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"CUIDADO COM AS MÁS COMPANHIAS! ..."
CRÔNICA
Quis saber o seu nome, mas, ele gosta de ser chamado de “Carioca” então,não insisti. É mineiro de coração; aportou na capital mineira em 2003, vindo da "Cidade Maravilhosa". Conheceu Ilca uma linda mulher! que lhe deu guarida, no Bairro São Gabriel, Região Nordeste da Cidade, e conviveu com ela um ano e quatro meses; apartaram os pertences e seguiram seus destinos; ela ficou por lá e ele veio para o Céu Azul; onde caiu na graça de Eliete, viveram muitos anos felizes; mas logo ficou viúvo. Estabeleceu-se como administrador do Shopping Lixão - que funciona dia e noite à céu aberto, e constitui-se de objetos dos mais variados seguimentos, ganhados dos moradores da redondeza que ainda podem ser reaproveitados; revende e doa, faz qualquer negócio - na Rua Alvarenga Campos com a Jornalista Margarida Maciel.
Nunca mais voltou ao Rio, e não tem tanta saudade de lá. Fez muitos amigos por aqui - que faz questão de chamá-los de “camaradas”. Adora Minas Gerais: se deu bem demais da conta: com o povo, o clima a culinária e o lugar... "Posso voltar a minha terra a passeio, um dia, se tiver um bom dinheiro" - disse. Tem vergonha de voltar pior do que saiu.
Ainda há uns tios e irmãos em sua cidade de origem; mas nenhuma forma de contato manteve com eles nestes anos todos vivendo distante. Não faz questão disso. O Dionatas, seu filho de dezesseis anos, mora com a mãe no Bairro Gira Sol.
Deixou seu torrão natal depois que perdera seus amados pais: Dona Maria José Nilda da Silva e Seu Walteir José Felipe; a partir de lá para cá, Carioca passou a viver uma vida sem muito apego com as coisas materiais. É bastante solidário. Sempre compartilha com as pessoas alguma coisa que ganha; até eu já ganhei uma blusa de frio do Carioca.
A rua é o seu lar, e o céu é o seu teto; atualmente mora no 'cafofo' do quase xará Cremilson, que arrumou um lugarzinho que o abriga. Já caminhando para o meio século de vida jura de pés juntos que nunca usou drogas; apesar de conviver com usuários dessas substâncias alucinógenas, vinte e quatro horas.
Mas a cachaça é sagrada para ele. "Esse produto me deixa mais calmo; é o único vício que tenho".Confessa. Mas,surtou várias vezes.
Carioca não é de brigas, “sou da paz” não se cansa de bater nessa tecla. Mas sempre aparece alguma encrenca; como não é de correr atoa e, gosta das coisas corretas, acaba se envolvendo em alguma confusão. E vai resolvendo as questões como pode, na medida que vão surgindo; mas somente quando alguém o “ataca” como gosta de dizer. A última confusão que se envolveu foi com o Baiano a pouco menos de um mês; mas nada que uma peça de 8 não resolva. Machucou bastante o companheiro de bebidas,e não deu o golpe de misericórdia porque atendeu ao pedido do Cal,um de seus camaradas mais chegados; graças a Deus todos passam bem! Não guardaram máguas ou rancores, um do outro, e já estão conversando novamente e bebendo uns goles de “1113” ou, outras bebidas que apareçam.
Carioca salvou muitas pessoas na região onde vive: de facadas de tiros,engasgos,... afogamentos. Simão,Van Damme,Ronaldo, Josias... E bichos: como Gambás, pássaros... cães. Outro dia ele passou na minha rua com um sapo na gaiola - que havia livrado das pedradas e pauladas, de pessoas sem coração, quando se alimentava de mariposas que caíam ao chão, da lâmpada de um poste.
Nosso personagem principal conta com quase dois metros de altura e a única peça de roupa que ostenta no corpo é uma bermuda. Faça sol, chuva ou frio... Não veste uma camisa por nada nesse mundo. Um de seus admiradores o Gugu, achou bonito o modo de vida do Carioca; quis imitá-lo e se deu mal (apesar dos avisos contrários àquela decisão): começou a andar sem a camisa também, para baixo e para cima, lá ia ele. Experimentou morar na rua. Isso foi em Maio de um ano qualquer,que resolvera inventar isso.Não demorou muito teve que ser hospitalizado às pressas e ficou quinze dias internado - foi diagnosticado uma pneumonia aguda. Após a alta hospitalar desistiu do intento. E voltou pro conforto familiar.
Em São Gonçalo - Marambaia – RJ; ainda adolescente, Carioca saiu com seus coleguinhas: Ronaldo e Fernando (o Gabu) e cometeu seu primeiro ilícito: roubaram o galo de Seu Manoel – um ex-colega de farda de seu pai no Exército Brasileiro.
Carioca animou com aquilo e já prestes a sair novamente para mais “um corre” – um roubo...Dessa vez sabe-se lá o quê!
José Felipe seu pai, sabendo de tudo, deixara um recado com a esposa Dona Maria, que precisava conversar seriamente com o garoto Carioca. Que ao saber, prontamente se apresentou ao pai em seu escritório que ficava num quartinho nos fundos da residência de treze cômodos da família.
O velho era de pouca prosa com os filhos - com os de fora não. E nada passava despercebidamente naquela casa; a honestidade imperava debaixo daquele teto sob seu domínio. Seu walteir não admitia em hipótese alguma, coisas erradas. Carregava consigo a disciplina militar.
Com a sabedoria de um verdadeiro patriarca,não precisou bater, não adjetivou o seu filho de ladrão( ali diante dele de cabeça baixa pensando no pior); e nem sequer rememorou o fato ocorrido.
Simplesmente disse ao menino Carioca; quando batera na porta do seu escritório e disse: - pronto papai,à suas ordens!... Sentado em sua escrivaninha deu as ordens: - sabe o Tutti, seu galo de estimação? - a ave xodó do Carioca; pegou ainda pintinho para criá-lo,e tinha uma afetividade imensa com aquele ente querido; era só estalar os dedos e o bichinho vinha correndo ao seu encontro, de onde estivesse. - Pega ele pra mim agora!... Disse o pai.
- Sim senhor! Com muita dó pegou o galo e o entregou. Seu Walteir o devolveu em seguida.
- Agora leve-o ao Seu Manoel!...
Aí a fixa do Carioca caiu naquele momento!: Ia pagar o galo que havia roubado com os amiguinhos, com juros e correções monetárias.
