Nao Gosto do que Vejo
Minha Natureza
Te vejo enigmática e surpreendente, com a mesma intensidade de cores da aurora boreal,
Te admiro com os mesmos olhares e desejos de poder tocar no arco-íris provocado por uma bela e refrescante chuva fina de uma cachoeira,
Te vejo passar como a corrente de um rio forte e puro cortando a natureza,
Te sinto como o vento soprando trazendo os cheiros das rosas, o frescor das brisas das manhãs e dos entardecer,
Te vejo, te sinto, te respiro, te quero, você é minha natureza.
Me ajuda!
Te vejo nos sonhos,
te vejo na cama,
te vejo nas madrugadas ao luar,
te vejo em qualquer lugar que os meus olhos pensantes possam alcançar,
me ajuda a formatar minha mente,
eu não quero pirar.
Qual motivo?
Eu vejo você,
eu sinto você,
eu amo você,
Me responda:
Por que você ainda não está aqui?
LÁ TEJO
Queria ter um lampejo
Te emprestar o que eu vejo
Sonho de mãe pelo Tejo
Nas correntes meu desejo
Nesse corpo em desapego
Rumo ao mar e ao sossego.
A nossa visão sobre o outro é baseado em filtros mentais pré-concebidos, só podemos mudar algo que temos consciência que existe.
SUSPIROS (soneto)
Um pesar tão mais saudoso, assim não vejo!
Um vazio no silêncio, barulhento, sem pudor
De tão é a infelicidade, que terebrante é a dor
Que vagar algum pode ofuscar o tal lampejo
Dias rastejam, noites em romarias no andor
Da angústia, que enfileiradas num cortejo
Levam preciosos instantes, pra num despejo
Jogá-los ao luar, sem quer um pejo, amor
Ah! Que bom seria, eu ter qualquer traquejo
No dom da oração, e me ouvisse o Criador
Através do meu olhar, rogando por ensejo
Essa saudade tão mais triste, ainda é clamor!
Inda estão nos versos que no poetar eu adejo
Tentando recreio, para os suspiros transpor
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Julho de 2016
Cerrado goiano
Quando eu tiro uma fotografia não vejo apenas uma imagem. Vejo a alma, a sensibilidade, a transparência. Vejo a verdade, a sinceridade, a vida. É como se eu capturasse momentos profundos, de autenticidade e de beleza em cada clique. Cada fotografia tem milhares de pixels, mas quantos deles conseguimos realmente ver? Como se pudesse sentir o que aquela fotografia tem a nos dizer, sem precisar de palavras.
Fotografia digital
Acordei
Já pensando em você
E já faz tempo que não lhe vejo
Não restou nenhuma foto
Mais ainda guardo
Em minha memória
Cada pedacinho de te
Como fotografia em um álbum digital
Que não perde
A cor!
O brilho!
O papel!
Muito menos o amor.
Há quem veja na tristeza um combustível poético. Mas eu não vejo assim. Sou escravo da fascinação e minhas letras são o fruto perfeito de tudo que me encanta!
Não vejo problema algum em estar sozinho com minhas convicções. Só tomo cuidado para que elas não me envaideçam!
Severino Pinto cantando com Lourival se auto-elogia:
No lugar que Pinto canta
Não vejo quem o confunda
O rio da poesia
O meu pensamento inunda
Terça, quarta, quinta e sexta
Sábado, domingo e segunda.
Lourival prontamente responde:
Sábado, domingo e segunda
Terça-feira, quarta e quinta
Na sexta não me faltando
A tela, pincel e tinta
Pinto, pintando o que eu pinto
Eu pinto o que Pinto pinta!
Não gosto de persuadir e sim prefiro conquistar. Porque amor que termina é sempre aquele que exigiu luta anterior!
TORMENTO NO SONETO
O fado, comigo, não teve deleite
Tem um gosto agridoce meu dia
Devoluto, e sem lisonja fugidia
Na ventura me sinto um enjeite
Lembranças, só são de nostalgia
Um poetar desnudo, sem enfeite
Inspiração desmaiada como leite
E a lágrima de tão pouca alegria
As doces palavras sem onde deite
O ânimo com nuance sem ousadia
O coração desprezado, quem aceite
E mesmo, num tal tormento, quereria
Um olhar de afogo, sorriso que afeite
Onde minha sorte, pudesse ter alforria
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano
