Poesia de Desabafo de Vinicius de Morais
Memória
Não me lembro de tudo.
Na verdade, não me lembro de muito.
Lembro do começo
Da inocência, da experiência
Do esforço, da decepção
Da persistência, da vitória.
Me lembro do novo
Do medo, do respeito
De grandes amigos, hoje esquecidos
De coisas irrelevantes
De conversar, de brincar
De amar, de chorar
Também de estudar e aprender
De competir, de ganhar e de perder
Da família Garança, dos Excelentíssimos senhores Comandantes
Da farda e dos desfiles
Me lembro da rotina
De ter tempo para tudo
De não ter tempo para nada
Me lembro do ônibus e da Vam
De fazer tudo, sonhando em não fazer nada
Me lembro dos campus, das cantinas e das práticas
Da solda, do código e das máquinas
De amigos e também das vinhadas.
Engraçado, não me lembro do concurso
Me lembro dos trotes e das provas
Da diferença entre aquário e mar
De colegas e semidesconhecidos
De aprender e trabalhar
De que ser júnior, é ser gigante pela própria natureza
E é também nadar contra a correnteza
De clientes, de projetos, de professores
Do sentimento de Dono
Me lembro do macarrão e do Açaí
Como me lembro do macarrão e do Açaí.
Me lembro do Alemão e da Alemanha
De dias indecisos, quentes e frios
De não entender, de quase entender, de sonhar entender
Me lembro das bikes, dos trens, dos aviões e dos ônibus
Das viagens e dos viajantes
De grandes amigos, de eternos instantes
De tudo me lembro em flashes
Com nostalgia realizo
Que todo tempo é finito
Que todo tempo é único
Que a memória é fugaz
Mas que o sentimento é profundo.
De quantos gabos dá-se pro Goiás
Fez um cerrado diverso e tortuoso
Dum por do sol, cenário fabuloso
De rica beleza, aos olhos satisfaz
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
o tempo é tão inútil quanto seu penar
e vou ter com esse tempo te esquecer
e com você em minha vida morrer
como se eu nunca tive que te amar
para sempre, não posso te chamar de amor
foi alguém em minha vida que tudo alegrou
a minha vida, minha vida de horror
Vou no tempo na toada da sorte
Em cumprimento do indo, vindo
Chorando ou rindo. No suporte
O amor! Que busco ser provindo
Até encontrar a toada da morte...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
SAUDADE TRISTE
A saudade que no adeus existe
Só traz solidão tão descontente
E que o tempo seja brevemente
E que faça doce tal fado triste
É sabido que nela a dor existe
Num aperto que a falta consente
Tal abafar-se num tinido fulgente
Dum fulgor vagido que persiste
Mas, se deixar de ser descrente
De um fervor aos Céus, ouviste
Não te irrite a demora aparente
Ah! Clame com amor no que resiste
Que bem cedo terás uma vertente
E a saudade será a paz que pediste
Luciano Spagnol
19 de junho, 2016
Cerrado goiano
Felicidade, algo inexistente,
a essa gente com o coração desprovido de sonhos.
Sonhar já não é o mais importante,
senão a luta constante para a realização de cada sonho.
SONETO DAS ROSAS
Rosas, poemas da natureza, poetadas
Por mãos, que também oferecem rosas
Cativantes, ao amor tornam suspirosas
E ao desafeto são tristes e desfolhadas
Já as vermelhas para paixão, afanadas
Ornando o olhar, se dando primorosas
Cheias de significado, e tão formosas
Também, bem às emoções esfalfadas
És cheiro nas lembranças silenciosas
Lágrima infeliz nas perdas passadas
Sois trovas alfombradas às amorosas
Ah! Belas damas várias e tão encantadas
As primeiras, as derradeiras, carinhosas
Só tu rosas, para coroar nossas estradas
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
ECOS DA SAUDADE
Oh! Ilusões acordadas nas madrugadas
Segregadas no meu poetar tão sagrado
Que goteja as saudades de um passado
Entornando na alma quimeras sonhadas
Oh! Lua pujante no tão árido cerrado
Dá-me tua companhia nas derrocadas
Das demências por mim vergastadas
Que redige insônia num tal desagrado
Longe está a luz que fulge as enseadas
Do mar, tão cotidiano, agora tão calado
E nas lembranças a ferro e fogo grifadas
Ah! Se meu fado não fosse condenado
Em tuas noites voltaria para as baladas
Num cometa de um fulgor apaixonado
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
Anos vividos
Da vida, eu fui mais que se está vendo
Da felicidade eu fiz parada e repouso
E nem mais sei se fui tolo ou penoso
Nas trilhas de estar feliz ou sofrendo
Se estou enganado, ou fico glorioso
Não posso medir apenas no sendo
Sou fausto, e da paz eu vou vivendo
Tentando buscar só o bem precioso
Agora que a velhice é um havendo
Nada sei, eu persisto, e pouco ouso
Pois o fado não é claro no referendo
Disso, amei sem ter sido enganoso
Fui além, dum olhar, do só querendo
Na morte, vou do viver ser saudoso
Luciano Spagnol
20/06/2016
Cerrado goiano
Acordo sem lembrar
Os melhores 5 segundos
Esses que não vou recordar
O caos que são meus mundos
5 segundos sem noção
Sem alguma percepção
Esperando a solução
Pra essa perturbação
Fico sem compreender
Fruto do esquecimento
Que esse breve momento
É o melhor que posso ter
Então eles se passaram
Aos poucos volta-se os sentidos
Caos e mundos retornaram
Focos de paz foram abatidos
SABER
Talvez sonho, que de ti eu soubesse
Que no fado no cerrado aqui estaria
Pois na vida o escrito tem o seu dia
E não adianta querer outro na prece
Contudo, o fato é que se envelhece
Um logro, pois envelhecer não devia
Cria-se ausência, e a casa fica vazia
Quando da parceria mais se apetece
E se perde o entusiasmo da alegria
Sozinho, a saudade não nos aquece
A atitude só quer estar na nostalgia
No certo, paga-se o preço, e agradece
São as prendas de se obter a sabedoria
Saber, dá alforria e harmonia nos oferece
Luciano Spagnol
21 de junho, 2016
Cerrado goiano
Ah, como é bom te beijar,
Sentir seus lábios nos meus,
Seu corpo colado com o meu,
O fogo que queima sem se ver.