Ao entregar o Tutti, com o coração partido, aquele bicho que ele mais amava; ouviu da boca de Seu Manoel a frase que mais marcou a sua vida e não saiu mais da sua mente: “ Cuidado com as más companhias!...”. Somente isto e nada mais.
A lição do pai, aliada as palavras de Seu Manoel, ainda estão fresquinhas na memória do Carioca até hoje. E por causa disso ele não mais colocou suas mãos no 'patrimônio alheio'. - Mesmo com toda a necessidade que têm passado.
(30.01.18)
MEU CÃOZINHO COR DE FUMAÇA
CRÔNICA
Desde cedo tomei gosto pelas cassadas, naquela época não era proibido isso; em São Raimundo do Doca Bezerra Jesiel,meu irmão mais velho, me levou para “faxear” pela primeira vez; – uma estratégia que consiste em se fazer uma picada na floresta, removendo-se as folhagens usando para isso os ramos das árvores; e, à noite, munido com uma lanterna emparelhada à perna, piscando-a, alternadamente,faz-se muitas idas e vindas - num sentido e noutro do trilho. Até se deparar com animais silvestres tentando atravessar o caminho.
Onde são interceptados e abatidos com tiros de espingardas de variados calibres. Onde meu irmão colocava o pé eu também fazia o mesmo – a lanterna era uma só, para nós dois;se acabasse a carga teríamos de fazermos uma fogueira e esperar o dia raiar. Naquela noite não tivemos sucesso e não levamos o pretendido alimento - a caça - para casa.
Mas as caçadas com os cães,eram mais interessantes e divertidas. E, numa destas, capturamos um filhote de cachorro-do-mato,segundo os colegas mais experientes. Não os deixei matá-lo: levamos para criá-lo em casa. Cor de cinza, ele; o bichinho era uma fofura só! Um xodó da gente.Tinha uma energia!....uma vontade de viver!....e, crescia que era uma beleza. A princípio só tomava leite na mamadeira, mas com o tempo começou a comer de tudo. Era vivedor. Até seu reinado desmoronar de vez; já grandinho ‘mostrou as unhas’ e a que veio: as galinhas começaram a sumir do terreiro e ele fora flagrado matando e entrando em casa com uma delas na boca. Aí o mundo desabou por cima dele e de mim: papai com um porrete na mão e sem um ‘pingo’ sequer de misericórdia, o seguiu; verbalizando: “Nunca criei uma raposa na minha vida e não será esta que vou criar-la no meu barraco”. Fiquei a chorar pelos cantos inconsolavelmente!...com o encantamento daquela pobre alma. Mas ele tinha toda a razão, em termos do bichinho ser mesmo uma raposa. Era a própria!
(14.02.18)
A CONVERSÃO DE JAMIL VIEIRA
CRÔNICA
A conversão desse obreiro se deu no início dos anos 1980. No período áureo da extração de ouro em Redenção no Estado do Pará. Jamil, juntamente com o irmão, Francisco Vieira Filho (Vieirinha), na companhia do pai, Francisco Vieira Sobrinho (Seu Vieira) como era conhecido; deixaram Campos Belos e foram se aventurar naquele garimpo.
Por lá, não demorou muito o pai de Jamil, o tio Vieira, já havia garantido, cinco quilogramas de ouro puro. Mas logo também, esbanjou todas as cifras monetárias proveniente da venda desse minério precioso, com mulheres e bebidas.
Seu irmão, o Vieirinha sofrera um trágico e fatal acidente...
Jamil contraiu febre amarela naquele Estado, e o seu quadro clínico piorava a cada dia; votando a sua cidade de origem, foi internado às pressas na Casa de Saúde em Campos Belos - GO.
“O culto hoje vai ser maravilhoso porque Jesus vai derramar do seu poder...!” – pensei o dia inteiro nesse fragmento de um hino da Harpa Cristã.
E fora mesmo: naquele dia houve pregação genuína, renovos espirituais e salvação de almas...
Depois do término do culto, estando eu com uma condução disponível, convidei a tia Lídia a fazermos uma visita ao Jamil seu filho. Ela de imediato aceitou o convite, e lá fomos nós... Levar também a saúde espiritual para aquela vida.
Fraco e com o amarelão característico da enfermidade, mas, ainda lúcido, falei lhe do amor de Jesus e deixei com ele o “Coração do Homem”; um livreto ilustrado que me acompanha até hoje. Que, com certeza já ajudou a salvar do pecado muitas almas, mundo afora.
Mostra desenhos representativos do coração do salvo em Cristo e do que ainda não passou por essa experiência.
Aparece o Rei Jesus reinando no coração do crente e o Rei das trevas reinando no coração do incrédulo.
Evidenciando que o nosso coração é mesmo um trono: há de reinar nele, um rei qualquer.
Nunca gostei de dizer a expressão: “Ganhei uma alma para Jesus”, como muitos evangélicos dizem. Prefiro dizer: “Ajudei a ganhar uma alma para Jesus.” Porque uma alma é tão preciosa que um só não dá conta de ganhá-la.
Milagres acontecem: Jamil recebeu alta hospitalar logo depois daquele dia que estivemos com ele no hospital, e correu para a igreja... E, nuca mais saiu d'onde o Senhor o chamou. “Bem aventurado aquele servo que, quando o Senhor voltar achar servindo assim”.
Enfim, aquela minha atitude era a ‘gota d’água’ que faltava na vida desse grande ser humano o Jamil, para que ele pudesse andar nos caminhos do Senhor.
A sua permanência, testemunho e frutos, na obra de Deus, é um motivo de orgulho para todos nós da família vieira. Que Deus o conserve no seu Santo caminho! Fazendo tudo aquilo que o Senhor mandou fazer.
(15.02.18)
PAPAI ODIAVA JOGOS DE BARALHO
CRÔNICA
Papai trabalhou como caixeiro ambulante por muitos anos; quando ainda residia no Estado do Maranhão, por volta da década de 50. Sua atividade consistia basicamente na comercialização de jóias de ouro e prata. Como pulseiras, cordões,colares,anéis,alianças,brincos e relógios de pulso e de bolso; Omega Ferradura, Mido... e outras marcas.
Vendia peças novas, e também recebia peças usadas nas transações comerciais que fazia; e como bom negociante não deixava escapar um bom negócio.
Suas mercadorias eram oriundas de uma ourivesaria de Fortaleza - CE. Que fabricava e fornecia tais acessórios a ele.
O trajeto das vendas, acertos de contas e reposição do estoque, e volta para casa, eram feitos em lombos de burros - animais muito resistentes às cavalgadas em longas distâncias. Daí o motivo de papai gostar de possuir bons animais de montaria.
