28 poemas sobre a infância para reviver essa fase mágica da vida

"Nesse céu de nuvens escuras que não me amedronta, vejo, feito criança, o brilho de relâmpagos. Recordo eu-menino sentindo pingos de chuva, vendo-os com as mãos e ouvindo de repente, na imensa noite silente, um recorte de um trovão. Então, já adulto, estendo meus olhos e toco esse lugar de ponta a ponta. Contemplo, por horas, uma tela pintada de saudades."

(03/03/2014)

Inserida por poetacamaleao

⁠Minha alegria esteve na simplicidade da terra úmida, no vento desgovernado que interrompera a minha banda musical, no passageiro invisível que vinha sempre ao meu encontro. Quem me via muitas vezes sozinho, não sabia a alegria que eu dera através da imaginação. Eu sorria, falava, reclamava, agradecia, e como de costume abria a porta na entrada e na saída.

Aos queridos passageiros que um dia cessaram viagem comigo, vos agradeço por nunca terem me deixado brincar sozinho, por cada ensinamento que me foi passado no silêncio, por todo amor que recebi do que aparentemente não existia. Vocês me ensinaram a amar além da visão, a tocar a alma dos que vivem, a chorar as lágrimas que viam do coração.

Inserida por JuanVicthor

⁠PEQUENO CORPO INOCENTE

Rotina embaçada
Mente confusa
Presa num tempo imaginário
Passado e inexistente

Extraviada na época de olhos brilhosos
Reside lá, uma criança que brinca na luz cintilante de sonhos
Mas em razão da maldita razão
Declara guerra ao adulto, que reza para que ali,
Bem aí meio de seus tenebrosos desejos
More a estranha realidade

Ciente que não passa de uma alucinação ignorante
Descartando tudo que é certo e justo
Em troca, uma fábula barata
Contempla múltiplos
Criados pela ingenuidade armada
Sabotagem própria
E mira certeira no seu devido pé

Feições e obrigações de um ser trajado de responsável
Ações e crenças de um ser trajado de imaginação
Disputa diária de coração e mente
Tudo dentro de um pequeno corpo inocente

Inserida por sasabs

⁠Algo que está se tornando muito difícil atualmente: receber uma resposta "atravessada" nas redes sociais e deixar quieto.
O impulso primeiro é retrucar com a mesma hostilidade.
Depois argumentar fortemente.
E então finalizar colocando o "mal-educado" em seu devido lugar.
Esta é a nossa primeira vontade e é o que praticamente a grande maioria faz.
Por isso esse campo de guerra nas redes.
Falta de respeito, imaturidade, prepotência, orgulho, vaidade são algumas das causas de tantas discussões.
E de muito ódio também, infelizmente. Ódio este que tantas e tantas vezes já vimos se materializar em brigas físicas, em ataques sangrentos e onde pessoas chegam às vias de fato por causa de divergências políticas, esportivas, raciais ou territoriais.
São pequenas guerras que, junto a tantas outras pequenas guerras, transformam o cotidiano do mundo num grande, estéril e exaustivo campo de batalha, produzindo toxidade e combustível para mais e maiores confrontos.
Diz Emmanuel que "a guerra é o monstro de mil faces que começa no egoísmo de cada um."
Nada mais verdadeiro.
Pontos de vista todos possuem.
E se queremos respeito para com os nossos, é imprescindível que respeitemos os pontos de vista alheios também.
Mas para isso necessário se torna que o egoísmo, que a imaturidade, que a impulsividade e, principalmente, que o orgulho sejam domados à custa de esforço próprio.
Amadurecer é ceder, é recuar, é desculpar, é compreender e aceitar.
Mergulhado em uma eterna infância, o ser humano prossegue fazendo birra, chorando, gritando e exigindo que sua vontade seja satisfeita.
O resultado aí está.
(Instituto André Luiz)

Inserida por LoriDamm

Perdoe-me pelo descuido com a sua saúde,
Por desperdiçar a sua juventude,
Por lhe tornar um homem rude
Perdoe-me por permitir tornar seus pesadelos reais,
Por abandonar seus ideais,
Por ter crescido e me tornado um adulto como os demais!

Inserida por donyaugusto

A PARTIDA DA MENINAZINHA

A menina só

caminha pela cidade bela.

E a cidade

ri e zomba

da menina velha.

Os olhos tristes

da meninazinha têm vida.

Romperão ciclos sistêmicos de desamor

sobrevivendo à presença esquecida.

A perspicácia do olhar,

camuflada em azul do céu noturno,

vai furar o cerco que a aprisiona ali.

A menina não sonha

apenas cria outras realidades para existir.

Ignora príncipe encantado.

Prefere se armar com palavras para fugir.

