Um Estranho Impar Poesia
SONETO AO PÉ DO PEQUI
O fado ao pé do pequi, no cerrado
pôs-me a ouvir e um soneto narrar
estórias que eu não podia imaginar
e que fez da gratidão o meu agrado
Era o destino me propondo reciclar
pra me tirar do espírito aperreado
do fútil que estava acorrentado
me dando a chance doutro lugar
Sim, ai eu pude então ser evocado
qual a terra prometida, vim me achar
na eterna busca de ser encontrado
De filho pra pai, pai me vi no olhar
então na compaixão fui anunciado
e entendi o doce sentido de amar...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
ao meu velho pai
SAUDADE (soneto)
Um segundo, não mais que um segundo
o andamento já vivido, num tal lampejo
derretido na lembrança, passado mundo
do tempo no tempo num sucinto cortejo
E neste breve segundo, e tão profundo
o antigo tornou-se não mais que desejo
duma tal recordação, em que me inundo
numa saudade que fala e na alma arpejo
Neste minuto conciso o suspiro oriundo
traz agridoce eternidade... num ensejo
pra amenizar o ser em ser moribundo
E ao final, nesta saudade em manejo
o que teve de valor foi o amor fecundo
que no sentimento... - palpito e adejo!
Luciano Spagnol
Outubro, 2016
Cerrado goiano
NADA SERÁ...
Se a vida for um vazio,
um vazio de vida será...
Se o gesto for sem brio,
hostil o gesto será...
Se o ter lhe for tardio,
o possível não lhe será...
Se o existir não for sadio,
a existência nada será!
Pois, ser é tornar o amor luzidio,
aí a vida proverá..
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
ALMA (soneto)
Tenho idade de um tempo qualquer
Vivo menino, jovem ou sou senhor
Neste olhar, tenho o olhar do amor
Embalado, às vezes, no o que vier
Se não vem, tudo bem, sou o que for
Adiante, radiante, serei o que quiser
Depende de mim e de onde estiver
Então, posso ser razão ou sonhador
A idade em mim nunca será mister
É estado de sentimento, um exterior
Garoto ou velho, vai do que dispuser
Às vezes amador, noutras um jogador
Porém, o corpo, não é o que eu disser
Já a alma, estará ao meu total dispor...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Tenho idade de um tempo qualquer
Vivo menino, jovem ou sou senhor
Neste olhar, tenho o olhar do amor
Embalado, às vezes, no o que vier
Luciano Spagnol
cerrado goiano
Hesitações proparoxítonas
Faz sentido o sacrifício defendendo um símbolo,
Receber pelo empenho um risível óbolo,
Entregar-se decidido ao embalo rítmico
Ao saber que o castigo será logarítmico.
Por temer que um abraço falsamente cálido
Há de me deixar na certa para sempre inválido
Hei de escafeder-me logo, evadir-me lépido.
Nada desse amor perverso, desse abraço tépido.
Tentação, hei de enfrentá-la num processo rápido.
Fico longe do encanto desse fruto vápido.
Sucumbir como se fosse simples erro médico.
Esse drama é da alma ou é ortopédico?
As paixões ou os credos têm algo exótico
Não se curam com sermões nem com antibiótico.
Deixam traços, cicatrizes, eis o lado cômico
Sem contar com sérios danos no plano econômico.
Eu que gostaria tanto de ser eutímico
Vivo em contradições, viro ciclotímico
Por um ideal difuso num ambiente tétrico
Tento conciliar opostos, tento ser simétrico.
E em vão almejo agora tornar-me apolítico
Já é tarde, fui omisso. Meu estado é crítico.
Colocado sempre á prova – me tornei litófago
Tudo engoli sem pena do meu pobre esôfago.
Indignado, mas nem tanto... Fúria ilegítima
Para que posar de mártir, não sou uma vítima.
Seja pois o desabafo um atalho lírico
Para o meu esconderijo almejado, onírico.
Pois política, amores são males análogos
Que jamais foram curados por meros diálogos.
Vislumbrar em tudo isso um aspecto lúdico?
Sinto falta para tanto de um saber talmúdico.
Sou eu...quem te ama!
Tu és um poema magnifico escrito no silencio
Das minhas noites insones...
Um anjo que os meus olhos seduz
Meu mais belo sonho... Minha eterna espera...
A mais linda canção...
É qual o volitar de uma gaivota varrendo o horizonte
Em manhãs primaveris... E neste delírio constante em te ter
Anseio por ti... Amo-te
E te penso...e te tenho...
Sou eu quem te ama...