Não é do meu conhecimento, dele ter feito seu trabalho acompanhado de outras pessoas. Exercera essa função, o tempo todo, no fio da navalha, sozinho.
Transportando uma carga valiosa daquelas e muito dinheiro em espécie; apesar de portar boas armas de fogo e brancas, e ser uma pessoa destemida; não lhe garantia muito, sua segurança. O perigo era uma realidade constante que não poderia ser negado.
A única vez que pôde contar com a companhia de alguém nas suas viagens laborais ao Nordeste do Brasil não teve Êxito: deu errado. Trata-se do Fausto Alves seu vizinho que, casado, pai de vários filhos e, desempregado; passando necessidades com a família, papai compadecido, tentou ajudá-lo.
Deu a ele arriado, um de seus melhores animais de montaria e o apresentou ao seu fornecedor no Ceará, garantindo a sua idoneidade. Onde, imediatamente, fora lhe concedido, uma enorme transação comercial de produtos de prata e ouro. Sem nenhuma garantia formal, como cheques, notas promissórias,duplicatas...Ou outras similaridades.
O empresário da capital cearense tinha apenas como garantia, somente a palavra do homem Natanael Vieira de Morais,meu pai, como garantia da transação. Nenhum cadastro sequer fora feito constando dados pessoais e transacionais do fiador ou do comprador. Um bom nome já valeu muito e ainda é a melhor coisa que se pode ter.
Papai explicou o serviço ao moço, e regressaram, cumprindo uma programação das festas religiosas que seguia rigorosamente, pelas cidades grandes e pequenas do interior dos Estados nordestinos do Ceará, Piauí e Maranhão.
Depois de alguns dias do regresso, e de muitas boas vendas realizadas...
Hospedando-se juntos, mas, atuando comercialmente, separados um do outro naqueles lugarejos festivos... Numa cidadezinha que não me lembro do nome no momento, onde as festividades aconteciam e impulsionavam a economia local; as vendas daquele tipo de produtos, naqueles dias, eram expressivas; e portanto, iam bem.
Papai nos dizia que naquela época as pessoas tinham o dinheiro, mas, não encontravam aquilo que desejavam comprar. Como um rádio um relógio, uma bicicleta ou uma joia.
Numa altura do festejo, apareceu o Fausto, ao papai, querendo um dinheiro emprestado que, segundo ele, serviria de troco, pois seu troco havia acabado. Ok! - Então Seu Natãn sem pensar muito concedeu - lhe um montante estipulado, para os repasses de trocos aos fregueses de Fausto. E, não demorou muito lá veio Fausto novamente com o mesmo álibi: querendo mais dinheiro para trocos. Aí papai desconfiou da estória e quis saber do que realmente estava acontecendo. Foi fundo nas investigações e descobriu:
Fausto já havia virado uma noite numa casa de jogos de cartas, e continuava envolvido até o pescoço naquela maldição. Em apostas vultosas em dinheiros; e já havia perdido o apurado de todas as vendas anteriores e todas as mercadorias que estavam sob sua responsabilidade.
Papai foi à loucura!...E pagou sozinho, aquela dívida. Para zelar do nome; e odiou para sempre jogos de baralhos.
(13.02.18).
NERO MORDIA ATÉ O VENTO, MAS MUDOU DE COMPORTAMENTO
CRÔNICA
Na cidade nem tanto, mas, na roça o ‘melhor amigo do homem’ era de muita serventia, principalmente para as caçadas. Hoje nem tanto, devido à proibição dessa atividade.
Seu Romualdo, feliz da vida com o cão que ganhara de Zé de Dôra, de Monte Alegre; viu papai e foi logo contando as boas novas:
- Seu Natãn: demorei, mas encontrei o cachorro dos meus sonhos. O bicho é bão demais!...
- Como o senhor soube disso?! Já fez alguma caçada com ele?
- Não, mas vou explicar pro senhor: tudo que ele ver pela frente, parte pra pegar; numa valentia!... Num respeita nada; outro diinha desses, ele fez uma bramura: botou um caminhão pra correr.
- Passou devagarzinho, um bichão desses de carregar boi nas costas (caminhão-gaiola), lá na frente de casa e ele latia com bravura aquilo; vançando nas rodeiras pra pegar mermo. O motorista teve que sair numa velocidade..., mais ele continuava vançando tentando rancar pedaços. E foi botar o bruta montes longe... bem longe. Voltou de tardinha morrendo de canseira. Agora veja o senhor, se ele enfrentou um aranzé daqueles... se pôr esse bicho no mato pra caçar, num vai sobrar nada que ele não pegue...
Mas Nero deu pra morder as pessoas. Crianças, idosos e não havia tamanho de homem, paus, pedras... Nada fazia Nero recuar. E os problemas de relacionamento com a vizinhança foram acumulando-se de tal maneira que dentro de pouco tempo Romualdo já queria ficar livre da fera que botara dentro de casa.
Estava determinado: Iria matar o Nero. Não aguentava mais aquele suplício. Mas Florisbela, a esposa, tinha amor pelo cachorro, e saltou na frente:
- Se você fizer isso, eu te largo na mesma hora! Bela não aceitava uma atrocidade daquelas. E, mais: quando o marido se ausentava da propriedade,não contando com mais companhias, se sentia protegida, tendo Nero por perto.
Mas Romualdo, com raiva, aproveitando que Bela estava pra casa da mãe, deixou o cachorro amarrado sem proteção de uma sombra, o dia inteiro; sem comida e sem água. Queria-lhe dar um castigo.
Ainda bem que apareceu alguém para salvar o bichinho daquele sofrimento! E Filipe fora o outro anjo da guarda de Nero.
Geralmente numa crise surge alguém com alguma ideia ou sugestão interessante para resolução de um problema. Filipe, seu velho conhecido, e proprietário de um terreno pros lados da Venerana; viu que poderia aproveitar o Nero nas caçadas que fazia por lá; juntamente com seus cachorros treinados.
E garantiu que, se ele lhe desse o cão, iria dar um jeito nele, e não morderia mais ninguém. Então Romualdo não pensou duas vezes: deu o Nero de presente ao amigo. E lhe entregou também um cambão para condução do cão pela estrada.
Alguns dias depois pela manhã, choveu. E, geralmente quando isso acontecia, os caititus iam fuçar a beira da lagoa, na mata remanescente, nos terrenos de Felipe; pra comerem os tubérculos dos pés de caités, abundantes por lá.
Então o Nero teve sua primeira oportunidade de dar um passeio e conhecer de perto os habitantes da floresta...ter contato com um outro ambiente. E foram para a caçada costumeira.