Levará consigo uma bomba de melancolia

que, quem sabe um dia,

explodirá em poesia.⁠

Inserida por PalavraMotriz

⁠Saudades
Eu sinto falta do tempo que viver era tão simples. Infelizmente já faz muito tempo que eu me sentia assim. Um tempo em que não havia preocupações, angústias, ou ansiedades. Uma época em que a maior preocupação eram as notas escolares.
Naqueles dias eu brincava contente com outras crianças, sim, já fazem alguns anos, este tempo foi na minha infância. Apesar de que bem me lembro, que mesmo nestes dias os pesadelos já me assolavam.
Eu já tinha pesadelos, e um medo enorme quando a noite chegava. Talvez eu tenha sido, desde criança, alguém problemática.
É por este motivo que eu não acredito que vou conseguir sair vencedora desta luta que estou travando. Pois faz muito tempo que estou nesta arena, sem resultados positivos.
Lembro de uma pergunta que eu fiz para a minha mãe, eu tinha 6 anos de idade, e estava com muito medo da morte. Perguntei para ela como as pessoas morriam. Ela me respondeu que as pessoas deixavam de respirar. Isto me deixou em pânico, comecei a controlar a minha respiração para não morrer.
Demorou algum tempo para que eu entendesse que a morte era muito mais complexa do que simplesmente parar de respirar. Infelizmente o medo de, passou a ser o desejo ( anseio) de. Extremos sempre😭...

Inserida por Karina1002

Uma Carta aos Pais e Adultos:
Em vez de fazer julgamentos de valor sobre o desempenho individual, precisamos entender o potencial de cada indivíduo. Minha infância foi passada em uma caixa de bolhas sem os meios estratégicos para ser um cidadão global. Qual é o prognóstico para esta infância: um adulto vulnerável, higiênico, patológico, medroso, inseguro, sensível, ansioso, em pânico e tímido?
Os adultos não seriam mais tolerantes com todos os nossos desejos de contribuir para uma sociedade hedonista protegendo nossos filhos da adversidade, dizendo o que eles dizem por meio de elogios falsos e não ensinando as consequências do mundo real?

Inserida por cesarpinheiro

Pipa amarela

Era uma vez um menino
Que era muito sonhador
Trocaria a sua pipa
Seu brinquedo favorito
Por um cargo de doutor

O menino então cresceu
Teve o sonho realizado
Tornou-se executivo
Profissional respeitado

Mas um dia aquele homem
Sentiu no peito uma dor
Ao abrir sua janela
Viu pairando no horizonte
Seu brinquedo favorito
Era uma pipa amarela

Era uma vez um homem
Que era muito sonhador
Trocaria seu destino
Pelos tempos de menino

Inserida por MarcoARCoura

SABIÁ-LARANJEIRA

Quão belas são as lembranças
Lá dos tempos de criança...

Sendo um bom homem do campo
Meu pai tinha antigos pios.
E tal como a brincar
Ficávamos a imitar
Dos pássaros, os assobios.

Qual era a nossa emoção
Quando os pássaros nos ouviam!
E, então, retribuíam
Com uma linda canção!

E ontem, ao entardecer,
Sem querer voltei no tempo...
Ouvi um doce assobio
Vindo de uma paineira.
E mal pude acreditar
Lá estava a cantarolar
Um sabiá-laranjeira.

Revivendo meu passado
Eu ouvi, maravilhado,
Seu impecável assobio.

Desta vez fiquei calado
E com os olhos marejados
Eu não dei sequer um pio.

Inserida por MarcoARCoura

⁠Quando criança, imaginamos um universo de possibilidades, diversos porquês, profissões que pareciam ser super reais (como ser super heróis, por exemplo.), criamos fantasias falsas sobre a vida e acreditamos em contos de fadas. Uma vez que você tem uma expectativa sobre a vida, quando se cai na realidade, costumamos ficar presos no que chamo de "sentença", você fica aborrecido, amargo e cai na vida real onde tudo é totalmente diferente do que nos foi acreditado antes.
A criança perdida em meio a um turbilhão de emoções, sentimentos e pensamentos se encontra fora de si perante a nova pessoa que se encontra.
Nossos sonhos perdidos, nossos desejos abandonados e os contos de fadas, hoje se encontram em colapso.

Inserida por IsabellyGuimaraes

⁠Guarde bem toda lembrança
Da fase da meninada
O tempo que foi criança
De se preocupar com nada
A infância nos conduz
É mais rápida que a luz
Mas fica eternizada

Inserida por RomuloBourbon

⁠Hoje eu fui até a bodega do Sr. Nogueira
E chegando próximo ao balcão
Avistei uma baladeira, uma lamparina e um pião
Que me fez perceber quão inesquecível é uma infância no sertão

Meus olhos brilharam ao ver a bomboniere
Que girava e girava trazendo felicidade e doçura
Aí meu Deus que gostosura!
É a infância no sertão

Voltei para casa num pé só
Correndo pelas estradas
Parando só para apreciar a boiada que passava

Neste sertão já fiz de tudo
Subi em árvore, pulei cerca, fiz fogueira
E de vez em quando as brincadeiras deixavam uma cicatriz
Mesmo assim eu fui feliz no sertão que fiz morada

Comer a fruta tirada direto no "pé"
Tomar leite ordenhado na hora
Tomar banho de rio e ir de carroça para escola
Não há como esquecer.
Ficará para sempre em meu coração os momentos que eu vivi morando lá no sertão!

