Coleção pessoal de alfredo_bochi_brum
TEMPOS LOBUNOS
Talvez o caminho em que se pisa
Foram rastros de quem hoje precisa
Contar e ouvir as coisas da vida
Carinho e amor são brasas vivas
Mantém o calor a quem já está cinza!
TROPEADA TERRENA
A noite fria esquenta o pensamento
Todo dia já se vai mais um tento
Se “apocando” as franjas do tirador
Riscado dos lanhaços que levou
Santo fogo que acorda a madrugada
Nos estalos da brasa ensolarada
Avança a sina sobre a escuridão
Em luz que brota da força das mãos
Ritual diário nem sempre compreendido
Mais um mate, tirado de ouvido
Fazendo orquestra com a natureza
Pra ajustar as notas dessa beleza
Que é camperear nesse pago terreno
Sem o temor de repontar os erros
Pro vagaroso tronco da paciência
Sagrada lida, dosada experiência
Que alguma virtude passe por mim
Nessa tropeada que nunca tem fim!
ALMA ESPIRITUOSA
Em silenciosa Fonte
Um verbo que Alguém conte
Fez Luz no horizonte
Terreno pra ser ponte
Vida pra ser usada
Firmeza na jornada
Em construção da escada
À Divina escalada!
BONS VENTOS
Quem semeia temperança
Mesmo em meio ao vendaval
Distribui muita esperança
Apesar do temporal
Sem esperar a bonança
Afastando-se do mal.
FUMAÇA BRANCA
Mal colocado no armário
Não te esqueçam Jorge Mário
Lá se vão histórias tantas
Por trás de fumaças brancas
Em decisão vespertina
Incendiaram a Sistina
Queira esse “novo” calor
“Ascender” com mais fervor
Fé praticada em ações
Tocando assim corações
Usando assim suas garras
Numa luta que não para
Reforçando ali, sem medo
Nessa “Estância” de São Pedro
Seja eterna a busca audaz
Sem vaidades: pela Paz. Alfredo Bochi Brum
TEMPORAL
Tempestade é mesmo passageira
Arrasa tanto, chega a calar
Terra molhada é a mensageira
Um novo horizonte a te chamar
Tira os escombros da bandalheira
Usa teu ombro pra consolar
Sorrir onde não há brincadeira
Firme fé da bonança alcançar!
MELHOR COMPANHIA
Em algum momento do destino
Duvidar ter um só caminho
Uma paisagem a florescer
E assim, mesmo sem perceber
Deixar tudo fluir natural
Não creditar retorno anormal
Confiar em tudo que te animas
Mudança em boa companhia
Pois não haverá nada mais puro
Que estar em ti o Porto Seguro.
MINORI
A simplicidade habita aqui
Em uma Costa bem povoada
Plantações perto de Deus eu vi
Pro mar, toda casa é uma sacada
Minori, um nome a te vestir
Mas é tua grandeza incontestada
Abraça o Tirreno e o porvir
Assim a ti te basta e mais nada.
DIA DE SANTOS
Santo ou não, aqui meu pranto
Lágrimas que são saudade
Que irrigam o que planto
No exemplo eternidade
É lembrança em cada canto
Eis a lei da humanidade
Ampulheta vai gastando
Esperando a Divindade
Vir cobrir-me com meu manto!
SEM ALARDE
Do manancial do silêncio brotam valores que não combinam com alardes senão cuidado, irrigam a evolução e te faz o discreto gigante merecedor da colheita que alimenta a dignificação da alma.
ALQUIMIA DE NAUFRÁGIO
Numa alquimia sem bruxo
Altas ondas suportou
Mesmo náufrago, sem susto
Desespero afastou
Entre o fluxo e o refluxo
Tanta coisa que passou
Foi bem forte o repuxo
Algo em si muito mudou
Hercúleo esforço sem ter luxo
Novo porto ancorou.
FUTURO DO PRESENTE
Dia de re”União” é um dia diferente
Mesmo ao insensível que acha que não sente
Segue ao caminho da Luz, da Grande Vertente
Que Auxilia a despir os fantasmas da gente
Pra não ser visita é preciso estar presente
Nesse bom combate que é uma peleia ingente
No tilintar de espadas contra si somente
Exército de homem só, segue insistente
Chispas e nacos saltados do aço quente
Vão falquejando no cuera uma nova mente
Batalha dura: que o ocaso seja decente!
BRADO
Aqui onde impera o agito
O barulho estanca a poesia
Afinal qual é o bom ritmo?
Só os cobres têm serventia?
Então ouso dar um apito
Quase um gesto de valentia
Nessa pantomima de gritos
Em tom sereno a maestria
Visitar o silêncio insisto
Pra ouvir tua própria harmonia!
DESBASTE
Uma certeza anunciada
Independente da moda
Passarela dolorida
Que a tesoura esteja afiada
Pra agilizar essa poda
Da tal árvore da vida
Quando não restar mais nada
Pra fazer girar a roda
Seja suave tua partida
Que não seja prolongada
Ao que aqui já não se amolda
Noutro plano segue a sina
Com a alma acomodada
Pelo exemplo que empolga
Aos que seguem nessa lida!
DESAPERTO
Não sabe como dizer ou explicar
Quais são os equilíbrios das importâncias
Um misto de pertencer e libertar
Que afrouxa o aperto que contém a distância
Desejo incontido só o bem invocar
E manter a paz em qualquer circunstância.
HIPERBÓLICA
Em muito foi realeza
Histórico de glórias
Méritos com certeza
Em firme trajetória
Na razão a destreza
Não se apagam memórias
Que a emoção pôs à mesa
Singela e hiperbólica
Desponta com firmeza
Jamais será escória
Verdadeira riqueza
Em suas ações simplórias.
OUTRO PLANO
As lágrimas são inevitáveis
Nesse miserável corpo humano
São muitos erros imponderáveis
Vários pecados de um profano
Mas são verdades inseparáveis
Mesmo a quem se julga em outro plano!
CATIVEIRO
Aquela flor nunca chegou
E nem se sabe o paradeiro
Perfumada jamais flagrou
Algum retorno ao forasteiro
Que com ardor lhe enviou
Ficando a esmo em cativeiro.
COISAS VÃS
Mas são tantas coisas vãs
Muitos nadas te escravizam
E te lançam em divãs
Poucas chagas amenizam
Que jamais sejas um fã
De rumos que te hostilizam!