Seus colegas eram treinados, e conhecia cada palmo daquele chão e os bichos que moravam nele; mas, para Nero, aquilo era um mundo totalmente estranho. Os outros cães adentraram naquela densa florestal. E Nero não parava de pisar nos calcanhares dos caçadores - o tempo todo.
E por fim, pintou a primeira e única caça no trajeto dos cães farejadores de Felipe! Cãe!...cãe!...cãe!... Nero saiu derrubando tudo pela frente pra ver o que estava acontecendo. Se fosse uma caça pequena, só daria para uma bocada das dele.
Acuaram a caça, e os caçadores correram pra lá. Na cabeça de todos eram os caititus. Mas ao chegar ao local de difícil acesso, tipo uma gruta, ainda na mata fechada, avistaram uma imensa onça pintada que não crescia mais encima de uma rocha, e ouviram os gritos desesperados e doídos de Nero - vindo no sentido contrário do enorme felino que avista.
A dor de barriga de Nero, no momento que viu o bicho, foi tão intensa que era percebível pelo mau cheiro das fezes líquidas que vazavam sem parar, do seu intestino. Nero desapareceu na floresta escura; correndo e gritando até não se ouvir mais. Caim!...Caim!...Caim!...
Infelizmente mataram a onça; e ao regressarem à sede da fazenda, perguntaram por Nero, e contaram o que aconteceu. Ninguém deu notícia dele.
Penduraram o animal no alpendre, nos fundos da casa para tirara couro depois. Não demorou e Nero adentrou-se na casa, morto de cansado, com um palmo de língua de fora, procurando uma água, uma comida, na cozinha. Olhou pro quintal e avistou a onça pendurada... Deu novamente seguido gritos, pulou para trás e desapareceu daquela casa para sempre. Caim!...Caim!...Caim!...
Com uns anos apareceu na casa de Felipe o outro dono de Nero, Seu Manoel dos Reis, que morava a muitos quilômetros de distância, no Pouso Alto, trazendo notícias dele: - Nero apareceu lá em casa e não saiu mais. Está bem!... Todo mundo gosta dele! Ponderou o senhor. E continuou com os relatos a seu Felipe:
- Tá gordo que nem um capado; não ataca as pessoas e não late. É incapaz de ofendes uma mosca. Não vai ao mato por nada desse mundo, e o seu trajeto é da lagoa do caldo pro morro do pirão. Um AMOR DE CACHORRO!
Morder as pessoas inocentes, e o vento, é fácil, quero ver é encarar uma onça nervosa.
Ainda bem que Nero aprendeu com seus erros do passado! (15.02.18)
A diferença entre ler uma crônica esportiva e um paper sobre quantificações do efeito Helmholtz–Kohlrausch?
O texto técnico é maçante. Não porque o assunto não seja interessante, mas porque o pesquisador não possui uma linguagem acessível para comunicar suas ideias. Ou porque o trabalho está ininteligível, indecifrável, impenetrável. Quem melhor do que o Kant para explicar suas ideias? Qualquer professor de filosofia do ensino médio ou escritor de "filosofia-no-bolso". Talvez não TODO PROFESSOR DE ENSINO MÉDIO.
Difícil é escrever fluido e cirúrgico, empático e simples sem deixar a exatidão. Difícil é ser um Darwin. Sua escrita é quase inigualável para despertar ideias em pessoas que estão envolvidas com a ciência e que exercem o esforço adequado para envolvê-las. Embora um texto intrincado não seja sinônimo de complexo. Sempre há uma tentação de justificar a própria incapacidade de entender algo afirmando que não é possível entender.
NÃO HAVIA VISTO UMA COISA DAQUELAS!...
CRÔNICA
Militei assíduo e fielmente durante dezesseis (16) anos, em dois períodos de oito (8) anos; como membro efetivo e cooperador das lides religiosas. Numa instituição muito conceituada em todo Brasil.
Participei e vi de quase tudo naquele cenário de fé e crença.
Naquele tempo era bastante comum se ver fora, ou até nas reuniões da igreja alguém ser incorporado por uma entidade demoníaca.
Caso seja uma legião daqueles "incostos", a coisa é mais complicada para ser resolvida. Dá mais trabalho para a pessoa ser libertada.
Geralmente o fiel(eis) que intercede(m) junto ao Pai, para que tal vítima volte ao seu estado de normalidade,precisamente tem que estar com a vida no altar:
em plena comunhão com Deus. Do contrário, a libertação não será possível.
Mas, por estarmos num processo em que, se vive e aprende...
Se eu tivesse morrido anteriormente não iria ver o que vi ontem pela manhã no meu bairro.
Maria da Faca subiu a minha rua com suas amigas de gole Darlene e Glória; vindo da balada.
Tontas que nem gambá. Viraram à noite em bebedeiras no pagode da Vilarinhos.
Em frente a minha casa Maria surtou e agarrou de briga com Darlene.
Glória que já havia adentrado em sua casa foi chamada às pressas para pacificar o ânimo das amigas.
Conseguiu separar as duas, e Darlene foi embora para sua casa, logo à adiante.
Glória também retornou ao seu aposento. Maria da Faca permaneceu na rua gritando nomes feios, a Deus e o mundo.
Mas uma(s) entidade(s) satânica (s) incorporou-se em Maria da faca.
Deu um trabalhão terrível!... A rua rapidamente encheu-se de gente; a polícia fora chamada, e dessa vez não demorou muito.
Os militares não conseguiram contê-la; ela rodava que nem um pião. Dando pontapés e telequetes pra todos os lados.
Rolava no chão,nos ares e nos braços fortes dos homens da Lei; que nem um trem doido demais.
Glória que havia se ausentado, fora chamada novamente para resolver a questão. E resolveu.
Ainda meio tonta da cachaçada da noite anterior, pediu licença as autoridades presentes e repreendeu aqueles demônios.
E sua amiga voltou ao seu estado normal.
Pelo que conheço do assunto aquilo era mesmo uma legião de anjos destituídos da graça de Deus. Atormentando aquela mulher.
Gloria determinou àqueles demônios que saíssem daquele corpo,com tanta veemência, que foi impossível eles resistirem; e deixaram a dona em berros horríveis.
Parece que a Glória já sabia que havia muitos elementos das trevas naquela vida...
Pois repetia em alta voz os dizeres: “'Saiam deste corpo!... Em nome de Jesus, ele, não lhes pertencem.”... Vai entender!...
(25.02.18)
A PASSAGEM DE ISABEL VIEIRA POR BELO HORIZONTE
CRÔNICA
Após retornar ao seminário Escola Bíblica Permanente de Sião (EBPS), da Assembléia de Deus em Belo horizonte – MG, em 1996, depois de um considerável período fora dessa escola e da vontade de Deus, conclui com êxito o curso de Educação Teológica, cuja matrícula havia trancado.
