Poemas sobre o Silêncio
TEMPO DIFÍCIL?
É tempo de mais oração
tempo de mais silencio e meditação.
É tempo de mais amor e compreensão
tempo de mais clamor e menos repreensão.
ÔNUS
Tantas vezes, chorei, no infinito da emoção
Solto no silêncio áspero da pesada saudade
E em soluços os sonhos caíram na solidão
Tonto, vazio, e o pensamento pela metade
Sem ti, a alma voa num espaço de ilusão
A noite... atordoa sem a menor afinidade
E os dias me parecem não mais ter chão
A imensidão dobra para uma eternidade
Para cada verso da inspiração parda, dor
O meu universo cheio de pesar e de breu
E o coração já não mais trova com ardor
Tudo é rumor no ávido afeto que foi seu
Confesso... - que não mais está ao dispor!
Deste amor... - levo somente o que é meu...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 de março de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
NÃO CHORE O AMOR
Não chore nunca o amor perdido
No silêncio sombrio da sofreguidão
Deixai ir, à solta, o luto da emoção
Na dor de o afeto vão adormecido
E quando, à noite, o vazio, for valido
Abrolhai, no peito, a doce recordação
Pura, e feliz, das horas em comunhão
De outrora, e na história de ter vivido
Lembrai-vos dos enganosos, dos idos
Das sensações com haveres divididos
E das maquinas que te fez quiçá doer
E, ao considerar, então, a tua perca
Vereis, talvez, como é frágil a cerca
Da divisão. E que é possível esquecer!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/03/2020, 10’41” - Cerrado goiano
E então veio o silêncio
Eu pequei senhor
Eu nunca fui um bom filho,
Pequei em minhas palavras.
Pequei nas minhas estradas.
A minha cruz não carreguei.
Aos meu luxos me entreguei. . .
Engasguei com meu orgulho,
Apodreci com minha ganância.
Inclusive, sublime,
Tão forte foi meu egoísmo
Que eu tive sucesso absoluto,
Intocável. Minha arrogância me levou as alturas.
E então me abandonou. Lá, sozinho... Sem ninguém.
Até de ti me esqueci, até temor a ti perdi.
Ó senhor, perdoa-me
Por que eu não peço, eu não falo.
Enquanto nós falamos, não ouvimos. Somos surdos.
Eu sou ascensão em transição.
Cruzaria o silício, impecável e limpo.
Mas ninguém tem o meu testemunho.
Eu cresci. Eu vivi.
Eu me arrependo pra recomeçar
" FRAGA CRUA 🌹 ENTRE A SERRA"
Encontro um silêncio incompleto numa fraga
De musgo de tantas saídas sobre os labirintos no trilho
Ausência que se exibe solitária adormece num corpo exposto
Veredas no caminhando de fragas escorregadias na serra
Peregrino sem conseguir ver o mundo a mover
Compasso firme deste caminho estreito da serra
Diante de mim sozinha há um vínculo
Que me prende nesta subida que tento ser neste combate
Uma vencedora, mas não é pela morte que tanto me persiste
Sou como uma fraga nua e crua posso cair porque exijo demais
Emoções que descobrimos encontramos no sossego
Da alma ferida e sentida tem sede de amor, alegria, sorte, desejo
Pensamento que esqueceste e sentiste no afogamento das lágrimas
Procurando um sorriso sem tristeza ou dor feito em harmonia
Hei de escrever-te um poema na ardósia preta dourada
Seara de trigo entre a fraga
Hoje, a saudade de ti. Veio. Donde viera?
Dum vazio? Ou do silêncio que profetisa
Rima de dor. Ou do amor, quem me dera
Tua lembrança me veio como acre brisa
Vi-te primeiro o sorriso tal a primavera
Em flor. Depois me veio o que divisa
Tua alma da tua tão especial quimera
E de novo me encantei a graça concisa
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/03/2020 – Cerrado goiano
Eu sou o único!
Eu sou o filho rebelde em silêncio
Eu sou o...
unicamente nada
Alguém.
Farei vida,
Da noite pro dia.
Farei sorrisos de verdades absolutas
Tudo o que você sabe que vai ser desfeita
Levante-se e lute!
Lute por ti mesmo, soldado a rezar.
Brandir a lâmina para cortar as mentiras
Eu sou a luz!
Guiando você na noite mais escura.
Vivendo na sob a aura,
como uma sombra astuta.
👒"PROCURO-TE"
Procuro-te no silêncio das árvores
Procuro-te entre ramos dobrados
Procuro-te dentro de um lugar sem tempo
Procuro-te nas cinzas da lareira lá de casa
Procuro-te nos pedaços de lenha que sobraram
Procuro-te num sonho a arder numa tela
Procuro-te e decifro-te na solidão do verso
Procuro-te no céu invisível do pôr do sol
Procuro-te na desilusão por detrás do espelho
Procuro-te no vazio de um tempo incompleto
Procuro-te no luar da noite, no nosso quarto
Procuro-te e busco-te nas fragas do caminho
Pelos vidros da janela em cada nascer do sol
E não consigo encontrar-te
Procuro-te e busco-te nos seixos da rua
Nas brechas da porta nos grãos de areia
E não consigo encontrar-te
Procuro-te e busco-te no brilho das folhas à chuva
No nevoeiro estampado na serra nos espelhos do orvalho
E não consigo encontrar-te
Procuro-te e busco-te na tempestade dos ventos
Nas nuvens altas e azuis no escuro da noite
E não te encontro, mas tu revelas-te!
