Soneto 18
Poderia te falar em versos, estrofes, poesia, talvez um belo soneto, ou por um poema que não precisa de rimas para se expressar.
Fiz do seu sorriso retalhos coloridos de amor e paz, onde sua presença preenche o meu dia com sonetos de ternuras. A noite pode até chegar, mas a sua luz sempre mora cá dentro de mim e ilumina o meu jeito de olhar os encantos da vida.
Mulher, tua beleza é como um soneto de Vinícius de Moraes, rima com encanto e pensamento, fina como as estrofes metricamente planejadas, contagiante em todos os momentos.
A intenção era arder como a chama que Camões eternizou em seu poema, mas acabei em um soneto escrito num papel toalha que saiu do peito de alguém que disse “Me traz a garrafa da mais forte que tiver”.
Filosófico pascalino mexe com a alma. William Shakespeare (1664-1616), deixou 34 peças e 134 sonetos e muito mais. A vingança, em Hamlet, é bem conhecida. Algumas escritas na quarentena da Peste Negra (1665/6). Bons aforismos oportunos: Que é o homem, se sua máxima ocupação e o bem maior não passam de comer e dormir? Ser ou não ser... Eis a questão. O mundo é um palco, e todos os homens e todas as mulheres são apenas atores. Em certos momentos, os homens são donos dos seus próprios destinos. Somos feitos da mesma matéria que nossos sonhos. Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia. Tudo aquilo não passou de um sonho, um sonho de uma noite de verão. Há algo de podre no reino da Dinamarca. É uma infelicidade da época, que os doidos guiem os cegos. O mundo está desarticulado!
Um poema apaixonado, fez de seus versos soneto. Sonhava encantar com rimados a poesia charmosa que ele aprendera a amar.
Já dizia Vinícius de Moraes em seu soneto: "que não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure", e eu acrescento ao final, pensando em você, com as palavras "e que dure para sempre", porque honestamente, quero uma vida inteira ao seu lado e que a mesma, dure para sempre...
Um soneto, uma frase, uma música...são coisas simples de dizer, de escrever, de cantar...já sentimento não se explica, sente-se !
Quando perceberes que és um poema, um soneto, e souberes que és música; Achegue-se a quem te saiba declamar e cantar
PAIXÕES
Amores, latejo em ti, nas saudades, por onde
Estive! e sou estórias, e rasto, e madrugadas
E, em recordações, o meu coração responde
Num clamor tal ao vendaval e folhas levadas
Daqui do cerrado, e teus cipós, e tua fronde
Gorjeiam as melodias, e desenham estradas
Na memória, onde, além, o passado esconde
Da pressa, e as doces perfumadas alvoradas
Recordo, choro em pranto, eram dias felizes
No prazer, tal uma flor, de ti, pimpo e exulto
E eu, suspirando, poeto loas com cicatrizes
Tu golpeada e finda, - e eu fremirei sepulto:
E o meu silêncio cravado, em vão, tal raízes
Se estorcerão em dor, penando sem indulto.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Através da vidraça os olhos já não alcançam
o horizonte em detalhes acinzentados,
descortina-se lá fora a visão da liberdade,
embora ali dentro existam braços acorrentados
Sobre a mesa simples a louça especial,
ornando com a toalha de renda branca e linda,
tingida por pétalas de flores caídas,
apenas lembranças, outra tarde quase finda...
O corpo transpirou e quase dormente
deixou agitar o coração em desarmonia,
n'alma os sonhos, aos poucos, sucumbiram...
Percebeu grande vazio, tão de repente !
flutuando nesse escuro vácuo de agonia,
ao amor que se ausentou, lágrimas surgiram...
