Exílio
EXÍLIO TRISTONHO
Lourdes Duarte
Sempre há um amanhã na confusa vida terrena
Alguém parte, ou se vai, sem o canto de adeus
A saudade e a esperança de um reencontro
Alimente a alma, de quem destroçado ficou.
Se tens que partir olha-me- ás um instante.
Deixa-me ser feliz mais uma vez, meu amor.
Foram dias contigo, que desejei não ter fim,
Para longe de mim partirás, meu querubim.
Deixa-me sentir o teu cheiro mais uma vez,
Inebriar-me nos teus braços e abraços,
Sei que a passos cansados caminharei
Longe de ti, até que nos encontre outra vez.
Do fundo do exílio tristonho e saudoso
Gritarei teu nome e lembrarei teu sorriso
Em busca da felicidade irei seguindo
Esperando o dia do nosso reencontro.
O silêncio é como o exílio, a sombria
noite escura que não tarda chegar, é a
clausura que nos provoca o espanto, e a
reflexão, dialogando com a solidão da alma.
Às vezes,buscamos exílio na
nossa própria companhia,
para nos livrarmos do caos
que vive alimentando as
nossas tormentas.
EXILIO
Um dia, talvez, sentirei o amor.
De forma única, ao anoitecer.
De riso fácil, terei seu calor,
Talvez, o seu eterno prazer.
Mas, o que se faz é dor.
Pranto que nasce às estrelas.
Que escorre em atos de ardor,
... Deste exílio insano das profundezas.
A vida acontece aqui, no nada,
totalmente sem muitas flores.
Brindam angústias inusitadas,
como autênticos e maus desertores.
Não sabem da vontade que tenho,
num lugar de carinhos e união.
Esquecem que me fiz em meio
a doçuras enormes de paixão.
Exílio
Preferiria ser exilado deste mundo vil
Que é cruel em não amar
E nem deixar se viverem bons sonhos
Preferiria que minhas palavras
Não ecoassem em vão e no vão morressem
Por falta de um ouvir sincero
Preferiria ficar sem insistir
Em provar que certo estou de mim
Que certo é o dom de amar sem fim
Preferiria então, exilar-me da vida sem ter que voltar e ver.
Que não se importam com o tom da paz e do céu azul.
TÉDIO
Viveis em um mundo tão tedioso
Que a dor alheia, te alegra
Alegria embrulhada de exílio
Cego ao teu próprio ver
Te incomoda com o que não é teu
Faz, agora, parte de tua obrigação
Espalhar ódio de graça
Prisioneiro da tua própria infantilidade
Que te faz acreditar digno
De julgar o que não lhe convém
Só não percebe a desgraça
Que é essa tua solidão
Em que o caçador sempre foi a caça
Como numa corrida de gato e rato imaginaria
Lá, o único competidor
É tu
Quem sofre é só consequência
Da amargura escondida
Teu ego
Faz eco
Numa eternidade tediosa
E um ciclo sem fim
Que apenas bate e volta
E te consome em pedaços
E se sente impotente demais
Para pedir socorro
Em que a única solução que te resta
É tornar a desgraça rotina
E tomar controle de mentes fracas como a sua
Descontar aquilo que não sabes explicar
Que se alimenta de uma parte tua todos os dias
Porém, teus olhos já não mais veem
Sua sabotagem diária
Que te faz crer em uma fábula de constante poder
O tédio vira rei
E tu
Mero caçador
Exílio Nublado
O lençol me afaga a pele
Suave, mas é traiçoeiro
Ele me cura a angústia
Mas é na cura que ele me fere
E eu me levanto ao avesso
Triste, mas com esperança
De evitar o pedregulho
Que já me causou o tropeço
E eu insisto nas erratas
Ingênuo, mas já sabendo
Que o caminho que percorro
Já tem minhas pegadas
E eu não estou sozinho
Isto é, fora eu mesmo
E eu tento me abraçar
Mas eu sou só espinhos
Olá, exílio
Em ti procuro auxílio
Estou de malas prontas
Como sempre, segurando as pontas
Me mostre culturas, monumentos, países
E que se dane as minhas nostálgicas raízes.
Zelensky era um palhaço que virou presidente da Ucrânia, quando oferecido exílio, decidiu ficar e lutar como um líder. Em caso de guerra, Bolsonaro será o primeiro a fugir. Mais trouxa do que ele são as pessoas que se deixam ser manipuladas.
Fantoche
No embaraço falho
que conduz o exílio ao fracasso
pelas vozes que envolvem o ser descabido
perturbando a doce consciência suja
que se encharca de álcool
no aguardo de desatar os nós
sem arrebentar a fita
melodia e lágrimas banham a face
alcançando os pés
convertendo os passos
em aplausos desolados
o fantoche no palco
abriga uma alma ignorada!
Exilado, não exílio
Minha terra não tem palmeiras
Muito menos sabiá,
Aves não cantam por aqui
E nem por lá.
Não céu não tem estrelas,
No quintal só tem queimadas,
Os bosques hoje são prédios,
E a vida um desastre.
Durante o dia,
Que se faz quarenta graus,
Não há prazer há desfrutar,
Já que sombra de palmeiras não há.
