Textos de Chuva
SOL E CHUVA
No horizonte, o sol se ergue,
seus raios dançam sobre a terra,
a vida desperta, cores se intensificam.
Mas a chuva, em sua sabedoria,
desce suave, alimenta as raízes,
traz frescor, renova o ar.
Doce contraste entre luz e sombra,
um abraço de opostos,
onde a vida se equilibra,
e a esperança floresce em cada gota.
TRAVESSIA
A chuva fina caí em direções variadas. Às sete da manhã, caminhando lentamente, ele dobra à esquerda numa travessa sem nome. Há muitas pessoas na chuva tomando seus destinos...
Uma senhora de idade carrega uma criança no colo a passos rápidos, tentando atravessar a rua. Mas a rua é ligeiramente escorregadia e íngreme. Esboça-se um ar de complacência...
Mas à frente, ele dobra à direita. Deixando a rua com suas escolhas e impulsos, rude e indelicada. Agora impulsivo, espera-se a próxima travessia dilatando o corolário, súbito à espera de um milagre...
Em minha família
somos todos uns estranhos seres
que desligam o rádio e a tv para
ouvir a chuva e iluminar-se
diante das tormentas,
que apagam as lâmpadas
para ver o brilho da lua
e das estrelas no céu.
Na madrugada,
quando a cidade dorme,
por trás de seus cadeados,
nossa casa é um templo
varado de silêncio e luz
por todas as janelas abertas.
Cremos que os perigos
adormecem sob a lua.
Encontro todos os dias pessoas ensimesmadas e tolas desejando "chuva de bençãos" e que o Criador "ilumine-os" e fico imaginando. Quem foi que passou tal crença, destes fenômenos pro's, sobreviventes terrenos?
Todas estas ações e outra possíveis, são de parâmetro meteorológico ou de caráter ilusório.
O Criador jamais agiria ou agirá nos dogmas, o ilusório humano.
Já parou pra pensar que a chuva
pode ser da Terra o expressar?
Talvez, Chova de felicidade pelos os resquícios
de bondade, raros de encontrar,
Pela maldade recorrente, chuva forte presente
por já não suportar,
Sua esperança não é forasteira,
às vezes, quase sem força, derrama
uma chuva ainda que passageira,
É chovendo que se renova
Tanto a sua fauna, quanto a sua flora
E o ser humano apesar de muito errar,
Pode destas sinceras chuvas desfrutar.
Encontro um pouco de paz
na chuva,
no nevoeiro que esconde
brevemente os problemas,
na luz que se refaz
durante uma madrugada
acolhedora e serena,
nos raios de sol
que avivam e aquecem
como um gesto de amor
e na neve que se destaca,
mas com o tempo derrete,
sua frieza é temporária
mostrando com simplicidade
que a tristeza é efêmera
e persistente a felicidade.
Um lobo solitário
caminhando sob a chuva
sem se preocupar em ficar molhado
por achar que é um desabafo dos céus
e também por saber como é estar angustiado,
e assim, segue seu caminho iluminado pelo luar,
que estava um pouco ofuscado por estar nublado,
até encontrar um lugar seguro pra descansar
pra enfrentar o próximo dia que logo irá raiar.
Agora, imagines que a tua alma
é o ambiente a tua volta,
que a chuva são as tuas lágrimas
que purificam todo o teu ser,
permitindo que um lugar,
talvez outrora angustiante,
finalmente, venha a florescer
e tornar-se mais aconchegante,
Com isso, acredito
que é possível compreender
que assim como é preciso
que chova pra que floresça,
também é necessário chorar
pra que se amadureça.
Sinta-se como um felizardo se conseguir se encantar
com a beleza da austeridade
a chuva caindo,
um pôr do sol num fim de tarde,
as gotas de orvalho pela manhã,
os movimentos das ondas dos mar,
o desabrochar de uma flor,
ou a luz do luar,
um tipo de coisa que tem bastante valor,
pois é uma das formas que Deus
usa pra acalmara nossa complexidade
como uma prova do seu amor
mostrando o que é amar de verdade.
