Coleção pessoal de elisasallesflor

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Minha ruazinha...

Minha rua é tão bonita
Tem uma magia ímpar
Um quê de lar
Um cheiro de bolo de fubá
Um frescor de margaridas
Minha rua tem risos
que somente tem por lá!

Suas casas antiquadas
de arquiteturas ultrapassadas
não chamam a atenção de ninguém
Por elas não se dá nada!
Mas ali há tanta vida
Tanto calor...
Violetas nas janelas
E avós cuidando delas...
Sagrado dulçor.

Hahh, minha rua,
Minha simples ruazinha
Rua da minha doce infância
Que me trás tanta lembrança
e que hoje , guarda em si,
de mim,
a poesia.

O QUE SOMOS?

O que somos nós, afinal?
Flutuamos pela vida à fora
Folhas secas, passarinhos
à vontade do vento...

Somos amores que se perdem,
Sonhos que acordam
Somos tudo. Somos nada!
Sentir e pensamentos...

Em nós tudo é muito fugidio
Tão inconstantes...
No entanto somos magníficos,
em nossas alegrias e tristezas dúbias.

Vivemos ilusões de um " talvez",
tendo diante de nós uma realidade
que a alma recria.
... Motivos para prevalecer.

Somos gritos na escuridão.
Somos vozes que ressoam
Palavras nunca ditas
Somos as águas no moinho do tempo
Dia de lacunas escancaradas;
outros, cubículos de solidão,
cárceres que nós mesmo erguemos
ao nosso retor...
Mas
somos o que somos
e o que, em que, tentamos
nos transformar.
Evolução
ou
Estagnação do ser.

No entanto somos o milagre
A mais bela obra da criação de Deus;
perdidos nos caminhos de si mesmos,
sem saber o que fazer com o livre arbítrio
que nos fora concedido

De que nos serve a liberdade,
se não sabemos por quais céus voar?
Somos belíssimas complexidades...

Saudades...

Ai, o que fazer destas horas de fastio?
Dos momentos de solitude imensa...
A ausência dos teus beijos me consomem
E nada que faço preenche tua ausência.

És a cor do bordado dos meus tempos...
O matizado dos meus céus à alvorada!
E o que ei de fazer se tu não vens?
Deixa-me oca. Triste... Desconsolada!

Volta querido, rápido aos braços meus!
Apressa-te à oferecer-me tuas ternuras
Vem pousar borboletas nos meus umbrais.

Pois que do corvo já me fartaram os versos
E o roseiral seca ante os meus silêncios
Sê novamente a brisa nos meus madrigais.

Elisa Salles

Toque-me...

Toque em mim querido...
Não somente com as mãos
Toque minha alma
Aquela parte insondável
que já te pertence
Que já conheces tão bem.

Toque com a boca meus lábios
Mas não somente eles
Cala minhas palavras...
... Sejas dono do recitar dos meus versos.
Coma meus universos
Saboreie todo o meu querer,
que tanto te quer dizer:
" Eu te amo"

Toque meus seios...
Mas com imensidão
Toda imensidão que há em ti !
Vá além da minha pele
Transpasse meus ossos
Chegue ao meu coração
Minha emoção mais sublime
Arrítmica
Em descompasso
por tua presença...
Pela eloquência do toque teu.

Toque-me meu querido.
Mas não somente nesta vida.
Vá além.
Pois para mim,
de nada valerá a eternidade sem
o toque do teu amor em mim.

Memórias...

Cada vez que pego na caneta
invoco lembranças tuas...
Foi a tanto tempo, meu bem
... Mas o que é o tempo
contra o amor?

Nem mesmo sei por onde andas
Com quem escreves tua vida...
Se pensas em mim quando olhas o oceano
Quando as ondas beijam teus pés,
lembras dos beijos meus?
Tão seus...

Encontro poesia nestas memórias
Componho meu verso ao som do amor perdido
E nas madrugadas, quando ouço as ondas
açoitarem os rochedos; posso jurar
que ouço a tua voz me sussurrando ternura eterna.
...Doces ilusões as minhas.

Mas como são breves algumas eternidades...
Com os dias alguns esquecem
Desfalecem a paixão
Folhas caem ao chão
Novos outonos...
Novos verões,
... Novos.

Outros permanecem.
Eu permaneci.
Canso o papel, gasto a caneta
É a tua presença imortal, em cada linha
O que foi areia que escorreram por entre os teus dedos,
para mim, foi, e ainda é.
Meu amor.
Sempre, universo.

Manhã de musicalidade

Uma manhã o bem-te-vi pousou no meu laranjal
Uma presença tão magistral
Silenciosa...
Mas a ternura que suscitou em minh'alma
pareceu uma sonata de Chopin...
Fez-se dança em mim.

Contemplei-o
Me aquietei os gestos
Quisera congelar o tempo
Afugentar o vento
Nestes dias isentos de alegria,
sua presença foi poesia
Fez-se verso em mim...!

Mas de repente
bateu asas.
Se fez ausente
Tristemente...
Calou-se o amor na flor de laranjeira
Felicidade passageira.
Virou poema.
Tornou-se saudades, enfim.

...O FIM

Há pedaços da minha vida no asfalto
Carnes dilaceradas
Fragmentos de pele
Mostras de tendões e nervos.
Tudo lá
Exposto
Um belo circo de horrores...
Fora atropelada pela nostalgia
Pelo reprisar dos dias
Pela agonia da mesmice
Pela ausência de amor
...Ou quem sabe,
pelo excesso dele.
Jogado ao relento.
Indigno
Reles indigente...
Sim, há pedaços de mim no asfalto!
Há curiosos que transitam por ali
Há nos rostos de alguns, traços de pesar
Em outros, repulsa
Indiferença...
( E qual é a diferença?)
Já não fora sempre assim?
Por isso jaz ali...
Os destroços de mim
Dos meus sonhos
Das minhas esperanças
Dos meus planos para ser...
Esposa
Amiga
Mãe
Amante...
Ser...
Feliz!
Mas não há nada
Não pode mais existir
À não ser os pedaços da minha vida
no asfalto.
... E uma chuva fina desce sobre ela
Alguém toma uma cerveja no bar da esquina.
Um brinde
à vida que eu poderia ter tido.

... É por querer ser tudo
para alguém
por alguma causa
ou por alguma coisa
nos doamos tanto que perdemos a cor
tornamos nos papéis em preto e branco
...É ainda assim temos versos à oferecer.
Somos poetas.

Fases e faces do poeta.

O poeta é tal como a lua
Tem fases e faces...
As vezes é " cheia" de inspiração
Iluminada totalmente pelo astro rei,
é beleza e introspecção.

Em outras míngua.
Perde a luminosidade,
o tédio logo o invade...
Silencia o verbo
mas não mata a utopia.
Adormece então, nele
a poesia.

E em sua transitoriedade
faz-se nova sua face...
Mas a luz ainda é arredia.
Apenas se insinua ao poeta, os versos.
Acalenta-os...
Acaricia-os...
Coabita com eles.
À esperar um novo dia.

Agora é crescente.
Emprenhou a palavra!
Eufórico, aguarda o seu rebento,
o poema, pelo qual tanto ansiava.
Ei-lo que vem...
Jovial e trazendo boas novas.
Eis que a vida se renova!

Então, mais uma vez,
eis o poeta em plena cheia
Crisálida e sereia!
Deuses no olimpo...
...Pássaros á revoar
...Mares transbordantes
...Amores e amantes
Eis a sua face mais bela
Lua cheia na janela
E a poesia à bailar!

Dias e " Dias"...

Há dias e
" Há" dias...
Dias de sol
aquecendo a derme
e a alma...
Trazendo luz, calor
e calma.
Aquelas calmarias
de até por medo no pensamento da gente.
Sabe-se lá...!
Quando a felicidade dá as caras
dá pavor mesmo.
Preâmbulo de "desgraceira!"
"Gato escaldado em água fria
tem temor de banho morno!"

Mas em outros dias a melancolia
chega e senta...
Um chuvisco fino
Roupa que não seca no varal
Tudo cinza...
... A gente fica ranzinza...
Mas aí não dá medo
Tudo normal.
Prá quem se acostumou com tristeza,
só ela mesma, para dar ares de verdade
à vida da gente...