Convidei a mamãe para a minha Colação de Grau no Templo Cede da AD,na região central da capital mineira; que para a minha surpresa confirmou sua presença no evento.
“Mãe é mãe, não é madrasta!”...
Apesar da avançada idade e da distância (1.120 km) mais ou menos - do seu reduto, não mediu esforços e compareceu.
Dias depois, fizemos uma ‘via sacra’ em casas de amigos, numa região em que havia morado; nos bairros São Tomaz, São Bernardo... Oramos pelas pessoas, por onde passávamos:
No Luar da Pampulha a mamãe orou pelo seu José Caitano, acometido de um câncer; depois da oração, Jesus o preparou e levou para sua glória.
Em qualquer prosa que mamãe iniciasse com um descrente, logo falava de Jesus e fazia o apelo: perguntava se a pessoa desejava "aceitar Jesus como Salvador". E, geralmente de bom grado, ela aceitava, com palavras ou gestos afirmativos.
Dona Maria pediu oração para Jakson seu marido, policial civil, que a proibia de freqüentar igrejas evangélicas; há trinta e seis anos, estava privada de fazer isso. Aquele homem era um julgo tirano que oprimia aquela pobre mulher. Em seu coração não tinha espaço para a generosidade, justiça, e nem muito menos para um espírito fraterno.
Depois das orações de mamãe não demorou muito, ela já estava freqüentando a Igreja, glorificando a Deus. – O marido, partira dessa vida para outra e ela saiu do cativeiro; e como Miriam irmã de Moisés, depois da travessia do Mar Vermelho, cantou o cântico de liberdade.
Visitamos algumas viúvas em suas tribulações: Dona Ana... Dona Berenice; que pediu orações para os filhos (Manoel e Juca), dependentes etílico. Comemos salgados fritos feitos na ora, e tomamos café com fumaça saindo na beira da xícara; mamãe se comprometeu de fazer uma campanha de oração pelos seus rapazes.
Com o andar da carruagem... O Juca foi atropelado na porta da sua casa; muito debilitado, não resistindo os ferimentos, faleceu dias depois, num hospital da cidade. Manoel seu irmão, foi liberto do vício da bebida; ficou quinze anos livre do álcool e morreu em decorrência de uma cirrose hepática, ainda numa boa idade.
Fomos bem recepcionados na residência do Seu Edson, meu ex-patrão; como boa maranhense mamãe ensinou dona Maria José sua esposa, a fazer cuscuz de milho; o mineiro conhece muito de pão de queijo e outras iguarias... A janta estava uma delicia!... Com toda a família em volta da mesa.
Ainda abusando da boa vontade e das energias de mamãe, às 19h30 fomos para o melhor lugar do mundo: o templo. Participamos de um belo culto na Assembléia de Deus do Bairro São Bernardo.
De longe, se ouvia os irmãos falando mistérios com Deus. Apressamos os passos. Não queríamos perder um minuto sequer daquela benção.
Bem recebidos na congregação, como usam fazer os santos; após a leitura da Carta de Recomendação que mamãe apresentou, oriunda de sua congregação de origem – em Campos Belos - GO...
O culto transcorria de maneira esplêndida e o Espírito Santo operando grandemente no seio da igreja.
Presenciamos, in loco, um dos cenários de grande beleza na vida da igreja; uma reconciliação entre irmãos, intermediada diretamente pelo Espírito Santo.
Aquilo que o Senhor deseja para seus filhos, e que está registrado nas Escrituras para nós: “Ó quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!...”
Essa reconciliação foi concretizada ou restabelecida à contra gosto de dois jovens integrantes da mocidade da Igreja local - Silas e Carlos. Pois até aquele momento nenhuma manifestação de arrependimento havia acontecido entre eles.
O primeiro era dirigente da mocidade e o segundo cursava o Bacharel em Teologia num seminário da instituição religiosa em que servia.
Por algum motivo qualquer, não se falavam há muito tempo e por causa desse impasse, a Igreja gemia com aquela relação desigual e conflituosa.
“Como poderão andar juntos se ao tiverem de acordo?...”
Deus se mostrava aborrecido, e dava oportunidade a eles para o arrependimento:
Usava os vasos da sua casa, em mensagens proféticas, quanto à necessidade do arrependimento e do perdão entre eles, mas se faziam de surdos.
Não desejavam mesmo fazer às pazes; não queriam conversar nem se fosse para irem para o céu juntos. Vejam caros leitores, a que ponto os dois chegaram!
Então, Deus mesmo tomou uma atitude mais séria com eles: agarrou o Silas pela gravata e o levou à frente de povo; e da mesma forma, fez também com Jeremias.
Do percurso de seus assentos, seguindo pela nave do templo em direção ao santo altar, se derretiam como manteiga no fogo.
Perdoaram-se e ficaram abraçados chorando,chorando,chorando... Por mais ou menos vinte minutos. E a irmandade em pé, chorando também. Houve profecias, e a igreja, em peso, glorificava muito, a Deus.
A alegria naquele instante foi tão grande que ia da Terra ao céu!... E os mensageiros de Deus fizeram a festa.
E via-se renovo espiritual, por todos os lados; não somente dos jovens mencionados nesta narrativa, mas também de toda a congregação. Foi um culto maravilhoso e inesquecível, aquele!
Alguns irmãos, com dons de visão, viram anjos celestiais trabalhando naquela operação divina.
Naquele culto abençoado e histórico o inimigo mais uma vez foi grandemente derrotado. Louvado seja Deus!
Dormimos na casa de Raul e de Dona Luzia, casal não evangélicos, mas abençoados; ao qual tenho muito apreço e que, nos acolheu maravilhosamente bem, naquela noite!
(14.02.16).
Encontros e despedidas (crônica poética)
E como já dizia Milton Nascimento em uma de suas composições '' a hora do encontro é também despedida''.
Estava eu sentada na varanda em um dia de chuva refletindo sobre esse vai e vem, essas idas e vindas, esses encontros e desencontros que a vida nos proporciona. Tanta gente passa pela gente e tão pouca realmente fica, cada pessoa que cruzam nossos caminhos levam um pouco de nós e deixa um pouco de si.
Lembro bem daquelas férias de verão do ano anterior, conheci pessoas tão especiais e, uma apenas uma específicamente, me encontrou, encantou, fez sentir, fazer sentido, me inspirou, tocou fundo e foi tocado. É meus caros leitores, tanta gente passa mas somente aquela faz seu coração vibrar! Digo eu tão jovem, mas também tão inexperiente na arte de amar.
