Texto sobre Sol

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'PARAENSE'

Por do sol Paraense,
sem olhos,
horizontes,
sementes.
Do Grão-Pará,
antipolítico,
sobeja cachaças,
bicho das matas,
das brenhas,
chibés,
munguzás...

Nascido das chuvas,
distraído amazônico.
Particípio.
Respira hidrografias,
farinhas.
Sem trajes,
És Carimbó conformado,
ribeirinha...

Cultiva ouro preto,
isolação,
açaí.
Saboreia pupunhas,
tacacá,
camarão.
És baião,
multidão,
muricis...

Guarda tralhas,
bacuris,
pirão,
pescado.
Cultua piquiás,
esperanças,
tucumãs,
cajados...

Subsiste manhãs,
neblinas.
És indígena,
fardo.
Flutua canoas,
rio acima,
bicho sem mato...

Exala naturezas,
apogeus sem cobiças.
Pela força admirado.
És espelho.
Paraense.
Reluzente.
Estilhaçado...

Inserida por risomarsilva

POR-DO-SOL

SÃO SERES HUMANOS
Apenas isso!
Contemplando o pôr-do-sol
Quebrando infinitos planos
Maresias turbulentas...

PARA ONDE VAI PUJANTE CREPÚSCULO?
Contratempos minúsculos
Discursos de ausências
Outrora fabuloso
Vagarosa dolência
Antigas canções de ninar...

MÃOS EM SEDENTÁRIO PIANO
Verbos naufragando
Faz guerras irascíveis no tempo
Inventando contratempos
Entardecer aparente
Lentamente
Ambos se esvaem ...

Inserida por risomarsilva

⁠"QUERER II (EM DEZ ATOS)"
I
Queremos o sol, mas reclamamos do calor.
Queremos a lua, mas tememos a escuridão.
O desejo é um animal de patas inquietas
que nunca se deita no mesmo lugar...

II
Perguntam-me o que busco, e eu sorrio.
Se eu soubesse, já teria parado de correr.
Mas há um fogo entre meus ossos
que não me deixa em paz...

III
Os loucos são meus professores.
Eles não leem manuais, não seguem mapas.
Quando a tempestade vem, abrem a boca
e bebem a chuva como se fosse vinho...

IV
Eu também queria ser assim:
livre de tanto pensar, de tanto pesar.
Mas minhas mãos estão cheias
de coisas que não sei nomear...

V
Às vezes, de madrugada,
sinto que estou perto da resposta.
Ela vem como um cheiro distante,
mas desaparece quando acendo a luz...

VI
Já joguei muitas coisas fora,
mas o essencial ficou preso em mim.
São pedras que carrego no peito:
algumas doem, outras me mantém em pé...

VII
O mundo é um lugar barulhento
cheio de pessoas mudas.
Todos falam, ninguém escuta.
Todos correm, ninguém sabe por quê...

VIII
Dizem que a vida é simples.
Então por que a gente a complica tanto?
Inventamos problemas, criamos labirintos
e depois choramos por não saber sair...

IX
Talvez o segredo seja parar.
Não pensar. Não querer.
Só respirar e deixar que o vento
nos leve para onde quisermos ir...

X
Mas eu ainda não aprendi essa lição.
Então sigo querendo, queimando, tropeçando.
Porque no fim, é isso que me faz sentir vivo:
o fogo, a queda, e o levantar...

Inserida por risomarsilva

Desejos são gotas de chuva
Aliados aos raios do Sol
Numa tarde de melancolia
A voltar sempre e sempre
Todo dia
São vontades felizes
Que surgem nas horas tristes
Bolhas de sabão
Flutuando em caracol
Que às vezes permanecem
nos lugares onde eu vejo
por muito mais tempo
Que a gente esperava ver
Insistentes
Desejos são a lenha que alimenta
Aquele fogo pálido, lerdo e lento
Que insiste em permanecer
No tímido coração
Lampejos vem surgindo lentamente
Te fazendo
Pensar constantemente
Em algo que não se esquece
Desejos tristes
dos quais o coração padece
Quanto mais você se esquiva
Navegando só
O oceano de sonhos...e vai
Flutuando à deriva
Num triste abandono
Não existe mais nada
Inexiste alma viva
Que em dado momento da vida
Não encontre na rua
Enquanto voltava pra casa
Com aquela voz que vem no vento
E a faça sentir uma imensa saudade
Daquilo que
De tanto querer
Foi perder na tempestade
Seguida de um vento suave
e palavras que não se escreve
E foram ditas
E agora
Passada a hora
Se esforça em tentar entender
O que foi que te fez
Querer


Edson Ricardo Paiva.

