Coleção pessoal de vitorap

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De novo, poemas

O ser volta a escrever,
A usar palavras como escravas
Enquanto lá fora, chuvas binarias
Traduzem a tristeza das águas.

Ah, como é reconfortante
Voltar a ser amante
Da donzela que exilei
Por não entender o quanto a amei.

Em meio a água e números,
Entre mulheres que criei,
Entre a solidão que optei,
E poemas absurdos,
Poesia, musa minha
Peço para usar o seu corpo
Mais uma vez.
(V.H.S.C.)

Apenas sonhando

Descanso a cabeça sobre o travesseiro
As pupilas já fatigadas tornam-se pesadas
A moleza toma conta do corpo
E finalmente fecho os olhos.
Repentinamente imagens aparecem
Em meio a escuridão
Rostos, ações, sorrisos, amigos, paixões
Assombram ao mesmo tempo em que confortam
Alguém que transformou tudo em passado.
São memórias? Pequenas lembranças?
Realmente não sei dizer,
Só sei que tudo parece tão doce
Até mesmo aquilo que deveria ser ruim
Devo sentir saudade? Ou remorso?
Orgulho? Ou vergonha?
Então aparece o carrossel
Meu momento de epifania
Onde traço sonhos dentro de um sonho
Não há sentido, nem o real, nem o tempo
Não há inícios e nem fins
É um carrossel de momentos.

Enfermo mundo

O sol escondido entre as nuvens

Demonstra a nostalgia da natureza

Pequenas pinceladas, fuligens

Sobre um céu negro, beleza.



O ar gélido toca a face

Dos leitores dessa grande anedota,

Construtores de prédios como disfarce

Para amenizar o sofrimento do planteta.



De lúpus sofre o corpo

O homem, patogênica célula

Destrói a natureza com tanta sutileza

E esquece o quanto depende dela.

(V.H.S.C.)

Apenas outras ideias

O ser humano em sociedade tem uma característica peculiar, ele consegue criar diferentes situações (produtos, sistema econômico, tecnologia, entre outro), e por algum motivo, uma vez criadas, a própria sociedade empresta as qualidades daquilo que ela inventou. Essa estranha mimética acompanha o homem desde sua origem, o que me leva a pensar, “o ser humano não conhece integralmente aquilo que descobre, inventa e produz, a ponto de no final das contas sofrer grandes mudanças sociais devido às características daquilo que criaram.” Se você leu até aqui e realmente entendeu essa ideia - que muitos considerarão absurda- observará que os exemplos a seguir conferem de certa obviedade, então os leia como complemento apenas.
O dinheiro, moeda de troca, ou como quiser chamá-lo, é um dos exemplos mais atuais. Você já parou para pensar em como o dinheiro foi tomando forma na sociedade, até chegar à concepção que temos hoje? Ele começou tão tímido, praticamente qualquer coisa era moeda de troca, não havia padrão e o acúmulo era incipiente. E não fazia muita diferença se o homem poderia, ou não trocar algo, não era realmente essencial. Surgiram as primeiras moedinhas, talhos tão simples de metais encontrados na natureza, mas que significavam um valor. E perceba que nesse momento o homem restringiu o poder de compra, passando de um universo maior de coisas para simples representações, tornando mais simples o acúmulo de simples moedas. Mas o ser humano é seletivo e passou a dar valores aos metais que eram a matéria prima de suas moedas, e assim surgiram moedas de valores diferentes (será que a moeda de cinco centavos é do mesmo material da de um real?). E o dinheiro foi tomando forma, no entanto, surgiu um obstáculo que não permitia o acúmulo (era pecado). Entenda uma coisa, tudo aquilo que o homem cria, ele pode alterar e/ou destruir, e quando duas criações se chocam por terem ideais diferentes, ou coisas do gênero, o ser humano pode simplesmente alterá-las, assim acumular dinheiro deixou de ser pecado e tornou-se sinônimo de prosperidade. A parti desse ponto fez-se de tudo para conseguir metais preciosos, ou dinheiro, a parte obscura da história do capital onde haverá mortes das mais diferentes civilizações. E o dinheiro passou a ser indispensável, e o homem tornou-se dependente dele. Nossa criação nos controla, e isso assusta. A seguir vem uma serie de fatos que desembocarão na modernidade, na qual ganhamos o adjetivo líquido (aqui tem muitos pensadores do século XX e XXI) primeiramente direcionado ao nosso dinheiro.
O ser humano, por vezes, não cria simples objetos, ele cria um universo inteiro de possibilidades do qual é impossível a compreensão do todo. Se você duvida disso, ligue o computador e acesse a internet, diferente da ideia de partículas em expansão que é o universo, ela é um condensado de bytes em expansão. Não condeno as invenções que cercam o nosso dia-a-dia, mas a maneira de como muitos se deixam influenciar por elas. “É pai acho que só no início eles sabiam o que faziam. Perdoe-nos é agora que eles não sabem o que fazem”.
(V.H.S.C.)