Esse tal de amor tão impontual e imprevísivel me deixou impaciente, sonhadora e iludida. Poucos experimentaram nessa vida a sensação de sonhar acordada, esperar uma ligação, aguardar ansiosamente pelo fim de semana com aquele sorriso estampado no rosto que chega até soar brega e cafona.
Mas havia um questionamento, porque um sentimento abrangente poderia me tirar o sono, porque o sinônimo de amar seria sofrer e porque aquela afeição passou aligeirada e intensamente.
É, agora eu entendo esse chegar e partir que vai se repetindo nas estações, tem quem vem e quer ficar, quem veio só olhar, gente que vem pra acrescentar e aquelas que vão pra nunca mais. É assim, encontros e despedidas.
Crônica
A água escorre pelo cabelo e mergulha num salto finito, percorre uma extensão antes de explodir no chão sem retumbar, apenas talvez a contemplar o silêncio da espuma que desce ao sabor da gravidade dispersa por um ensaboar quase insano de alguém que busca se confundir com esse sintoma a deixar atemorizado . Algo esquisito como tentando decifrar uma metamorfose quase ambulante, uma andante a deixar sinais em cada lado de um corpo já sofrido a buscar descanso merecido, a vertigem ainda persiste, mente tenta acompanhar uma silhueta que se forma no encontro da espuma com a água que à pouco foi dosada pelo misturador, fazendo deslumbrar que tudo está relacionado a essa velha metamorfose ambulante.
Crônica A Véspera
Numa noite de inverno, havia pessoas que precisavam de assistência médica estava nevoando e trovoando, Trum!!!, mas, nem todos percebiam isso.
No dia seguinte, eu estava saindo de casa para ir ao hospital e fiquei olhando para as casas todas coloridas, enfeitadas e as árvores cheios de luzes. Quando avistei o hospital não percebi que havia tantas pessoas naquele local.
Então perguntei a um senhor que estava sentado na calçada, chorando e dizendo “Por quê !? ”. E eu sem entender o fato que tinha acontecido, quando tentava entra no hospital eu avistei algo terrível a neta do senhor que estava chorando estava morta e fiquei pensando o que houver para acontecer essa tragédia. Muitos hospitais tinham pouco a oferecer ou ajuda para estas pessoas que precisavam e o inverno tinha piorado mais.
Nestes dias, pensei, poucas pessoas tinham o que comer e por isso a menina tinha morrido, mas estava chegando o natal e lembrei que no natal pessoas pobres ganhariam comida para sua ceia.
se você tem vontade
de escrever sobre o assunto
y quer imagem pra criar um texto
uma crônica
uma poesia
(seja lá qual for o gênero literário)
você pode
contar um pouco da sua vontade
dá uma moral
parado no tempo
até as coisas voltarem
quando puder
(sei lá)
(não sei)
seria a forma mais simples
fazer alguma busca
cotidiano...fotos na janela
quando sou pego de surpresa
fico assim:
aca
nha
do
CRÔNICA AO COTIDIANO:
Há momentos que pensamos em um só instante Pluft... Jogar tudo para o alto e desaparecer... Evaporar em brumas e só!
Você ainda não se sentiu assim? Como se estivesse dentro de um quarto fechado sem entrada nem saído? Como uma roupa justa, justíssima, sob sol a pino. Feito uma gravata sufocando-lhe a respiração?
Quiçá o sapato mutilando seu quinto dedo.
É certo dizer que assim nosso mundo desaba sobre nossas cabeças deixando transparecer não ter fim todo esse sofrimento que sucumbe nosso bom humor em um contexto que propõe empatia.
Ah! Você não se liga? Ou nunca vivenciou?
Certamente és o pensamento de que as estações são mutáveis. De maneira seleta e glamurosa. Ah! Como é assustador esse nosso momento de ausência.
Ora! Quem nunca viveu esse tédio e suas maluquices em seu cotidiano de outrora?
Então, mirem-se nas Marias/Marias – Fateiras do nosso sobrevivente Araçagi que nas tardes de sexta-feira cantarolavam em suas margens enquanto lavavam seus “fatos” vendidos no dia seguinte na feira livre da “Esperança”.
Tais quais as lavandeiras do romântico Tejo, do imortal poeta português Fernando Pessoa que também foram vítimas dessa famigerada pantera austera.
Não obstante, só depois de crescidos convivemos com esse mal.
Todavia, só há um lenitivo para a cura desse Mal Agouro que assola a humanidade. Renascer... Deveras renascer.
Será? Ou quem sabe se espelhar nas Marias/Marias do Araçagi ou nas lavandeiras do Téjo que além de lavarem seus “Fatos”, deixavam fluir naquelas águas correntes seus tédios para aflorar a vida.
MALUCO SENSATO (Crônica)
Diz o provérbio popular, cada doido com sua mania, sobre ele, grande parte dos atores sociais constroem uma prenoção sobre a configuração daqueles sujeitos que por uma construção social expõe lampejos de uma suposta "loucura".
Me aproprio dessa representação no intuito de refuta-la. Pois bem, vamos aos fatos. Na rua onde resido todas as manhãs tenho registrado a presença de um sujeito conhecido por "Ciço doido ou cabo Ciço", que passa logo cedinho para o centro da cidade, em ato continuo, retorna ao meio dia.
Na minha dedução aquele comportamento é peculiar de qualquer indivíduo em ritmo de trabalho.
Porém nos últimos dias tenho observado que ao voltar de seu passeio matinal aquele sujeito apresenta um comportamento alheio ao que se denota pela manhã quando volta visivelmente embriagado e, proferindo palavras não condizentes à sua aparente realidade tais como: "É pra matar ou pra morrer". Em voz alta e bom tom entre outros... Assustando transeuntes, moradores e crianças que subjetivam aquela suposta "loucura" como sendo um perigo iminente.
Não obstante, em outro momento encontrei-o a chorar e, contrito em seu íntimo - Percebia-se.
Aquilo me desperta curiosidade em desvelar sua aflição, ou quiçá, sua "loucura". No entanto me deparava a um grande obstáculo que seria como aborda-lo de maneira a não ferir seus sentimentos, sejam eles quais forem.
E para minha sorte ou felicidade, nesta manhã ele ao me ver de fronte à minha casa parou e fitou-me o olhar com profundidade e um aterrorizante silêncio. Aquilo me assustou é fato!
