Coleção pessoal de Arcise

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Decidimos nos casar

Uma recepção preparada por nós.
Nos encontramos nas redes de relacionamentos, depois de alguns minutos de conversa, um beijo na boca, e muita felicidade ele falou que teria que voltar para sua terra natal, estava de passeio.
O desejo de ir junto foi imediato.
Mas faltava nos conhecer melhor, não podia me jogar de cabeça como nas outras vezes, julguei a nossa relação como superficial e parcial.
Conviver com ele foi benéfico, sem obrigações, foi simplesmente uma bonita história pra contar. Não contávamos com a saudade, com as mãos frias de nervoso e com o frio na garganta.
O nosso coração estava sereno, com cada coisa em seu lugar, o tédio ficou distante, a vida ganhou outro sentido, éramos nós e mais ninguém, parecia que todo o resto era figuração.
O churrasco em família no qual fui obrigada a comparecer com aquela sensação de todo mundo te olhando, todo mundo discutindo teorias de que você tem dois filhos e que você tem uma relação pacifica e cordial com seu ex-marido.
Com o tempo fui ficando seletiva e eu comecei a reconhecer as pessoas que merecem fazer parte da sua vida e as que merecem pular fora.
Gostei de primeira daquela cara redonda e risonha, daquela sensibilidade de homem moderno, do destrinchar dos papos. Há um motivo para tudo que acontece na vida eu acreditava nisso.
A temperatura só aumentava entre nós, era um fogo sem chamas, os pensamentos pareciam reflexos de nossas almas unidas, resolvemos entrar num projeto de vida inteira: o casamento.
Não basta sonhar com as coisas que desejamos, é preciso agir, fazer acontecer, é preciso estar preparada, ficar alegre com o bem do outro, este mesmo bem já lhe pertence. Entendi o amor que ele sente por mim e compreendi que não precisava prolongar a felicidade, ao pensar nisso fui chamada de doida por Deus e o Mundo, mas eu tinha certeza, eu tenho certeza e o que faço com essa certeza? Ponho no bolso e espero esfriar?
Não sei se quero continuar solteira nesse mundo porque estou agindo com o coração, sempre fui uma pessoa bastante solitária, alguns filmes foram espirados em mim, na minha descrença em casa, na minha autoestima pequena, vazia.
Uma dose de normalidade nesse momento ia bem, mas e ele? Eu tenho toda uma carência afetiva, tenho dois filhos para sustentar, tenho um turbilhão de mágoas referente a casamentos e ele? Ele tem as circunstâncias, o foco e os detalhes de querer eternizar logo nossa união, ele quer logo mais.
Eu não seria capaz de deixa-lo ir, eu vou com ele na certeza que mais felicidades me espera.

Ninguém é perfeito, quem quiser gostar de alguém tem que aprender a gostar das qualidades e tolerar os defeitos, tem que aprender a discursar sem ladainhas, entendendo que a vida vai piorando à medida que você cresce.
Eu não posso me contentar com ninharia, também não posso ter uma mente inquisitiva, uma mente que não aceita as coisas com facilidade, ou ser aparentemente superficial.
Eu nunca notei falta de interesse dos meus amigos, mesmo quando eu fazia um gesto vago, eu também entendi que algumas situações eu nunca poderei mudar, não cabe a mim escolher o que a vida me apresenta. Cabe a mim aceitar ou recuar.
Não sei confortar os outros, não tenho um estilo de vida certinho, com a saúde regrada, não cursei faculdade por superinteligência, não sei se demonstro interesse pelos outros e seus problemas, mas tenho muita força e sei assumir o controle da minha vida sem ficar pensando nos obstáculos.
Pois é! Ninguém é culpado de nada, o mundo muda, eu demonstro amor de um jeito diferente do que demonstrava no passado, nem por isso amo menos, eu acho que algumas coisas acontecem por força do puro e simples destino, eu gosto de valorizar o modo de ser de cada um.
Eu me sinto estranhamente nervosa quando julgo, as pessoas tem direito de errar, de dar um passo em falso, nem todo mundo é formado nos rigores da disciplina, nem todo amigo tem a atitude que se espera, a vida é um constante exercício.
As coisas às vezes ficam diferentes, sinto que alguma coisa mudou, outras perdem o senso do ridículo, as dúvidas sempre existem e no meio de tanta coisa tem frieza, conflitos emocionais, descontrole e coisas que põe em risco a continuidade da relação.
Às vezes a gente descobre verdades que abalam a estrutura, uma traição por exemplo, outras estamos cansados para amar, estamos sempre conectados, estamos sempre rodeados de amigos. No fundo eu sei que eu não poderia ser quem sou se você não fosse tão claramente quem é.
Eu já tive a incomoda sensação de ter nascido fora da época, eu já desisti de muita coisa, eu já deixei que o mundo discuta essa questão de certo e errado, de inferior, de hierarquia, de relacionamentos, de felicidade, coração...
Já roubaram me brilho especial dos olhos, já ganhei vantagem por ser branca do qual nadam e orgulho, já fiz coisas que pareciam impossíveis, já ouvi diversas vezes “ você não quer nada com ninguém porque tem o rei na barriga” depois daquele encontro que escapei.
Enfim, muitos dedos na cara, poucos sentimentos e a gente revendo a vida a cada instante.

Um mundo sem dor, sem doenças e sem injustiças

Interessa essa objetividade?
Só porque usamos aliança não significa que estamos seguros, que o parceiro não vai nos trair, que não existem atalhos para o “paraíso”, ou atos praticados pelo amado que dão prejuízos ao nosso coração.
Seria tão bom morar numa cidade civilizada, sem ansiedade, sem pouca concentração, sem raiva e arrependimentos, sem coração rebelde, sem orgulhoso e instabilidade financeira.
Você nem sonha com tanta coisa boa assim junta, com união eterna, sem dificuldades para pensar e falar, onde o outro só enxerga a verdadeira beleza, aquela que não se exibe.
Aquela cidade onde o amor não esfria, onde não se derruba coisas, onde não existem pessoas desajeitadas, onde o perdão não pode ser exigido, mas é doado facilmente, onde é fundamental que os pais desliguem a tv e não permitam o uso de dispositivos eletrônicos durante as refeições.
Priiiiiiiiiiiiiii é sonho eu sei, mas vamos continuar sonhando num mundo com aceitação, com compromissos as circunstâncias e fatos, ao não atrevimento, aos bons instintos, a uma vida cheia de surpresas, ao bom e velho você sumiu, não aparece nem telefona e a comemoração do reencontro.
Ao mundo imperfeito onde é possivelmente possível juntar os pedaços, onde é possível manter a aparência equilibrada, onde eu mesmo não amando você, me importo com você, onde realidade é realidade e fantasia romântica é fantasia romântica.
Um mundo justo, onde tudo que você tem e não valoriza a vida tira, onde aceito-me plenamente, incondicionalmente, uma vida sem pressa incessante e sem trabalho contínuo minando nossas forças vitais.
Nem todo mundo é igual, Ainda bem! Na arquibancada da vida uns preferem sentar, outros vibrar em pé e não há nada de errado nisso. Quando as coisas ficam difíceis é quando você é levado a checar os seus reais motivos de sobrevivência, ou quando a respiração falta por algo que incomoda e perdemos nossa paz e estabilidade, ou quando desaparecem os sentimentos e ficamos sem ação de como continuar, entendendo o outro e a si mesmo.
Suspiro e reavalio sentimentos, analiso o próprio corpo, presto atenção aos comandos da saúde, podemos nos separar se quisermos, mas podemos seguir em frente mais felizes e mais fortes, tomando a decisão de amar, você merecendo ou não, sendo divertida e simpática, entregando-me sem medo, sem relutar em fazer o outro feliz. Ahhhhhh fazer o outro feliz!
Você já sentiu o desejo de não se envolver com pessoas que pensam de maneira diferente, nesse mundo isso também é possível pois antes do amor vem a aceitação e o respeito.

Altruísmo

Só gostaria de pedir um favor de algo que me incomoda muito, muito e muito.
Bolsas sentadas em cadeiras, enquanto pessoas aguardam em pé.
Bolsas ocupando espaço em bancos de igreja, ou tirando lugar de potenciais clientes em lanchonetes, enfim, vamos pensar um pouquinho no outro, vamos diminuir nosso espaços físicos em prol de quem também gostaria de sentar.
Agradeço

Essa é a parte que me cabe

Tem gente que nunca vai saber o que é esse sentimento chamado amor, tem gente que vai além do vínculo emocional, faz a gente viver uma história particular, um conto de fadas.
Estava super estressada com os últimos acontecimentos, estava presunçosa, indignada, sem direção e com muita sinceridade em agredir e magoar. Estava sem ter direito de defender a própria vida.
Era um ataque a minha credibilidade, uma influência até certo ponto, um status, uma imagem social. Queria me sentir importante, não tinha tempo para ele e muito menos para mim.
Ele cuidava de mim, ele tinha a capacidade de fazer as pazes, ele me amava e eu sentia isso, mas um dia ele perde o interesse e vai embora, eu fiquei sem cor, sem vigor, sem esperança.
Passei a discutir a relação sozinha, deixei de atazaná-lo, os meus pais pediam uma explicação, eu acabara de ficar sozinha sem saber muito bem o que estava acontecendo.
Enchi meu corpo com endorfina, ele foi o melhor acontecimento da minha vida e agora estava destruindo a minha vida. Eu era contra a traição até que trai, então me dei um milhão de justificativas.
A gente em casa falava de tudo: liberdade, responsabilidade, comportamento e consequências, o casamento nos dá oportunidades de lutar juntos, eu não queria perdê-lo de jeito nenhum, mas foi inevitável.
Eu me irritava com a ideia de alguém se achar meu dono, querendo mandar até nas minhas amizades, nos meu jeito de fazer as coisas na cozinha, no me jeito carinhoso com os amigos. Quando um homem ama outra mulher desinteressa pelos filhos, quando uma mulher ama outro homem ela se interessa muito mais pelos filhos.
Passei a vida vivenciando relacionamentos frustrantes, achava o diagnóstico absurdo: orgulho ferido. Tentei proteger-me desse piripaque, desse sentimento de inferioridade e insegurança eu que sempre fui uma amante da lógica.
Muitas pessoas só valorizam quando perdem, eu estava nessa estatística, o tempo passa e as pessoas esquecem eu jamais esquecerei o quanto não fui honesta , o quanto me deixei envolver pelo amor ao dinheiro, o quanto deixei de estabelecer um vínculo emocional.
Sentia-me relativamente equilibrada, precisava acreditar que estava sempre certa, eu tinha a necessidade neurótica de me sentir útil e reconhecida, eu faria qualquer coisa, qualquer coisa, para tê-lo de volta.
Homens não perdoam traição como as mulheres, homens gostam do que é bom, do que vira rotina, do que é confortável, gostam do que não causa surpresas desagradáveis.
Ele estava lá, mas eu não percebia, ele era um pai maravilhoso, comprometido com a família, mas cometia os erros comuns de deixar nossa relação morna, com a honestidade suficiente para poupar elogios.
O compromisso nos leva a prova definitiva, a traição faz sofrer uma família inteira, traz vergonha, indignação, revolta. Ele pôs a minha mala na porta do elevador, mudou meu estilo de vida para sempre.
Estava cansada demais para pensar nisso, eu queria me tornar um ser humano melhor, sem o aperto no coração, sem o medo do que as pessoas iam pensar, uma vontade de chorar me invadiu por dentro.
Enxergar as coisas como elas são foi duro, não entrava mais em embates com facilidade, as lágrimas aumentam, o amor se torna mais nobre, pratiquei esporte, dormi bem, nutri-me das melhores intenções, mas a dura verdade é que ele não me perdoou.

A humildade é a corrente que eu abraço

Sem generalizar é a qualidade mais admirável, assim como o bom-humor. Conseguir enxergar o lado bom das coisas mesmo na dificuldade é um surpreendente gesto.
O medo não deveria me dominar, mas tenho medo de parecer arrogante, prepotente, nariz empinado. Tenho medo de estar no biombo da hipocrisia, viver uma vida com autonomia e sem os agradecimentos necessários.
Tem muita gente que acha que essa conversa não leva a nada, que devemos ser nós, e até com certa frequência não se importar com o que os outros acham ou pensam.
Bom, o meu processo de evolução diz que cada um é diferente, temos uma mistura de sentimentos no coração e muita teoria na cabeça, aprendemos lições de tolerância e cumplicidade e devemos ter simplicidade nas atitudes. Existe até adjetivos favoráveis e desfavoráveis, como sendo bom ou ruim.
Por um tempo sofri a ausência de paixão, achava que era normal na minha idade, nada me motivava, nada me empolgava, nada me satisfazia a me mexer, eu não queria conviver com pessoas lentas, eu não tinha a estatura da paciência, eu sempre achava que a vida sabia o que faz.
Mentia para mim mesma, era só uma aperitivo para enganar a minha inquietação, buscava respostas na internet, cheguei a perguntar ao google o que era ser feliz, por que eu estava presa ao passado ou tentando imaginar o futuro.
Não gosto de generalizações, bato firme nessa tecla, nem todo homem é pagador, nem toda mulher é mal comida, casamento para uns é maravilhoso, para outros uma dificuldade a ser superada, nem todo mundo sabe domar o seu leão.
Tive várias relações que acabaram bem, várias relações em que meus exes me odeia e outras duas em que eles querem reatar. Por conta disso fiquei sem comer desde ontem. Eu não servia, eu não prestava, eles não me amavam, e após eu ter conseguido vencer cada obstáculo, sou a pessoa mais honesta e linda do planeta.
Ex para mim não se tornam inimigos em potencial, mas minha extema generosidade não inclui dá chances a relacionamentos que já fracassaram uma vez, mesmo que a humildade seja meu mantra, mesmo que vez ou outra eu desconte minha raiva nos fracos.
A gente percebi o zum zum zum de como as pessoas julgam nosso comportamento, a gente sente as certezas possíveis, a gente sabe lá no fundo do coração quando está perdendo o nosso maior tesouro.
Eu sempre mostrei sinais de ansiedade, não é à toa que engordei 30 quilos, não é à toa que só eu me sentia radiante depois de comer uma caixa de chocolates, mesmo com muitos quilos a mais sempre me achei com uma aparência boa o suficiente, meu peso nunca influenciou em minha autoestima, para mim era uma lenda gordas não se acharem lindas e sensacionais. Cadê minha humildade gente?
As cobranças são os grandes, gordas terão problemas nos relacionamentos, gordas acabarão solitárias e tristes, gordas serão rodeadas de gente que suga ainda mais sua insegurança.
Meu sorriso era lindo apesar do meu corpo, meu rosto bonito apesar do meu corpo, aos poucos fui domestificando fantasmas, as emoções que eu sentia e precisava administrar me tornou única, aprendi rapidamente que o céu me pertencia, tinha nascido para ser feliz e para ser humilde.
Vivenciei traições, vivenciei momentos tensos e resolvi que era hora de pensar em mim, fiquei com medo da solidariedade disfarçada de pena em cima dos gordos, fiquei com receio de abraços mágicos.
Eu estava mais uma vez pensando pequeno, eles eram inteligentes, interessantes e carinhosos, eu tinha esgotado os meus recursos naturais de força de vontade em emagrecer.
Fiquei feliz em conhecer a verdade e poder seguir em frente, fiquei feliz em me aceitar e lutar por qualidade de vida, fiquei feliz em tirar das mãos o passado e o futuro, fiquei feliz em não me importar com amores não correspondidos. Mas a humildade eu só entendi verdadeiramente quando deixei de julgar.

Uma personalidade parcial

Aprendi a conviver bem, a respeitar os outros, a não me levar pelas aparências. Eu não usava aliança no dedo, apesar de me sentir casada por inteira. Ali ou acolá a inveja rondava, eram alfinetadas de todas as ordens de quem acreditava que eu fingia felicidade.
Segundo os plantonistas eu precisava de um pouco de vida social e ainda de tratamento psicológico por ter conquistado muitas coisas com facilidade, na opinião de muitos o meu jeito caloroso era apenas artificial.
O mundo é maldoso, julgador, preconceituoso, nem sempre eu dava de ombros, muitas vezes me incomodava saber que na opinião das pessoas eu ter casado com um executivo lindo de morrer não estava ao meu alcance, inalcançável ainda mais era ele me amar e sermos felizes.
A vida tomou os rumos de tudo o tempo todo, sofri por amor como qualquer pessoa, escolhi errado, até que me senti elogiada e amada, eu sei que é perigoso negligenciar um casamento com sucesso financeiro e posição social, mas na minha opinião amar e ser amada é sempre fácil.
Sou radicalmente contra o aborto, ele também, optamos por não ter filhos, ainda sou fértil biologicamente, mas minha cabeça entrou na menopausa há pelo menos cinco anos.
Choramos juntos quando a nossa relação precisa aliviar a tensão, não somos adeptos ao ciúme e podem falar que é falta de amor que não estamos nem aí. As mais variadas situações pelas quais passamos conseguimos resolver de forma que ambos ficássemos satisfeitos
Estou aprendendo alguma coisa todos os dias, apoio, deixar pra lá o que os outros dizem, acalmar o coração, declarações mútuas de amor romântico, fraterno, familiar, individual, humanitário...
Ele me conheceu e gostou de mim assim, ele sobreviveu aos meus defeitos, eu era dura em relação a mim mesma, ele me fez entender a preciosidade que era o meu ser como um todo. Estar com ele é evaporar as horas.
Chego em casa com um ou outro presentinho, é fácil agradar quem te trata bem todos os dias, ele nunca teve vergonha de mim por estar acima do peso, eu nunca duvidei da minha capacidade de amar, ele sempre enxergou os seus defeitos e não os meus.
Ele é predominantemente mais bonito, mais educado, charmoso, boa conversa. Ele é sempre meu ponto de partida para qualquer debate, ele não se importa se eu falo alto, eu jamais desistirei dele.
O amor é distorcido, os ensinamentos que nos passam é que eu preciso merecer, falta autoconfiança de que as coisas vão dar certo, ao seu lado nunca tive a sensação de vazio que me atormentava em outras relações.
Apesar da decepção rotineira de ambos, continuamos a nos amar infinitamente, apesar dos erros somos parcialmente em favor do outro, a afinidade que nos une é eterna.
Não somos de compras, achamos dignos viver a vida sem excessos, não hesitamos em apontar os erros para que a nossa relação não venha a ser um faz de conta, onde eu finjo que não me atinjo pelas imperfeições do outro, ou ainda, que finjo ser feliz.
Nosso amar não se trata apenas de uma questão emocional, é escolha, é decisão, é entrar na estrada para nunca mais voltar, é não conseguir se libertar por puro sentimento agradável. Não seguimos posturas defensivas nem a tendência de se justificar culpando o outro, acho que nosso amor é um progresso científico.
Alguns têm pena de mim, tentam me maltratar com discurso de deslealdade, que a reação dele em ser maravilhoso é fruto de infidelidade, radicalizam que duas pessoas não possam se amar de verdade.
Hoje preciso de coisas que não precisava antes, hoje preciso de bens não compráveis, preciso de planos, de estar aberta em mim mesma, de não ser egoísta. A rotina me equilibra, as fortes emoções me encantam, tenho vontade de ser boa para o mundo porque o mundo foi bom para mim, não que tudo seja perfeito, mas conseguimos controlar todos os obstáculos.

Ter bajuladores ao redor

Não quer dizer ter um ombro para se apoiar.
Não quer dizer que você usufruirá para sempre de generosidades.
Não quer dizer que você pode desabar no choro.
Não quer dizer quer o seu ego era satisfeito a troco de nada.
Quer dizer que você causa inveja.
Quer dizer que você está rodeado de pessoas que valorizam as aparências.
Quer dizer que os sorrisos não são honestos.
Significa que nos tempos de glória você terá muitos “amigos” ao eu redor.
Significa que você ainda se magoará muito.
E muitas lágrimas rolarão.
Seu ser e seu caráter não têm a menor importância, o que vale é seu dinheiro, sua beleza, seu status.
Confie nessa teoria e não se deslumbre.
Sinta-se um estranho no ninho quando tudo for perfeito, legal e agradável.
Cedo ou tarde você terá sua vidinha de volta, bajuladores se cansam quando não conseguem tirar vantagem.
Eles estarão presentes nos momentos inadequados.
Não suportam o fato de você ter conseguido fama, sucesso e dinheiro por talento e dignidade.
Não se influencie e continue pensando e sendo você.
Sua humildade é discutida como falsidade.
Seja lúcido e coerente na hora de presentear bajuladores.
Aprenda o que a vida ensina e os sinais que ela emite.
Não vislumbre o reino encantado do seu mundo particular.
Cuidado ao frustrar bajuladores eles sabem muito da sua vida, você contou.
Se precisar recomece do zero e filtre sempre que puder as amizades.
Tudo que ele fala acontece, ele está acostumado com essa vida, não são previsões.
O humor dele não flutua, está sempre ótimo, mas não esqueça os humores é “planejamento estratégico”.
Feche a porta para nunca mais colocar de volta bajuladores em sua vida.
Não seja ingênuo e influenciável.
Bajuladores têm ciúmes e baixa autoestima.
Aprenda a valorizar a vida.
E sempre que receber propostas e convites, alguns até podem parecer bons e inocentes verifique se não há interesse por trás.

Quando a gente percebe que o outro não vai mudar

Você só tem duas alternativas, ou resolve amá-lo apesar das falhas ou deixa de amá-lo. Não sei quantas vezes desisti de amar, eu me chateava em dar opinião, ele se tornou exímio em críticas, eu passei a só dar opinião se fosse solicitada.
Quando eu resolvi terminar acabei me livrando de um peso imenso e abri caminho para construir uma vida melhor. Não chorei, não briguei, não demonstrei tristeza, não dei motivos, não justifiquei, não senti pena, não desconstruí suas qualidades que ficaram dentro de mim, não fiquei brava. Eu só resolvi terminar para voltar a ser quem eu sempre fui.
Eu fui a pessoa mais forte que eu conheço, eu decidi não vou mudar minha forma de ser, eu apenas pedi a Deus que abençoasse o meu novo caminho, eu tinha me organizado mentalmente para ser feliz nesse relacionamento, mas infelizmente a gente não consegue programar certos acertos na vida.
O dia estava lindo, eu me sentia bela, linda, sofisticada, cheia de atitude, eu queria ir comigo ao infinito, eu estava fascinada por viver minha vida de forma única, sem contemporizar tanto, sem ser doadora demais. Chega de sofrer por um homem que não sabe valorizar a mulher que tem.
Faltava paixão, sobrava interferência na minha vida, por vezes avancei com a ideia de terminar, outras recuei, me perdia em promessas, desviava com as esperanças, batia uma moleza de começar do zelo, eu estava me fechando nas buscas parecia mais cômodo ser uma infeliz na zona de conforto.
Só lamento que tenha demorado tanto tempo para me libertar, tudo havia acabado há muitos anos, não havia sensação de bem estar, nada mais era interessante e divertido, era inútil a insistência.
Eu tentava relembrar aquela moça bonita e segura que era eu, as tantas coisas que detestávamos um no outro, eu preferia a companhia do livro a dele, eu me permitia chorar escondido. Eu também errei bastante, eu agia de uma forma específica para moldá-lo e transformá-lo, acho que eu tinha transtorno bipolar.
O engraçado é que eu conhecia os fatos, eu não vivia na ilusão, eu entendia seus presentes excessivos, eu percebia a vontade de brigar espocando nas veias, eu sempre achei que a fidelidade é uma obrigação de ambas as partes, mas me fingia de cega.
Sua atitude foi nobre o que me deixou aliviada. Ele não implorou, não me desejou mal, não forçou, não foi absolutamente agradável e incentivador, mas demonstrou plena consciência que eu estava agindo certo diante de tanto equívoco na relação.
Ele jamais brigaria por mim, apesar de ter me confessado que se deixou acreditar no pra sempre, fez um “mea culpa” e disse ter sido egoísta. Ele tinha um amor por Deus inabalável, mas não sentia amor pelas pessoas, elas eram muito idiotas e preconceituosas, cheias de arrependimentos e isso não o admirava.
Tenho medo do ego dele explodir, tenho pavor por ele não saber lidar com os acontecimentos, penso que um dia ele possa se comprometer com ele mesmo, enfrentar os desafios, vencer os obstáculos, acreditar que vale a pena se sacrificar por quem se ama.
Tudo tem solução, tudo tem seu cheiro, seu modo de ver o mundo, sentir eu mesma depois de muitos anos foi no mínimo libertador, é melhor calar para não chorar. Uma coisa eu tenho certeza dessas incertezas da vida, nós nunca vamos nos unir novamente, nós não combinamos, não defendemos os mesmos interesses, nada nos pertence, nem as filosofias espirituais.
O lero-lero de casal precisa de conteúdo, demonstrar essência, fazer feliz, eu sou de um temperamento que só faço coisas que me deixam bem, o meu maior tesouro é me sentir livre, o milagre da liberdade infelizmente só é conquistado por poucos.
Nos beijamos no rosto com todo amor que sempre desejei viver, com o carinho do desejo de felicidade, com a inteligência simples e sincera de resguardar a pouca coisa boa que nos restou, que o lado mau nunca ofusca o lado bom.
Por várias vezes eu disse uma coisa e fiz outra, ou ainda, me doei de forma limitada, pouco admirável e nada nobre, deixei no ar que não havia nada a ser mudado em mim e pago o preço das minhas escolhas porque nessa relação nenhum dos dois quis mexer um músculo sequer para fazer o outro feliz, para tentar o encaixe.

Quando a gente percebe que o outro não vai mudar


Você só tem duas alternativas, ou resolve amá-lo apesar das falhas ou deixa de amá-lo. Não sei quantas vezes desisti de amar, eu me chateava em dar opinião, ele se tornou exímio em críticas, eu passei a só dar opinião se fosse solicitada.
Quando eu resolvi terminar acabei me livrando de um peso imenso e abri caminho para construir uma vida melhor. Não chorei, não briguei, não demonstrei tristeza, não dei motivos, não justifiquei, não senti pena, não desconstruí suas qualidades que ficaram dentro de mim, não fiquei brava. Eu só resolvi terminar para voltar a ser quem eu sempre fui.
Eu fui a pessoa mais forte que eu conheço, eu decidi não vou mudar minha forma de ser, eu apenas pedi a Deus que abençoasse o meu novo caminho, eu tinha me organizado mentalmente para ser feliz nesse relacionamento, mas infelizmente a gente não consegue programar certos acertos na vida.
O dia estava lindo, eu me sentia bela, linda, sofisticada, cheia de atitude, eu queria ir comigo ao infinito, eu estava fascinada por viver minha vida de forma única, sem contemporizar tanto, sem ser doadora demais. Chega de sofrer por um homem que não sabe valorizar a mulher que tem.
Faltava paixão, sobrava interferência na minha vida, por vezes avancei com a ideia de terminar, outras recuei, me perdia em promessas, desviava com as esperanças, batia uma moleza de começar do zelo, eu estava me fechando nas buscas parecia mais cômodo ser uma infeliz na zona de conforto.
Só lamento que tenha demorado tanto tempo para me libertar, tudo havia acabado há muitos anos, não havia sensação de bem estar, nada mais era interessante e divertido, era inútil a insistência.
Eu tentava relembrar aquela moça bonita e segura que era eu, as tantas coisas que detestávamos um no outro, eu preferia a companhia do livro a dele, eu me permitia chorar escondido. Eu também errei bastante, eu agia de uma forma específica para moldá-lo e transformá-lo, acho que eu tinha transtorno bipolar.
O engraçado é que eu conhecia os fatos, eu não vivia na ilusão, eu entendia seus presentes excessivos, eu percebia a vontade de brigar espocando nas veias, eu sempre achei que a fidelidade é uma obrigação de ambas as partes, mas me fingia de cega.
Sua atitude foi nobre o que me deixou aliviada. Ele não implorou, não me desejou mal, não forçou, não foi absolutamente agradável e incentivador, mas demonstrou plena consciência que eu estava agindo certo diante de tanto equívoco na relação.
Ele jamais brigaria por mim, apesar de ter me confessado que se deixou acreditar no pra sempre, fez um “mea culpa” e disse ter sido egoísta. Ele tinha um amor por Deus inabalável, mas não sentia amor pelas pessoas, elas eram muito idiotas e preconceituosas, cheias de arrependimentos e isso não o admirava.
Tenho medo do ego dele explodir, tenho pavor por ele não saber lidar com os acontecimentos, penso que um dia ele possa se comprometer com ele mesmo, enfrentar os desafios, vencer os obstáculos, acreditar que vale a pena se sacrificar por quem se ama.
Tudo tem solução, tudo tem seu cheiro, seu modo de ver o mundo, sentir eu mesma depois de muitos anos foi no mínimo libertador, é melhor calar para não chorar. Uma coisa eu tenho certeza dessas incertezas da vida, nós nunca vamos nos unir novamente, nós não combinamos, não defendemos os mesmos interesses, nada nos pertence, nem as filosofias espirituais.
O lero-lero de casal precisa de conteúdo, demonstrar essência, fazer feliz, eu sou de um temperamento que só faço coisas que me deixam bem, o meu maior tesouro é me sentir livre, o milagre da liberdade infelizmente só é conquistado por poucos.
Nos beijamos no rosto com todo amor que sempre desejei viver, com o carinho do desejo de felicidade, com a inteligência simples e sincera de resguardar a pouca coisa boa que nos restou, que o lado mau nunca ofusca o lado bom.
Por várias vezes eu disse uma coisa e fiz outra, ou ainda, me doei de forma limitada, pouco admirável e nada nobre, deixei no ar que não havia nada a ser mudado em mim e pago o preço das minhas escolhas porque nessa relação nenhum dos dois quis mexer um músculo sequer para fazer o outro feliz, para tentar o encaixe.

O tempo vai dizer

Será que podemos corrigir os outros?
Será que somos extremamente generosos?
Será que dá para esquecer 37 anos de casamento?
Será que eu distorço as coisas?
Será que eu posso começar agora a minha história?
Será que dá pra fazer estrago para o outro corrigir?
Será que sempre escolho as situações difíceis?
Será que serei uma cabeça distraída para sempre?
Será que infidelidade é totalmente perdoável?
Será que meus filhos vão deixar a minha casa para se casar?
Será que meu descuido gera prejuízos?
Será que coração feliz é coração coerente?
Será que diluirei as coisas que eu não aceito bem?
Será que viverei por conta própria?
Será que meu esforço vale a pena?
Será que um dia saio do ciclo de relacionamentos desequilibrados?
Será que tenho o direito de expressar meu inconformismo?
Será que posso parar de falar sem freios?
Será que o ser humano um dia deixa de fragmentar pessoas por posição social?
Será que posso olhar as situações desagradáveis de forma superficial?
Será que questões mal resolvidas só são curadas em consultórios psicológicos?
Será que estou vivendo por convenções sociais?
Será que estou transferindo sentimentos?
Será que existe confiar desconfiando?
Será é possível não vê-lo nunca mais?

