Coleção pessoal de Arcise

201 - 220 do total de 657 pensamentos na coleção de Arcise

Cada um lembra da própria infância, fatos, atitudes...

Sou uma teimosa e isso nasceu comigo, mesmo apanhando muito, a dor não me fez ser menos teimosa, as coisas poderiam ter sido diferentes e não foram, enxerguei a mim e ao parceiro de forma distorcida.
Era muito bonito, eu tinha 10 e ele 8 anos, mais do que isso, era uma companhia encantadora, eu me sentia a criança mais amada do planeta e ele nem me dava bola, eu nunca fui tão amada na vida e na minha cabeça não sei que sentimentos vazios e esquisitos eram aqueles.
Bastava estar solteira e aparecer um simples oi para tudo mudar de cor, minhas prioridades eram recalculadas, a fantasia dominava a minha mente, minha psique implorava humildade.
Com o tempo deixei fluir sentimentos, aprendi alguma coisa na arte de fantasiar, tive uma existência fragmentada de desilusões que eu mesma criava, tinha uma vida social repleta de comida e sapatos.
A minha vida era um resultado de suposições, eu amava o amor e não as pessoas pelas quais me apaixonava, eu amava a possibilidade das relações, o olhão verde, o boi bumbá preferido me fazia estremecer.
Não sei até hoje como vivo de mentiras, como sou fofa e sonhadora, como qualquer palavra desperta em mim novas ideias, eu sempre tenho crise de identidade, não há espaço para corresponder tantas expectativas que não me incomodam nem me deixa infeliz.
Tenho mais soluções que problemas, amo meu mundo imaginário, há quem tente explicar o que não quero entender, troquei a sensualidade por senso de humor, distingui o que tem valor do que tem preço, sou mais alma que corpo.
Para ser sincera eu não nunca fui a namorada mais atenciosa do mundo, o meu amor era baseado no sol de todo dia, nos resultados lentos, na percepção das entrelinhas, a minha conta era a busca da felicidade.
Não tinha convicção se trilhava caminhos certos, amadureci pouco nessa área, a minha maior riqueza foram às escolhas que eu não fiz, o chavão que não usei, a mudança de cada dia.

Sou comedora compulsiva

Não consigo parar de pensar em comida, acabo de almoçar e já estou pensando na janta, fico de olho em todo mundo que está comendo delícias, já passei várias vergonhas, eu não sei mastigar, eu engulo os alimentos então por milhares de vezes eu fui a última a me servir e a primeira a acabar de comer, todo mundo nota, no início ficava bem constrangida, depois ia logo explicando a minha mania de comer rápido.
No trabalho sou a pedinchona, aquela que não poder ver ninguém comendo que pede um pouco, aquela que tem fome de comidas específicas, aquela até que vai pegando comida do colega sem pedir, acha que tudo é compartilhado por todos assim como ela faz.
Foi superdifícil me assumir assim, saber que eu estava doente e que a comida me controlava e me levava a obesidade inúmeras vezes num processo sanfona de vai e volta.
Quando compro um bolo, como ele a cada cinco minutos e só descanso depois que acaba, isso acontece com tudo, como até acabar, como mesmo satisfeita, como mesmo com a barriga para explodir, sei que é uma doença, mas tenho certeza de uma coisa: a comida me domina.
Todo mundo repara no meu jeito de comer, como com pressa, sem foco, sem intervalos, sem conversar com ninguém, sirvo a sobremesa bem antes que todo mundo com medo de acabar.
Fico constrangida com tudo isso, sou tão estabanada que quase sempre me sujo, sujo as roupas e deixo comidas pelo chão da casa, tudo isso me deprime, principalmente o fato de nunca guardar comida para ninguém, eu só penso em mim quando o assunto é comer.
Ainda não cheguei na fase de comer escondido, mas já escondi comida para que ninguém da minha casa comece as minhas guloseimas prediletas.
Hoje eu me reconheço doente, não frequento psicólogos ou grupos de apoio, não me sinto satisfeita com esse diagnóstico, mas estar consciente é um belo e grande caminho para recuperação.
Não sei a quem atribuir essa culpa, já fui magra e me sentia gorda, já tive nojo de comidas, já fiz regimes sem precisar, estando no meu peso ideal, já misturei e ainda misturo fome com emoções.
Se estou triste como, se estou alegre como, se estou entediada como, se estou chateada como também, nunca sinto fome pois estou sempre mastigando e engolindo alguma coisa.
Quase sempre chego a passar mal, sinto como se fosse explodir, sinto como se tivesse comido por anos, mas não me controlo.

Transtorno Bipolar

Eu não o entendo, eu estava em crise de ansiedade, não era a primeira crise. Sempre tinha alguém para me ensinar alguma coisa, o que comer, qual remédio tomar, fico até saturada das palavras certas.
As pessoas me pedem desculpas o tempo todo, minha crise de humor é insuportável, eu grito, choro e tenho euforia, não consigo dar satisfações. Todo mundo diz que é só uma fase, mas esse sentimento de que não sou capaz de controlar as emoções é horrível, dá vontade de dar um tiro na boca.
Eu estava em morte social, isso não era provocação, eu realmente não queria ver gente, estava com a cabeça nas nuvens, minha expressão se altera a cada três minutos, todos esses sentimentos são muito sérios, às vezes eu acho que não existe possibilidade de bem-estar.
Eu mudo de ideia muito rapidamente, precisei de terapia para me entender, eu sempre pensava nos meus interesses, eu estava doente, logo eu podia manipular as pessoas inconscientemente, eu estava sempre pronta a explodir.
Por um tempo me senti uma farsa, uma pessoa descontrolada, cheia de altos e baixos. A vida era curta demais para tantas crises, eu precisava de decisões acertadas, eu não queria me entupir de remédios que causam dependências.
Invejava as pessoas equilibradas, eu me autossabotava, minha vivência se resumia a dormir demais, eu também me sentia explorada, gastava demais, meu dinheiro sumia, tudo me incomodava, tinha dor na alma e uma vontade incontrolável de morrer.
Eu não recebia elogios com a frequência que desejava, isso me afligia, eu tive uma relação abusiva no passado, ele me recriminava por tudo, inclusive por falar demais, alguns diziam que fomos feitos um para o outro, mas no mundo dos ressentimentos me preencho facilmente, eu acho um saco justificar tudo, falta paciência.
Eu me sinto ridícula por ter de fantasiar tanto, vivo olhando para baixo, não consigo encarar as pessoas, eu estava fora da crise há algum tempo e acabei não me acostumando com as feridas emocionais, já tinha sido diagnosticada com transtorno bipolar, mas achei que uma crise só bastava.
Desculpa o que eu digo, eu preciso firmar um compromisso por escrito com os remédios eternos para entender meus sentimentos, preciso escrever para me conhecer, prometo não me culpar nem culpar você, prometo esticar os momentos de felicidade e encolher os de sofrimento, prometo refletir sobre o significado da minha existência, prometo não me achar uma fracassada e inútil. Prometo me aceitar e seguir em frente.