Todavia me facultou o poder indaga-lo. E assim o fiz. Olá Ciço tudo bem? Sobre o mesmo silêncio ele caminha até minha pessoa cabisbaixo, e ao erguer a cabeça me pede algo para comer, de pronto, peguei alguns pães, bananas e uma xícara de café, convidei-lhe para entrar, e ainda emudecido sentou-se à calçada rapidamente comeu e saiu.
Concomitantemente, diante de peculiar comportamento, confesso, só me fez substanciar minha curiosidade em saber porque aquele indivíduo apresentava comportamento arredio, de tamanho sofrimento e, porque era entendido como doido.
Dias depois resolvi segui-lo até sua residência que não ficava tão distante, ao vê-lo entrar logo percebi que não havia trancas na sua porta e logo se ouvia seus gritos de revolta e alguns palavrões, em seguida clamava pelo filho enquanto chorava copiosamente.
Fiquei estarrecido com aquela cena e resolvi procurar a vizinhança que logo disseram: Ah. Isso é assim todos os dias! Já estamos acostumados, é porque depois que a mulher deixou ele, ele saiu do emprego, o filho se envolveu com drogas e está preso.
Por conseguinte, descobri que ele gostava de frequentar a barraca do Elói que fica de fronte ao estádio de futebol aqui em Esperança-PB onde ele ia todos os dias quando passava pela minha casa.
Diz-se de um lugar pitoresco ou um pequeno comercio onde os viciados em drogas licitas ou não (excluídos), se encontram para se socializarem e só ali ele se encontra enquanto ser. Segundo o próprio.
Moral da história - A loucura e seus loucos, nada mais é que uma construção social objetivada por aqueles indivíduos cujo sentimento é segregar àqueles que não apresentam à sociedade um padrão de comportamento condizente com suas aspirações, e que se apresentam como exóticos, estranhos, esquisitos.
Seja do ponto de vista da moradia, indumentária, físico ou intelectual. A fim de demarcar sobre essas minorias uma relação de poder subjetivamente repressora e dominante.
Sei que o papo está um tanto quanto depressivo. Vou colocar um ponto por aqui. Aproveitando para me encontrar com meu também louco sensato e degustarmos um cafezinho sociológico diga-se de passagem sem açucares.
Fala Professora
A crônica da bronca
Um aluno em sala de aula ao portar - se indisciplinado foi levado a diretora que aplicava - lhe um sermão:
- Por que você age assim? Não respeita a professora, não faz a lição, importuna a aula ...o que adianta por fora bela viola e por dentro pão borolento!
O sermão soou tão alto que ecoava pelos corredores. O aluno permaneceu em silêncio e assim foi levado de volta pra sala de aula. Mas, como há alguns dias atrás a própria diretora, em uma Reunião Pedagógica, onde convocaram todos: professores e funcionários, disseram sob a importância da postura do professor em sala de aula. Todos deveriam tomar cuidado com o que diziam aos alunos em sala de aula, visto que havia um pai que estava insatisfeito com a forma que uma determinada professora tratava seus alunos em sala de aula, pois o mesmo ouvira brados da professora humilhando o aluno com seus "sermões". Fizera uma reclamação formal e queria uma resposta por escrito, pois caso não fosse tomado as devidas providências, iria acionar a ouvidoria e processar a escola.
Ao eco conciliei o fato e fiz alguns questionamentos sobre a bronca ao aluno o qual estrondou em altos brados:
- De que adianta por fora bela viola e por dentro pão borolento!
Parecia que havia raiva na voz da diretora, mas pareceu - me contraditório num dia cobrar postura e no outri agir sem compostura. O aluno merece respeito até mesmo dentro da sala da diretora. Com está bronca o aluno foi humilhado, escurraçado verbalmente e emocionalmente.
O que se quer dizer na força de uma voz?
De onde vinha a raiva da diretora?
Ela queria dar bronca no menino ou em todos que pudessem ouvir? Será que estaria querendo atingir - me? Até isso pensei e busquei razões ou motivos que se ela estivesse com raiva de mim, daí que encontrei:
- Assim que começou este ano letivo houve o seguinte episódio: - Estava eu em minha sala e por várias vezes ao consultar a pasta contendo os conceito e notas finais do aluno, não encontrava determinados ano/série e fui a sala da diretora e informei. Ele disse que pediria para a vice diretora da tarde ver isso. Ela resolveu em partes, pois dois anos/séries não foram encontrados, motivo pelo qual os históricos das referidas salas ao serem consultados seus registros, iam para a caixa com nota:
- Mapão não encontrado na pasta!
E assim insatisfeita fui levando meu trabalho em frente, mas o computador voltou a dar problemas igual ao ano passado, então comuniquei a secretaria e fiquei no aguardo da providência e assim se passaram três ou quatro dias. Até a diretora chegou a questionar - me por duas vezes:
- Você não vai fazer os históricos?
- Vou. Respondi-lhe secamente, certa de que ela sabia que se estou parada é porque alguma coisa aconteceu e que já comuniquei e estou no aguardo da providência. ( Até durmo, se quiser, pois quem avisa, amigo é!).
A questão é que se usavam a máquina de xerox o computador desligava, sem contar que não havia sinal de internet. (Eu já tinha avisado e não sou papagaio pra ficar repetindo.).
Até que enfim chamaram os responsáveis técnicos da Secretaria de Educação e lá vieram. Trocaram o transformador do computador porque não estava segurando a carga elétrica, resolvendo o problema, mas aproveitando da situação eu disse aos técnicos:
- Toda vez que ligo o computador ou quando cai a força ou ainda quando ele simplesmente não liga, tenho que ajustar o relógio, não haveria possibilidade de colocarem uma bateria para girar isso?
- Nós não temos a bateria. Respondeu um deles.
- Mas, está bateria é muito cara? Perguntei.
- Não. É baratinho. Disse ele.
- Quanto? Perguntei.
- Três reais. Falou.
- E qual é o modelo para este computador e onde pode ser comprado? Perguntei.
O técnico disse o modelo, anotei em um papel e seria possível comprar em qualquer banca de eletro- eletrônico e que se a escola comprasse eles viriam instalar. Então levei isso à diretora que disse - me com ares de boa "amiga":
- Você não pode comprar? Depois te dou o dinheiro...
- Eu não! ( Pois, pensei: - Oxe! Dê - me o dinheiro, que eu compro!).
Ela, ainda insistiu:
- Ah! Compra vai...( Com voz de quem quisesse - me contornar).
- Por que que você não pode fazer isso?
Mas, eu que do verde, colho maduro; Do grão já faço o pão, respondi - lhe espontâneamente...