Deixa estar a solidão
A saudade
O homem que fazia umedecer a carne
e corar a face...
Uma taquicardia boa...
Uma esperança à toa...
Dias perdidos nos vendavais
... Há dias
e " Dias"
Nada mais.

... e ainda canta o canário.

... E segue a vida
Seguimos com ela
No pão nosso de cada dia
Nas batalhas do dia a dia
na poesia minha
sua
de cada dia...

E o tempo vai bordando em nós
Aperfeiçoando os pontos
desfazendo os nós,
misturando cores,
matizando amores...
Uma bela toalha
para tornar mais belo
o cenário...
...E ainda canta o canário.

Para nos emprestar versos
nesse arrebol
desse início
de semana.

Memórias Inúteis...

Sinto tantas saudades de ti...
Das horas esquecidas, vadias...
Em que eu vitimava o tempo em teus braços
Em ternos abraços, sem tédio, melancolias
ou cansaços!

Eram dias de entregas...
Os nossos risos enfestavam o ar
Na vitrola : Chico, Elis , Gonzaguinha...
Ah saudade mesquinha!__ Quanta lembrança!
Quanta memória, para quê meu Deus, tanta memória?
Quem me dera a letargia ...A escuridão
de não saber o que foi..
...De não pensar,
no que poderia ter sido.

Hoje minhas tardes são tão cheias de marasmos
As brisas mais frias
Flores caem
Primavera sem viço
E em tudo,
a tua presença, intensa
que não sai de mim
não sai de mim...
Não sai.

Se tu voltasses...

Dia bonito
Aragem de frescor
Terna primavera!
... Mas o que tenho eu com ela?
Sou um fruto do seu descaso.
Por onde andas meu amor?

Por favor
Não questionem minha tristura
Aqui dentro, onde tudo existe
crença alguma mais persiste,
e as rosas... Ah, as rosas
tão tenras e prosas,
morreram em botão...
Dói-me tanto o coração...

Mas se tu viesses
Se voltasses, enfim,
borboletas azuis, as mais afáveis
revoariam no meu jardim,
e a vida do meu dia,
seria então
poesia...

... Ah meu bem,
se tu voltasses...

Olhos que tudo vêem

Te vejo com meus olhos rasos d'agua
Com teu desdém me fizeste sofrer
Deixaste meu coração imerso em mágoa
Não sei se almejo viver ou morrer!

Porque me mostraste o céu de estrelas
Para depois confinar me numa prisão?
Se eu nunca poderia vê las
Para que sonhar com elas então! ?

Ver tudo é sofrer em vão _imensamente
Não poder bater asas e voar livre
Ver com olhos que tudo sabem e tudo sentem!

Por isso,amor, choro deste mundo toda a dor
Quedo me ante mares de tristeza e solidão
Meus olhos tudo vêem. ..tristeza e amargor!

Elisa Salles
(Direitos autorais reservados )

Amor intenso

Serei fiel ao amor que hora confesso...
Por ele lavrarei terras secas e desertas
Extrairei das suas sendas meu verso
Tornarei veredas tortas belas e certas!

No desejo ardente, fogo queimando,
Ao ter você e, lhe amar mais que tudo,
Vivo minha vida, mais que sonhando,
Que, por ele, ao mundo me desnudo...

E desnuda exporei minh'alma feita sua
Numa dolência de doar-me sem fim
Toma amor, minha pele e cerne nua!

Sorvendo cada pedaço, intenso,
que, quando você se ausenta de mim,
muito mais deste amor, me convenço..

Dueto
Elisa Salles e Oswaldo Genofre

Paraíso

Quando me amas com todo o teu desejo
Traçando mapas no contorno do meu ser
Tudo o que anseio, moço, é te pertencer
Te conheço intimamente...te olho e te vejo!

E sem falsos pudores te mostro meu eu. ..
Dispo me das roupas e de todo artifício
Neste momento provar te a boca é meu ofício
É com toda a vontade que extraio o gemido teu!