Inserida por edsonricardopaiva

Me pego desejando
Que os raios de luz de Sol
Iluminem um pouco mais
As cores desbotadas
dos varais da minha infância
Lençóis de criança
Perdidos no tempo e distancia
Caras alegres de outros dias
Colhendo tristes frutos
Da estupidez semeada
Sol, infância, lençol
Não restou quase nada
Talvez um resto de poesia
Que a força dos ventos
Faz soprar por entre as folhas
Outros dias vem
Nasceres do Sol
Coloridos sem cor
Brilhares sem brilho
Pouca coisa
Quase nada
Nada além
da cor desbotada

Edson Ricardo Paiva

Inserida por edsonricardopaiva

Sol de mês de agosto
Farpas de janeiro
Numa linda manhã de junho
O dia inteiro assim
Por mais que se faça
Vai ficando
Mais sem graça ainda
Alguém procura poesia
Pedindo que alguém as escreva
Talvez um dia ela seja lida
Numa linda manhã de chuva
Durante o velório de alguém
Que viveu e nem viu
E morreu num dia de abril
Pode ser
Que seja eu.

Edson Ricardo Paiva

Inserida por edsonricardopaiva

Triste luz da manhã.

Bela manhã de Sol
Lindo Sol
de uma manhã tão triste
de tristeza daquela que mata
Esconde a morte
entre os cortes
da arte de natureza morta
sete cores escondidas
no branco da luz do Sol,
Triste Sol de branca luz
Manhã de borboletas voando
exibindo seu voo manco
Manco voo à branca luz de Sol
Luz de hemorragia
Branca luz do dia
O sangramento estanca
Hemofílica alegria
Luz que na verdade mente
e mente com propriedade
Quisera me esconder da luz do Sol
Ah, meu Deus
Como eu queria
Que esse manco voo de alegria
tornasse uma tristeza verdadeira
Quando do Céu despontasse
A derradeira luz da tarde
desse branco Céu
Sangrando de falsa alegria
Que voa e não voa
A vida correndo a toa
Ardendo de verdade
doendo com qualidade
Prenúncio de tempestade
Pálida verdade
Triste Sol de uma manhã que arde.

Edson Ricardo Paiva

Inserida por edsonricardopaiva

Amanhece mais um dia
O tempo passa
O mundo gira
Nasce o Sol
E o Sol se põe
Nuns dias
a gente sabe onde vai
Noutros não
É somente uma questão de tempo
A vida vai correndo como um rio
Os sinos tocam
Mas você não os escuta
Sopra o vento
E vai mudando a cara do mundo
Momento a momento
Corre o rio
Frio e calor
Seu coração se enchendo de amor
Transborda segredos
Pra depois se transformar em ódio
Ódio em medo
E o medo traz saudade
Nesse momento você pensa
Que já possui sabedoria
Mas foi só mais um dia
Um dia na vida que passa
Não há nada que se faça
Ou que se possa fazer
A vida passa
O cansaço te alcança
O teu coração repleto de espaços
Incompletos
Vazio de valor
Amores e abraços
Agora há somente
Espaço e lembrança.

Edson Ricardo Paiva.

Inserida por edsonricardopaiva

Lá fora, claro dia
O Sol, tão só, brilha no Céu
Talvez de solidão
A luz que esse Sol irradia
Ultrapassa
O ponto onde a vista alcança
Astro indomado
Exibindo eternamente a realeza
Na tristeza dessa mansa solidão
O Sol tão só no Céu
Ternura ausente
Que se sente
Nessa escuridão tão branca
Talvez o Sol
Seja criança entre as estrelas
Um ponto entre outros Astros
Vaga tranquilo
Brincando de destruí-los
Lentamente
Enquanto isso a gente
Tão sós quanto o Sol
Carentes de tamanha realeza
Destruímos a nós mesmos
Com tamanha destreza e celeridade
Que jamais chegaremos perto
Da idade do Sol
Que lá fora
Arde tranquilamente.

Edson Ricardo Paiva.

Inserida por edsonricardopaiva

Eu sob a nuvem
A nuvem sob o Sol
E o Sol, num Céu que não tem fim
Mas, se existisse mesmo a infinitude
Qual seria a razão
Dessas simples existências
Eu, a nuvem, Sol e Céu
Juntos, nesse mágico momento
Que há de ser mais um, entre muitos
Qual de nós tem mais motivo
Pra estar vivo
Amanhã ou depois?
Pode ser que nenhum
Ou um
Talvez dois
Pequeno pedaço de espaço
Curto traço sem chão
Nem feio e nem bonito
Estranhamente finito
Perante tamanha amplidão.