Eu fiz tudo pra essa mulher, mas ela só lembra dos erros

Minha vida havia mudado radicalmente, eu estava com olheiras imensas, óculos escuros todos os dias, incluindo dias nublados, eu me sentia suja por dentro, o meu lado egoísta estava aflorado e não gostava nada disso.
A vida tem sabedoria, faz tudo certo, mas nem todo mundo tem a capacidade de compreender, eu não tinha. Sempre antecipei o que ia acontecer, eu me fechei no rancor, no ódio, na descrença. Eu havia cantado a pedra que nada do que ele fizesse ou dissesse mudaria com o tempo.
Ele se tornou uma pessoa super dedicada e fiel e do jeito que eu o tratava parecia algo injusto, ele estava estagiando temporariamente numa multinacional, desejava ardentemente trabalhar, ajudar nas despesas, se sentir útil, nada mais justo para si mesmo, não para mim que sempre arquei com tudo sozinha.
Ele estava desesperado, sem saber aonde ir, o que fazer como me reconquistar, eu era o tipo de mulher que só contabiliza coisas negativas, o que há de positivo não era mais do que obrigação.
Não estou aqui para agradecer tudo que fez por mim, passei por momentos tristes na minha vida em que não consigo apagar, eu chorava ao invés de sorrir, as brigas vinham naturalmente e rotineiramente, as ilusões nunca pareceram boas, não aprendi a lidar com sentimentos ruins. Hoje acho tudo isso uma grande perda de tempo.
Eu não vou mais me deixar enganar pelas aparências, pelas promessas de que dessa vez vai ser diferente, a bondade está durando por causa da minha descrença, basta eu dar uma chance para que tudo volte a ser como antes.
Diante da minha passividade, ele foi se sentindo cada vez mais à vontade para trair, humilhar, desprezar e mostrar para todo mundo o seu lado escuro. Eu sei que nem sempre é assim, mas sei que tudo continua igual.
Bem-vindo ao pé-na-bunda de quem acordou para a vida, de quem passou a si amar, de quem prefere estar só a sua companhia. Não tenho pressa em ser feliz acompanhada, o meu esforço agora é apenas para me manter equilibrada.
Talvez fosse a virada que qualquer mulher esperasse pacientemente, talvez essa felicidade tardia estivesse escrito nas estrelas, talvez fossemos felizes para sempre, mas eu continuo acreditando em seus maus hábitos.
Isto pesa mais que tudo, pesa a falta de perdão, a falta de credibilidade, a falta de boa vontade até em dar chance, já dei duas, pra quê mais, não dizem que um é pouco, dois é bom e três já é demais.
Se eu não posso fazer nada, é melhor deixar como está, se nada vai mudar esse sentimento de descontentamento em relação a você é bem melhor cada um por si. A vida é muito mais do que parece ser, as pessoas vão bem além das aparências, depois de tudo isso ele me lançou um olhar com ódio e se virou para ir embora.
Percebi que era impossível conviver, imagina, eu voltando com alguém que tem ódio nos olhos, e que não passa a ver a vida de uma forma melhor assim da noite para o dia.
Assumi a situação com coragem, não olhei para trás, não queria mais uma boca para alimentar, nem brigas por ciúmes. Isso não faz de mim, melhor ou pior que ninguém, isso faz de mim uma pessoa que não quer arriscar a sua paz de espírito tão pouco compreendida.
É difícil conviver com alguém que pensa muito diferente de nós, alguém que se acha certo, alguém que debulha um grande rosário de prós e contra que eu não entendo nada, alguém que não me deixa reagir nem para opinar, alguém que não me liberta emocionalmente.
Viver junto traz oportunidades, ferimentos, alegrias, mágoas e incompreensões, mas conviver com algum algoz torna impossível a felicidade mínima e o sentimento de impunidade, de revolta, de chateação é o que toca a vida para frente sem muito sentido.
Olhei o céu, admirei a lua, minha terapia favorita, admiti ser um animal incompreensível e não muito convencional, afinal sofri a tempestade e quando a bonança chegou desisti desse caminho e de uma hora para outra tudo mudou.

Ele me deu um beijo de leve

Eu não costumo comer tão tarde assim, mas fiquei pensando até tarde da noite naquele beijo, na forma como a conversa foi conduzida, no esforço de suas palavras sobre ter um amor para toda vida.
Um piriri tomou conta de mim, mil emoções se misturando, o tempo de solteirice havia ultrapassado todos os recordes, temos diferença nos ritmos, eu me sinto uma velha ao seu lado, porém temos os mesmos objetivos de vida, de gostos e preferências...
Eu não sabia como agir, sério. Parecia uma preparação mental e nervosa para o primeiro beijo, fiz movimentos súbitos, não me sentia livre para errar, eu precisava agradar quem tanto me agradou. Só isso!
Ele se expressou bem, culto, educado, gentil. De uma hora para outra, ambos nos parecíamos íntimos demais, velhos conhecidos, mas eu tinha medo, eu tinha muito medo. Nos meus relacionamentos anteriores (inevitável comparar) as minhas características que antes não incomodavam passaram a ser desagradáveis, ultrajantes. Mas resolvi arriscar e ser eu mesma.
Passei por momentos difíceis no amor, mas reconheço ter sido por falta de maturidade, a gente passa tempo sem ter alguém e fica espantado com o nosso crescimento afetivo, com o envelhecimento de velhas ideias, de regras e joguinhos que não cabem mais.
Muita gente diz que o tempo cura tudo, mas não é tão verdade assim, a gente traz coisas de uma “cura passada” para o relacionamento presente, inclusive os baques e os traumas.
Sou educada, trato todas as pessoas o melhor que posso, mas não sei me cuidar de possíveis cicatrizes, não consigo agonizar no presente e esperar na esperança que “um dia ele vai amadurecer”, não sei levar as coisas na barriga. Aqui ó, tem cem.
Papai sempre me incentivou a tudo na vida, leitura, cursos, liberdade, independência, mas eu não aprendi a lidar com as injustiças, eu só consigo ser eu se eu me dedicar ao parceiro.
Fico feliz com as minhas conquistas, fico feliz em perceber que o cara não aguenta ser amado, que não entende as energias, não sabe recompor o equilíbrio, não consegue fazer com que eu me sentisse importante demais.
Os machucados emocionais influenciam nas suas decisões, hoje eu exijo tudo em troca do amor, não amo gratuitamente, meu amor é exigente, precisa ser correspondido e normal. O sentimento precisa levantar o moral, algo que não me faça tomar remédio para dormir depois de chorar a noite toda ou de ficar dependente de ligações escassas.
Amar é nunca se acomodar, nunca voltar a sua vida a uma vida sem amor, é dominar a conversa quando o assunto é oportuno, é matar o tédio, é o desejo de agradar de alguma forma, é tentar avisar o que te maltrata, falar do mal-estar que sente quando as coisas estão saindo da linha.
Eu sei que é bastante compreensível sentir tudo isso, ter dúvidas, engolir as mágoas passadas e não falar nada a princípio, eu sei que é comum fazer cara de paisagem quando o outro continua errando com você, quando ele cultua o corpo a ponto de te incomodar.
As vibrações positivas, no todo o saldo é positivo, o sentimento é maduro, talvez tudo o que eu tenha relatado seja uma deformação de caráter da minha parte, um medo de amar, um pavor de deixar mais claras minha vontade.
Depois de um namoro sólido, voltei a casar, casei pela segunda vez e estou levando muita fé nessa história, há algo que me diz que dessa vez é pra valer, algo que me fez perceber que tudo é bem diferente, inclusive eu mesma, pasmem, até o jeito dele olhar e se solidarizar com um mendigo de rua faz meu coração saltar de emoção.
Depois de um tempo brotou dentro de mim um sentimento de carinho e gratidão, um sentimento menos avassalador e mais moderado, mas não menos feliz, uma intuição de caminho certo. Olhar para trás só me faz pensar em distúrbios mentais de como eu era despreparada.
Ele confortou o meu coração oprimido, ele não se confundiu em saber que não tenho mania de limpeza, sou barulhenta, exigente, gorda e chorona e que vez ou outra falava besteira sem pensar, ele me aceitou com meus defeitos de fábricas, mas é claro que farei revisão sempre que precisar. O mundo mudou, eu também, ele também, nós juntos também e o futuro reservou a felicidade que já sabemos e sentimos.

