Cadáver
O FIM DO CADÁVER ADIADO.
Olá, amigo Leitor e prezados amigos de rede.
Pode parecer meio estranho o título, no entanto, é uma lamentável realidade.
Sem a loucura, nos disse Fernando Pessoa, o homem não passa de uma besta sadia. Cadáver adiado que procria.
Eu acrescento: sem sentir, sem os altos e baixos, sem o céu e o inferno dos afetos – sem isso, a vida não passa de uma gélida e impiedosa jornada rumo ao cemitério.
Sofrer nos torna frios.
O sofrimento enterra o coração.
Lute, então, para que a cova seja rasa, permitindo sentir a chuva e sorrir.
Muitos usam o sofrimento como lápide de si mesmos.
Afinal, sofrer é inevitável.
No entanto, podemos escolher viver, em vez de perambular pelo mundo como um cadáver adiado.
Acompanhe o raciocínio com Nilo Deyson :
Podemos viver a vida sem vitimização, sem estresse, livres de todo infortúnio do mundo agressor.
Basta sentir tudo isso, sem julgar nada,
Sentir e saber viver essa experiência de modo imparcial e aproveitar cada ciclo da própria existência no universo.
Podemos sentir, e com isso dar sentido àquilo que se vive.
Não seria, aliás, justamente essa a loucura que nos torna humanos?
A loucura essencial de experienciar emoções e sentimentos?
De viver a montanha russa afetiva que faz toda a nossa pretensa racionalidade ganhar sentido?
Que seria de nós, humanidade, sem isso?
Nilo Deyson Monteiro Pessanha
CARREGAR O CADÁVER
Viver é mais do que um peso
Viver é carregar o próprio cadáver nas costas
Lentamente...
Dilacerantemente...
Deixar putrificar substâncias entrópicas, fétidas e químicas...
Ao mesmo tempo ter consciência de que tudo pode acabar...
Num instante, num sopro, numa ventania...
Mas milagrosamente resta a fé do crente que descortina adiante as certezas, ou nas in-certezas do filósofo...
Tudo na vida será um fim...
Resta aproveitar a "viagem", o "intervalo" e esperar o fim...
ou não...
Amém!
Não vou descansar, não vou hesitar, não vou parar, até estar em cima do seu cadáver, segurando, em minhas delicadas mãos, seu coração pulsante.
As religiões são como bactérias famintas num banquete de um cadáver, sugando os nutrientes dos indivíduos, até o deixar em estado de decomposição.
Cadáver -
Já não tenho lágrimas nos meus olhos
excessivamente abertos
para aljofrar o cadáver podre da infância!
Esse morto que não morre
esse vazio que não enche
essa espada, esse abismo
essa faca de dois gumes
ferida que não sara
sangue que não estanca
dor, angustia e solidão ...
Já não tenho lágrimas nos meus olhos
excessivamente abertos
para aljofrar o cadáver podre da infância!
Esse poço de água suja
esse olhar que não desolha
essa terra de ninguém
esse aborto que apodrece
dor que gera dor
mentira que me enreda
pobre sombra desmaiada ...
Já não tenho lágrimas nos meus olhos
excessivamente abertos
para aljofrar o cadáver podre da infância!
Esse rosto sem ternura
esse corpo mutilado
esse olhar pesado e cego
esse filho indiferente
órfão de alegria
sem mãe nem pai
numa tumba sepultado ...
Já não tenho lágrimas nos meus olhos
excessivamente abertos
para aljofrar o cadáver podre da infância!
Viver preso ao passado é como se tornar um cadáver, pois este não tem mais presente e nem futuro para viver, apenas o seu passado.
Oração de um cadaver desconhecido
Morri!
Agora sou um objeto inútil.
Apenas, morri.
Meu corpo foi atacado.
Meu espírito ja não está mais em mim.
Foi devolvido para o criador.
Minha alma está vagando pelo espaço e algum legista chegará em breve para me abrir.
Usarão a ciência e muitas teorias para desvendar minha morte e minha descendência, Mas, será tudo em vão...
Vivo, ninguém quis saber quem eu era, quem dirá morto, sem vida, sem fala, sem alma, sem pensamentos e sem passos...
Talvez, através do meu cadáver descubram algumas novidades para futuras descobertas na medicina...
Como sou um indigente, posso ser útil nas mãos de algum estudante....
Fora isso, a minha espera está uma embalagem negra e sombria.
Dentro dela estarei gelado, sem respiração e sem movimentos e para debaixo da terra eu vou....
Embalado, ja não serei mais lembrado.
Enterrado, minha moradia será uma cratera, e ao passar do tempo irei apodrecer.
Quando em vida, a fé não cheguei a conhecer..
Se vivi, não sabia que estava vivo, vegetei e tudo perdi....
Hora insana, não me lembro como tudo aconteceu...
Não me lembro como nasci e morri,
nem de onde eu vim e nem como vim parar,
aqui.....
( Inspirado na oração do cadáver
Escrita por. Carl Rokitansky, )
Autor: Ricardo Melo
O Poeta que Voa
Oração do Cadáver original
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“Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas; cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu seio o agasalhou, sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens; por certo amou e foi amado e sentiu saudades dos outros que partiram, acalentou um amanhã feliz e agora jaz na fria lousa, sem que por ele tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome só Deus o sabe; mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente. Tu que tivestes o teu corpo perturbado em seu repouso profundo pelas nossas mãos ávidas de saber, o nosso respeito e agradecimento “.
A oração ao cadáver desconhecido foi escrita por Carl Rokitansky, um médico patologista que nasceu na Áustria, em 1804, e supervisionou cerca de 70.000 necropsias, executando 30.000 delas no Instituto de Patologia, em Viena. É uma forma de homenagear aqueles que cederam seus corpos para o aprendizado de estudantes da área da saúde.
O processo de decomposição e putrefação do cadáver é uma clara manifestação de igualdade entre as pessoas.
Vivemos porque sentimos, afinal, que diferença existe entre um cadáver e uma pessoa insensível? Nada mais são do que duas faces diferentes da mesma morte
Viva de verdade, para não acabar sendo apenas um cadáver que você arrasta para o trabalho ou para passear.
Cadáver
Você (ansiedade) me cerca e dilacera minha alma
Perdão a mim mesmo
Por tantas permissões tolas
Perdão a mim mesmo
Pelas loucuras expostas
Pelos pássaros presos
Nas masmorras da ignorância
Pelos sins que deveriam ser nãos
Pela corda colocada no pescoço
E por puxar o banco
Por tantas desventuras e arrogâncias
Num barco à deriva
Eu cortei meus pulsos
O oceano encheu-se de mim
Bebeu do mais incerto sentir
Andorinhas pousaram sobre meu corpo
E dançando valsa, levaram meu espírito
Raios de sol queimam minha pele
Pálida como papel
Distante como a lua
O céu permanece azul
Tubarões se aproximam para olhar o seu rei
Uma coragem lastimável
Um impacto de forças
Eu me pergunto agora
O que faz alguém se perder
Eu me questiono nesse momento
O que faz alguém pular
Qual momento é o momento
Qual o tamanho dessa dor
Qual o tamanho do sofrimento
Os olhos lacrimejam adeus
Ainda há um círculo de sorriso no mais escuro da pupila
Um ato sem despedidas
Uma busca por respiração
Os sonhos somem como as veias
Quanto vale um corpo que sonhou?
Ou já é um cadáver que amou?
Não esconda-se de você, se quer tente, eis em saber que ainda que cadáver é você ali representado...
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