Edson Ricardo Paiva.

Inserida por edsonricardopaiva

Depois da chuva
O carisma da tarde
Uma ponta de saudade
A luz do Sol me alisa
Uma brisa suave
Parece até que chove leve, ainda
Um prisma no Céu
Um sinal que à luz decanta
A clara luz que ontem brilhou
E mesmo assim
Ainda me leva
Pra algum lugar longe ou perto
Só não deixa ficar onde estou
Me vem lembrança
de uma rua escura e estreita
De algum sonho que há tempos sonhei
A noite cai
Tudo se ajeita
Pode ser que este mundo
Não seja perfeito
Mas ele sempre melhora
Na hora que eu tenho você aqui perto
Peço ao vento pra levar
Um olhar, um pensamento, a saudade
Quem sabe na volta
Ele traga o alento da lembrança
De algum sonho em que você estivesse
Te juro
Se soubesse onde está
Eu mesmo ia lá
Te buscar.

Edson Ricardo Paiva.

Inserida por edsonricardopaiva

O Sol ainda brilha lá fora
Eu sinto que luz e calor
Não me pode alcançar
Corpo frio
Longe de tudo
Até mesmo da própria vida
Coração vazio
Nada mais prende mais atenção
Que a vontade de ir embora
Lá no fundo do quintal
O ruído, pouco mais que gemido
De uma alma chorando escondida
O desejo de orar me toma
Mas Deus não há
Há somente a vontade que implora
Com voz que ninguém pode ouvir
E agora?

Edson Ricardo Paiva

Inserida por edsonricardopaiva

A nuvem parada
No Meio do Céu
Pedia ao Sol que não viesse
Mas o Sol sempre vinha
A pedra da beira do rio
Pediu à nuvem
Pra que essa não chovesse
E o pássaro que ia pescar
Desejou que a pedra
Não fosse escorregadia
A Plantinha diminuta
Existente por sob o galho
da árvore onde o pássaro vivia
Pediu ao pássaro que voltasse
Desejou que o rio corresse
Sorriu para o Sol todo dia
Até hoje eu não sei como acontece
Mas tenho a impressão
Que essa prece
Era a única que Deus ouvia.

Edson Ricardo Paiva

Inserida por edsonricardopaiva

Longe se vai
O tempo que eu fui menino
de cara queimada de Sol
Joelho repleto de machucados
de quem sobe em muros
Cai de árvores
Maceta mármore em lata
Corre atrás das pipas
E não pára quieto um instante
Lá se vai ao longe
O tempo do Sol a pino
A rolimã que rangia
A metade de um dia eu tinha
Pra resolver os problemas
Que arrumava de meio-dia em diante
Sem atentar para o fato
Que eu já os tinha e eram muitos
Eram tantos
Que até hoje minh'alma duvida
Que mesmo se hoje eu tivesse
Toda calma que existe no mundo
Eles pudessem ser resolvidos
Em somente uma vida
da mesma maneira que
Naqueles dias que longe se vão
Sem pensar, eu apenas desatava
Em questão de segundos
A mesma espécie de emaranhado
Que hoje, me faz calado e me dói no peito
Pois um dia a gente cresce
... e esquece
como era o jeito que se fazia.

Edson Ricardo Paiva.

Inserida por edsonricardopaiva

Você, parado
Sentado ou de pé
Olhando um lugar onde havia Sol
Recorda com saudade
O brincar de esconder-se
debaixo da pia
na casa da tia
Uma corda, uma árvore
As moedas tilintando
Era o troco da hora que foi à venda
A graça de olhar ao longe
A fumaça se esvaindo
Saindo da chaminé do trem da vida
Na estrada do tempo
O alegria da hora da saida
Correria no portão da escola
na hora da entrada
A festa na igreja
Veja que naquele tempo
Os sinos dobravam
E eu, na minha inocência de menino
não via e não perguntava por quem
Assim são as coisas
Eu olhando o lugar que havia Sol
Agora sei que era por mim
Que os sinos dobravam assim
Os adeuses e despedidas
Acenos sem lenço que ao longe sumiam
Sem saber em qual tempo
E nem mesmo a estação
Fui vivendo sem noção da vida
Penso que dormia
E quando a gente desperta
Pensa que pode ter se dado ao luxo
de nem ao menos espiar pela janela
Pra saber que paisagem
era aquela
Nas cartas que a vida põe
Não se encontra curingas
O caminho de volta pra casa
é descida
E olhar pra trás, dá tempo de ver ainda
A fumaça que ao longe se dissipa
A presença, que de tanto se ausentar
Tornou-se ausência
As cascas de amendoim espalhadas
Lá no chão da saída
As figurinhas do álbum
Mal coladas, perdidas
A festa, a escola, o dia de Sol
O menino que brincou de vida
E que foi perceber só no fim
Que os sinos dobravam por mim.