Numa rua deserta com a chuva fjna caindo sobre ela,
vejo um misto de tranquilidade e abandono,
duas sensações distintas com emoções diferentes,
como se estranhamente alívio e tristeza estivessem presentes na mesma cena, representados respectivamente
pela vida de árvores frondosas e por uma ausência inconveniente.
A solitude e a solidão atipicamente ficaram entrelaçadas causando uma sensação simultânea de amor e lamentação nesta madrugada chuvosa que deixou a emoção tão à vontade que se expressou desta forma confusa, por isso que a mente ainda está inquieta e acordada nesta hora inoportuna, falando em voz alta.
Às vezes, durante a quietude, a alma sente a necessidade de chover lágrimas para desabafar e ninguém está perto para ver e nem precisa, o que importa é que ela chova para não se afogar por dentro por reter suas angústias ou contentamentos, então, graças a Deus que há este momento de purificação ao externar seus profundos sentimentos, uma contínua e necessária libertação.
A tarde está chuvosa, uma chuva forte que antes foi anunciada por trovões como se o céu tivesse alguma coisa a dizer motivado por suas profundas emoções, um lindo desabafo que causa diversas sensações.
É possível ouvir o som agradável estranhamente harmônico das nuvens que choram lá fora, banhando com suas gotas que avivam e emocionam ao trazerem um raro equilíbrio que é momentâneo, mas muito significativo.
Em pouco tempo, começam a chover versos seguindo o exemplo celeste ao desabafarem os sentimentos que sente o poeta, sendo o mais sincero que consegue com si mesmo de uma maneira calorosa, simples e intensa.
Num fim desta tarde, muitas nuvens estavam reunidas para anunciarem a forte chuva que já estava próxima para apresentar o seu espetáculo, então, com este propósito, em pouco tempo, deixaram o céu todo anuviado.
Conforme anunciada, ela chegou e foi logo se apresentando com suas gotas muito bem ensaiadas, chovendo, aumentando o ritmo, gradativamente, uma seguida da outra,
juntas num destaque celeste.
Foi uma apresentação grandiosa com tamanha expressividade, nenhuma gota ficou de fora, todas tiveram a oportunidade, desta maneira, a chuva estava maravilhosa, esbanjando a sua força e vitalidade.
Olho agradecimente para uma rosa amável que está muito elegante com as gotas da chuva enfeitando suas pétalas, um lindo regalo nesta noite chuvosa que a minha inspiração facilmente desperta.
Se o olhar for disposto para simplicidade, perceberá que a natureza possui uma forma de poesia muito peculiar por não usar nenhuma palavra e mesmo assim, conseguir emocionar tanto o coração quanto a alma.
Considerando este prisma, que meus olhos possam sempre prestar atenção nesta declamação poética permitida pelo Senhor, que transmite uma emoção plena, muito distinta, uma amostra bela do seu amor.
Tarde agradável de domingo, a chuva caindo com suavidade, deixando a sensação de paz tomar conta, nutrindo a mente com muita tranquilidade, desta forma, conforta de bom grado o espírito, uma sobriedade admirável e restauradora como uma prova do amor divino.
Inegavelmente, traz um conforto oportuno, muito bem vindo, que faz enxergar as outras cores de um dia cinza chuvoso, observando uma arte viva, uma natureza que está se renovando, ficando ainda mais linda, portanto, um rico banquete para os olhos que tanto reanima.
E desse modo, por alguns instantes, o tempo frio é ignorado por causa de um sentimento caloroso motivado pelo deslumbramento graças ao desabafo celeste chovendo tranquilamente das nuvens, banhando com simplicidade, avivando ânimos e lugares.
Bendita chuva amável que derrama suas gotas com gentileza nas pétalas delicadas de uma flor graciosa, que assim, renova fortemente o seu florescer e fica enfeitada com toques de amor logo depois de chover, por conseguinte, um evento simples e muito encantador, algo que faz bem perceber.