(...) Meu amor
Sorria,
O teu sorriso é o quebrar do silêncio,
Transforma o choro,
O lamento,
Num abraço,
Farto,
Sem precedentes,
Alma quente,
Calor,
Nos teus braços,
Teus abraços se encontram,
Carinho,
Nada mesquinho,
Doação,
Satisfação,
O prazer foi todo meu,
Em conhecê-la,
Ler-te,
Como um livro bom,
Daqueles que se relê em breve,
Sem pressa,
Com uma taça de vinho na mão,
Porque nada acontece em vão.
Quem se domina ruído não se conforma com o silêncio.
Não desfruta da doçura
Se consome de loucura
Havendo apenas a heresia
Apenas um leigo
Morrendo ao exceder do dia.
Mas não revolte ao pecado
Desapareça lúcido
Invés de amordaçado
Pois não há juízo
Ao contrário
Cada qual com sua parte de vigário.
ABANDONO (soneto)
Silêncio mudo, rente ao meu lado
Como uma melancolia a sussurrar
Há cem mil sensações a me olhar
E o pensamento vagando isolado
Tanto abraço desesperado, atado
Na imensidão do tempo sem lugar
E inspiração rútila a me abandonar
Todos os dias aqui no árido cerrado
É a solidão, cega, áspera e tão fria
E a nossa vida ficando mais breve
E as nossas mãos sem afável valia
A hora passa, e cobra a quem deve
São as horas que sentencia a poesia
O efêmero, tal a rapidez descreve...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de março de 2020 - Cerrado goiano
Meus pensamentos
A essa hora meus pensamentos voa,
E no silêncio da madrugada apenas ecos se pode ouvir...
Ecos barulhento e dispersos pelo vento,
Que me faz acreditar que seja um caos eterno.
Fica uma confusão em minha mente, como se houvesse uma grande multidão aqui, o incrível é que não há ninguém ali, muito menos aqui.
Há somente eu, apenas eu! Que no meio desse vazio se perdeu em pensamentos, e agora anda a espera de uma luz que conduz.
Conduz essa angustiante solidão. Conduz a não deixar esses pensamentos pairar em minha mente. Conduz a levar tudo isso para bem longe desse quebrantado coração.
Preciso mim ocupar, sair dessa vida fria, e refazer tudo o que está por um fio.
A hora do silêncio
precisamos nos calar
e pensar
com sabedoria
a melhor maneira de prosseguir
.....
aquela ocasião em que a discussão
não alimenta
a reclamação não resolve
a revolta não auxilia
.....
nessa hora
é o silêncio quem fala mais alto
é o silêncio que resguarda
o seu bem maior
.....
o bem que você não pode perder
sua paz
.....
quando sua paz estiver ameaçada
então
é preciso que pause
silencie sua mente
e só então prossiga
.....
é a hora do silêncio
Covid-19
"O Anjo da Morte"
Caiu a noite sobre o Mundo!
Dias vestidos de silêncio e solidão ...
O Anjo da Morte passeia pelas ruas;
invisivel, discreto, cauteloso;
predador astuto sem piedade.
E aonde vai?! O que deseja dos Homens?!
De onde os tira? Para onde os leva?! ...
Espalhou-se um vazio desolador ...
Caiu a noite sobre as ruas!
Há cadáveres no alto da madrugada ...
... abandonados ... sem familia.
Revemo-nos temerosos, perdidos, frágeis,
sem destino! Criaturas débeis!
Praças ... ruas ... cidades ... tudo suspenso ...
... em contratempo, num inesperado sopro de silêncio que veste a Humanidade de palavras
nunca ditas ou pensadas .
Porque a Morte espreita, sussura, gesticula
a cada esquina da vida teimando em separar-nos.
Então, põe os teus olhos na Cruz!
Sinaliza o umbral da tua casa para que o Anjo a não procure.
Abre os braços e abandona-te à verdade que um dia nos salvou.
Do Céu, descerá então uma Luz que fará brilhar o Dia sobre o Mundo , a vida renascerá e o Amor triunfará!
Em Évora no exílio de Casa
P.S./ Podemos perder tudo menos a Fé, a Esperança e a Caridade...
Nossa pequena cidade
Foi afetada com a pandemia
O silêncio dos palhaços
Estampou nossa Alegria
O vírus em cada Avenida
O aperto de mão agora
É um gesto de dor e agonia
Mortes em noticiários
Fome em casa de família
Falta do pão de todo dia
Lotações em hospitais públicos
Pais entrando em surto
Sociedade não respeita
O surdo e chama o
Cego de inútil
Nossa Bandeira manchada
De vergonha e dor
A escravidão terminou
Mas o preconceito só aumentou
Mais o tempo bom nascerá outra vez
Temos que acreditar em nossa nação
Existem pessoas boas
Com um bom coração
O amor tem uma porta aberta
O amor nascerá em plena primavera
O amor será arma contra pandemia
As crianças irão apertar nossa mão
Com harmônia e alegria
Espere por mim ainda
O dia não acabou apenas
É um recomeço vamos voltar
Em Janeiro e pensar Grande
Não briguem apenas ame.
Murilo Soares.
Quebrado
Noite obscura
Nada perdura
Além de sentimentos de amargura
Silêncio pairando
Tempo encurtando
Flores murchecendo e coração sangrando
Temperatura alta
Endorfinas baixas
Calafrios no corpo e dor na alma
Céu cinza
Espírito escuro
Na solidão encontra-se o refúgio
Humano súdito
Destino pútrido
Um oceano de pensamentos sujos
Noite estrelada
Criatura desalmada
Sonhos em pedaços e solitude acalorada
É no silêncio da madrugada que posso ouvir as batidas do meu coração, até posso sentir o fluxo de sangue nas minhas artérias, veias e vasos.
É na escuridão da madrugada que vejo o oculto e imaginável.
É na calmaria da madrugada onde minha mente mais trabalha, transformando sonhos em planos reais.
