Poemas e Poesias
Se os deuses conspirarem a favor, terei um novo surto de poesia e me tornarei um metafísico.
A poesia é o esquecimento da alma no objeto da sua contemplação; a crítica é o esquecimento da alma na poesia.
Tem de saber / que o grande busílis da poesia / consiste na arte de agradar, / e essa arte está toda na magia / de mover, de remexer, da forma como se quiser, / todas as paixões que escondemos no coração.
O estilo é a poesia na prosa, quer dizer, uma maneira de exprimir que o pensamento não explica.
A crítica é a consciência ou o olho da poesia, a mesma obra espontânea do gênio reproduzida como obra refletida pelo gosto.
De todos os versos, versos livres... Para que a gente saiba da importância da poesia (vida), e que ela nem sempre é apenas de rima!...
Sede
Quero uma poesia que penetre em minh’alma,
E me faça por entre lágrimas
Sentir o gosto do riso:
– Nada foi perdido!
Quero mais que uma poesia,
De amor, – não quero poesia
Sem lâmina, sem sabor,
Sem cheiro, sem sangue,
Sem o pulsar de coração,
Sem elementos de vida,
De esperança. (Quem sabe apenas
Um ponto – o silêncio,
Menos suspiro e reticência
– ataque fulminante).
Quero mais do que palavras,
Quero o abraço que faça-me
Perder o fôlego, me sentir ofegante.
Quero licença poética,
E quebrar a censura, e ser livre
Para poder mandar alguém
Para onde eu quiser,
E também ser mandado
Ao bel prazer.
Quero o “vá ser livre”,
E “vamos sermos livres juntos”
(E que a liberdade não nos separe),
Quero a vírgula fora do lugar,
Só para confundir
E ser confundido.
Quero poder falar na forma
Que eu quero e bem entender,
E dizer que a gramática
Não me contaminou
Por inteiro,
– Quero ser critico
Da minha própria pessoa!
Quero uma poesia
Que sinta a minha dor,
E chore comigo,
Como se hoje fosse
O último dia,
– Hoje já passou…
Amanhã quero um conhaque,
Um cigarro qualquer,
E uma mulher,
Que não viva me fazendo
Juras de amor,
E minta todos os dias
Me amar.
Quero sentir o perigo da rua,
Da curva da poesia,
E da amada.
Embriagado, quero
Mais que poesia,
Muito mais do que poesia.
– Hoje vamos nos divertir!
– Até chegar no espaço!
– Fecha os olhos.
– Esquece esse mundo.
Palavras soltas,
Sem dono,
Em busca de serem encontradas.
Poema azul
eu reconheço a distância
calada de um coração
essa distância-oceano
que é a distância dos anos,
dos autos, dos atos de fé
do labirinto tecido
à fina seda do sonho
que sonda o poente
eu reconheço a distância
forçada do exílio
do suicídio coroado
nas laudas do tempo,
do vento, do corpo que amei
eu atravessei o grito
dos seus olhos quando até
a palavra tempo cessou
e o relâmpago profetizou,
na escuridão, o retorno
e você diz que eu fiquei mais azul
A POESIA
A tua graça estranha rege o meu destino...
Com peito de ouro e rubro me fizeste em paixão.
Em meus desejos fizeste morada, e a desatino,
por teu amor eloquente me prendeu o coração.
As entranhas pertencentes e ambiciosas do medo,
que são no teu corpo de uma fragrância desejosa,
designaram em mim tentações, e em segredo
eu as tenho nas mãos, sem que imperes, formosa.
Como és de mim a vida, o som, o ar...
Mais do que pude ergui-me, aos devaneios loucos.
E como pusestes aos céus as minhas noites de luar,
condenado em ti, vejo-me findar, aos poucos.
Tu és a tormenta que me constrói a eternidade...
O fastigioso mal que me impera, para o amor nobre;
é quem me falta a vida, nos dias de saudade...
Mas, é quem me ama, quem me intui, e quem me cobre!