Amar é transformar a escravidão em liberdade

Quando se ama não há tendências suicidas, nossa ansiedade fica controlada, enterramos dentro de nós nossas dores, mágoas, aflições e dúvidas, o estresse pós-traumático desaparece como uma alta do consultório psicológico.
Levei quatro anos para entender essa frase, dormi por várias vezes pensando nela, virei à página por inúmeras vezes no amor, rompi ciclos, já me senti escrava quando meu parceiro deixava bem claro que estávamos juntos apenas por sua generosidade.
Tantas outras escravidões senti na pele, coisa pra gente grande: amor ilusório, baixa autoestima, enfrentar o mundo sozinha mesmo estando acompanhada (a falta de apoio é o pior dos males).
Passei por privações religiosas, em que a minha fé era atacada como farsa, anormalidade, mundana, falava de anjos com desdém, as lágrimas rolavam com tanta frequência que às vezes eu nem sabia por quê.
A escravidão traz pequenos ressentimentos, eu sei que tudo tem remédio nessa vida, mas não se sentir livre parece não ter vacina que te proteja ou cure desse mal, de um jeito ou de outro adquiri ou herdei o comportamento que me escravizasse.
A maternidade muda uma mulher, a maternidade me libertou, agora aquele filho era a coisa mais importante da minha vida, o João merecia uma boa mãe, uma mãe de coração enorme e que não tivesse medo em ser ela mesma. As mudanças foram gritantes, eu até esqueci a data de aniversário do nosso casamento em que o deixou bem abalado, minha relação não era benéfica então eu me agarrei a única relação saudável que existia, a minha e do meu filho.
Comecei a usar roupas menores sem me preocupar com o que ele achava, os caminhos de libertação foram tortos e errados, inseguros e aparentemente ineficazes, mas funcionou.
Fiz coisas que ele jamais aprovaria se eu pedisse sua autorização, expressei-me da forma que bem quis, evitei conflitos familiares e permiti que ele brigasse sozinho, jogasse sua ira ao vento enquanto eu me mantinha inexpressiva. Ele fingiu uma depressão para recuperar o posto de general, eu sabia que as minhas atitudes me levariam a alguma coisa boa, pois no lar de lama eu já me encontrava.
Quando eu mudei, tudo mudou. Fomos casados por seis anos, os três últimos anos muito bem obrigada, quando eu me apaixonei por outra pessoa o fato de ter sido escravizada por longos três anos me fez tomar a decisão de partir. Decisão errada para noventa por cento das pessoas que eu conhecia, decisão acertada para mim. O que todo mundo pensava era: ele já mudou, vocês finalmente se encaixaram, pra quê se arriscar ao desconhecido?
Acontece que eu não perdoei o tempo em que eu era escrava daquele sentimento, eu não o amei suficiente, eu sei que a falta de amor era minha, que as coisas chegaram a certo ponto que eu permiti e por isso mesmo me sentia fracassada em ter sido vítima de mim mesma.
Não sou de uma geração que culpa os pais por toda e qualquer infelicidade, não sou do tipo que culpa as companhias do filho pelo mau comportamento deste, cada um com suas escolhas e eu havia escolhido mal.
Eu deixei passar questões que me desagradavam como se estivesse tudo bem, eu queria ser modelo de elegância, de bom comportamento, de caridade e de boa índole, eu queria meu filho louco pelo pai dele, eu me esforçava para não ser rotulada de patricinha ou mimada, eu andava para frente até que entrei na zona proibida de me apaixonar perdidamente por outro homem e decidi mudar de vida radicalmente.
Eu adorava a companhia do Moisés, eu tinha mil razões automáticas para me envolver e mil e uma para ficar na defensiva, apesar de todas as críticas, de todas as insanidades que eu ouvi eu acreditei que era responsável pelas coisas ruins que tinham me acontecido e por conta disso eu queria viver uma outra história, eu não queria uma história em que eu tinha que resgatar alguém, eu queria escolher a felicidade, a maturidade, o envolvimento, o respeito, o companheirismo desde sempre.
Por nada deste mundo eu não sobrecarreguei meu filho com meus conflitos internos, disfarçava minha ansiedade, levei a serio minha própria vida, colei o coração rachado por dor e humilhação, fiz amor como nunca tinha feito na vida, não para satisfazer alguém, mas para trocar energias intensas. Ai! Meu Deus do Céu! Olhar para trás só me dá um aperto no peito, um grande incômodo, um abandono de mim.
Hoje sou vista como uma esposa digna e dedicada, sem crise de pânico, em constante processo de amadurecimento, com meus próprios interesses em seguir adiante, cuidando para não me deslumbrar com as conquistas de um casamento satisfatório e cheio de amor.

A vida só faz o melhor

A vida sana nossos próprios conflitos.
A vida não se curva a ninguém e nunca pede favores.
A vida remove a quantidade de lixo das nossas mentes.
A vida às vezes é difícil, mas te ensina a enfrentar.
A vida te dá um casamento com muito amor no coração.
A vida te exige fazer uma higiene mental pelo menos uma vez por ano.
A vida também te faz sentir injustiçada, mas isso é aprendizado.
A vida apresenta a homossexualidade e as diferenças.
A vida é arte.
Às vezes a vida se arrasta, mas é por sua culpa.
A vida te pede para esperar antes de ter filhos.
A vida aponta nossos pontos fracos e nos diz que podemos errar.
A vida nos ensina que as pessoas não são iguais.
A vida nos faz viver um daqueles minutos “me belisca que eu não estou acreditando”.
A vida não se conforma.
A vida não acumula tensões.
A vida te dá frutos incríveis.
A vida faz perceber que o que era bom nem era tão bom.
A vida te dá medo de ser feliz no relacionamento pela intuição.
A vida faz perder aquele ar maldoso que tanto incomodava.
A vida nos faz seres humanos por bem ou por mal.
A vida traz gente boa para perto.
A vida ensina a não justificar seus fracassos apontando o dedo.
A vida te tira da zona de conforto.
A vida às vezes te deixa exageradamente carente.
A vida guarda segredo.
A vida responde com tanta certeza sobre nossos atos.
A vida é a liberdade para questionar.
A vida é culta e admirável.
A vida é interpretações e intervenções.
A vida é você, suas escolhas, seus anseios, seu jeito de viver, suas crises, seu passado, seu futuro, a vida é o seu melhor, a certeza das cicatrizes, dos choros, do aprendizado, a vida é o tempo que não volta nunca mais.

Vale a pena arriscar?

Sempre tive uma cabeça aberta, facilmente mudo de ideia, sempre ouço disparates sobre a genética traidora dos homens, para mim é problema sim ter alguém que não me respeita.
Não sou de rememorar o passado, mas todos os caras que me traíram foram também péssimos amantes, na verdade eles queriam me deixar sempre com a sensação de culpa, porém sempre deixei limpo meu coração de culpa.
Você pode reavivar sua relação com novas ideias, novas energias, novas esperanças, mas não com novo amor, a não ser que você se separe antes, não que seja pecado, talvez seja mesmo, mas por amor a você mesmo, por respeito, por consideração.
Insultar ou maltratar os outros de propósito é algo ridículo, fazer sofrer quem se ama ou quem já se amou não se sustenta para sempre, odeio ter que dizer isso, mas muitas pessoas só se arrependem depois que perdem, só largam o osso de ter duas, três, quatro mulheres depois de serem descobertos.
O melhor mesmo é ir tentando ser honesto, é ir conversando e refletindo sobre o que se quer, sei que não é fácil aceitar que a vida não tem garantias e o amor é totalmente sem garantia, mas eu posso ser leal no mínimo.
Não considero amor os lances rápidos e descomprometidos, talvez exista várias formas de amar, mas é facilmente confundida com egoísmo quando amar significa preencher o meu vazio, os meus desejos, a minha necessidade, eu, eu, eu e eu.
Não gosto de pessoas que se comportam de maneira maldosa, evito essas companhias, não gosto de quem se gaba por trair, não gosto de discursos do qual se afirma que a carne é fraca, gosto de proibições de territórios, não invada meu espaço, respeite meu namoro, sou do tipo que amo tudo ou nada, nada de migalhas, não nasci para isso.
Conheço meninas ávidas por encontrar um amor que lhe renda destaque e posição social, não importa se é feio, se é 40 anos mais velho, se trai, se tem mil mulheres, ou se não é boa pessoa, para essas meninas tudo tem seu preço.
No meu aprendizado em perdoar não inclui traição, amo o algo a mais, curto pessoas com benevolência, odeio quem culpa o destino, Deus ou o Diabo por seus escorregões.
Amar é estabelecer vínculo de porto seguro, amar é ter um pedacinho do outro morando em ti, amar não é estar só de passagem, amar é te acrescentar em todos os planos que estão em minha volta.
É claro que os sentimentos oscilam, mas a certeza permanece, mesmo nas incertezas, há expectativas, excitação, nos achamos dona do mundo quando amamos.
O amor te ensina a ter ideias práticas para resolver os problemas, deixa o mundo mais colorido como nunca havíamos percebido antes, mas cuidado, não confunda amar com agir de modo meio subserviente. Há pessoas que pensam que amam, mas só amam a si próprios.
Avalie a própria atitude, avalie a atitude do parceiro, não se entregue totalmente, sem defesas e sem receios, isso não é amor, é paixão, no amor precisamos apontar o dedo para nós mesmos, preparados para conhecer nossos erros e corrigi-los.
Exercício de paciência é necessário para os defeitos da relação, negar o que somos só faz perder a confiança, esperar que as coisas se encaixem, que o amado deixe de trair, que o tumulto das emoções e pensamentos negativos liberem o verdadeiro amor é como acreditar em ficção. Não arrisque perder quem talvez tenha nascido para te fazer feliz.

