Coleção pessoal de Hermes0828

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Sombra presente⁠

A sombra tornou-se minha porta-voz
Aquela que fala por nós
E que aqui dentro ocupou um território extenso
Dando-me certeza de onde pertenço.

Nômade com certeza absoluta
Mas com um fraco pelo que assusta
E que vagueando pelo solo de folhas mortas
Entendeu ser fruto de manipulativas cordas.

Amante da noite luxuriosa
Com desejo por momentos quentes que não tem volta
E com o vento gelado socando a minha cara
Percebi que felicidade sempre é rara.

O peso do mundo nunca é suportável
A alegria? Inalcançável
E quando Deus parece ser menos bondoso
O fruto proibido se torna mais saboroso.

Símbolo de rebeldia
A noite que derrota o dia
E que doce como o pecado
Diz que às vezes prazeroso é ser errado.

É que o belo nascer do Sol ao fundo
Que faz esquecer de quanto aqui é imundo
Pinta o céu de laranja as seis
E então, a falsa esperança se fez.

Honesto mesmo é o entardecer
Afinal quando as trevas dentro de mim começam a crescer
Vem a tona os crimes que eu
Jurei nunca, em hipótese alguma, cometer.

⁠Há muito tempo, em minha ignorância, eu disse algo sobre como as pessoas se prendem a religião para evitar a simplicidade e a monotonia da vida. Estava enganado. A vida jamais será simples.
A realidade é que as pessoas se prendem a religião, pois precisam das respostas para as suas incontáveis perguntas.

⁠De vez em quando


É um efeito colateral
A morte salivando como se eu fosse seu prato principal
As sombras chamam meu nome
Meu outro lado está com fome.

Mentiu quem disse que ele havia morrido
Meu lado poético só estava adormecido
Às vezes deixo ele passear
Um minuto longe do cárcere para respirar.

Logo ele dormirá
Mas antes, no papel, ele rabiscará
Irá descrever todas as confusões dentro do meu ser
Vai ser assim até o dia que cada célula do meu corpo apodrecer.

⁠ESCRAVO DO AMOR


Anda logo, me solta
Lá vem outra reviravolta
Preciso ter cautela
Minha vida é uma dramática novela.


Uma bagunça, uma zorra
Me sinto trancado numa masmorra
Eu que sou filho legítimo da anarquia
Ser escravo nunca aceitaria.


Não sou Romeu
Mas muita lágrima escorre e já escorreu
Pois ninguém conhece o amor como eu
Se em ti ele não arde, ele já ardeu.

⁠(O primeiro poema)


Nascido com a raiva
Criado pela ira
Envolvido com o ódio
Então assim
Fui construído pela dor
Sim, é ele
Aquele que não teme
Mas medo não tem?
Tens medo de perder o nada?

⁠Olá, exílio
Em ti procuro auxílio
Estou de malas prontas
Como sempre, segurando as pontas
Me mostre culturas, monumentos, países
E que se dane as minhas nostálgicas raízes.

⁠Foi desperdício
A vida é um hospício
A minha dor é alimento
Para esse mundo tão nojento.

É refeição de primeira
Para o mundo que me botou uma coleira
Sou apenas um animal de estimação
Implorando para fazer outra refeição.

Andando em círculo
Fazendo da tristeza o meu veículo
Respirando com esforço
Visto que nesse chão, eu só me contorço.

⁠(EXECUTOR)

O Sol vai se pôr
Mas a culpa estará nos ombros do executor
Pois a notícia é fresca
E a morte vive na lâmina da figura vilanesca.

A arma dos reis infernais
Dada a um homem que há muito tempo perdeu os seus ideais
Agora vive possuído pelo dever de ser o carrasco
Não sentindo a dor alheia para não ser um fiasco
Tornando-se um homem que Deus jamais abençoaria
Escondendo sua dor em prol da vilania.