CAOS & CALMA
Quando minha calma vira caos
Minha alma pede poesia
Poesia escondida no abraço apertado
No riso solto
No canto das ondas quando beija a praia
No vento que acaricia a pele
Poesia que se atreve e deixa uma mordida no fim do beijo
No último gole no fundo da taça
Quando minha calma vira caos
Minha alma convida a poesia
Pra brindarem aos recomeços.
o pó e o amor
como o poema
são feitos
no dia a dia
o pão come-se
ou deita-se fora
embrulhado
(uma pomba
pode visitar o lixo)
o poema desentropia
o pó deposita-se no poema
o poema cantava o amor
graças ao amor
e ao poema
o puzzle que eu era
resolveu-se
mas é preciso agradecer o pó
o pó que torna o livro
ilegível como o tigre
o amor não se gasta
os livros sim
a mesa cai
à passagem do cão
e o puzzle fica por fazer
no chão
ARTE POÉTICA
Escrever um poema
é como apanhar um peixe
com as mãos
nunca pesquei assim um peixe
mas posso falar assim
sei que nem tudo o que vem às mãos
é peixe
o peixe debate-se
tenta escapar-se
escapa-se
eu persisto
luto corpo a corpo
com o peixe
ou morremos os dois
ou nos salvamos os dois
tenho de estar atenta
tenho medo de não chegar ao fim
é uma questão de vida ou de morte
quando chego ao fim
descubro que precisei de apanhar o peixe
para me livrar do peixe
livro-me do peixe com o alívio
que não sei dizer
O poema ensina a cair
sobre os vários solos
desde perder o chão repentino sob os pés
como se perde os sentidos numa
queda de amor, ao encontro
do cabo onde a terra abate e
a fecunda ausência excede
até à queda vinda
da lenta volúpia de cair,
quando a face atinge o solo
numa curva delgada subtil
uma vénia a ninguém de especial
ou especialmente a nós uma homenagem
póstuma.
Quero um poema que diga
Que nada há que dizer
Senão que a noite castiga
Quem procura uma cantiga
Que não é de adormecer
Oceano Poesia
"Caminhava eu há tempos
com o peito abafado
no olhar o desalento
e o semblante enrugado
Sentimento como esse
não havia experimentado
como se a alma gritasse
sem ninguém ter escutado
Era como se minha alma
fosse um imenso redemoinho
e pra dentro dela sugasse
as coisas do meu caminho
Era como se o miocardio
Fosse um imã desregulado
que pra dentro de sí atraísse
coisas de tudo que é lado
Se eu via alguém chorando
ou um casal apaixonado
se eu via alguém ajudando
ou alguém sendo assaltado
A gargalhada do bebum
ou o grito do estressado
se eu via um gesto obceno
ou um fiel ajoelhado
Isso muito me tocava
dentro do meu peito ficava
tudo junto e misturado
Dentro de mim ja não cabia
tanta coisa que eu sentia
Sentimento a revelia
me deixando atordoado
Caí de joelho ao chão
com as mãos no coração
O pranto escorria ao chão
formando um pequeno lago
E desse pranto salgado
nasceu minha poesia
mistura da amarga revolta
com a doce alegria
Mistura minha devossão
com a minha rebeldia
Mistura minha submissão
com a minha teimosia
E o pequeno lago de pranto
um riacho formaria
Sua água salgada deságua
e com o oceano fundiria
Quem nele nada, se afunda
nas suas águas profundas
ondas ricas e fecundas
do Oceano Poesia."
Poema Sacana
E o leve toque das suas mãos sobre o meu corpo,
Causa-me arrepios...
Percebo que não tem mais jeito,
a minha instabilidade já está por um fio
É quase inevitável me entregar...
Mas se eu for...
não sei se saberia voltar!
Suas pernas se entrelaçam as minhas,
minhas mãos exploram sua anatomia,
sinto teu cheiro e a textura da sua pele macia
Tenho receio!
tenho medo de me entregar...
se me deixo levar em desejos,
não sei se saberia voltar!
O calor do meu corpo aquece o seu,
o calor do seu corpo incendeia o meu...
É fogo ardente em desejos a me queimar!
Pronto fui!
me deixei levar
agora que aqui estou
desejo nunca mais saber voltar.
Dance, dance, dance
Dança é arte, é terapia, é poesia...
Momento em que o corpo e alma se encontram
Dança sem corpo não existe, corpo sem alma não é dança
Não importa o ritmo... valsa, tango...
Dança é magia que transmite o sentimento puro
Dança é mais que paixão que surge no inverno e evapora no verão
Dance, dance na chuva ao som dos trovões sem receio de molhar-se
Dance como se ninguém pudesse vê-lo
Como se o céu fosse na terra e as estrelas holofotes do palco
Dance sem medo de errar o passo Simplesmente dance para expressar o que sente
Dance só ou acompanhado, mas seja inteiro e não pela metade
Embriague-se de dança, não para esquecer a vida, mas para lembrar que ela existe
Dance, dance, dance
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