Chateada e Feliz, dois polos da mesma raiz

Eu não quero usar nada nem ninguém, eu não quero a busca insana por lipoaspiração, não quero encontrar culpados, não quero detestar minha autoimagem.
Não quero enlouquecer na dieta, não quero a obsessão da magreza, curto a disciplina, curto o ritual de malhação, curto o amor cafona e duradouro, curto ser ridiculamente boba.
Ainda não administro bem as rugas e o envelhecimento, sonho com a velhice tranquila, com o sucesso na escrita, sonho com menos consumo, sonho em refletir minha imagem com mais simplicidade, sem preocupação com estética, medidas, beleza, academia.
Importa-me os sentimentos, me importa a amizade, me importa o coletivo, me importa a fé, o bom senso, o cheiro das estações, o por do sol, me importa desacelerar, não me preocupar em aparências legais.
Às vezes sinto a sociedade doente, deixamos de querer ser naturais, gostamos de discutir assuntos, gostamos de apontar as mudanças para o mundo, gostamos de acalmar nossos egos, eu nem sei como o Amor consegue sobreviver em meio a tanto caos.
Chega de sinceridade perversa, chega de críticas, chega de trabalhos sem amor, chega de cabelos platinados, chega de corridinha ao cabelereiro na hora do almoço, chega de viver com nostalgia, chega de correr pro espelho, cansei de me preocupar com o belo, chega de ouvir opiniões de quem nada me acrescenta.
Amo meus amigos sinceros, amo pessoas de fácil perdão, amo quem me ajuda a rever condutas, amo cortar o cabelo, amo frases enriquecedoras, gosto de fugir de polêmicas.
Gosto de ingenuidades gratuitas, evito velhas rixas, não gosto de viver situações parecidas, passar por coisas que já passei, mesmos erros, mesmas expectativas, mesmos caminhos...
Gosto de sapatos e estradas novas, gosto de estar rodeada de pessoas especiais, gosto de observar, gosto de coisas que me acrescentem, gosto de namorar, gosto de olhar para dentro.
Sou cheia de descobertas, sei me aprovar, sei aquilo que me faz bem, sei meu valor, sei me manifestar contra a inveja, sou sensitiva, sei reconhecer uma inveja tipo “natural”, sei reconhecer desconfortos causados pelo meu sucesso, sei reconhecer discursos de inveja branca, sei ficar alerta contra as armadilhas.
Amo o sabor da conquista, curto acalentar fel alheio, sou vocacionada a resolver problemas que não são meus, mas que me afetam.
Sou juíza de mim mesma, acho que todos somos desiguais na aparência e no conhecimento, mas cada ser é único e a tua bagagem jamais será melhor ou pior que a minha.
Sou paciente, mentalizo ser paciente, tenho como mantra a paciência, a trajetória é longa e penosa, mas cada dia venho me aproximando dos meus objetivos, seis respeitar minhas diferenças, meu humor oscilante, meu plano de vida sempre foi e sempre será o equilíbrio.
Sou segura, estudo o outro, leio livros, acabo deixando passar o tempo, muito tempo, esqueço-me de comer e até de dormir, uma fuga a realidade alguns dizem, mas para mim é hobby misturado a diversão.
Sou de disputas, cedo ou tarde acabo enfrentando-as, acho que particularmente nasci para cutucar feridas, dar chacoalhões. Nada tenho contra quem cuida da própria vida, o problema é deles, mas ver os próximos dando passos em falsos, segundo minha teoria protetora não me deixa de mãos atadas.

