Soneto 12
UMA CANÇÃO (soneto)
Este meu trovar é para nós dois
Num poema aterrado no coração
Com versos cifrados na emoção
Ouça! E não o deixe para depois
É fruto da lembrança em inspiração
Que surge do que para mim tu sois
Não de um tal silêncio em vão, pois
Este, só faz saudosar e ter distinção
Se aqui no canto tem algum pranto
Saiba que é porque eu te amo tanto
E cada lágrima poetada é de paixão
Eis, então, a minha voz, entretanto
Leia nas entrelinhas só o encanto
E verás muito mais que uma canção!
Luciano Spagnol
21, agosto, 2016
Cerrado goiano
SONETO DA CAVERNA
FALSA REALIDADE QUE ALCANÇA A RETINA
EM UM MUNDO DE SOMBRAS E DE ILUSÕES.
POR CORRENTES A LIBERDADE É CONTIDA,
O SOM QUE ECOA É SÓ O DOS GRILHÕES.
A VIDA NUM MUNDO IRREAL E TACITURNO
É UMA DAS PIORES FORMAS DE CONDENAÇÃO.
O NASCER E O PÔR DO SOL NO TEMPO DIURNO
NÃO SÃO APRECIADOS NEM AQUECEM O CORAÇÃO.
SE UM DIA DA CAVERNA FORES LIBERTADO,
A LUZ DO MUNDO OFUSCARÁ A TUA VISÃO
E PODERÁ CONFUNDIR OS TEUS SENTIDOS.
MAS O SABER NUNCA MAIS SERÁ IGNORADO
E COM PENSAMENTO SAPIENTE NA INDAGAÇÃO
ALCANÇARÁS O CONHECIMENTO CIENTÍFICO.
SONETO DA RESILIÊNCIA
FOI UM ACONTECIMENTO INESPERADO,
COM CARACTERÍSTICAS DE UMA BATIDA,
QUE ME DEIXOU UM POUCO ATORDOADO
E TAMBÉM CAUSOU ALGUMAS FERIDAS.
NAS SEQUELAS QUE FORAM DEIXADAS
A CONSCIÊNCIA SEMPRE DÁ UM JEITO,
MAS CICATRIZES FICARAM MARCADAS
DO LADO DE DENTRO DO MEU PEITO.
JÁ PASSADOS ALGUNS TANTOS ANOS,
PROSSIGO NA MINHA CAMINHADA
CRIANDO A MINHA PRÓPRIA SORTE.
CONFIRMO O PENSAMENTO NIETZSCHIANO:
TUDO AQUILO QUE NÃO ME MATA
ME TORNA MUITO MAIS FORTE.
SONETO DA RESPOSTA
O tempo e o espaço fascinam a humanidade.
Na busca por respostas formulam-se teorias.
A Ciência caminha em busca da Verdade,
Revelando mistérios e legando sabedoria.
Os tempos passado, presente e futuro:
A História, o efêmero e o imprevisível.
Ainda não sabemos de onde somos oriundos,
Mas procuro a resposta que seja mais crível.
Pelas veredas da Arte eu me aventuro,
Absorvendo toda a inspiração poética
Que me é concedida pela Natureza.
Na existência do teu ser eu procuro
Uma resposta de condição estética:
Como podes deter tamanha beleza?
AMOR POUCO (soneto)
Num amor pouco, parco é o afago
É não saber quão bom é o presente
Assim, poder a alma estar contente
E ter por alguém um sorriso largo
Aí, fica tão carente do sentir quente
Perde-se do alvo do farejado frago
Têm-se na solidão o gosto amargo
E ausência do beijo, de repente (roubado)
Sem amor, saudade é vazio selado
Dos rumos da vida se é deslocado
É mergulhar na luz sem densidade
E neste universo do eu tão calado
Desta redoma de um olhar isolado
Amor pouco, é ter-se pela metade
Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano
SONETO EM SENSAÇÕES
Amor é abstrato, figura do coração
É tal qual perfume grassando o ar
Promessa e jura apoiada no altar
Quando dois olhares num só são
É sentimento, que nunca é em vão
Traz sonho e nos faz assim sonhar
Faz picada no anseio, pra caminhar
Um desejo nutritivo para a emoção
Amar do amor vai além, é o gostar
Espírito numa perfeita comunhão
Dança que põe o sangue a dançar
Nesta atração há poesia e canção
Que invade o peito e põe a tilintar
E aos sentidos traz varia sensação
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Soneto da juventude!
