Janela
Quando cheguei do trabalho o corpo clamava pelo sossego da casa vazia.
Os ombros espremidos feitos limões depois de um dia inteiro vivenciado no antes e depois. Nunca agora.
O agora pertence ao reino das pessoas bem resolvidas, do presente selvagem, da ausência de dores e dúvidas. Por isso tal lugar me é tão fantasioso e desconhecido. Estou sempre presa entre dois tempos. Meus limões e eu.
E a silenciosa ordem da casa vazia era a única coisa de que precisava para que o dia terminasse afinal. Não haveria ninguém me esperando, não precisaria contar como foi o dia, o que fiz. Tudo estaria no exato lugar que a mão desatenta deixou pela manhã.
Estaria… do Pretérito mais que perfeito condicional.
Condição em que eu teria encontrado a casa se tivesse deixado a bendita janela fechada.
Mas a mão (aquela mesma descuidada que nunca repara o que está fazendo) abriu a janela antes de sair e foi embora despreocupada como só as mãos sabem ser. Nem pensou em olhar a tempestade que se anunciava desde cedo no horizonte.
Suspeito, na verdade, que exista uma relação profunda entre mão e vento. É o que percebo toda vez que minha mão esgueira para janela aberta do carro quando ninguém está olhando. Estende-se para o vento que corre livremente do lado de fora, finge que voa enquanto o ar se espreme entre suas partes sempre tão guardadas por anéis.
Em todo caso, a mão não estava lá quando o vento entrou enfurecido procurando por ela. Raivoso brandiu com força papéis para todos os cantos, derrubou aquele vaso feio que ficava sobre a mesa, o único que aceitou receber a estranha planta que eu nunca sabia se estava viva ou morta. Agora entre os cacos de vidro no chão não restava dúvida: morta.
Os papéis que permaneceram sobre a mesa molhados pela água do vaso, o restante espalhado no chão.
As cortinas caídas sobre o sofá como se cansadas de lutar contra o vento e tivessem simplesmente desistido. Ficaram observando enquanto o caos reinava na casa.
Nada naquele lugar lembrava a paz que eu buscava quando entrei.
A mão primeiramente cobriu os olhos com mais força do que o necessário, foi se agarrando a cada osso do rosto até se prostrar entre os dente a espera de ser castigada. Respirei fundo e a coloquei em seu devido lugar ao lado do corpo.
Caminhei entre vidros, cortinas, papéis e flores que já estavam mortas muito antes do vento chegar.
No meio da sala olhei para as mãos descuidadas e famintas por vento. E por um instante me senti bem em meio ao caos. Não sabia por onde começar a arrumação e, sinceramente, não havia qualquer pressa para isso.
Soltei o peso dos ombros que pela primeira vez eram nada além de ossos, músculo e pele. Fiz um azedo suco com o saco de limões que carregava e bebi inteiro, sem açúcar.
E ali, cercada pelo silencio caótico que se estende após a tempestade não havia nenhum outro lugar em que eu pudesse estar. Só o famigerado momento presente e eu em meio a sala. Sós.
A lua é uma gata branca,
mansa,
que descansa entre as nuvens.
O sol é um leão sedento,
mulambento,
que ruge na minha rua.
Eu sou uma menina bela,
na janela,
de um olhar sempre à procura.
Sérgio Capparelli
Somos todos nega-maluca na janela
Somos nega maluca olhando apenas pros defeitos dos outros nos esquecendo de que de lá de onde vem o do outro são também os meus. Inertes em nossas moradas pessoais só prestamos atenção ao que queremos, ao que nos interessa ou oque nos dá lucro. Não viu as ultimas noticias das tragédias cotidianas? Lincharam uma pobre pessoa que tinha distúrbios bipolar só por parecer com uma que nem era verdade! Era apenas um retrato falado, imaginário. Mas porque fizeram isso? Os grandes protagonistas de grandes tragédias e que castram nossos direitos e usurpam e deturpam nossas vidas estão por ai à solta, nas elites, em Brasília, na câmara, em palácios e prefeituras e nós não apedrejamos eles! Não apedrejamos. Oque é que está acontecendo com esse povo que pensa em fazer justiça, mas com ele mesmo injustamente. Pobres nega-maluca em nossas janelas de moradias que nem há temos só a habitamos por um período curto onde nem a pele nos é da dada em propriedade definitiva. Que a Paz esteja sempre em sua mente, ou; quem sabe em seu coração.
Natureza...De Onde Tiro as Minhas Lições!
Prendi a respiração.
Observei o dente-de-leão...
Senti sua leveza!
Aprendi a sua lição.
Quando quiser que a esperança,
se aproxime de mim,
eu com certeza irei fazer assim:
"abre as janelas e deixa
a esperança entrar na tua
casa trazida pelo vento da tarde"
Vou abrir a minha janela...
E deixar a sementinha
da sua esperança,
me invadir!
JANELA JÁ NELE
Por onde eu te vejo
São olhos de desejos
Que no alto
dum terceiro andar
Paixão já é tanta
Que nem se sabe
pr'onde a vírgula
Foi
Par,ar
da janela observo
a borboleta amarela
voar singela no entorno da flor.
a vida, às vezes, pode ser suave e bela
como um simples olhar da janela.
Ficar um pouco na janela no final da noite faz parte de um hábito que tenho ao longo de anos.
Talvez eu seja o homem na janela.
Um dos poucos do planeta, conscientes deste hábito, e parte de milhões de pessoas que fazem isso, de forma inconsciente, às vezes.
SIM! Às vezes a gente vai para a janela de forma inconsciente e não programada, algumas vezes ao telefone, outras vezes enquanto mastiga algo ou para observar um barulho, apenas.
Da janela à noite, gosto de observas as luzes dos prédios e dos carros que passam. Vejo as folhas que balançam com o vento e quando chove, um novo campo de observação se abre, os pingos da chuva, a água que escorre pelas beiradas das calçadas fazendo rastros.
Da janela eu posso imaginar o que as pessoas estão fazendo em seus infinitos particulares e a minha imaginação flui.
Penso nas pessoas que estão comemorando algo ou simplesmente cumprindo a sua rotina.
A janela, muitas vezes, me tira de pensamentos de problemas reais que estejam perturbando o presente.
Salve as janelas!
Jamais deveremos fechar a janela de nosso coração para o amor...
Sempre teremos a oportunidade de deixá-lo entrar...
JANELA ABERTA PARA O AMOR
Marcial Salaverry
É importante à janela de nossa vida
darmos a atenção devida,
e bem saber controlar
nessa questão de amar...
Devemos abri-la para uma boa recordação,
que nos faz bem ao coração,
e para o que de bom nos sucedeu,
fechando-a para o que de triste aconteceu,
ou que poderá acontecer,
se nos for entristecer...
Assim, janela aberta para o amor,
e sempre fechada para a dor...
É o melhor caminho para a felicidade,
fugindo de uma triste saudade...