Edson Ricardo Paiva.

Inserida por edsonricardopaiva

A maior alegria que existe
É a de não saber-se triste
Receber calor do Sol
E boas recordações
Que haverão de vir no inverno
Receber de bom grado
A tudo que vier
Tristeza há de vir também
E passar
Vai passar sem ser vista
A eterna alegria
Não é algo que se conquiste
Se algum dia que a tristeza vier
Eu me agarro à alegria
Que estiver mais perto
Decerto essa vez
A tristeza nem vai perceber
O quão triste me fez.

Edson Ricardo Paiva.

Inserida por edsonricardopaiva

Eu quero a chuva
Num dia de Sol
No mesmo Sol
De uma manhã de inverno
Eu quero a sorte
de noite estrelada
Que seja hoje
e de novo amanhã
Calor de Sol
Numa blusa de lã
Espero
A curva lá da ventania
Eu quero vida na vida
E se eu pudesse querer
Outra coisa qualquer
Desejaria que ela fosse
Linda
Linda como a chuva
Num dia de Sol.

Edson Ricardo Paiva.

Inserida por edsonricardopaiva

Eu hoje abri a janela
Vi que o Sol brilhava lá no Céu
Ainda outro dia
Eu estava num lugar distante
Ainda outro dia
Eu era outra pessoa
Ainda outro dia
O Mundo era um lugar muito bom
E a vida era boa também
Agora
O Sol ainda brilha lá fora
As outras estrelas
Se apagaram quase todas
Os ventos que sopravam
As folhas que caiam
A água me parece
Ter-se evaporado
Hoje o novo dia
Me trouxe a vida nova
Mas hoje eu vejo
O quanto envelheci também
Talvez eu tenha me esquecido
A outra vida e o outro eu
Num canto qualquer do passado
Hoje, além de mim
Ninguém percebeu
Que o Sol ainda brilha lá fora
Com a mesma linda intensidade
dos dias de outrora
E os dias tem sido assim
Parece que agora ficamos
Eu e o Sol
E talvez por algum tempo
O Sol ainda brilhe lá fora.

Edson Ricardo Paiva.

Inserida por edsonricardopaiva

Quando é noite
O Sol do outro lado da rua
Escreve um recado na Lua
E me diz que pode haver
Outros Sóis mais brilhantes
Mas que o Sol menos distante
Brilha mais
Tem noites em que a voz do vento
Diz tanto
Quanto todas as vozes juntas
Mas, se alguém quiser entendê-la
É preciso um coração calado
Pois o silêncio já sabe as perguntas
E as melhores respostas
Serão sempre insatisfatórias
Quando a mente brilhante
Se encontrar brilhantemente
Abastecida dos melhores ventos
A noite mais escura
É sempre aquela
Que permite conhecer
A paz que emite
Simples, singelamente
A voz da vela
É preciso um pouco mais
Pra tentar ouvir o que ela fala
Perceba que em noites assim
Mesmo a luz da maior estrela.
Humildemente se cala.

Edson Ricardo Paiva.

Inserida por edsonricardopaiva

Antes que escureça
Faça sombra à luz do Sol
Os escombros do coração
Destoam daquela coisa
Pura e boa
Que a gente queria
Ainda outro dia desses
Linda como coisa à toa
Voa lá distante agora
Mas dá tempo de vê-la ainda
Antes que escureça
Pois toda escuridão tem começo
E singular é a vida
Isolada, uma ilha
Perdida, perto do nada
Até que, então, se perceba
Ou não
Que as coisas simples
Não podem ser divididas
Devido à própria simplicidade
Que as torna complexas
Mas podem sempre
Ser compartilhadas
Quando entardece
Às sextas-feiras
Primeiro
E antes de tudo isso
Esqueça o preço da vida
Pois a vida é graça
E dá tempo de vê-la ainda
Qual lembrança
de alguma linda canção
Que o coração cantava em silêncio
Um lenço branco acenando
Igual despedida
Um adeus lá no horizonte
Hoje, fatalmente
A vista cansa
Ao final do dia
Antes que o dia escureça.

Edson Ricardo Paiva

Inserida por edsonricardopaiva