⁠(O DESTINO)

Observo um elevado monte
Estampando o horizonte
No topo há uma profetisa
Que nas costas carrega os caminhos que o destino frisa

Se eu soubesse o que a previsão acusaria
Jamais teria falado com a mãe da profecia
Nunca teria escalado
Se soubesse que o destino não pode ser domado

Não pintarei esse quadro
Então que fique inacabado
O fim está determinado
Pois a dor virá em um cavalo alado.

⁠(MINHA PRETA)

A areia vai caindo na ampulheta
Só quero te ver novamente, minha preta
Pois você é a parte interessante da minha história
É a prata, o ouro e a minha glória

Hoje um cara tocou nossa música no vagão
E te vi perfeitamente do som que saiu daquele violão
Lembrei como teu olhar petrifica como Medusa
Afinal você é a minha grande musa

Nosso fim não precisa ser trágico
Pode continuar sendo um suspiro mágico
Pois nessa minha declaração, em cada trecho
Não posso escolher lágrimas para construir nosso desfecho.

De: Caio Gabriel A Herc
Para: G

⁠Se o preço da sanidade é o cansaço e a tristeza, eu prefiro que a minha mente seja a morada da loucura.

⁠As madrugadas costumavam dizer que o final seria cinza e solitário. Elas estavam cobertas de razão.

⁠(27)

Senhor coveiro
Abracei a queda do despenhadeiro
Fiz isso pelo tom dramático
Mas não chore quando eu estiver gelado como o ártico

Pegue a sua velha pá
Abra um buraco no chão e nele deixe-me habitar
Pois assim como o meu vô e assim como a minha vó
Vivi em carne e fui embora como pó

Transforme minha história em um conto
Ou em um poema sem vírgula e sem ponto
Porém nunca esqueça de comover o leitor
Jamais esqueça de comover o leitor

(O SEU AMOR)

O pai da mentira te aplaude
Teu amor não passa de uma fraude
Isso me machuca, mas em seu dedo não colocarei um anel
Pois acreditar no seu amor é como acreditar em papai Noel.

⁠(PERFUME)


A um passo do penhasco
Levei seu perfume em um frasco
Se um dia você me largar
Os anjos virão me buscar

Pois lá
É mais fácil de suportar
A falta que faz
Não ter seu perfume para acalmar.

⁠(TODO MUNDO CHORA)

O sorriso vou adiar
Hoje é permitido pôr os olhos para lacrimejar
Hoje é tolerado
Serei um palhaço triste e não engraçado

Hoje o sofrimento é querido
E desse pecado serei absolvido
Hoje não vou para a guilhotina
Hoje a minha dor não fica atrás da cortina

Foi escolhida, não precisa de eleição
A tristeza tomará a posição
É que hoje preciso descarregar
As dores do passado que há muito tempo estão a me sufocar.

⁠(A MORTE)

Vingativa como Hera,
Que acendam uma vela.
Monarca ou plebeu,
Ela visitará e não importa se você é saudável ou adoeceu.

Ela faz o que der na telha.
Para ninguém se ajoelha.
A uma deusa se assemelha.

Visita bandido e artista,
Milionário e modelo capa de revista.
Ela também vai te dar um oi,
Pois não importa quem você é ou quem você foi.

Não deixe que sua liberdade seja roubada,
Meu camarada.
A liberdade é seu bem mais precioso,
Ela é a virtude do vitorioso.

Muitos podem desacreditar,
Apesar disso nunca pense em se curvar.
Escute o meu sermão
E se alguém te rejeita, jamais implore por atenção.


As minhas palavras são dinamites.
Hoje te ataco para ficarmos quites.
Hoje te convido para o combate
E não aceitarei derrota ou empate.

Hoje o oprimido derrota o opressor.
Hoje quem foi agredido será o agressor,
Pois quem foi chamado de fraco se enfureceu.
Hoje derrubarei as estátuas dos reis que um dia o homem enalteceu.

⁠Com uma frieza imensa
Revelaram a minha sentença.
Fui acusado de bruxaria,
Pois para eles é crime a liberdade e a autonomia.