Todos sonham e poucos conquistam seus sonhos

A gente nasce, envelhece, adoece e morre e nem sempre conquistamos nossos sonhos, é sensato preparar-se para a conquista, juntar dinheiro, apostar nos estudos, fazer o que ama, descobrir aptidões, colocar amor nas coisas sem amor.
Eu não me senti bem o resto do dia quando resolvi pensar na vida, sempre amei doces e engordei vinte quilos o que me deixa triste, sempre fui forte, mas em momentos de fraqueza preciso de colo e aconchego, sempre fui saudável, mas perco o compasso com algum familiar doente, muitas vezes perco o interesse e só o nada me cativa.
Tenho um coração aberto, sincero, satisfeito e confiante, sou honesta e tenho um bom coração, nunca senti dificuldades em amar meus semelhantes, nunca senti dificuldades em preservar minha identidade doa quem doer, nunca lutei eternamente entre ciência e religião, cada uma é importante para mim e as duas se complementam e o mais importante: minhas-feridas-sempre-cicatrizam.
Sempre quis melhorar o mundo, sempre contribui de maneira peculiar e mínima para isso nunca beleza e prosperidade foi meu alvo, não abono inveja e não as tenho.
Alguém como eu só quer ser feliz, ser generosa e ter paz de espírito, um dia amadureci, evitei sofrimentos fazendo o bem, desejei felicidade com oração, fui ética e positiva e superei meu extraordinário medo de não agradar.
Amei e vivi plenamente, desfruto a liberdade como o meu maior tesouro, aprendi a amar a mim mesma, eu me conforto, às vezes me oprimo.
Mantenho as aparências para os distantes, ausentes e sem importância, pessoas que apostam que sou sofredora, que nunca consigo viver um amor, que vêm te abraçar e dizer “coisas certas”.
Poucas vezes perdi o foco para dentro de mim, sou inteligente, engraçada e sexy, eu tenho o direito de ser sexy sem julgamentos, sou caridosa e de boa índole, na linguagem universal sei amar meu semelhante.
Talvez esse texto pareça sentimentaloide, ou um problemão, talvez eu esteja o escrevendo para seguir minha vida, buscar e resgatar minha generosidade, aprender a lidar com os babacas, acreditar na justiça e na humanidade, talvez porque eu tenha desistido de alguns sonhos dos quais hoje me arrependo.
Hoje eu te chamei aqui, queria conversar sem ter planejado, queria dizer que me enganei com as aparências, queria te falar que tive problemas de fertilidade e que por mais triste que isso possa ser eu saltitei feito um canguru de felicidade, não precisava explicar para o mundo que desejava ser mãe, mas nunca tive coragem e que essa falta de coragem era que no fundo eu não desejava ser mãe.
Eu me senti muito comum revivendo o passado, olhando os pontos que ficaram sem serem preenchidos, as coisas andavam estranhas entre nós, mas havia intimidade para um desabafo, uma conversa amiga.
Muitas pessoas buscam o amor silencioso, a busca por status, muitos casais passam por isso, querem mudar de situação, casados querem ser solteiros, solteiros querem ser casados, poderíamos desencanar.
Eu me sinto velha demais para ficar alimentando hostilidades, eu quero ser apenas verdadeira e coerente, vejo tantas mulheres que querem engravidar e não conseguem, ao mesmo tempo parece que todas as mulheres do mundo estão grávidas, é tão incoerente quando temos um sonho e vemos outra pessoa o realizando de forma sublime.
Tudo que fazemos na vida são escolhas, conseguir engravidar nem tanto, a não ser que seu único problema tenha sido deixar os óvulos envelhecerem, não preciso provar ao mundo que minha vida vai muito bem obrigada, mesmo sem tantos progressos e materialização dos sonhos.

Sentimento incompatível

No início senti culpa, culpa por me sentir responsável, culpa por não fazer dar certo, eu me sentia inteiramente arrependida de não tentar só mais essa vez, eu assumia a responsabilidade pela incompatibilidade.
O sentimento cavoucou, estava cada dia menos apaixonada, nosso namoro aos olhos dos outros era uma superembalagem, mas para nós, um vazio interno. Reconheço suas qualidades, reconheço sua generosidade sem limites, mas não consigo ter um namoro convencional que não me causa alegria, excitação, paixão...
Vejo o casamento como uma profissão, algo que te faz feliz, motivada para estar presente todos os dias, para acordar sorrindo e bem disposta, para lutar com garras, atravessar uma parede, conquistar o amado a cada dia, ter saudade a cada hora e pra quê eu ia continuar esse namoro sem graça.
Eu adorava lembrar os momentos de felicidade, porém eu pressentia o perigo, eu sabia que tudo havia passado, que não estávamos muito próximos como antes, faltava de capacidade de percepção e estávamos interpretando de forma errada a realidade.
Superei o sentimento de culpa, apeguei-me a fé, talvez me arrependa amargamente por conta de sua generosidade, conduta ética, tolerância, alegria, concentração e sabedoria, mas no momento esses adjetivos só serviam para os outros, comigo eram quatro pedras na mão.
Deixar as coisas como estavam não é um assunto que não me pertence, viver na mentira, com a tendência para discórdia, com palavras cruéis em uso, com discursos incoerentes dentro e fora de casa não funciona comigo.
Eu não cobiçava seu prestígio, não tinha más intenções, não fazia juízos equivocados, mas era assim que ele me via e foi por isso que meu coração desistiu de tudo.
Qualquer coisa que eu dissesse ele se contradizia, senti que chegava a hora de o abandonar, senti que tinha que ser mulher para sair fora e evitar passar as noites em sua companhia em silêncio.
Minha aparência ficou diferente do mundo, não escolhi um namoro fracassado, ele aconteceu e por mais que eu quisesse me livrar daquela situação, isso me fez sofrer, por mais que existissem sucessivos ciclos de problemas eu preferia a felicidade.
Sou muito equilibrada, vejo tudo com naturalidade, mas deixei de comer, deixei de dormir, deixei de me arrumar, os acontecimentos estavam influenciando minhas ações e eu me perguntava sobre o futuro eu estava com quarenta e dois anos querendo recomeçar do zero e aparentemente o problema dos meus relacionamentos era eu.
Não disse tudo que eu queria dizer, achei que não cabia, se eu estava desistindo porque magoar o outro, ferir em demasia, não fiz muitas concessões, deixei ele livre para ser meu amigo se assim desejasse, desejei do fundo do meu coração felicidades, mas omiti e não verbalizei.
Ao término fui correr para nenhum lugar, sacudi os ombros, alonguei, me senti impotente diante da vida, diante das minhas escolhas, todos os casais ao meu redor pareciam felizes, somente eu tinha um bichinho dentro do peito com exigências supremas.
Eu me empenhei, correspondi esse amor à altura, ele continua a me amar (palavras dele), sou audaciosa e moderninha, sei levar a vida muito bem sozinha, acredito que a bondade deve vir de dentro e quando acho crueldade nas palavras e ódio nos olhos não consigo recomeçar.
Vez ou outra nos beijamos loucamente, nada fica sempre igual, é uma esperança para ele, mas aparentemente não quero nada, não sinto vazio a ser preenchido, apenas vontade de beijar, beijar, beijar...

