Cidade
Soneto : ( Ilusão Real
Paraíba do Sul, cidade muito boa, mãe
Abundância verde verte fauna viva
Ar suave, o vento na mata ou não mata
Posso ver. Ondas de vento (pr'esse surfista)
A mente do cidadão é pequena semente
No trato com os outros
O estresse tem nível baixo rente ao chão
Infelizmente alado de ilusão no céu
Muitos escolhem parecerem bem perecerem
Mais abastados, como se bastasse
Andar de carro e moto mas cozinhar na lenha
Ou exibir bens de consumo com sumido
Mas se alimentar de cesta-básica, alí mente
"Comer e vestir, estar rei, contente com isso"
Me aprontei para acolher a Primavera
deambulei pela cidade
flanei pelo campo, pelo bosque e pela praia
e no aguardo de respirar o nascer das flores
inalei o despertar de uma dor amainada
foi então que tirei a poeira do olhar
abri a janela da alma
e querendo abraçar a vida
cruzei os braços e me apertei num abraço...
“É uma minoria agressiva inconformada com a derrota que fica torcendo contra a cidade de Buritirana."
A minha cidade é linda, aqui nasci, cresci e quero findar os meus dias. Na minha cidade estão os meus amigos, minha família e minha história, por isso a defendo tanto, pois aqui vivi, vivo e viverei meus melhores momentos.
São Paulo Esperança
Centro de São Paulo, onze horas da noite, quando muitos pensam que a cidade está dormindo ou morta eis que surge movimento e vida por todos os lados. Familias inteiras revirando e separando o lixo e dele fazendo seu ganha pão. Lixo pra uns, luxo pra outros; Há vida por todos os lados, dezenas de olhos pequenos de seres peludos que se escondem durante o dia e reaparecem a noite para reclamar seu território. De repente ouço vozes numa lingua estranha e vejo jovens de nacionalidade e cultura diferentes interagindo em brincadeiras infantis e sorrindo em cumplicidade. Olho para outro lado e me deparo com uma menina de uns seis ou sete anos puxando um carrinho de ferro extremamente grande para seu tamanho, e em seu semblante onde eu esperava ver a tristeza fui surpreendido com a felicidade estampada em seu rosto de criança; a alegria e o orgulho em estar ajudando seu pai.
A tristeza existe apenas naquelas pessoas que já desistiram da vida e dormem no chão no meio dos ratos, nas demais pessoas que continuam trabalhando e lutando por uma vida melhor eu vejo o brilho em seus olhos, não o brilho de lagrimas mas o da esperança e da cumplicidade nos sonhos de um futuro melhor.
Morta? Não, a cidade está mais viva do que nunca.
Cingapura
Não há como explicar Cingapura com poucas palavras e pelo que andei lendo dessa cidade-Estado, nem livros podem mostrar claramente a alguém sua grandiosidade, sem que se conheça, ainda que pouco seu povo, suas edificações e as obras que construiu em cerca de cem anos.
Como a gente vive de comparações, ainda que seja para concluir que uma coisa não tem nada a ver com outra, meu sentimento maior hoje foi de que eu não tenho vergonha de ser brasileiro, tenho pena de ser brasileiro pelas oportunidades que nos roubaram, pelas coisas que não temos, não fizemos e não vamos ter nem fazer, porque em Cingapura tudo foi criado sob a égide da lei, da ordem, da ética, do respeito ao próximo e da vontade de um povo, tão sofrido como o nosso, mas que tem brio e sabe se fazer respeitar.
Delinquência social.
É uma noite de sexta-feira na cidade de Brasília. No meio de uma aula de português, dois amigos, alunos da UNB combinam um racha, que seria realizado em uma ponte modelo, feita com muito esmero e amor à política. A ponte JK, que fora construída pelo Governador Joaquim Roriz, um Governo preocupado com os problemas de locomoção dos pobres moradores do Lago Sul. Para construir a ponte em questão, o Governo gastou a bagatela de 170.000,000, 00 que poderia ter sido usados para educar melhor filhos do pobre, para que os mesmos tivessem a oportunidade de cursar uma faculdade do mesmo nível de uma UNB, ou mesmo na própria, quem sabe com a expansão da faculdade para as cidades satélites, a exemplo de Planaltina, Gama e Cinelândia, que já têm sua unidade em funcionamento.
Dois jovens de classe alta, filhos da elite de Brasília, ambos haviam ganhado dos seus pais o último modelo do carro dos seus sonhos. Empolgados por terem passado no vestibular, coisa que não merecia tanto mérito assim, por terem estudado durante toda vida no colégio mais caro da cidade. Os jovens queriam comemorar em dose dupla a realização da conquista, suas e dos seus pais. Era comum no início do curso saírem em grupo para beber, e na volta para casa faziam desafios para ver quem vencia a distância da ponte em menos tempo.
Várias vezes, durante essas noites de farra, adolescente eram, não raro surpreendidos pela polícia, que não poderia fazer nada além de uma pequena repreensão verbal; no máximo uma ameaça de levá-los para se explicar ao delegado de plantão, que ao saber das suas origens nobres não poderia causar-lhes nenhum constrangimento.