Meu poeta ama sentir suas poesias,
Mesmo sendo um grande poeta,
Expele poemas de uma cabeça não racional.
Vamos (pôr)na grafia.
Someone like you
Desde o dia
Em que eu te vi,
Logo pude sentir
Que seria pra sempre...
Depois de tanto procurar
Finalmente te encontrei.
Te vi, com os olhos do coração.
Eu sempre quis
Alguém como você...
Para compartilhar
E todo meu amor
Lhe entregar.
Não existem palavras
Que possam expressar
Minha alegria...
Ah! A nostalgia
De cada lembrança tua,
Do nosso primeiro beijo
À luz da lua.
Extraído do livro Sonhos de Verão - Poemas que celebram o amor.
ÍNTIMA SOLIDÃO
Árida é a solidão que inspira o cerrado
Tão nostálgica e árdua no meu contentar
A que provém da saudade a me chamar
Em murmúrios, além, do vivido passado
Aquela que se perde no horizonte ao olhar
Que chora no entardecer de céu rubrado
E traz na brisa, a maresia, no seu ventado
A que me faz relembrar, calado à saudosar
Ampla, melancólica, é a solidão no cerrado
Uiva nas planuras em vagidos dum soluçar
Nos pousando vazios no chão cascalhado
Mas, a solidão abafada, que faz lacrimejar
É a que domicilia comigo, no meu sobrado
E que existe íntima e triste no meu trovar
Luciano Spagnol
22 de junho, 2016
Cerrado goiano
SALSTÍCIO DO INVERNO
No solstício do inverno, a luz solar
aparentemente, pode mais iluminar,
que seja, para clarear e ornar,
o afeto entre todos...
Trazendo sentimento terno,
olhar abrasador e aos corações
amor eterno...
Seja bem vindo solstício do inverno!
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
LUAR DO CERRADO
Quando, no cerrado, vem o anoitecer
O seu luar prateia as várzeas quedos
Num silêncio de fúnebres segredos
Numa tal beleza por assim merecer
É o Criador vazando o belo entre os dedos
Enfeitando a noite para não mais esquecer
Ladeando a lua com estrelas a resplandecer
E pondo a prova os nossos sentidos tredos
É tanta intensidade da luz, tátil é o perceber
Que nos faz pequeninos, eternos mancebos
Pasmado, que quase não se pode descrever
A imaginação migra para vários enredos
Numa rutilante e bela experiência no viver
Numa total plenitude e sentimentos ledos...
Luciano Spagnol
Junho, 2016
Cerrado goiano
Num mundo violento
e pobre de afeto,
rico é quem
desarma o outro
com amor concreto...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Nhandeara
Nascida do bravo trabalho,
Na agricultura e criação do gado;
Terra de Nosso Senhor,
Tem um povo competente e lutador.
Cidade querida de praças floridas
Que marcam as vidas na infância brejeira.
Cidade em que a crença é uma força que existe...
E, a todos assiste da mesma maneira.
Cidade pequena, que tem, revoada
Soboreando a fachada da Igreja Matriz.
Cidade em que o povo não foge a batalha,
Que luta... Trabalha... Que cumpre o que diz!
Amanhecer
O despertar de cada dia
Traz em sim a semente da vida
Refazendo nossas energias
Transformando a dor sentida.
Em cada amanhecer...
Em cada novo despertar...
Há um embrião que nos impulsiona a avançar
Convidando-nos a crescer.
AMBIGUIDADE
Uns carregam prata outros trazem ouro
Eu? Nem ouro nem prata, tenho rosas
Umas com espinhos, outras formosas
No meu farnel são um acaso e tesouro
Na oferta é para serem harmoniosas:
Nas dores, as brancas são vertedouro
Na sorte, as negras portam mal agouro
Assim, ornam a vida, tornam prosas
É enredo no amor passado e o vindouro
Aos corações belas poesias primorosas
E nas lágrimas, doce arrimo batedouro
Dotam a emoção, alegres e nervosas
São cores na morte e no nascedouro
Vão em todas as venturas, preciosas
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
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