- Oras, porque você tá me devendo o seis reais da cópia da chave e não me pagou até hoje...(Ops! Pensei, mas já foi). Sai, mais que de imediato e ouvi o eco:
- Que chave? (Fulana: Vice diretora: Vamos nomeá-la: Bete), dá pra ela seis reais! Disse nervosa, pude ouvir da minha sala.
Sentei - me um pouco e testei o computador, estava tudo ok, mas como já era por volta das onze horas estava a abrir o armário para colocar a comida para aquecer em um suporte em banho Maria, já não disponha nesta sala de espaço e tomadas para frigobar e microondas. (Risos) Pois, tenho a autorização assinada por está diretora para os dois aparelhos meus serem colocados e usados por mim na escola, mas vamos - se dizer que estou evitando fadiga...( Mas...). De repente a diretora adentra a minha sala e deposita seis reais sobre, este armário dizendo:
- Tô pagando uma dívida que nem eu sabia que tinha! E saiu. ( Pareceu - me que bufava...).
Eu, simplesmente não iria fazê - la lembrar, mesmo porque sei que cada um sabe exatamente o que faz e fez, mas muitas vezes preferem apagar detalhes que parecem - lhes insignificante, contudo eu não sei porque raios, me apego exatamente a estes por menores que os outros fazem questão de não guardar em suas memórias.
Então haveria a possibilidade de a diretora estar com raiva de mim por ter - lhe dito uma verdade e na verdade quis chamar a mim de pão borolento. A questão é que de fato fui ruim ao dizer - lhe, mas também não consigo fingir e muito menos que me façam de trouxa, pois prefiro ser o pão que ninguém come, do que pão fresco de fácil consumo, pois gosto da verdade, da honestidade e da razão.
Moral da história: É melhor ser fingido e ser querido do que ser verdadeiro e ser odiado.
Crônica O VÍRUS QUE CONTAGIOU
O silencioso casal conversou.
O desligado amigo ligou pro outro.
Os vizinhos do prédio se conheceram.
Deu saudade da família.
A gentileza contagiou.
A fé se fortaleceu.
E de repente um isolamento social aproxima os que estavam distantes. Pessoas. Sentimentos.
Reconecta.
Nos faz refletir vulnerabilidades.
Nos faz pensar a empatia.
Nos faz valorizar a vida.
Mas, sobretudo, nos faz enxergar:
dentro de casa,
o outro lado da moeda (capitalista),
adentro.
Hoje você cuida de si.
Hoje você cuida dos seus.
Hoje você fica em casa.
Num amanhã a gente se abraça.
Cuidem-se!
Primeira crônica
Neste dia, eu estava muito feliz porque eu estava indo ao museu de arte do Rio de janeiro no meu oitavo ano, no dia eu não consegui nem dormi de tanta ansiedade, mas eu não ia sozinho, eu fui com minha cunhada, pois eu não podia ia sozinho.
Quando eu terminei de me arrumar fui direto para o colégio junto com a minha cunhada e logo que fui pisar na rua achei 5 reais no chão, não tinha ninguém e pensei durante uns minutinhos de quem era esse dinheiro, bom como eu era um menino bonzinho, deixe-o no chão.
Como o colégio era perto da minha casa, nós fomos a pé, e chegamos em 10 minutos, cheguei lá e muitos dos meus amigos de classe perguntaram se a minha cunhada era meu irmão e disse que era minha cunhada, bom jurava que eles iriam rir dela, mas ninguém fez um tipo bullying a favor dela.
No ônibus, nós sentamos nos primeiros lugares e ficamos escutando música e tomando café que a gente não tomou em casa, logo chegando na avenida Brasil, eu e meus amigos começamos a brincar da brincadeira de quem roubou pão na casa do joão, e estava tão animada que até o motorista brincou com a gente e ficou rindo a beça.
Chegando lá, o motorista mandou nós descermos um de cada vez, para a gente não cair, enquanto o ônibus partiu, nós tivemos fazer uma fil indiana para que os seguranças do MAR (Museu de Arte do Rio de janeiro) visse nossas carteirinhas de estudante para nós entrarmos.
Logo quando acabou a revistação das carteirinhas, entramos no museu e vimos todas as obras de artes dos pintores, como eu era tão fanatico pela arte brasileira, eu tinha gostado mais do abaporu, obra da Tarsila do Amaral, nesse dia, nós tiramos tantas fotos que eu já estava tirando algumas no automático.
bom, essa é a primeira crônica.
Crônica: Brasil que resiste a rumores e dissabores.
Sistema bruto, quem mergulha no preâmbulo pode ficar maluco, pátria dez, ou mil, que resiste ao mercado febril, aqui onde a lei é forte e vigorosa, para quem pode, poder, dinheiro a que torna harmoniosa, corrupção não vale, será, se a conta bancária abre as portas das prisões, onde a mídia a repetição consistida, a manobra ilusória elege a liderança, mas o Brasil continua de pé, minha água doce, minha terra fértil, um povo pacífico, acomodado talvez, o medo, a covardia, quantas chibatadas aí de suportar, que diga os escravos, as mulheres massacradas, os inocentes que nascem com rigor de um horizonte negro, me perdoe o negro, deveria ser parte de nossa bandeira, que repele com manchas vermelhas de sangue ordinária, desigual e maldoso, um hábito rancoroso do destino, mas meu, nosso Brasil resiste, dissabores tantos, mas a água doce não falta e o Brasil resiste.
Giovane Silva Santos
Crônica: Brasil e as angústias presentes.
Olhando pelo superficial, não se nota, não se percebe, da fome, da carência, da falta de estrutura é grande a porta, a briga pelo pão, o sonho da realização, a sociedade enferma, as famílias em abandono, reinado sem trono, que dor pela miséria, as guerras, as perseguições, a insanidade do poderio, a febre do dinheiro, o preconceito, as indiferenças, quanta mazela e meu Brasil angustiante, cheio de ambição, corrupção, penúria, lamentos e uma pesada bagagem, angústias mil a febre do meu Brasil.
Giovane Silva Santos
Crônica: Brasil e a cultura eleitoral.
Carreatas e escassel, povo gosta do festival, uma pena esse bordel, gente faminta, a beira do colapso e a bagagem pesada das fanfarras em multidão, gasolina, fogos de artifício e as panelas vazias, e o pior, as mentes mais vazias, escassez de liberdade, escassez de decência, uma vez que o coloio entre rivais que de repente se tornam amáveis, cansaço, esgotamento, lamento, o ato, o fato, o Brasil, o povo e a assinatura popular em comunhão com a podridão, alto lá Brasil, que se vende e se dobra a realidade real, o real que move a população e destrói uma possibilidade realidade de vida real.
Giovane Silva Santos