Nenhum deles é melhor que o outro

Tenho quatro animais de estimação, uns são carentes demais, outros precisam de atenção, um se sente sozinho no mundo, outro é tão fofo que você ama de primeira. Abri meu coração para os pets, chorei sua dor, desabafei em sua causa, fiz o bem a mim mesma e a eles (mais a mim).
Eu não fico atrelando sentimentos aos atos mais banais de dois gatos e dois cachorros, meu amor é forte, calmo, maduro, talvez o amor não devesse ser assim tão protetor, tão incondicional, talvez você esteja coberto de razão quando se tem animais a gente fica mais equilibrada, vê tudo com naturalidade, perde o limite das forças.
É impossível entender as mulheres que amam bichos, eles vêm em primeiro lugar, a gente fica de cara boa só por eles existirem, mesmo eu que já fiz de tudo nessa vida, eles não nos roubam a feminilidade, não faz nosso coração doer, não devasta nossa vida e nem se preocupam com a cor das suas unhas.
Eu quero um homem que os trate bem, os respeitem, um homem que não fica com fisionomia tensa toda vez que um deles chega perto, não me venha olhar meu bichos com ar de superioridade que tanto me irrita, não me venha com julgamentos que preciso de pets porque sou solteira e sem família.
Nada de cochichar que minha casa tem muitos pelos, nada de olhar a casa com aquele olhar inquisidor de poderia ser mais clean, não volto atrás, quando se ama de verdade não se volta atrás.
Meu bichos não são robotizado ou estereotipados, são agradáveis em quaisquer circunstâncias, quando saio de casa sempre me deparo com a falta de noticias que acaba sendo um sinal de que nada grave aconteceu e que eles estão bem.
Deslembro da era antes de bichos, não sinto culpa em tê-los adotados por mais que alguns pretendentes queiram que eu escolha entre eles e os bichinhos, nada era tão bom sem eles, também não tenho arrependimento algum, aliás no topo da minha lista de exigências está um homem que ama e respeita os animais.
Que várias pessoas me ouçam, eu odeio aquele carinha de “odeio gatos, amo cachorros”, odeio aquelas atitudes que a pessoa já vai pedindo perdão porque detesta animais, odeio ouvir as entrelinhas de que meus bichos não são meus filhos, que os dou mais atenção que eles merecem.
Coitada! Nunca está satisfeita, adotou um, depois o segundo, levou o terceiro para casa e agora com quatro, é o que dizem alguns, outros dizendo que curo minhas amarguras com bichos. Eu me sinto tão bem resolvida para ouvir esses discursos que associam amar pets com carência. Discordo, mas fazer o quê, cada um pensa como quer, eu que não vou gastar meu precioso tempo explicando sentimentos. Aliás como disse aí em cima sou uma moça muito equilibrada.
Tenho mil reclamações e queixas de como é complicado viver com pets, são xixis e cocôs fora do lugar, são passeios diários matutinos e vespertinos quando às vezes estamos sem um pingo de vontade, brigas entre eles, mas nunca reavaliei minhas escolhas porque o amor que sinto por ele faz com que eu supere suas imperfeições e eu supero a minha preguiça em amá-los de vez em quando.
Sou mãe de bichos nos moldes tradicionais, eles não tem roupinhas no calor infernal de minha cidade seria um sacrilégio, eles não usam frufrus, a criação é na base da ração, carinho, amor, caixa de areia e higienização, hora do banho é hora de careta, eu fico até descrente, pois um dos meus gatinhos ama banho.
Com eles os dias não são todos iguais, preciso sair correndo para comprar a ração que acabou, preciso ensiná-los a ficar de boca fechada para não incomodar os vizinhos, sei adivinhar pensamentos do que eles querem e necessitam, astral murcho com eles não existe mais. Tudo preenche, tudo se resolve.
O saguão do prédio fica cheio de crianças apinhadas para acariciá-los, perco preciosos minutos conversando com estranhos que elogiam meus dois cachorros sem raça definida, não há um único dia que eu não pense ou me preocupe com eles, para mim eles estão sempre bonitos, são sempre simpáticos e cada dia isso me atrai.
Os bichinhos nos ajudam a enfrentar sofrimentos e tentar manter nossa vida de pé, são bem-apessoados em serem ombros amigos, cabe a eles sentir que não estamos bem quando ninguém notou, cabe a eles me acordar com miados e latidos quando a preguiça nos dominou. Todos têm lugares únicos em meu coração e não há preferência.

Ora vejam só!

Deixa eu me organizar, organizar os pensamentos, organizar o coração, espantar a dor, é difícil viver sem seu pai sorridente, é difícil viver sem um pai que teve colhões para ser firme e enfrentar a educação com maestria.
O tempo passa e as pessoas esquecem, mas eu jamais esquecerei de ti, jamais esquecerei das joias que me dava todo dia com as suas conversas fiadas, com os ensinamentos de que eu deveria ceder, você me dizia que eu pisava no calo de muita gente com meu jeito espontâneo e que eu tinha muito charme e carisma.
Quantas discussões salutares tivemos sobre grupo evangélico que protestam contra pesquisas de células tronco, sobre o meu jeito de andar tão parecido com o da minha mãe, que a gente não trabalha só por questões financeiras, que a família não se resume a filhos, que a aparência não é o mais importante, mas que eu deveria emagrecer para ter mais saúde.
Choro sem parar e não me conformo. Por que tudo que é bom dura tão pouco, por que minha vida comum se transformou num inferno, por que é importante se fingir de forte quando as coisas começam a piorar. Não sei manter as aparências, não consigo ser generosa quando estou com a dor a ponto de explodir, perdi a confiança no caminho, não queria enfrentar o que estava por vir.
Não me senti bem pelo resto do dia, não me senti bem por semanas, meses, anos, não há alternativas lógicas para curar a dor da perda, é preciso enfrentar esse momento com coragem, abreviar a história que poderia ser mais longa, entender o meu lugar nesse mundo sem perder a fé, sem ofender ou pisotear em solo sagrado.
Tem mil coisas que eu deveria ter feito e não fiz, mil palavras que poderia ter sido ditas e não foram, mil abraços apertados e beijos contados. Pai afasta de mim esse cálice era a frase que eu repetia mentalmente todas às vezes que eu estive no fundo do poço.
Depois da perda nada ficou sob controle. Opa, foi mal, desculpa ser tão fraca aos seus olhos, não sou de me gabar por nada mas teria ganho o Oscar de sofredora do século, uma experiência de vazio sem sucesso de preenchimento. O meu coração se despedaçou em infinitas partículas invisíveis
Perder alguém que se ama é como sempre olhar para o passado, para as lembranças, ao longo desses anos eu não me acostumei, você era tão firme, enfrentava com forças qualquer situação, eu repasso aquela noite na minha cabeça todo santo dia, perdi a mania de ser feliz sem a sua companhia.
Por vezes preferia não contrariá-lo porque a sua cabeça era tão dura quanto a minha, eu nunca estive preparada e sempre estive paranoica com a possibilidade de te perder, eu já tinha sido alertada da possibilidade, mas a gente acredita até o fim, acredita em cura, em milagres, em força de vontade, em medicina alternativa e em Deus.
Ele sempre foi desprovido de preconceitos, conheci suas verdades, seus fracassos, suas decisões e aguentei as consequências de algumas delas, era um artista na arte de falar, não era tão paciente, mas tinha sutilezas.
Não dou nenhum passo em falso sem acompanhamento de uns calmantes, estou correndo riscos de adoecer, minhas feridas estão abertas e longe de serem cicatrizadas. Deixa estar, tudo vai passar, menos essa saudade infinita.
Fui direto para o quarto dormir, tentar dormir, fazer um ensaio geral do sono profundo, aquele que você deseja dormir para não acordar nunca mais, ou melhor ainda, aquele que você pretende acordar acreditando que tudo aquilo era apenas um pesadelo.
Ninguém suporta o menor sofrimento provocado pelos outros, somos por vezes intolerantes e grosseiros, usamos o nosso sorrisinho de praxe para os pontos fracos dos outros e nem sempre exaltamos suas qualidades, às vezes no máximo sorrindo de orelha a orelha. Tento me recompor, despistar a dor de alguém é relativamente fácil, mas quando a dor é nossa, quando a separação é nossa, fica tudo incompatível.
Prefiro sempre estar na companhia de alguém, tenho todo o tempo do mundo a perder, desisti de projetos dos quais ele não se orgulharia, fazia movimentos bruscos na cama a fim de afastar o pesadelo. Já não me importava com absolutamente nada, porém todo mundo me dizia: isso-vai-passar.