da noite
e toma o lugar do
sono
Chega à mesa do almoço
come a minha fome
Escreve
o que eu nem supunha
Assina o meu nome
Sentença
Convém nos
iniciarmos
cedo
As coisas são demoradas
E não é bom
colher os frutos
quando a boca não
conseguir mais
saboreá-los
Propósito
Viver pouco mas
viver muito
Ser todo pensamento
Toda esperança
Toda alegria
ou angústia — mas ser
Nunca morrer
enquanto viver
Predição
Fazer da
busca o
ideal
Rasgar o ventre de
todas as noites
para encontrar
aurora
O que não somos hoje
é o que há de nos
esmagar
amanhã
O tempo
Os olhos se resguardam
sob as pálpebras
mas o tempo passa
Junto de nossos passos cautelosos
que ultrapassam mas retornam
sempre
o tempo caminha
Na superfície calma dos retratos
inscreve seu itinerário
e passeia com cautela em nosso rosto
fala pela boca das crianças
murmura no cansaço nossas mortes
Em vão
se preenchem as horas
O tempo carrega em seu rio nossas sementes
para um mar.
pena
não mudamos
o tempo
escorreu
água entre
os dedos
pena
pássaros coloridos alcançam as nuvens
todos os dias
ficamos
Raízes.
Sempre achei que falta de amor no mundo
No fundo... Não é no mundo... É na gente...
Eu vejo fomes e carnavais... E ensejo poesia...
Eu faço versos num inverso abstrato...
Descrevo em letras o que não pode ser dito.
Acredito muito mais no amor real
Destes que não nos fazem nenhum mal.
E eu, bem mais do que ninguém...
...Sei bem do que gente é capaz...
No mais? Aprendam mais com os animais.
É um querer nato e profundo
Desejo todo do mundo
Uma leveza quando avança o tempo
Um pé de vento de felicidade
Vontade é feito bicho com asas
Por cima das casas sobrevoa altivo
Não tem nem motivo pra não se fazer
Anoitecer nos teus braços feito passarinho
Feito bicho que vive em vão desalinho
E retorna pro ninho ao entardecer.
Querer nato e profundo...
Desejo maior do mundo...
APRENDIZADO
para meu pai
Caiu no mar tem que nadar
murmurava meu pai marinheiro
tirando um bagre do anzol
um cigarro do bolso traseiro
Eu, sabedor de nada,
azeitava o eixo do sol
sonhando um dia conquistar
o meu lugar à sombra
E o mar era tão grande!
E a minha imaginação, tamanha,
quebrava além da arrebentação
no redemoinho de uma música estranha
Anda moleque, recolhe a rede
carrega o peixe pra tua mãe cozinhar
Era o pai me fisgando com o olhar
E eu seguia suas pegadas
pelos caminhos de areia
ouvindo as ondas a murmurar
como o canto de uma sereia:
Caiu no mar tem que nadar...
Caiu no mar tem que nadar...
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