Facetruque

Bem, acho que a maioria das pessoas que leem esse blog já sabe que tenho facebook e no facebook tem de tudo, pessoas que fazem questão de ser sua amiga e não falam com você se te encontram pessoalmente, amizades virtuais muito interessantes, casais que são o Sr. e a Sra. Perfeitos, pessoas ultrarromânticas que postam quantos segundos estão ao lado do amado, pessoas que postam: Acordei, jantei, tomei banho, sem sono e até piadas. Confesso que eu interajo bastante curto, comento, e dou gargalhadas.
Fui escolhida para ser administradora de dois grupos dos formandos do 2º grau e dos formandos da Faculdade, dedico meu tempo postando fotos antigas, marcando encontros e bailinhos para rever o pessoal e conhecer suas famílias. Nossa quanta gente loira rsrs 99,99% da mulheres estão loiras fiz até esse levantamento como enquete. Brincadeiras a parte, colegas estilo Fiuk e cabelos tipo Claudia Raia em Saçaricando nos rende boas gargalhadas. Tenho o cuidado e a etiqueta net de montar e antes de publicar, pedir autorização e tudo mais. Está maravilhoso, reencontrei velhos e bons amigos, uma delas postou um cartãozinho amarelo do tempo (18 anos) que eu tinha dado quando ela fez aniversário. Chorei de emoção ao saber que alguém guarda um cartão meu por tanto tempo mesmo tendo perdido contato.
Bom, mas vamos as pitangas, pois foi para isso que vim postar.
Quem me conhece sabe que eu nunca gostei de misturar vida profissional com vida particular, frequentar aniversários e sair para balada estão fora de cogitação, mas infelizmente não tive peito para recusar convites de amizade no facebook de colegas de trabalho. Eu adicionava a pessoa e bloqueava para visualização de fotos a fim de não expor minha vida particular no trabalho.
No domingo passado postei uma frase: Míseras famílias ainda acham que podem tratar seus ajudantes como se fosse de uma estirpe inferior. Essa frase retirei do livro do Fábio de Melo com Gabriel Chalita Carta entre amigos sobre ganhar e perder, não citei a fonte pois leio muito e acho que padre Fábio e Ana Maria Braga usam muito frases prontas em seu livro e não acredito ser deles sua autoria. São frases profundas, excelentes. Tipo prece da serenidade também escrita no livro e um trecho de Gandhi.
Comecei a ser maltratada por uma colega de trabalho, ela não respondia aos meus bons dias (até aí tudo bem, educação é educação), perguntava alguma coisa profissional dela e do serviço dela para compor o meu Relatório Gerencial e ela dizia veja nas notícias, no jornal ou qualquer outra resposta. Então comecei a perceber que eu estava sendo “desprezada por outras pessoas” que estavam se comportando como ela. E comecei a ouvir indiretas tipo: tem gente que ouve uma conversa telefônica aqui e posta no face a vida dos outros, eu inocentemente disse: nossa!! Existe isso?
A confusão foi tanta a doida chorou, fez calunia de mim aos quatro cantos da empresa, na cabeça da doida a frase postada no meu status era falando mal dela por ela ter comentado que a empregada dela rouba (furta) e que eu ouvi uma conversa telefônica dela com o marido no meu setor na sexta e no domingo postei.
Já fui de chorar para tentar convencer, mas hoje, n-u-n-c-a!
Apesar dessa pessoa falar gritando eu não ouvi um A do que ela disse ao marido dela, pois eu quando estou concentrada no trabalho não escuto nem telefone tocar, o mesmo que fica do meu lado. Eu não estou tão assídua ao blog, pois o trabalho tá tanto e o tempo tá curto, tenho um prazo até 31/10 para fechar o planejamento estratégico dos próximos 4 anos da instituição, é orçamento, aumentos salariais, concurso público, viagens e congressos, treinamentos, benefícios funcionais, folha de pagamento e tudo que uma empresa pública precisa para seguir adiante em 4 anos com qualidade.
Continuando falando da doida...
Que ela odeia isso, pelo dramalhão que ela fez todo mundo se compadeceu, tomou as dores e a melhor parte tudo acontecendo a minha volta e eu sem saber de nada, sem entender nada, até que “superiores” resolveram sem ouvir a minha versão me advertir, falar que o clima ficou hostil e blá, blá, blá. E eu com cara de “o que vocês estão falando”, eu não estou entendendo. Quando eu comecei a entender que se tratava de uma ofensa no mundo virtual. E muito, mais muito tempo depois alguém veio me perguntar porque eu fiz isso com a doida e só aí entendi tudo.
Uso o facebook mais para mim do que para os outros, as frases, notas e vídeos são de coisas que curto, posto para mim em nível de reflexão, não gosto de pessoas que maltratam ajudantes, achei interessante a frase para reflexão por isso postei, quando preciso de uma frase, uma nota, vou lá e busco. Não tenho o intuito de educar, criticar ou magoar alguém através do face muito pelo contrário o meu intuito é estreitar laços, rever amigos, interagir, saber notícias e mandar sinal de fumaça. Eu tenho como provar que não ofendi a doida, o livro do padre Fábio está marcado em marca texto as frases interessantes e postei uma a uma na sequencia, sendo essa a sexta, marcada por mim em marca texto, mas eu não quero provar nada para ninguém, é a minha vida particular, é o meu facebook e desde que não ofenda ninguém é a minha liberdade de expressão.
Arrogante e pretensiosa, eu só acho! Apesar de p da vida, morri de rir da doida que usou a carapuça por tratar ajudantes mal.
Ontem postei: no face tem de tudo, até pessoas que leem seu status e pensam que estou falando delas... Essas pessoas que se acham a centro do universo eu digo: se eu não citei seu nome, não escrevi no seu mural, não é de você que estou falando. Gente o status é meu. Isso sim foi uma direta já!
Não me surpreende ver quase todo o corpo funcional envolvido em fofocaiada, os colegas profissionais não pararam para ouvir disse-me-disse e não estão sabendo de nada, mas a rádio peão, especialistas em fofoca, calúnia e difamação essa está bombando.
Para mim não vale a pena me justificar para pessoas que não considero amigas e o único vínculo que tenho com elas é profissional. Justificar pra quê? Quem me conhece sabe que eu não seria capaz disso, dou bronca sim, não passo mão na cabeça, mas indiretas não é minha linha, se eu tiver que falar de alguém, falo para a pessoa.
Bom fica aqui o desabafo e a certeza de que a minha intuição de que misturar profissionalismo com coleguismo não dá certo.

Nada faz sentido

Nada tenho contra os empolgados, até porque sou uma delas, busco o melhor para mim, luto pela vida (sem fazer exames de rotina), faço exercícios que não me deixa frustrada, tenho conflitos profissionais como todo qualquer ser humano.
É como estar numa gangorra onde em cima eu tenho tudo e embaixo não tenho nada. Sonhei ser psicóloga por anos, busco uma profissão na qual vejo a possibilidade de ser feliz auxiliando o próximo.
Às vezes me pergunto qual é o maior desejo da minha vida, sem dúvida seria a realização pessoal no trabalho, a felicidade no trabalho, vai muito além do que faço e sim do que sinto.
O que eu faço para ter o meu sonho realizado? Por enquanto leio bastante, me fascina tudo que representa a área de psicologia, dar luz em meio ao caos, transformar vidas agitadas em tranquilas, não é varinha mágica é entender, compreender e ajudar o outro, quem se prepara para a mudança é cada um buscando o melhor para si.
Por várias vezes já tive a sensação que nada adiantava, que era normal ser fria e distante, que eu podia viver de reclamações, adaptar-me a uma vida mais ou menos, conhecer histórias piores do que a minha para me conformar.
Desperdicei muito tempo da minha preciosa vida pensando assim, foi massacrante, viver uma vida sem intervalos de felicidades, eu precisava de um alvará com urgência.
Não cabia a mim questionar porque as coisas aconteciam daquela maneira, o fardo às vezes era amenizado, existia cordialidade nem sempre recíproca com quem estava perto de mim, às vezes eu tinha educação, bom humor, alegria, respeitava pontos de vistas e era leal. Sempre gostei da palavra lealdade, sempre curti .
Eu tinha medo de pessoas desconhecidas, eu tinha medo até de pessoas boas que cruzavam o meu caminho, eu tratava de forma amável, mas com muita desconfiança.
Eu tinha medo da solidão, eu tinha uma rotina solitária, no entanto, com muitas designações importantes, eu curtia minha própria companhia, curtia meus livros, meus filmes, minha cama e até aquele restaurante com mesa para uma pessoa, aquilo era totalmente natural para mim e o meu medo consistia em um dia não ver prazer em tudo isso.
Com o tempo passei a perceber que estava cercada de pessoas desleais, colegas de trabalho indiferentes, problemas familiares, temor, angústia e ansiedade, eu supunha que só eu não era feliz, que só eu não tinha uma justificativa para viver, que só eu não tinha um objetivo a alcançar.
Seria tão bom se eu pudesse antever que tudo isso ia passar, que eu ia me sentir confiante, que eu ia me apaixonar novamente pela minha profissão, que eu ia criar uma autoimagem positiva, que eu ia adquirir fama de equilibrada.
Eu me sentia fraca, mas algo me fortalecia, eu queria obter respostas, mas o choro me tranquilizava, eu buscava soluções no invisível, na teimosia em dormir quinze horas, numa vida monótona e cheia de decisões.
A solução vem no dia a dia, as coisas inesperadas vão dando lugar a outras, a gente esquece os problemas ou aprende a viver com eles, a gente divide o tempo, passa a se interessar por cinema, literatura, põe humor em tudo, inclusive na carreira.
Daí a gente resolve enxugar as lágrimas, preparar-se pro que passou, avalia direito a situação, incentiva os demais, perde o ritmo, ganha o ritmo, aprende que todos aqui ou ali vivemos situações de dificuldades e aprendemos a ser nossos líderes.