Agora um pouco de teoria, já estava na hora de analisar algo um pouco mais interessante que o meu pessimismo.
Apenas outras ideias
A evolução do pensamento. É inevitável pensar na reciprocidade entre o pensamento e a época vigente. O mais impressionante é como as ideias sobre o pensar mudam. Pense! Como deveria ser o conhecimento quando surgiram os primeiros Homo sapiens? Acredito que nesse cont
exto o raciocínio estava começando a ser desenvolvido, atribuindo a maior parte dos saberes aos nossos sentidos. Depois de coletado os primeiros conhecimentos (maior parte pelos sentidos através de resultados empíricos, seguido pelo raciocínio através das primeiras táticas), eles foram repassados geração a geração, definindo os primeiros traços de cultura, que tanto distinguem os povos hoje.
Isso explica, por exemplo, o porquê de certas civilizações apresentarem certo desenvolvimento em alguns campos científicos, enquanto outras nem tanto. E depois de anos e anos acumulando todo o tipo de conhecimento, o homem cometeu a maior metalinguagem de todos os tempos. O ser pensante começou a estudar o próprio pensamento. Foi nesse momento que realmente passamos a ter alguma história. Poderia citar um monte de filósofo, mas não é esse o objetivo, minha meta é que você, caro leitor, um ser resultado de inúmeras teorias e experiências perceba algo peculiar nessa evolução, de como percebemos o pensar.
Na era Clássica houve a preocupação no exercício do pensar resultando num dos conceitos mais estranhos (e na minha opinião difíceis de entender) que é a verdade. E assim, o pensamento tomou o objetivo de compreender as verdades. Essas “verdades” possibilitaram a dinamicidade do modo como pensamos. Nos primeiros momentos, algumas verdades foram contestadas, mitos e coisas semelhantes perderam as forças, e o ser humano passou a explicar as coisas como se houvessem verdades absolutas. Daí, passamos por um retrocesso chamado Idade das trevas, mas que logo foi compensado com o Renascimento para retomar as ideias sobre o pensar. E como o conhecimento tomou maior abrangência, percebeu-se logo que a ideia de Verdade era muito delicada. Deveria ser algo que além de universal, ausente de qualquer exceção, e até mesmo hoje é difícil achar um pensamento que se enquadre nesses parâmetros. Por fim, vieram os tempos modernos, e houve um pensador que introduziu a relatividade das coisas, e pensamento nunca mais foi o mesmo, muito menos as verdades.
Como consequência desses fatos, hoje é difícil generalizar sobre qualquer assunto, além da cautela de discuti-lo de acordo com a vertente em questão. Pergunto-me se os leitores dessa pequena ideia não se perguntem: Se no início queríamos saber de onde viemos, depois questionamos o pensar, logo em seguida as verdades, e agora a relatividade dos pontos de vistas, o que vem a seguir? Isso realmente é uma evolução que nos beneficia?
P.S.: Deixem suas respostas se acharem conveniente, e se algo pareceu estranho perguntem para que eu possa esclarecer.
(V.H.S.C.)

Vida
Esse poema não tem lógica
Não tem métrica nem rima
Não tem uma razão para ser
Ele apenas existe
É um resultado do todo
Não tem regras nem exceções
Uma vez escrito torna-se livre
Para ser o exatamente
O que deveria
Nas memorias daqueles
Que o leram
E não conseguiram compreender
A sua beleza.
(V.H.S.C.)

A tulipa que não cultivei

Conheci uma flor,
Com o mais belo sorriso,
Com o mais belo brilho,
Que recusei cultivar.
Doí vê-la sorrir,
E pensar que você
Pode gostar de um bruto como eu.
Doí quando você me olha
Quando você sorrir para mim
Quando você Faz questão
Em dizer tchau.
A tulipa, dona de minhas
Palavras nunca ditas,
Dos sentimentos não exteriorizados
Do amor que eu havia guardado.
Mas saiba
Sou apenas mais um homem
Covarde, com medo de abandonar
Mais uma vez, alguém que comecei a amar.
Se ao ler esses versos sentir raiva,
Te darei razão, sempre te darei razão
Afinal, acho que você
Simplesmente queria
Que eu a cultivasse.
(V.H.S.C.)