Esta beleza é fraca
E tem seu tempo,
E morre aos poucos,
Deixa-nos loucos.
Queremos jovens
Ser para sempre,
Mas não se pode
Ir contra o tempo.
E toda primavera
Deixa saudade,
E as lembranças
São como vento;
Que vão e voltam,
Um acalento,
Da juventude
Que já passou.
E ficam as memórias
Com os seus cheiros,
As boas músicas,
Nossos sorrisos,
Muitas histórias,
Todos os discos,
Da juventude
Que não é mais!
SONETO DE ANIVERSÁRIO
A lembrança de um velho tempo
Que hoje fica mais para trás,
Neste ciclo de amadurecimento
Que nos preocupa e nos apraz.
Um mundo de responsabilidades
Que a cada dia é apresentado,
Onde sempre as dificuldades
Somente os fortes têm superado.
Questões perante a existência
Nos fornecem algumas respostas
Sobre o sentido da nossa vida.
A arte de viver requer sapiência,
Porque nesta árdua trajetória
Há somente uma passagem de ida.
IPÊ AMARELO (soneto)
No teu fugaz aflorar. És partitura
Duma melodia cálida fulgurante
De etérea figura num semblante
No ápice duma passagem pura
Se ergue na paisagem, vibrante
Em efígie no cerrado, escultura
Tão cróceo de aparata candura
Num teor pomposo e insinuante
Ave ipê! Natureza na sua mesura
Aos olhos se faz guapo arruante
Ao poeta estro em embocadura
E neste Éden de aptidão gigante
Ao belo, a quimera se aventura
Numa viagem de visão alucinante
Luciano Spagnol
Agosto de 2016
NOTURNO (soneto)
O silêncio sobrou-me como alento
E o vento ressoa a última vindima
De ilusão... Desagregada da estima
No tempo noturno bem mais lento
O sino da matriz soa em pantomima
Chamando a esperança do relento
Para que se funda ao sentimento
E derrame em fé e não só lágrima
O sono evoca vinho como fomento
A solidão adentra na noite a cima
O relógio no pensamento, tormento
Me busco, e não encontro a rima
Me olho, o passado vira lamento
E o aninar na vigia não aproxima
Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Último dia do mês
UMA TRAMA (soneto)
A trama da perda tece o vazio
com fios do sofrer trançados
numa arte com a dor casados
que não abafa o frio arrepio
Ter e perder, já estão tramados
no fado, sem nenhum extravio
mesmo que a sorte cate desvio
as intenções darão seus brados
Pratique perder no ritual e feitio
para assim adoçar os finados
alvejando o olhar no ato sombrio
Perdi, perdeu, são passados
até perder, viva sem fastio
pois elas não deixam recados...
Luciano Spagnol
06, setembro, 2016
Cerrado goiano
Soneto do Amor.
Embriaga-me esta sensação estranha
em pequenas doses de amor e euforia...
Brinda-se ao desassossego e agonia
derramados sobre a soberba da qual
me fez desnudo em covardia.
E amando assim não sou mais eu, mas
desolado como estou, sem nada dizer
tendenciosamente fico mais desconsolado.
O que o tempo fez, faz perecer, e o que fez
de mim, faz parecer que logo estou perdida-
mente apaixonado...