É assim que lembro do meu tio alcoólatra, bebia até cair, a família cansou de buscá-lo na sarjeta, era uma decisão infeliz, ele não se sentia doente e nós não conseguíamos mudar seu ponto de vista.

Ele não era aparentemente saudável, usava roupas inapropriadas, cabelos assanhados, com uma vontade súbita de morar na mesa de um bar. De forma esplêndida ele se destruía a cada dia. Fiel a cerveja, whisky e cachaça.

Era um otimista incorrigível, a vida estava sempre pedindo comemoração com um copo de bebida na mão, havia mil razões para convencê-lo do contrário, mas ele estava completamente feliz com sua escolha.

A família foi paciente, passou por momentos de vergonha, por dúvidas sobre uma internação compulsória, sob o olhar de julgamento de quem não entende da cruz de ajudar quem não quer ser ajudado.

Às vezes damos mais importância às drogas ilícitas do que ao alcoolismo, mas o sofrimento é o mesmo de toda dependência, principalmente para a família que não sabe como agir.

Por várias vezes ele foi encontrado molhado de xixi, com frio de uma madrugada ao relento quando resolvia mudar de bar e sair de casa sem avisar, com dívidas exorbitantes de vendas no fiado.

Foi tudo repentino, uma dose aqui, outra ali, uma vontade de beber de dia, de tarde, de noite, de madrugada, uma vontade de não sair do bar até ser expulso porque o estabelecimento precisa fechar.

Nem ele acreditaria que fosse possível se viciar, de jeito nenhum, essas coisas acontecem com os outros, ficamos imunes, não sofro de nada, posso parar quando quiser, bebo porque gosto e me faz bem são as respostas de sempre.

Essas pessoas não afundam sozinho, não sabem a gravidade de adoecer a família inteira com preocupações, com emoções desgastantes, com falta de dinheiro desviados para o bar, meu tio foi rico, poderoso, político, importante, porém perdeu tudo, se afundou.

Perdeu principalmente a dignidade, o respeito, o amor-próprio, perdeu seus neurônios, perdeu o que a vida tinha a lhe oferecer, perdeu a bondade, se espatifou no chão, se destruiu.

Mãe!
É o pensamento racional, satisfação da existência, razão da vida. Mãe são gostos comuns, é time que ganha, doação em demasia. Mãe é real, relacionamento infinito e barriga cheia.
Mãe é uma “mercadoria” sem preço, uma vida em harmonia, encantadora do eu. Mãe uma intimidade natural, não tente explicar, só quero te ouvir. Mãe fecha os olhos com força, sinta o peso da perda, transforma por onde passa.
Mãe é dama no olhar, sensação significativa, oportunidade de reflexão. Mãe é balanço da caminhada, controladora a respeito de quase tudo, explosão diante de deslizes.
Mãe é sentir-se feliz, ter válvulas de escape e uma vida simples. Mãe abre mão de si mesma, não se sente sozinha, muito menos solitária. Mãe tem alma de verdade, lembra de cada gesto, negocia os presentes.
Mãe tem poucas ligações sociais e muitas emocionais, trabalha com sucesso e chora desapontada. Mãe se diverte em meio às circunstâncias, dos acontecimentos da vida e nos manda mensagens.
Mãe contempla o próprio filho, interage por completo e tem boa vontade. Mãe tem atitudes de gentileza, não sabe onde Judas perdeu as botas, mas sabe encontrá-las. Mãe sabe dar aquela notícia, inspira credibilidade e fala sem parar.
Mãe é próxima e conectada, aceita os acontecimentos e evita imposição rígida de suas ideias sobre como as coisas devem ser. Mãe é o ensinamento entre distinguir o bom do que não é, é a paciência para coisas insuportáveis, é trabalho de toda uma vida.
Mãe é nunca ter tédio ou falta de paixão, é esforço ao máximo e nunca o bastante, desistir nem pensar. Mãe é a felicidade que não se compra, é o band-aind, a sensibilidade, o conhecer e compreender.
Mãe é o sim fácil, é estar certa, mesmo estando errada, é deixar seus planos para mais tarde. Mãe é ter gosto torto, amar desde sempre, entender com os olhos do filho.
Mãe eu te amo! Obrigada por existir! Obrigada por ser você! Desculpa as perdas! Obrigada pelo sacrifício divino! Obrigada pelas noites insones! Obrigada pela vida! Eu sempre estarei conectada a ti. Um beijão no coração.

Era gentil e bondoso com os outros

Ele era um lorde, tinha uma postura importante, era de alma temporária, não sabia muito o que queria da vida, o que o satisfazia, o que o deixava feliz, estava em busca para entender o eu.
Ele queria que eu fosse de outro jeito, queria que eu fosse o que não sou e nunca serei, queria que eu “morresse” para satisfazer seus desejos preciosos, ele queria que eu nunca me acostumasse com sua ausência.
Para ele era inconcebível a gente se separar sem eu me matar, literalmente falando... A fronteira entre mim e ele e a forma como víamos a vida era louca. Enquanto eu estava sempre presa ao passado ele estava sempre focado no futuro, nem ele, nem eu vivíamos realmente.
Matheus era universitário, estudioso e parecia ter paz no coração, ele também era um bom profissional, descomprometido às vezes, mas suficiente bom para dar ideias brilhantes que alavancavam as vendas da empresa. Era o queridinho, o melhor.
Eu o achava inseguro, ciumento, crítico, exigente, imaturo, egoísta e um solteiro solto, aquele que acha que pode namorar com liberdade e fazer o que quiser da própria vida, aquele que poderia me largar a qualquer hora do dia ou da noite ou sumir sem dar satisfações a ninguém.
Era cheio de amigos, uns insatisfeitos com a vida, outros descompromissados com o amor, outros que só pensavam em si, Matheus se encaixava nessa última categoria, dava trabalho pro meu coração vagabundo e traidor.
Alguma coisa me dizia que eu tinha que salvá-lo, que eu tinha que fazer parte do processo evolutivo dele, como assim? Era uma desculpa que meu coração insistia em dar para que eu entrasse fundo nessa história.
O risco era grande, duas pessoas juntas que perdiam o foco o tempo todo, duas pessoas que se agarravam em expectativas, muitos projetos inacabados, modos diferentes de agir.
Ele tinha uma vitalidade, uma criatividade, uma tolerância, mas não era com todo mundo, na verdade, era com todo mundo sim, menos comigo, ele me achava infantil, não cansava de dizer isso.
Ele ficava me pedindo evolução de pensamentos, de posturas, de emoção, ele me achava egoísta, justo eu que pensava mais nele que em mim, ele queria que eu pensasse como ele, mas nossos pensamentos não se cruzavam em lugar nenhum.
Para eu ser boa o suficiente eu precisava nascer de novo, eu vivia por conta disso em constante ansiedade, numa agitação interna, numa dúvida do ser, então resolvi mudar e entre ele e eu resolvi me aceitar só por hoje do jeito que eu sou e fui tão cruel quanto ele, não abri mão de ceder e preferi seguir em outra direção, depois percebi que já estávamos em outras direções havia algum tempo e que só faltava decidir novos caminhos.

