Coleção pessoal de giovanimiguez

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⁠ter coragem
para integrar-se
à paisagem

⁠dentro de mim, um vazio
que foi ninho; hoje, é
só frio

⁠na dor, verborragia
tentando conter alguma
poesia.

⁠deixa o dia correr
mesmo que o destino
seja fenecer

⁠sorte pode ser morte
vento, contratempo…


invisibilidade —
quem mora nas ruas
tem superpoderes

morador de rua
não precisa de celular
ninguém vai ligar

não era bicho
era nossa gente
revirando lixo

mente aberta
militar não limita
liberta

HISTÓRIA
a poesia
é o instante.
o poema,
a memória.
eu, poeta,
só conto a história.

PIOR
vento
de ventilador?
luz
de lamparina?
alivio
de aspirina?
melhor
sentir calor?
viver sem cor?
morrer de dor?
não, é pior...
bem pior!

NADA
nada
no teu olhar
nada
no teu mar
nada
se não te amar
nada
se não apagar
nada
simplesmente
nada
simples
nada
mente
nada

SORTE
não é sorte, é Deus —
dizem os mais crentes.
mas, e os outros,
os que não são poucos,
mas que não têm sorte,
nem são ateus,
mas não são brindados
com o olhar desse tal
Deus dos que dizem
não ser sorte.

⁠Manancial
a água da colina
desce pura.
nem tudo que toca
é ternura.
nem tudo que nela cai
a deixa impura.

⁠Intenção
no poema
há uma intenção,
nem sempre do poeta
do verso,
mas daquele que versou
o universo.
a poesia, essa religião,
quando acerta,
é oração.

⁠Choro em segredo,
pois minha tristeza é tímida.

⁠Imaginei uma outra história,
um outro relacionamento.
Entre nós, entretanto, nada além de fúria,
de indiferença e distanciamento.
Você é prosa. Eu, poesia.
Para você a realidade é dura.
Para mim, pura magia.
Você quer ternura. Eu, tortura.

⁠Ele não acreditava nas ilusões
que o tempo provocava.
Em seu ceticismo, ignorava
a força das atuações
que pelo real transitavam.

⁠Era enorme a pedra do caminho.
Sobre ela, sentei e relaxei.
Naquele raro instante, sozinho,
me entreguei.

⁠Na periferia,
o braço do Estado oprime,
mas faz acreditar que reprime
o cidadão que caminha
carregando sua melanina
sem cometer um único crime.

Felicidade —
nem sempre plenitude.
Às vezes, ilusão.

A verdade é percurso.
A fé, o caminhar.

uma vez tocada pela poesia,
uma alma nunca mais volta ao mesmo tamanho.