Nessa noite em especial; a farra demorou mais do que o de costume. Foram a boates e, depois de muito regalo resolveram pôr em prática o racha. Ainda a caminho da ponte, do local do delito premeditado, já passaram do limite de velocidade permitida pelos pardais, os eternos servidores públicos do DETRAN. Que importa multa para quem pode pagar? Há exemplos de filhos de papai que usam um carro por um ou dois anos, depois dispensam em qualquer lugar, por não compensar o pagamento das multas; ou ainda outro caso que é mais comum, a corrupção de alguns funcionários que aceitam correr o risco de perder seu bom emprego em troca de algum dinheiro fácil, para livrar a cara de ricaços que pagam alto por uma liberação de multas.
Já são cinco horas da manhã, pela mesma estrada, trilhando outro caminho, a caminho de casa, vai um homem comum, com a consciência limpa, com a alegria de quem cumprira bem o seu papel, e com uma vontade incontrolável de chegar em casa para um descanso merecido. Não tem em mente nenhuma preocupação, além do desejo de em casa chegar para ver os filhos. Não acredita em perigos de natureza trágica à uma hora dessas, quando toda cidade dorme, só ele e alguns servidores da noite estão voltando para suas famílias. Estes são os garçons, músicos, os motoboys entregadores de pizzas como ele. As pessoas “normais” que têm o direito de escolha ou que tiveram outra oportunidade na vida, não trocariam a noite pelo dia para descansar. A não ser uma minoria alienada que mesmo tendo o privilégio da escolha não dá o devido valor à vida que tem, e vai além, usurpa as migalhas que sobram para esses excluídos do sistema capitalista onde cada um vale o que possui.
Os carros acelerados rumam à direção da ponte. São dois carros envenenados com seus motores adulterados, levando seus pilotos que não estão em seu estado normal de consciência. Ambos embriagados; além do cansaço do sono perdido, a adrenalina da competição os cega ainda mais, não percebem o perigo que correm e passam a exigir o máximo que os seus carros podem lhes oferecer, na sua robustez de máquina ilimitada. Não sentem que estão a mais de 200 km por h. Os amigos que lhes acompanham nessa insana diversão, também não percebem nem por um segundo quão fugaz são suas vidas nesse instante. Quando, como que num piscar de olhos se deparam com uma moto voando aos pedaços sobre seus olhos embaçados com o véu da irresponsabilidade e do álcool, um dos carros também capota e se arrasta sobre o parapeito da ponte. Apenas um consegue sobreviver ao desastre incomum.
Voltando depois de uma brusca frenagem, os sobreviventes vislumbram um cenário inimaginável: corpos destroçados pela fúria da velocidade e da embriaguez, e muito sangue inocente sobre o asfalto novo que ainda não conhecia o gosto da desilusão existencial; que não fora feito para este fim, receber em seus braços os filhos da ignorância. Morreram na batida além do motoqueiro anônimo, mais três filhos de pais que não pediram a Deus tal sorte para os seus, nem sequer imaginavam o que eles praticavam às escondidas enquanto deviam dormir. Ninguém vai repor as vidas dos mortos, nem tampouco será indenizada a família do cidadão que voltava do seu trabalho honesto...
Vou construir um bom nome, numa nova cidade, com um quê de credibilidade, uma pitada de maldade…e um fiozinho bem fininho de docilidade.
Seria mais uma na rua principal, apenas um ser vivo que anda e faz a vida parecer cem vezes menor do que é agora. Criar novos hábitos, dormir mais, pensar menos, saber nada e falar por falar, tudo o que vier à cabeça…Pintar um quadro de natureza morta, cantar na igreja, fazer sopa pra doentes e limpar o coraçao com perspectivas tão menos doentias…tantas vezes menos…que nem saberia explicitar.
Mas como? Se o tempo se encarregou de dificultar todas as coisas mais sinceras…
Irei viajar
Correr atrás da minha felicidade
Irei fugir
Desta entristecida cidade
Vou abandonar muita coisa
Vou correr atrás do amor
Vou confiar em alguém
Vou sem medo de sentir dor
Talvez seja uma ilusão
Mas olha a minha emoção
Com esse desejo desesperado
De entregar o meu coração
Direto conheço histórias de amor
Repleta de grandes loucuras
Agora é a vez da minha história
Repleta de paz, amor e ternuras
E completando a minha alegria
Eu fico me enchendo de desejos
E como será o dia
Que poderei lhe encher de beijos
Te tudo que aprendi na vida
Uma mensagem tenho que repassar
Jamais deixe que o seu sofrimento
Consiga te sufocar
Não se mate com o tormento
Levante a cabeça e procure a quem amar...