SONETO BREVE
Curto é o caminho que termina a vida
E nele: por do sol, luares, risos e dores
Pra no final mancheia de terra e flores
E se deixar saudade lágrima na partida
E nesta despedida, que seja sentida
Se não, que seja pelos reles valores
Afinal: - amei e tive os meus amores
Todos na forma pela alma absorvida
Senti sabores por onde pude passar
Tive traidores, mas aprendi a perdoar
Não se vive inteiro se não tiver amor
E na morte, brando quero ter o olhar
Minha fé é minha sorte, meu rezar
Neste sonho vou sonhar com o Criador!
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
AMAR (soneto)
E agora! Eu quero ter paixão
E assim, poder ter um amor
Viver de amar num coração
Paixão de amor, aonde eu for
E neste encanto, ter emoção
Num doce viver, e ao dispor
Um romance de flor, de razão
Suspiros, com ar arrebatador
Então, beber de magos lábios
O afeto citado nos alfarrábios
D'Alma, que faz a gente sonhar
Para na sensatez dos sábios
Mostrar e sem ter ressábios
Que bom, é ter e poder amar!
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
SONETO "à l'amour"
O céu do cerrado pode até desabar
O olhar se desviar para outro lado
O coração no silêncio estar calado
Pouco importa, a quem quer amar
Tudo pode, até pode ser denodado
E trilhar o infinito sem se encontrar
Sorrir pra vida ou até mesmo chorar
Se os dias forem só contigo, estado
Os problemas, ah! Não vão importar
Cada um por vez, na poesia poetado
Na solução, ânimo se tem para buscar
Amor, se me ama, me deixe amado
Pois Deus encontra cada um, seu par
Inundando de amor cada apaixonado
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
SONETO DO REGRESSO
Exultante o espírito se revelou
Quando por fim encontrou
Aquele que agora ilumina
Um amor que nunca termina.
Aquele que seu destino cruzou,
Sorrindo, então, lhe falou:
“Vem agora, aqui estou!”
E o espírito a casa regressou.
Sabia que virias me buscar,
Sempre estive a te esperar.
Agora volto a caminhar!
Eterno amor e amigo,
Toma-me a mão, fica comigo,
Certo é, sigo contigo!
SONETO DA FÉ
Da devoção, o devoto em ser
Tenho Deus Pai na fé demais
Que paz no coração me traz
Virtuoso, no meu lhano crer
Se suscetível, desistir jamais
A tua palavra robora o viver
Tua ternura absolve o perder
Onde o teu amor nunca trais
É fé que supera, e no faz ter
Inabalável indulgência sagaz
Que liberta e bem vem trazer
É apoio nesta crença e tais
Que encoraja o robustecer
Da fé em meus sinceros ais
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
EU (soneto)
Existem vários eus no meu eu
E de tão perdido, anda sozinho
No sonho joga sorte, coitadinho
E assim, sem ter norte, é plebeu
Se sou mal interpretado, fulaninho
É do fado este fardo triste e forte
Tal ímã do azar que rêdea a morte
Bulha quem sou na fé e no caminho
E que destino este agre e de recorte
Da alma esfarrapada e sem colarinho
Que chora os porquês, sem ter porte
Porém, sou o que sou, além do mocinho
Alguém de coração que com amor importe
E que nesta tal vida, andeja de mansinho
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
05'55", cerrado goiano
"ESTEPES" GOIANAS (soneto)
Mergulhei nas "estepes" goianas, por acaso
Foi um pulo no meu destino nunca imaginado
Cá vim, então, em missão para o cerrado
E aqui as quimeras ficaram fora do prazo
Um infinito onde o céu é bonito, fui abandonado
A poesia virou companhia, e o luar, com prazo
Pulsações e confusões no meu fado, um arraso
Onde amar e perdoar tornou-se hábito silenciado
A paisagem esfumou-se e confundiu-se no olhar gazo
De uma poeira fina, varrida do coração embaçado
Deixado de lado, sonhei, e com os sonhos desenhei parnaso
Assim, perdi-me nos atalhos do devaneio inquietado
Nas braçadas da saudade o ribeirão tornou-se raso
E nas "estepes" do Goiás, o meu lírico plangor foi dissipado
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
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