O Poeta e o Passarinho
Poeta,
Só tu és poeta, Senhor meu!
Plagio-te na tua imensidão
com que me inspira
e a que me aspiro.
Mas só tu tens o original.
Nem todos conseguem alcançar o que o poeta escreve, porque vem de dentro de um amor tão profundo e puro que o profano, de muitos humanos, ignora-o, não o compreende e jamais o sente. Pois o amor é o sagrado em sentimentos que cada um - e poucos - consegue carregar em si. Se eu tivesse o dom de escrever, escreveria em mil letras soltas de emoção, o que de amor por ti pousa em meu coração. Mas não sei escrever, embora sinta o que os poetas descrevem. E é desse amor sagrado que construo o meu relicário de palavras vivas como marcas de um poema inusitado.
Choveeer...lembrei..você era o poeta que perfumava as poesias que fazia pra mim no jardim do amor...
Seus poemas até hoje é meu alimento saudável.
Tu ês o jardim que me nutri.
O poente
O poente estava perfeito.
Nos dizeres de um poeta:
"bonito e trágico como tudo que é verdadeiro".
Tinha ele razão. Era tamanha a boniteza daquele instante,
e tão trágico o entardecer,
que durara muito pouco,
mas se estendeu o bastante para banhar os corpos na areia de algo sagrado
que eu não saberia dizer.
Talvez encontremos algum sentido nas grandes narrativas das religiões,
ou talvez não;
mas naquela tarde, naquele pôr de sol dourado,
naquele ínfimo instante,
nada, absolutamente nada,
necessitasse de um sentido
nem de eternidade,
bastar-me-ia estar na areia úmida,
ébrio da luz plácida e crepuscular que me convidava contemplar a finitude.
Alma de poeta*
Tantos passaram, quantos virão
Estão, observam, sentem
O viver entre céu e chão
Transbordam esse sentir
Em palavras, versos
Alguns entendidos; outros, não
Ah, a alma do poeta
Incansável buscador
Dos mistérios do homem, da vida
Seus olhos? Atentos a dizer
Das desventuras, da dor; das alegrias, do amor
Penetram mundos desconhecidos
Mesmo por quem os detém
E então exploram os sentidos
Faz-lhes ver, sentir, ir além
Ó, alma de poeta
Que vieste fazer por aqui?
Viver, sentir, a vida, tudo, à toda
Espalhar teus versos por aí
* Versos escritos em passagem ao Café Tortoni, em Buenos Aires, em homenagem aos inúmeros poetas e poetisas que frequentaram e frequentam o lugar desde os idos de 1800.
Não há mais de voltar...
Vento frio soprou...
Firmamento abriu...
Sob lágrimas do céu...
O poeta partiu...
Vontade do Supremo se fez...
Infinitamente...
Sempre...
Mais uma vez...
Anjos entoam cânticos alegres...
Uma nova estrela no firmamento a despontar...
Mas, para nós que aqui ficamos...
Sobrou pranto a rolar...
É difícil suportar...
A despedida de quem nunca mais voltará...
No contar das horas em que não mais estará...
Ficam as lembranças de quem muito soube amar...
O tempo passa...
E no vazio do peito...
Quando o silêncio muito diz...
Compreendemos que foi feliz...
Partiu amando...como quiz...
Sandro Paschoal Nogueira
Todo Homem Apaixonado
Ou se torna Poeta ou Romântico.
Uns Escrevem o Sentimento.
Outros agem com Emoção.
Ser poeta, é se condenar a própria prisão, é viver se machucando na ferida que jamais sarou. É alimentar-se da fome, é hidratar-se da sede, é tentar enxergar alegria, onde só existiu a dor. Ser poeta é reinventar aquilo que sempre existiu, e que ninguém nunca pensou.