Uma vez perguntaram-me “por que”. E respondi por que era necessário. Precisamos das dificuldades para aprender a dar valor em algumas coisas. Para entender que somos apenas humanos, e que isso ao mesmo tempo em que nos limita, abre um abismo de possibilidades. Para aprendermos que nada é eterno e o tempo foi a mais bela ilusão do homem, pois a diferença entre o infinito e o efêmero pode estar em apenas poucos segundos. Enfim, para conhecer o peso de nossas palavras e ações, que ao longo do tempo escreveram a nossa história. Essa é a parte de uma resposta que só vivendo para conhecê-la. Por isso vivemos, para construirmos as respostas que definem quem somos. (V.H.S.C.)

Inversão

No início os adjetivos estavam em ordem

O homem era racional,

Os produtos eram etiquetados,

O dinheiro era líquido,

Então houve um "boom" tecnológico

E tudo ficou bagunçado

O homem foi etiquetado,

Os produtos tornaram-se líquidos,

O dinheiro passou a ser racional,

Enfim veio a modernidade

Que mudou mais uma vez

Os adjetivos entres os três

Agora o homem é líquido,

Os produtos são racionais,

E o dinheiro é etiquetado.

(V.H.S.C.)

O tempo
Veja a chuva que cai
Sobre o chão que parece
Não se importar.
O tempo para
As gotas congelam
Em meio ao ar
Então observo o infinito
Particular em cada ser
Sorrisos, lágrimas
Pensamentos e alucinações
Do mundo que parei
Apenas para conferir
Se ainda há beleza
No ato de existir.
Assim as gotas voltam a cair
E o chão volta a se molhar
E tudo se torna passado.
(V.H.S.C.)

A evolução do medo
No hospital
O choro quebrou o silêncio,
O início de uma nova vida
E dos seus medos.
Medo de começar a andar,
Medo do cão,
Medo do escuro,
Medo do bicho papão,
O tempo passa
Amadurecemos
Junto com nossos temores.
Medo de ser você,
Medo de não ter amigos,
Medo de reprovar na escola,
Medo de decepcionar que você ama,
Medo do “não”
Medo de não entender.
Então vem a primeira paixão
O sentimento que mais excita medo
Medo do primeiro beijo,
Medo de amar,
Medo de enlouquecer por uma pessoa,
Me do relacionamento acabar.
Vem a época doce da vida
E cesso o poema nessa parte
Sou ainda muito jovem
Para conhecer os medos
Que aparecerão a seguir
E encerro o poema com o último medo
Medo de não terminar
Com as palavras da vida
O poema que comecei.
(V.H.S.C.)

À minha personagem

Minha vontade
Converte-se em palavras
Para criar a minha personagem
E começar sua história.
Logo nas primeiras linhas,
Quando construo sua existência,
A criação nega o criador,
E não consigo continuar.
Eu não consigo ser o deus
Dessa alma que criei
Através de letras soltas
Que agrupei.
Por que me rejeitas?
Você é minha imagem,
Minha semelhança,
Mas desconheço seu fim.
Permita-me contar sua história,
Eu a tornarei imortal,
Minha personagem, não se esconda
Nas profundezas do subconsciente
Onde é tão doloroso procurar...

O que escreverei

Descreverei as guerras
Entre homens e sentimentos
Entre sentimentos e palavras
Entre palavras e momentos.
Usarei um pouco de poesia
Para tornar o leitor
Dono de palavras não ditas
De lágrimas não derramadas
De sentimentos não expressados
E do sorriso tímido e recatado,
Porque as melhores escolhas
Nem sempre são as corretas,
E o correto é algo subjetivo.

" O ruim em tomar um decisão não é a opção em si, e sim o conjunto de outros atos que surgem após a primeira escolha, um efeito dominó que pode ser parado a qualquer momento, mas infelizmente as peças que caíram não podem ser levantadas". (V.H.S.C.)