O efeito muito transformador desta temporária apreciação é incontestável, o lindo céu deságua, chovendo um preciso avivamento sobre a ternura da flora, realçando suas cores belas, suas formas divinamente desenhadas, uma sobriedade grandiosa de uma vida terna e certamente rara.
Tipo de momento muito propício para enfatizar que o nível de importância da temporalidade não se mede por sua duração e nem deve ser diminuído por sua brevidade, tendo em vista que uma breve manhã chuvosa pode ser demasiadamente significante diante de uma naturalidade maravilhosa.
A sonoridade impactante da chuva impetuosa que está caindo livremente lá fora, parece que quer acompanhar o ritmo veemente da música que ouço agora, criando um ambiente propício para despertar a minha mente com pensamentos poéticos, embevecidos em sentimentos calorosos bastante envolventes como encantos sonoros.
Ao mesmo tempo, aprecio fortemente o fato de estares aqui comigo, também estamos envolvidos por esta veemência sonora graças aos batimentos acelerados dos nossos corações, do som dos nossos corpos abrasados por movimentos contínuos que nem os passos de uma dança intensamente aprazível.
Experiência muito revigorante que é possível pelo intermédio oportuno da arte e pela sensibilidade que permite percebê-la, criando uma ponte entre o lúdico e a realidade, na qual estamos sobre ela, desfrutando brevemente de uma nova identidade resultante deste encontro tão harmônico, consoante à musicalidade intensa de nossos ânimos.
No cair da chuva, algumas gotas coordenadas apresentam uma tranquila sonoridade que ecoa pela madrugada silenciosa,
numa apresentação naturalmente agradável,
que relaxa a minha mente agitada, então, poder ouvir essa tranquilidade sonora é uma das formas de eu compensar a visita indesejada da insônia,
tanto que expresso esta ocasião momentânea nestes poucos versos, tamanha compensação, equilibrando uma parte dos meus pensamentos inquietos, resultando nesta simples inspiração.
Os dias de chuva passaram a ser mais acolhedores, suas cores cinzas foram avivadas, sua sonoridade passou a ser ouvida com mais atenção e um certo encanto, desde que as suas vidas se cruzaram, a conexão de suas almas em grande encontro
e assim, um passou a ser um sol radiante na vida do outro, um amor construído calmamente, sentimentos calososos dançando uma linda valsa de reciprocidade, alguns movimentos suaves, outros veementes, mesmo no ritmo das tempestades
Cumplicidade tão forte e abençoada, que a superficialidade ficava insustentável, a falsidade não era bem vinda, um sonho vivenciado dentro da realidade, um livro emocionante com cenas expressivas, a gratidão a partir da simplicidade
Ele a amando e sendo correspondido por ela, beijos intensos e diálogos constantes, corpos suados, um laço de resiliência apaixonante, olhares alegres, experiências partilhadas sem pressa, juntos demonstrando um máximo de interesse.
Saudades de mim
Ando com muitas saudades de mim.
Dos banhos de chuva na infância;
Dos tempos de colégio;
Das amigas de calçada;
Do namoro no portão;
Da casinha de portas verdes com muro baixo de pedrinhas;
Do pé de jambo na frente da casa!
Da grande imagem de São José à porta como a saudar todos que lá adentravam;
Das borboletas coloridas que voavam alegres sob o jardim florido da minha mãe;
Do bolo de carimã da Nega;
Das festas de junho e das adivinhações;
Do bairro que me viu crescer e casar...
E da menina que virou mulher, e hoje só quer sentir saudades...!
Haredita Angel
29.04.17
Se esta chuva não parar
durante esta madrugada,
amanhã não faço nada
e tenho a terra pra cavar.
Se esta chuva não parar
o terreno fica alagado,
e não posso semear
o que não está semeado.
.
Se estou apoquentado
durante esta madrugada,
canto uma letra dum fado
ou um cante à minha enxada.
Esta chuva vem molhada
e promete a boa vida...
Amanhã não faço nada,
nem cuido da minha lida.
Talvez tome uma bebida
enquanto a chuva durar...
Cai a chuva bem caída
e tenho a terra pra cavar.