Laisa Gonçalves
Te recebi como a um belo presente
Ao saber que era minha, alegrei-me
Agora como lembrança, entristeço-me
Pois não mais te tenho em meu presente.
O que nós somos?
Ou melhor,
O que nós temos?
Pra você a resposta é fácil.
Mas antes de dizê-la,
Lembre-se:
Dentro do seu "nada"
Há muito de mim.
Te observo do alto do morro.
Será que me arrisco em pular?!
Paro. Penso.
Me auto-preservo.
Sou covarde,
Vai que eu morro.
Receba
Teu rosto revela raro ser
Resistente, reluzente, radiante
Como o baixo ruído de um rádio distante
Sem regra ou receio, deixei-me render.
Teu riso me rouba toda atenção
Rápido, remédio, irracional
Como sons ritmados de forma irreal
Sem relutar, deleito-me em seu refrão.
Teu corpo tem jeito de abrigo
Reflexivo, refúgio, resiliente
Como plantar e regar a semente
Sem rodeio ou recado, floresça comigo.
Encontrei uma flor azul no meio do jardim,
intrigante e instigante era a sua beleza
então cedi a minha vontade e me aproximei
Sem pensar, a toquei e fui surpreendida,
havia um espinho vermelho e afiado
que me furou e me fez questionar
A flor azul sorriu e me disse com carinho:
Não tenha medo de mim,
o espinho vermelho é meu amigo
ele me ajuda a sobreviver,
mas ele também sabe gostar
se você souber respeitar.
Foi quando o meu olhar se abriu,
agora não admirava somente aquela flor
mas sim, a flor azul e seu espinho vermelho.
Ela é uma flor que se abre com o sol
mas se fecha com a dor;
ela é uma luz acanhada na escuridão,
não é forte e nem ofusca os meus olhos
é suave, ilumina, aquece e conforta.
Ela me inspira a escrever
mas se esconde quando eu falo,
me convida para entrar em seu mundo
mas às vezes o deixa trancado;
ela é doce e amarga, suave e áspera
é luz e sombra, tudo e nada
é a contradição que me deixa fascinada.