Feliz Páscoa!

Soluçando feito sei lá o quê...
Eu sempre me emociono com a passagem de Jesus, um dia lindo e reflexivo, um dia de dor e o dia mais rico de emoções, o dia em que ele renasceu em cada um de nós e nos salvou.
Por alguns anos eu não compreendia o poder do abandono na frase “Meu Deus, Meu Deus! Porque me abandonaste”. A frase parecia incerta. Infelizmente, demorei a aprender a lição, a lição da maior dor de Cristo, a lição de se sentir humano na última categoria, a da dor, a lição de transformar dor física e espiritual em Amor.
Tolerância foi seu ponto forte. A paixão de Cristo sobrevive de sentidos profundos a nossa existência e o amor sobrevive da realidade de que Cristo é Deus. A Paixão de Cristo traz suas lições, traz o amor à vida, aos relacionamentos, a coerência entre o discurso e a realidade.
Somos nada, somos o ideal, somos uma lista interminável da vontade de Deus sobre nossas vidas, somos a felicidade imensa do poder do Criador, somos o conceito de perfeição, mesmo que não estejamos prontos para isso.
Deus no faz estabelecer nas relações humanas a experiência de amor eterno, do infinito, do desconforto da dor em sua duração, um sentimento de se sentir nas nuvens mesmo com os pés no chão.
E a vida ganha nova forma, novos tons, novos sons. Você começa a acreditar que tudo tem um significado e uma resposta bonita, você perde a mania de julgar, você não precisa de muita coisa para ser feliz.
Você precisa do Amor, da completude, dos bichos, da natureza, dos livros, de tudo que te liga ao infinito, sem esperar nada, sem se sentir derrotado. A vida é um Identificar-se com Ele.
A gente opta pelas coisas do bem, a gente aprende que orgulho e teimosia não leva a lugar nenhum, a gente não se deslumbra facilmente aos prazeres ou ilusórias crenças. E quando o poço seca não há desespero, o preço da vida é a morte, o preço da saúde é a doença, o preço da juventude é a velhice, momentos que ricos e pobres passarão. A vida é um eterno renascer. Que jesus renasça em nossos corações.
Feliz Páscoa!

Becos sem saída

A vida nos impõe certas coisas desde o século passado, desde que o mundo é mundo, desde o tempo em que a disciplina lá de casa era a peia.
A sociedade nos diz que é triste viver sozinho, que não é legal viver num quartinho simples e cheio de livros, que o mundo é mais amplo e que as alternativas, as melhores alternativas é tudo que envolve grana, riqueza, família feliz e amamentação, nessa última parte eu concordo.
A gente vai vivendo a vida depressa demais, a gente se pergunta se tem tempo para se acalmar, curar as feridas abertas, surpreender a si mesma. Às vezes tudo parece nublado, tudo é muito eterno para um mundo de passagem, a gente não precisa viver como outras pessoas, a gente pode e deve aceitar nossas falhas e limitações, a gente pode melhorar e até gostar da nossa trajetória.
Nossa história é única nessa terra, a gente não pode ter uma vida como se fosse viver eternamente, temos que encaixar felicidade mesmo que não esteja mar de rosa, temos que ter plenitude sem dinheiro, segurança sem um amor, aprender as lições que a vida nos oferece sem a dor da existência.
Quando há dúvidas... precisamos seguir, quando há conflitos... precisamos seguir, quando de repente a gente recebe um e-mail dizendo: 'olha, não dá mais'... precisamos seguir, quando não tenho dinheiro para a matrícula na academia de ginástica... precisamos seguir.
A gente vai achando relacionamentos ruins como essenciais, a gente quer reconquistar de qualquer jeito porque no fundo achamos que a culpa foi nossa, a gente larga emprego, muda de ramo, desiste fácil de tudo que sonhou a vida inteira para que ele volte.
Quando percebi o beco sem saída, dei meia volta, ele não tem saída para frente, mas tem saída para trás. Adaptei-me exclusivamente a minha própria companhia, resolvi viajar por vinte dias, conheci lugares e pessoas geniais, controlei minha ansiedade de estar longe de casa e dos bichos.
Eu me sentia mais culta e mais vivida, eu estava falando mais alto que de costume, ele nem se importou, nem deu sinal de vida, nem se incomodou com as minhas fotos realmente felizes no instagram.
Sempre que alguma coisa ruim me acontece: corto o cabelo, é tão fácil mudar estilo, dar uma repaginada no visual, se achar linda e pronta para outra, essa parte de pronta para outra eu apertei no pause, vamos esperar um pouquinho, não sou tão forte quanto as minhas palavras acham que sou.
O tempo passou, um belo dia eu acordei me sentindo bonita, entendida que nascemos e morremos sós, depois de tantos natais, depois de conhecer novas maneiras de ser feliz, aprendi a me amar, passei a compreender meu mundo, minhas falhas, a importância das dores, aprendi a chorar e respeitar meu espaço, minha vida, meu eu.
Talvez eu diga o que já disse antes, talvez tenha vencido a ilusão, talvez o amor me aperfeiçoe, talvez o raio de sol que tanto eu aprecie entre pela fresta da janela, ilumine o que tiver que iluminar e basta isso para que eu possa diminuir a distância do discernimento que ninguém é feliz o tempo todo, que cada dia é um recomeço.

O que é superinteressante?

Aceitar o que a vida te apresenta
Usufruir os capítulos dessa vida
Impedir mágoas no coração
Evitar agradar o mundo
Entender os sentimentos
Ser responsável pela própria felicidade
Saber o que vai fazer
Sentir emoções
Acreditar e viver uma crença
Imaginar alcançando metas
Suprir suas próprias necessidades
Negar o eu
Servir e mimar quem amamos
Retribuir as gentilezas
Sentir a solidão com ferramenta para autoconhecimento
Manifestar amor de todas as formas
Convidar o outro a compartilhar conosco uma vida saudável
A presença de um grande amor
Carinho e respeito
Restringir os falsos
Casar
Alcançar uma graça
Relacionar-se com interação e qualidade
Ouvir aquela composição de Herbert Viana
Agradecer a Deus

O que é superinteressante para você?