Minha terra não tem nem mato,
Foi tudo desmatado,
O ar não é fresco,
O local é árido.
Não me vou em terra bonita,
Pois na minha terra não tem palmeiras,
Muito menos sabiá.
Preferia conhecer o Brasil,
Com fauna e flora viva,
Que um dia foi colonial.
Exílio da amargura
Há um peso nas pessoas que arrastam o próprio céu para o chão,
um cinza constante que cobre qualquer raio de sol,
não importa o quanto ele brilhe,
não importa a beleza do dia.
São aquelas almas que amarram as mãos da alegria,
que bloqueiam a porta do riso e a trancam por dentro,
sempre com olhos vazios e palavras pesadas,
que destilam o azedo sobre tudo que tocam.
Como é cansativo estar perto de quem nunca vê a flor
e se perde nas pedras, nas sombras, nos galhos secos,
quem respira o mundo com desdém e despeito,
e transforma cada instante em um lamento.
Há uma exaustão em suportar o eterno suspiro de quem se sente vazio,
de quem planta desgraças e colhe ingratidão,
de quem rejeita a leveza como se fosse uma afronta
e abraça a escuridão como velha amiga.
Eu me afasto, pois há um limite para o peso que se pode carregar
quando a alma quer leveza e se recusa a afundar.
Prefiro voar longe dos que se recusam a ver o céu
e me exilar na paz de uma mente aberta,
onde a vida se reflete sem filtros amargos,
e o belo encontra, enfim, espaço para existir.
EXÍLIO
Quando você começar a compreender e aceitar sua companhia.
Quando você entender que não há mal algum em estar contido em sua solidão.
E quando você se locupletar, aceitando que o que importa antes de estar bem com o outro, é estar bem consigo.
Isso é solitude.
Lenitivo à alma.
O Avulso de Si Mesmo
Há um tipo de exílio que não se faz com fronteiras, mas com espelhos, um tipo de desenraizamento que não ocorre no espaço, mas na alma. O avulso de si mesmo é aquele que, embora habite seu corpo, não mora em sua identidade. Vive como quem assiste à própria vida pela fresta de uma janela, incapaz de cruzar o umbral entre o que é e o que poderia ser.
Neste ser que se desenlaça de si, há um silêncio antigo, como o das bibliotecas abandonadas, onde as palavras não encontram leitores e os significados jazem órfãos de intenção. O avulso de si não é apenas o desajustado, é o desencontrado, não com o mundo, mas com o próprio eixo interno. Sua existência é um poema sem sujeito, uma frase que começa, mas não sabe como se conjugar.
Talvez o avulso seja o herdeiro contemporâneo de Narciso, não mais encantado com a própria imagem, mas cindido por ela. Não se afoga no reflexo, mas naufraga na ausência de reflexo autêntico. Vê-se no espelho e não se reconhece, porque entre o rosto e a essência há agora um abismo escavado por expectativas alheias, performances sociais, simulacros de felicidade.
Ser avulso de si é carregar uma espécie de anemia ontológica. Os dias passam, mas não se enraízam. As decisões são tomadas, mas não se pertencem. Tudo é transitório, inclusive o próprio eu. Vive-se, mas não se habita o verbo viver.
A filosofia existencial nos advertiu que o homem é um projeto, e não uma substância. Sartre nos sussurra que estamos condenados à liberdade, e que o eu não é dado, mas tecido. No entanto, o avulso não é o que não teceu o eu, é o que, ao tecê-lo, perdeu o fio.
Nietzsche falava do eterno retorno como prova da afirmação da vida, mas o avulso de si não suportaria o eterno retorno, pois retornar ao que nunca foi plenamente vivido seria um suplício maior que a morte.
Ser avulso de si é, em última instância, ser órfão do próprio nome. Não no sentido nominal, mas ontológico. Um nome que não reverbera, que não ecoa dentro. Um nome escrito na capa de um livro cuja história nunca foi escrita.
Talvez, no fundo, todo avulso sonhe com a reintegração, com o instante raro em que o pensamento coincide com o gesto, a emoção com o olhar, o silêncio com o significado. Um instante em que o tempo deixa de ser sucessão e torna-se presença.
Enquanto isso não ocorre, resta-lhe o vago, o quase, o entre. Resta-lhe a condição poética e trágica de ser um inquilino do próprio abismo, um ser que caminha por dentro de si como quem atravessa ruínas à procura de uma porta que ainda não foi construída.
E no fundo, talvez, o avulso de si mesmo seja o mais humano dos humanos, pois carrega em si não a resposta, mas a pergunta intacta, e há mais verdade na pergunta que sangra do que na resposta que estanca.
Filósofo Nilo Deyson Monteiro
O exílio mais árduo não é o da terra natal, mas o de si mesmo — quando a alma se esquece do caminho de volta ao coração.
Palavras: Exilio dos Poetas -
Quando da Pátria que somos,
nunca fomos, despatriados,
exilados no silêncio das Palavras,
Palavras nunca ditas mas escritas, sentidas,
vivemos na renúncia de famílias sem voz ...
E por lá, distante das raizes que nunca fomos,
até a rima das palavras nos engole nesse exílio!
E as gentes, grades ambulantes que nos cercam!
E fico só, porque só eu fico, só eu me resto,
só eu me vejo!