Inserida por wesley_bruno

⁠Pois é
já tive monaretta
sou do tempo que briga era treta
já fui em mattineê
já fui jovem como você
andava de Barra Forte
cruzava a cidade de sul à norte
joguei pelada
brinquei na enxurrada
andava descalço
brincava no mato
já tive pintinho e
porquinho da índia
já almocei na vizinha
roubava fruta
laranja manga
nunca usei drogas
sou de uma época
que isso era prosa
colhi mamona
vendi jornal
não fui engraxate
mas fiz todo tipo de mascate
sou orgulhoso
não me envergonho de nada
a vida não era fácil
era um empreendimento da pesada
já usei boca-sino
já fui menino
não fui coroinha algum dia quem sabe
mas minha mãe queria
que um dia eu fosse padre.

Inserida por jodejau

⁠Inveja

A idade adulta me trouxe a dor de cotovelo.
As crianças são o meu alvo. Morro de inveja delas.

Inserida por ademiro_alves

⁠A sociedade

A sociedade exerce um poder
Como um lobo faminto
Tão rígido ao ponto de estraçalhar
Tão severo ao punir

Corpos ocos
Mentes sombrias
Infância dolorosa e fria
De quem só queria sonhar

Inserida por Gabrielaportugal


Nicole, Minha Luz Brilhante

Você é um raio de luz

Seu sorriso brilha tanto que faz tudo parecer certo

Você traz alegria para aqueles ao seu redor, com cada palavra que você diz

Você torna o mundo um melhor lugar

Você é a única que adoro

Você ilumina minha vida, como nunca antes

Você é uma menina tão verdadeira

Embora estejamos longe, eu sempre estarei ao seu lado, apoiando-a por completo

Você é um coração tão puro

Sua bondade não conhece limites, é um fascínio sem fim

Você me levanta quando estou triste, com seu jeito gentil

Quando o mundo fica difícil, e a estrada é difícil

Você sempre é suficiente

Com você ao meu lado, podemos conquistar tudo

Nicole, oh Nicole, nunca cairemos

Nicole, oh Nicole, eu vou te amar para sempre

Você é uma estrela brilhante, que sempre irei adorar.

Inserida por francisco_dantas

⁠Bolinha de gude

Encanto de crianças
Na roda do ganha e perde
A vida se desenvolvia
Tempo de alegria
Eram de vidro,
Desejadas, e disputadas
Algumas coloridas
Em cada jogada uma batalha vivida
Às vezes, motivos de brigas
Brigas entre futuros homens
Que no exercício do jogo
Aprendiam a defenderem sem medo, o que sentiam no coração
E cresciam descobrindo que na vida
Ganhando ou perdendo, todos somos iguais
E no final da brincadeira, amigos sem rancor
Infância intensa, feliz, e cheia de amor
E linda demais...

Inserida por wilerjaeder

Quando pequenos queremos ser grandes,
Pôs não sabemos o peso da responsabilidade,
E quando grande queremos voltar ser pequenos,
Pôs sabemos o quão leve é não termos responsabilidade.

Inserida por G11MasterBR

⁠Século De Mãos

Cada criança que nasce é um tumúlo,
Que se abre no útero da sepultura,
Da consciência intra-uterina da alma humana.

Nascer é ser parte do fatídico da vida.
Viver é provar que a degradação não é congênita.

Ó caminhos da existência sobre a vereda da morte!
Ah, mãos da minha infância!
Da infância que ainda hoje sou.
Da adolescência que não tive.

Mãos que sustentam outras mãos.
Ah! – Deus! Deus! Deus!
Por que ainda fecunda-nos com mãos infantis?
Mutilações, substituições! – E sempre novas mãos!

E quanto a mim, que sou outra criança?
Então é uma criança a cuidar da outra?
Deus! – Há na terra um pacto de mãos.

As mãos infantis ardem!
O dramaturgo da vida é Deus.
Minhas mãos estão cansadas de tanto rezar! Abro-as!
Renego a tudo – Aos gritos!

– Mãos oriundas da criação do orgulho a dois.
Progenitores de séculos de mãos!
Não, eu não preciso de mãos para me proteger.
Talvez precisasse de Deus...

Mas cadê Deus? Onde está Deus?
As desgraças sempre foram distribuídas entre as mãos humanas.
Eu estou sozinho e o evangelho sumiu.

Inserida por AugustoGalia