Minha matemática

No inicio era apenas uma adição,
Com o tempo exponencial,
Aprendeu a multiplicação,
Percebeu o capitalismo,
E inovou com a divisão
Que só ocorreria com a subtração,
Ficou triste em ver tantas equações
Sem soluções
Em um sistema impossível.
Fez da vida uma matriz
Para achar o determinante,
Aquilo que dava a razão
Entre o ser e o enumerar.
Percebeu ser vazio,
Ausente de qualquer elemento,
Então acreditou ser um numero imaginário,
E assim passou a ser uma solução,
Até o dia que conheceu
Uma equação do segundo grau
Que apresentou o seu conjugado,
Uma figura tão simples
Com apenas um sinal trocado,
E percebeu que quando juntos
Constituíam algo real.

"As linhas que separam o que eu fui, o que eu sou e o que eu serei são tão frágeis, que se apagam no passado, contornam o presentem e apenas esboçam o futuro." (V.H.S.C.)

"Aprendi a manter a distancia para não me envolver, para quando eu tiver de ir embora de novo não ter que dizer tchau, ou quando ver alguem partir não dizer adeus, se isso é certo ou não, foi o caminho que achei" (V.H.S.C.)

Além de mim

Sinta a leve brisa que sopra
Sobre a insanidade
O ultimo aspecto da minha humanidade
Que me deixa livre de qualquer prova.
Perceba aquilo que existe
Indiretamente em cada ser,
Já não é ruim ser triste,
Apenas se esforce para perceber.
Na maioria das vezes,
Vejo pessoas agirem inconscientes,
(Ou será minha loucura?)
Destruindo tudo que amam
Como se pudessem refazer.

"Acredito que a comunicação nasce da ausência do contato (não apenas corporal), resultando em tempos como esses, no qual todos se comunicam cada vez mais indiretamente, até o ponto que a lógica do diálogo se perca" V.H.S.C.

Apenas outras ideias

Hipocrisia?

Pessoas caminhando na calçada. Pessoas ricas, pobres, alguns bem sucedidos, outros nem tanto. São todos seres humanos, mas isso não significa que todos têm de ser bem sucedidos, ou que devam ter os mesmos padrões de vida. E mesmo com essas distinções em mente, quando olhamos para o lado e vemos alguém desafortunado sentimos uma náusea, de certo diferente, que muitos denominam solidariedade.
Hipocrisia. Se você não percebeu a tamanha hipocrisia no pensamento anterior, por favor, termine a leitura aqui. Quando escrevo hipocrisia, não estou dizendo que é algo bom, ou ruim. Mas você, por ter uma bagagem cultural totalmente direcionada (neste momento já deve ter alguém torcendo o nariz) adotou tal termo de maneira puramente pejorativa.
Do grego HYPOKHRINESTHAI que significa representar um papel, fingir. Uma bela palavra, que é tão útil em nossa época, pois o que fazemos senão representar? Você põe uma mochila na costa, e assim ganhou o papel de estudante. Sua esposa está grávida, logo você assumirá o papel de pai. E assim sucessivamente. Mas tudo o que foi explicitado é óbvio. O meu objetivo é fazer, Tu ó leitor que por algum motivo ainda está lendo, refletir: Podemos estar sempre representando? O que acontece com aqueles que não conseguem representar?
Eu poderia ser o mordomo que guiaria você em meio aos seus pensamentos mais profundos, e mostrar o animal que o subconsciente guarda. Um animal com instintos não muito diferentes dos outros animais, que busca nada mais que prazer, não digo no sentido de hedonistas, ou estoicos, ou qualquer outra escola filosófica composta por pessoas como eu e você, e que usam partes do nosso verdadeiro ego como teoria.
O ser humano é ambicioso, quando convém. O ser humano é egoísta, quando convém. O ser humano usufrui de outro ser humano para obter prazer, quando convém. O porquê “do quando convém” é o que realmente nos distingui dos outros animais ditos irracionais.
A história da nossa espécie é hipócrita (e peço que reavalie o significado dessa palavra), tivemos guerras que dizimaram nossos irmãos, tivemos períodos de paz, outros de pax, enfim, são acontecimentos que nunca deixaram de existir, pois são atávicos ao ser humano.
Está é a ultima pergunta e a mais importante, então preste atenção! Por quanto tempo ficaremos nos enganando, ou melhor, atuando? Já estamos vivendo o politicamente correto, e se eu fosse supor o que vem depois dessa fase, diria que viveremos momentos de caos.
(V.H.S.C.)