Um grande muro cercava a cidade
Vivo e alegre muro verde
Entre seus sons
Ante sua beleza
Sob sua sombra
Cresci
Vivia em paz
Protegido eu me aventurava em seus caminhos
Mas como toda cidade
Nesta habitavam seus vermes
E logo vi uma negra nuvem
Anunciando a destruição
Estalos como aplausos de uma grande plateia
Trazidos pelo vento forte
E o calor
E o fogo
Fez-se noite
E ao lado da minha casa
Queimava tristemente o muro
Este que parecia tão poderoso
Não pôde conter as chamas
Não pôde proteger filhos nem pais
Via os pequenos pássaros mergulhando no mar de fogo
Beija-flores com seus bicos cheios d’água
Mas nada pôde parar
O fogo ergueu-se aos céus
E tudo queimava
Num horrendo espetáculo
O grande muro não foi ao chão
Reergueu-se
Reverdejou-se
Não desistiu
Serviu novamente de abrigo
As cinzas logo se enterraram
Algumas cicatrizes permaneceram
Mas ele estava ali
As lágrimas pertenceram à um grande susto...
O tempo foi passando
A cidade o muro não pode conter
Esta criatura infestada
Pôs no vivo muro
Ferozes feras de metal
Seu ronco anunciou:
“É chegada a hora do massacre”
Vi de perto
O muro descendo aos poucos
Aos prantos gritava
Ninguém podia ajuda-lo
Corações de metal
Movidos a sangue negro
Sem qualquer sentimento
Mortos
Matando
O muro que me protegeu
Finalmente cedeu
E o que me sucedeu
Foram fortes sentimentos
Uma grande lição
Infelizmente foi triste
Como sempre
E agora vão devorar o meu lar
E continuam a querer me devorar
Mas jamais serei digerido por tais vermes
Queimarei quantas vezes precisar
Sou feito do muro
Cresci em suas entranhas
Sou feito dos seus sonhos
Talvez eu seja seu único herdeiro
Eu o amo
Ele é eterno
Viverão em mim
Para sempre
As lembranças dos seus caminhos
Tua sombra protetora
Teu cheiro
Teu grande poder
Sou a tribo de um só índio
No cair dar tarde, lá estava eu admirando o belo entardecer na mais movimentada avenida da cidade...
Cai a noite...
Escurece a cidade..
A vida continua..
A cabeça pensa..
O coração amadurece ...
A tranqüilidade bate a porta...
Lançando ao mundo tudo aquilo que cultivamos...
A verdade e a mentira de cada pensamento...cada gesto..
Denota a vida que temos..que acabamos viver..
Em cada sorriso de alivio...cada lagrima de tristeza...
Reflete como um espelho que sempre nos mostra..
A verdadeira imagem que teimamos em mostrar...
Seria a mesma que refletiremos aos olhos do mundo?
Um a um tomam a cidade... Os pêlos do corpo levantam e os pés pisoteiam calçadas e ruas... Os gritos da revolução ecoam novamente... Lágrimas escorrem... Estamos dispostos a tudo mais uma vez... Saímos em uma diáspora de paz para tomar de volta tudo que nos roubaram... Viva o ativismo! Viva a revolução!
Era um garoto de papel, numa cidade de papel, com amigos de papel e com todas as suas crenças feita de papel. Foi uma noite intensa de chuva de sentimentos, e aquele pobre menino de papel não suportou.
Sua imaginação é um mundo sem guerra, um país sem lei, um governo sem corrupção, uma cidade sem buracos.
Estarei ausente por alguns dias, e assim, desde já quero
parabenizar a cidade de Santos que tão bem me recebeu,
e sempre acolhe bem quem vem com alma limpa...
PARABÉNS SANTOS PELO 473º ANIVERSÁRIO EM 26/01/2019.
Ósculos e amplexos
Marcial
UM PAULISTANO SANTISTA
Marcial Salaverry
Paulistano de nascimento,
santista de coração...
Essa a situação...
Em São Paulo nasci,
vivi, cresci,
e até me casei...
Mas para Santos mudei,
e esta cidade adotei...
Aqui meus filhos criei...
Por aventura, ou por necessidade,
tentei mudar de cidade,
mas acabei voltando,
e por aqui ficando...
Cidade gostosa de viver,
e mais ainda, de reviver,
basta saber entender
e realmente querer
se adaptar, para aqui permanecer...
Santista verdadeiro,
é aquele que ama a cidade por inteiro,
seja aqui nascido,
ou de outras plagas chegado,
sempre bem recebido,
bem tratado e respeitado...
Assim é esta Santos,
com seus jardins maravilhosos,
e outros passeios gostosos...
Os bosques do Orquidário,
as atrações do Aquário,
sempre a todos encantando,
e aqui se apaixonando...
As praias então, é covardia,
passeio obrigatório de todo dia...
Cidade plana, ideal para caminhadas,
acalmando pessoas estressadas...
Vendo todos estes dados,
concluímos ser Santos,
o Paraíso dos Aposentados...
Marcial Salaverry
AMIZADE!
Assim é nossa vida
bem distante da cidade
água pouca e dividida
por inteiro é amizade
a mão aqui é estendida
e se acaso faltar comida
vai sobrar boa vontade.