Achei-me sozinha, no meio da multidão

Mesmo aborrecida não perco a capacidade de amar, sei fazer o jantar para o irmão que não está falando comigo, sei distinguir o que é superficialidade e valores, sei ficar atormentada por uma tristeza pungente.
Não me arrependo um segundo das coisas que faço, isso é ruim, não tenho alma nobre e sempre acho que mereço ser resgatada. Tem dias que me sinto muito melhor, outros estou bem impaciente.
O sorriso só me faz recordar tudo que eu perdi, o sofrimento da derrota é sempre mais avassalador e infindável que a alegria da vitória, a gente se esquece dos momentos felizes e foca nas tristezas.
Não vou forçar nada, nunca fui de forçar, nunca fui de proibir namorado de sair, nunca fui de colocar ordens no amado, eu apenas gosto de me sentir respeitada sem precisar cobrar por isso.
Muitas pessoas, quando passam por um evento profundo e traumático, como ter a vida em risco de alguma maneira, mudam sua escala de valores, mas eu continuo minimizando as coisas, continuo maximizando os problemas, continuo achando que eu me sinto só por culpa do mundo.
A vida da gente muda de repente, é pra frente que se anda, apesar de tudo. Coloco-me no lugar do outro, tornei-me sincera para mim mesma, estou longe para entender porque me sinto só, mas sei que o problema está no meu mundo.
Mantive o perfume, não sei, mas quando me sinto cheirosa a autoestima aumenta. Vivi situações de estresse e acabei me fechando simetricamente, fiz de cada dia um dia especial, existem maneiras diferentes de viver eu teria que a prender pelo menos uma delas. O meu sentimento era olhar fora, quando na verdade deveria está olhando dentro.
Uma forte razão sentimental me fez me sentir só, não somente só, explorada, triste, totalmente desamparada, sem inspiração para escrever, sem reformulação de perguntas, sem caridade. Estava olhando para a própria barriga.
Eu estava muito bem dias atrás e estava mesmo, eu era aquela brasileira que acha que já nasce sabendo de tudo, mas faço de qualquer jeito o que amo fazer, até aquela receita de amêndoas com avelãs que os filhos adoram comer no parque eu ando desistindo.
Eu quase tive uma overdose de carinho e mesmo assim me senti só, eu não sentia falta do material, eu sentia necessidade de afeto, eu estava interessada na felicidade, mas essa felicidade tinha que ser coletiva.
Eu me importo com vocês e queria apoio, sou uma pessoa imperfeita buscando algo perfeito, Por que eu estaria fora do eixo? Por que eu estava empolgada na fútil argumentação? Assumi a situação com coragem e internalizei que aquilo ia passar. E, Passou!

Todos tentam entender o que aconteceu com você

Sempre fui àquela gordinha de bem com a vida, que comprava tecidos para a costureira porque estava cansada de ouvir das vendedoras que as lojas não tinham o meu número. Olha que meu grau de obesidade era um, imagina! Daí passei a ter roupas exclusivas e do meu estilo próprio intitulado carinhosamente por mim de Princesa Libertadora do Amazonas.
Uma vez ou outra a vista começava a escurecer, uma vez ou outra me sentia sufocada por estar deitada sem travesseiros, parecia absurdo, mas meu orgulho de ser gorda e quem me ame me aceite como sou foi para o ralo quando vi minha saúde abalada.
Mas o que me levou a malhar foi uma tristeza profunda beirando a depressão, já tive uma vez e reconheci os sinais, eu estava com uma sensibilidade exagerada, parei de gastar por falta de vontade de sair de casa, ver pessoas juntas, reunidas e felizes me deixava com um pouco de inveja. Passei a ficar nervosa, tensa, uma lagoa emocional.
O remédio receitado por mim mesma se chamava serotonina e adrenalina, já que todos falavam que era o hormônio da felicidade quem era eu para discordar. Como num clique percebi as mudanças positivas em meu corpo, minha mente.
Eu chorava quando dormia, não tinha um referencial de mim mesma, eu me achava obtusa e sem forma, ninguém se importava com aquele aperto na alma quando precisava conviver com os outros. Eu tinha a grande responsabilidade em me salvar.
Foi à época que eu mais me amei mesmo inconsciente, não tenho palavras para descrever aquele momento, eu estava à beira do precipício e aprendi a lidar com isso, eu estava no abismo da minha tragédia pessoal e estava lutando para sobreviver.
Os meus choros eram silenciosos, as lágrimas escorriam sem parar, eu era muito insegura, logo eu a gorda que se amava e dava até beijinho no ombro? Cada um de nós está extrai algo diferente dessa experiência, meu esforço constante era para me manter equilibrada.
O desejo de recriar algo maior em mim que me tornasse forte, que me deixasse de molho na piscina quando precisasse, que me fizesse refletir sobre as minhas certezas, que me deixassem longe do estereótipo de pele e osso.
Passei a viver cada dia como se fosse o último, encontrei amigos por aí, aprendi a curtir cereais, enganar a tristeza e não ceder aos meus caprichos camuflados de doenças.
Passei a ser mais controlada, algo me trouxe plenitude, uma compulsiva paz, um acreditar em Deus, um tchau para a culpa. Não desafiei a eternidade e o excesso de gordura dentro de mim, cedo ou tarde cobrou o preço.