Nas minhas mais profundas fantasias...!
se eu for um anjo me pinte com asas negras.
sempre solitário, porém nunca sozinho. existem algumas poucas companhias na solidão que só quem também está só e tem consciência disso pode as encontrar de diversas formas.
sinto-me espalhado por ai, pelo mundo, pelos cantos, pelas noites. minha alma ambiciosa me faz ter sempre muitos excessos pelos meus caminhos, seja de asas negras ou claras por aí. estou menos aqui do que pode parecer; é algo fantasmagórico em mim que sou apaixonado; uma obsessão pelo que é incompreendido. nunca há algo que possa tirar meus demônios de mim e agradeço a existência por ter me permitido dessa forma.
minha alma é uma música que toco com meus olhares e canto com meus conhecimentos. vejo na melancolia uma beleza fúnebre que me seduz ficar acordado pensando "e se?". reconheço no meu vazio existencial uma liberdade imensurável, tal como tudo a minha volta é inalcançável pra quem pode compreender tais meios. eu sou um desejo que não queria existir; como numa forma poética de dizer que não estou nem aí.
sou duas crianças brigando por algo que nenhuma das duas querem.
de estado estático contempla-se o caos
calmo como um inseto ao exercício de seu nicho
olhos espalhados por corpos em sinestesia
compartilho da vibração
tudo é energia que há de fluir incessantemente
o pulsar dos corações vazios
acompanharão as caixas em estresse
grave que estremece a areia
fechei os olhos...
e lá estavam sua cores em negativo
sua silhueta refletida em mim
minguante.
"ESTEPES" GOIANAS (soneto)
Mergulhei nas "estepes" goianas, por acaso
Foi um pulo no meu destino nunca imaginado
Cá vim, então, em missão para o cerrado
E aqui as quimeras ficaram fora do prazo
Um infinito onde o céu é bonito, fui abandonado
A poesia virou companhia, e o luar, com prazo
Pulsações e confusões no meu fado, um arraso
Onde amar e perdoar tornou-se hábito silenciado
A paisagem esfumou-se e confundiu-se no olhar gazo
De uma poeira fina, varrida do coração embaçado
Deixado de lado, sonhei, e com os sonhos desenhei parnaso
Assim, perdi-me nos atalhos do devaneio inquietado
Nas braçadas da saudade o ribeirão tornou-se raso
E nas "estepes" do Goiás, o meu lírico plangor foi dissipado
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
SONETO DESCRENTE
Dor que amarga o ser contente
Ilusão tanta aos de expertise
Tanto, nada ou um só deslize
Para se desenhar o descrente
O legado é bom, infiel é a crise
Se no coração há brecha vertente
Que inflama a fé na crença poente
E aos sonhos leva pra uma eclise
A sós não se está sozinho, se crente
Pense com emoção, não só analise
A razão está em ser integralmente
Então, suporte, e o melhor avalize
Não se fica pior, a vida é discente
Num sobe e desce, ato e reprise
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
MOMENTO DOCE
Contigo:
Eu queria um momento doce...
Para me lambuza em seu desenho,
me delirar em seu rascunho
e demarcar o tempo...
Com gemidos, e alucinações
dos ardentes desejos.
Antonio Montes
Um poema por dia
uma história desmedida
para contar sobre o que sinto em minha vida.
Um poema por dia
assim minha alma aflita
explica cada sentimento desse coração que palpita.
Um poema por dia
nessa mente que a alma entende
inspiração existente,
a imaginação sempre cria
sobre essa vida que surpreende, poesia.
CONCRETO NAS NUVENS
Eu tenha um sonho
por dentro... Lá dentro
Como se fosse pó de cimento.
Que como pó voava...
Voava como se tivesse penas
Voava, como se batesse asas.
Mas o sonho de cimento
com o orvalho, virou grude
e veio as lagrimas d'água...
Fazendo concreto nas nuvens.
Antonio Montes
VÍRGULAS
Entre um livro e outro
um recíproco silêncio,
entre um gole e outro
uma pausa de recesso,
entre um verbo e outro
apenas a palavra certa,
entre um beijo e outro
os lábios são saciados,
entre nós e os outros
a virgula é a diferença,
entre todas as histórias
não temos ponto final,
Aporia...
(Nilo Ribeiro)
Aporia, palavra interessante,
significa dúvida constante,
é também um verbo marcante
a poria na minha poesia,
mas explicá-la não saberia
quando nada se cria,
a escrita não tem valia,
por isso aporia...
FELICIDADE
Felicidade é um momento
no passado...
Rascunhado no presente.
Um sentimento sentido
no sopro do consciente.
Antonio Montes
SONETO IMAGINÁRIO
Imagino um soneto do imaginário
Que escorra da doce imaginação
Com o seu ilusório jamais solitário
E cheios de quimeras e de emoção
Que tenha na sua existência itinerário
Não só formas, nem aparência, ação
Onde os sonhos são seu mobiliário
Aduzidos dos cômodos do coração
Quero com que seja o meu amuleto
Guardado no peito tal qual a oração
Em mantra, não como simples objeto
E se, assim, brotar do tal poço secreto
Dos poetas, que venha com inspiração
Imaginando satisfação por completo
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
COM UM OLHAR
Um olhar... Um olhar!
Quando pequeno, bastava
um olhar!
Um olhar, para me represar.
Aquele olhar...
Direto como flecha no alvo
Direcionado por aquele arco
de carvalho calvo...
Aquele olhar único verdadeiro!
Era claro, suficiente para,
desvencilhar, os meus encravos.
Hoje, tudo acabou!
... Não vai...
_Eu vou...
Quem é o senhor
para me dizer...
Que eu, não vou!
Antonio Montes
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