Lá fora a vida grita suas chagas e suas dores
Numa agonia que toca até mesmo os deuses
De nada disso sabemos; perdidos de amores!

Pois nos teus braços encontro alento e riso
Na ternura e no aconchego do amor sagrado
Com que me levas aos confins do paraíso!

Elisa Salles
(Direitos autorais reservados )

Ansiedade. ..

Sinto por ti desejos que nem ouso nomear
Anseios de mãos à resvalar pelo meu corpo
Tranquilas e certeiras como a brisa dum sopro
Atiçando minhas chamas, me chamando para amar. ..

Seria muita ousadia dizer como tanto o quero
Talvez fosse loucura dar nome à este sentir
Despudor insandecido da minha carne à rugir
Gritando em silêncio por tua presença _espero!

E enquanto o aguardo toco_me na intimidade
Desaguo lentamente por rios de luxúria
Em pensamentos que delatam minha verdade.

Por isso nada digo e tudo ouso sentir _tudo!
Enquanto lá fora a noite cai languidamente
Mas quando chegares o terei como nunca_eu juro!

Elisa Salles
(Direitos autorais reservados )

VENHA. ..

Quando quiser, venha
Já despi minhas máscaras
Já aplaquei meus cansaços
Deixei lá fora as loucuras da vida
Me esqueci dos meus medos
Escondi minhas feridas
Anestesiei a minha dor.

Estou desejos de carícias na alma
De toques de ternura na cerne
De silêncios que gritam verdades...

Venha como quiser
Mas venha por inteiro
Deixa lá fora tuas reservas
Não precisa trazer promessas
Nem falsos galanteios
Nem traga flores nem vinhos
Traga tua boca quente
Tuas mãos eloquentes e inquietas
Teus anseios mais arcaicos
Tua transparência intacta
Teus instintos de bicho no cio.

Estou aqui
Quando quiser venha
Sou a mesma de sempre
A mulher que te quer
Do jeito que tu és
Da forma que me satisfaz
E põe sonhos nesta vida existência
Tão repleta de vazios.

Elisa Salles
(Direitos autorais reservados )

APENAS ME FAÇAS FELIZ

Não sei o que sou para ti
Nunca me dizes
Teus pensamentos velados
O silêncio das tuas palavras
O mistério no teu olhar
Sempre se desviando
Fugindo dos olhos meus. ..

Mas quando te beijo a pele
Passeando por teu corpo
Buscando tocar teus pontos sensíveis
Ouço tuas confissões
No arfar da tua respiração
Nos gemidos que escapam da tua garganta
No descontrole dos teus gestos
Em procurar a saciedade do desejo
Em sucumbir sob os meus anseios
Em adentrar por minhas brechas. ..

Talvez nunca confesse
Nem precisa confessar
Me realizo pela emoção que expressas
Nas horas em que passamos juntos
Bebendo do teu mel
Fazendo parte do teu mundo
Ainda que por um breve instante
...eu te possuo
Nos teus recônditos mais íntimos
Provando seu rápido descontrole
Roubando tua razão
Descobrindo quem és.

Não precisa dizer nada
Apenas me faça feliz!

Elisa Salles
(Direitos autorais reservados )

APENAS EU. ..

Não sei te querer um pouquinho
Não sei te amar de mansinho
Desejo te como os temporais
As ondas bravias que esfacelam corais
Sem meios termos ou ponderação
Te quero com loucura
Na avidez que te devora
Te bebe em doses colossais
Até que escorra pelos cantos da minha boca
...quero arranhar as tuas costas
Arquear meus quadris ao encontro dos teus
Mais profundo. ..mais profundo. ..
Com a lassidão dos devassos
Na pele um calor imenso
No peito um arfar intenso
Em pensamentos atordoantes
Numa vida toda num instante
Mais forte agora do que antes!

Porque não sou de amores de calmaria
Ou sou tudo ou sou nada
Ou fico de vez ou vou embora
Ou grito ou silêncio a voz
Porque te amo com um amor feroz
Então não me peça amenidades
Superficialidades não me definem
Permite apenas que eu seja eu
E sendo eu, seja tua. ..
Apenas isto e nada mais!

Elisa Salles
(Direitos autorais reservados )