Água

Tentando parecer conformada em ter que tomar dez copos por dia, mas vamos lá, vamos acreditar no poder de cura da água para o resto da vida, o coração pulsa melhor, a gente depois de um tempo acaba curtindo a água geladinha ou a modinha do chá de hibisco.
Quando estamos em dieta, ficamos inseguras, dói evitar coisas muito doces, gordurosas e gostosas, comer é um prazer com culpa. No início a gente dorme muito para o nosso próprio bem-estar. Ou a gente dorme ou a gente come.
Para quem decidiu pela reeducação alimentar não custa nada lembra o: Até que a morte nos separe. Significa não fazer concessões, significa curtir grão-de-bico, significa se surpreender e perceber que a vida de lá cheia de gorduras e limitações que era uma vida infeliz.
Para quem como eu não consegue viver com tamanha rigidez, tenho uma dica: Liberdade com moderação, muita moderação, pensar sempre na mulher com a saúde maravilhosa que você quer se tornar. Trocar comida por teatro, por cinema, por esportes.
Saber que as comidas certas funcionam bem dentro de mim acaba me tornando subserviente e focada. Estou curtindo cada dia minhas escolhas, ver resultado me deixa com aquele sentimento de: sou foda.
A gente precisa aprender a reconectar-nos com nós mesmos, a gente precisa aprender a ter os melhores sentimentos e as mais belas palavras, a gente precisa deixar de ser orgulhosos e teimosos. Precisamos gostar de ser humildes.
Todas as coisas que ninguém quer pensar quando faz dieta é em comida e acreditem a comida não sai da sua cabeça, a gente quer saber o próximo horário da refeição, a gente fica com frio no estômago.
Esse foi o início do fim para mim, sentir a ilusão do que nos parece bom, e aprendendo a reconhecer os sentimentos que te levam ao bolo de chocolate. Precisei desligar os dispositivos onipresentes no doce, minhas engenhocas para engordar, na verdade para comer, engordar era consequência. O que me machucava era olhar o celular ou tablet, verificar minhas redes sociais e pensar que eu tinha que editar todas as fotos, eu não gostava de mim. Cansei de foto 3 x 4.
Suavemente abandonei tudo que se referia a alimentação nos meus últimos 39 anos, sim a vida toda, porque mesmo quando eu era magrela eu ainda sim comia errado, muito errado. A diferença entre gorda e magra era o metabolismo. Comecei a me apegar aos resultados, então chorei quando me vi com menos celulite, fazendo pilates com menos esforço, abdominais sem me sentir sufocada.
A gente começa a ser mais gentil e atenciosa, a gente consegue tudo o que quer inclusive estudar para concurso. A gente para de ser o gordo da roda, a gente sabe muito bem o que está fazendo.
Feliz água! Feliz dieta! Feliz vida nova!

Agora ele se foi e eu também

Quantas vezes o ofendi gratuitamente? Quantas vezes procurei outras pessoas para conviver? Quantas vezes senti vontade de vingar o que ele disse e não me entrou muito bem?
Tudo isso acabou em divórcio, tomei minhas próprias decisões, agora as cicatrizes ainda não cicatrizadas continuam na alma, tento ser guerreira, mas quando olho para trás desabo, se eu tivesse maturidade de observar tudo seria diferente, já li que a culpa faz parte e que ele não era tão maravilhoso assim.
Eu não me contento com a vida, não temo mais a própria vida, passa coisas horrorosas pela minha cabeça, inclusive interromper a vida que não é tão bela ou colorida como antes.
Eu encasquetei que ele me traia, estava muito carinhoso ultimamente, levantou suspeitas imediatamente, era um terreno perigoso descobrir traição quando na verdade você não sabe o que vai fazer com aquela informação.
Vivia num estado de pique o tempo todo até desabar, decidi pela mudança, mas a adaptação não é fácil, perdê-lo transformou-o num príncipe, mesmo que lá no fundo eu saiba que não é bem assim.
Eu precisava de desafio, precisava ingerir açúcar, aumentar o ritmo, fortalecer os ossos com cálcio. Eu precisava de razão, de coração, de vontade, precisava deixar claro uma coisa eu não era mulher de aceitar tudo passivamente.
Nunca mais ele teve brilho nos olhos, nunca mais o seu pobre coração acelerou, ele sofreu demais, mas foi responsável pelas suas escolhas, ele estava bruto, chato, relaxado e justamente à época em que eu estava organizada em tudo, coisa que nunca fui.
A vida deu uma virada absurda, ele não fazia objeção à coisa alguma que eu pedia, mas não era sincero, não era por vontade, ele apenas não queria levar um pé, não queria discutir com minha ansiedade, meus medos e a perda do marido perfeito.
Tive a oportunidade de aprender a ter mais autoestima e amor próprio, a pensar mais em mim mesma, a conhecer as contradições internas, a não ter ódio e complexos.
Comecei a ter aquele jeitão de dona do mundo, de viver a minha maneira, de evitar o longo processo de amadurecimento. Havia mil formas de relacionamento, poderíamos morar em casas separadas ou agir como se atitudes alheias não me afetassem.
Não preciso lidar com nenhuma desculpa, o meu maior bem-estar, minha maior sabedoria, a minha própria admiração e doação me diziam para ir embora, para sair do caminho, para encontrar alguém que me ame sem fugas, eu me permitia olhar para o futuro sem medo. E assim foi.

Eu preferia correr

Ainda não aprendi a correr, dói tudo, corro para chegar no objetivo, para terminar a corrida, para pensar enquanto o vento me refresca, para vivenciar pensamentos com maior ou menor intensidade.
Corro atrás dos meus pais em atenção que a terceira idade requer, corro para equilibrar a grosseria que nasceu comigo, corro de tentar um novo amor, corro de fundamentalistas sem certificados, de sociólogos sem vivência, de historiadores sem conteúdos e de políticos corruptos.
Corro quando minha vida está fora de controle, quando a paixão está diminuindo, quando o relacionamento começa a crescer em cobranças, quando deixo as coisas como são, sem questionar.
Corro quando perco alguém para a morte, quando penso em tudo que ela tinha para viver e não viveu, corro para evitar doenças, corro atrás de filhos, de profissão mais bem pago, corro atrás de possibilidades.
Corro atrás de segurança no relacionamento, corro em definir a vida da maneira que me faz mais feliz, corro para excluir da minha vida motivos fúteis e desafetos, corro para ser leal e inteligente.
Corro de medo de banheiros públicos, de repetir o repertório, de ser chato, de dormir mal, de casamento ruim, de absorver ruindade, de extinguir o amor, a bela imagem que faço de mim mesma.
Corro do cansaço, de quem fica contemplando o umbigo, de fazer vontades, de sair de casa sem motivos, de práticas ruins como a fofoca. Corro para ser quem sou de verdade, corro atrás do que quero para mim, corro longe da destruição emocional.
Corro quando não consigo revelar que sou, quando preciso defender o Brasil dos próprios brasileiros, corro da compulsão alimentar, das contradições, das minhas limitações, corro de ser mãe e fazer disso o único papel principal.
Corro do estresse, do ataque cardíaco, do mau funcionamento do meu sistema imunológico, de perseguir ideias que ninguém acredita, de se importar muito, corro para vencer a timidez, a traição, a dificuldade de comprometimento, corro de medo de aceitar tudo.
Corro de promessas não cumpridas, corro de crueldade implícita, de cabeça de recém-separado, corro sim atrás de sabedoria e equilíbrio, corro para enxugar as lágrimas, corro para desviar caminhos que não me fazem bem.
Corro atrás de paciência e humildade, corro para sentar na cama e escrever mais, corro para que casamentos durem hoje em dia, corro para aceitar o pacote completo, corro assim como vivo. Mas ainda não sei correr.

Alguém tem medo do ridículo?

Nem sabia do meu sentimento por ele, não sabia ser portadora de uma paixão, uma fé, uma esperança, um amor, uma certeza da legitimidade desse sentimento. Ainda alimentava a raiva e a mágoa pelo outro, pelo primeiro, pelo pai da minha filha.
Estava zonza, imaginando coisas, vivendo momentos de mulher, sonhos, cores, flores, felicidade. Eu estava atraindo o que estava transmitindo aos quatro ventos do universo.
Saí de um relacionamento em que tinha que fazer tudo o que o meu marido dizia e entrei no mundo em que eu era paparicada e tinha minhas vontades atendidas sem questionamentos.
No primeiro momento estava com pé e mão nos freios, eu não sai correndo atrás dele como meu coração desejava, eu estava sozinha há três meses, tinha superado um sofrimento em tempo recorde, mas não saia da minha cabeça a ideia de que estávamos destinados um ao outro, que tinha chegado a minha vez, que eu não deveria ter subestimado o amor de Deus.
Eu era o passado vivendo no presente, tive um ano difícil, mas provavelmente vivi muitas coisas perfeitas pelo mundo, sem nenhuma justificativa intelectual e psicológica, coisas que continuarão registradas no meu currículo, na minha vida.
Encontrei um Homem cada vez mais raro, gentil, educado, moderno, fofo, lindo, com exageros a parte e com sentimentos serenos, ternos, fraternos, maduros, uma verdade eterna em sentimentos descomplicados.
Foi difícil entender que meu marido amava outra pessoa, que o pai da minha filha sempre amou outra e quis se unir a mim para não ficar distante da filha apaixonante, abraçando o pesado fardo de uma gravidez indesejada com um serzinho desejado dentro da barriga.
É isso que se faz por alguém que se ama, pensava eu comparando os relacionamentos, fiquei chateada com as comparações que fazia, mas parecia inevitável, pareci que eu queria provar para mim mesma as escolhas erradas do passado e apostar todas as fichas no valioso, belo, flexível Homem Atual.
Amigos, vocês podem acreditar, comparar fez com que eu ficasse segura, feliz, centrada, me sentisse amada, mesmo em situações ou circunstâncias adversas a maneira como ele se manifestava me apaixonava e foi por ele e por amor a ele que aceitei o fim do meu relacionamento anterior.
Nos conhecemos pela internet, que foi para mim a mais nova lâmpada de Aladim, eu não acreditava em internet, nunca me animei para isso, mas segui os impulsos da harmonia, deixei a guerra da tristeza fora e cheguei ao denominador comum de tentar e assim a vida me presenteou.

Algumas possibilidades que possam ser válidas para uma vida mais contente

Seguir meu próprio conselho de dormir o suficiente, mínimo oito horas por dia, ou por noite como preferir.
Reconhecer amizades pela lealdade trocada.
Tomar decisões centradas no outro e em si. Sempre olhando bilateralmente.
Evitar a dura e problemática comparação.
Ser uma mulher/homem diferente.
Não ter limites para autoconfiança.
Assumir mesmo embaraçada a possibilidade de ter entendido errado e pedir desculpas por isso.
Conseguir tudo o que quer, sem pisar em ninguém.
Viver intensamente o seu tempo.
Sonhar sem perturbar a alma.
Excluir a ideia de que mulher boa tem como destino ser abandonada pelo parceiro.
Evitar arrumar encrenca.
Não Julgar coisas que parecem absurdas.
Amar a si e aos outros.
Decidir quase tudo.
Silenciar.
Curtir a vitória alheia com alegria.
Cultivar esse sentimento misterioso chamado Amor (só curto escrever Amor com A maiúsculo).
Estar prontos um para o outro.
Ver amigos.
Curtir óculos de sol e proteger a retina.
Costurar a amizade até virar uma coisa só.
Tornar-se uma figura elegante nas palavras e gestos.
Desapegar de coisas ruins.
Andar para frente.
Deixar de ser maldosa.
Selecionar o que é bom e justo.
Ter Fé, mesmo que não tenha nada a ver com religiosidade.
Manter a palavra.
Aprender culinária.
Sentir-se livre e triunfante.
Evitar berrar insultos e sussurrar elogios.
Ser capaz de desligar o celular e recarregar as baterias do corpo quando necessário.
Falar hum-hum para evitar brigas.
Torna-se uma pessoa melhor e mais atenciosa.
Abraçar as histórias que não são suas.

E o resto será fácil

Ana criticava os outros no passado por precisarem estar presos nas religiões, ele dizia que era preciso aprender adentrar águas profundas e desconhecidas e que os indivíduos morriam pelo grupo.
Joaquim dizia que a “bagagem” da vida é a sabedoria, que precisamos encostar o dedo no machucado do outro com firmeza.
Antônio falou que precisava preencher o vazio da alma, que não queria mais me satisfazer com coisas temporárias, que não é possível viver desconsiderando o outro, andava sentindo tudo triplicado, com intensidade e tristeza.
Caio está namorando a Miss Universo, enfrenta qualquer situação para ela e por ela, ambos se comportam de maneira tão nobre.
Amigas se desentendem ás vésperas do Natal, é apenas o fio da meada, estão decididos a romper para sempre sem a menor boa vontade do mundo uniremos uma amizade que se desvalorizou.
Raquel deseja algo que pertence aos outros, uma tarefa nada fácil.
Toda atenção foi desviada para o TER e não o SER, quando um casal se separa os amigos do casal escolhem com quem querem ficar.
Quando eu te vi e você me viu, sabíamos instantaneamente que estávamos destinados a ficar juntos, mesmo que ele não tivesse um lar ou uma família “normal”.
Nem sempre agimos de maneira nobre, mas pode haver outros lados, podemos descobrir pedras preciosas mesmo nas pessoas desonestas, desleais, rudes e egoístas.
Não sou mais tão jovem, já nem sempre faço o social, já percebi que a maioria de nós prefere colocar a culpa nos outros, mas eu garanto, não dê ouvidos aos que te põe para baixo, vá em frente e seja um terror de bondade para o mundo.
Com o tempo a gente sente menos com o que os outros acham, não se incomoda de ter um gênio difícil. A gente se resgata da própria existência, percebe que até mesmo os melhores cometem erros, aceita as transformações.
Vai nem ligo, diz ao Moisés, mente sem a menor cerimônia, fala em dinheiro o tempo todo, um perfeccionista e um bocadinho pedante, sente inveja, raiva, cobiça, luxúria e é manipulador.
É difícil ser gente grande, é difícil ficar indiferente, refazer as aparências ou ainda viver com sérios problemas pra resolver, é difícil casal pós separado se quererem por perto, por amor aos filhos, é difícil ser chamada de burra ou retardada, ou ainda ofender algo que é sagrado pro outro, vamos aprender a viver bem.