Repúdio
Meu ser
Meu caráter repudia os injustos e os aproveitadores.
Meu coração despreza as dores e os dissabores.
Meus olhos sensibilizam minha alma ao ver o cotidiano.
Meu corpo fraco sucumbe diante das mazelas.
Meu futuro é incerto.
Meu fim chegou.
Por amor, o ódio é o sentimento que mais busco repudiar em mim mesmo. Pois por preservação, e até sabedoria, sei que se odiar, não apenas o objeto de meu ódio atingirá seu respectivo fim, mas eu mesmo também sofrerei de tal mal. O ser que odeia, odeia com data de validade. O ódio é a degradação do humano.
É digno de repúdio, preconceituosos dando gargalhadas debochadas sobre aquilo que nem conhecem, e como se não bastasse, fazendo piadas sarcásticas sobre aquilo que nem imaginam. Deplorável, este senso de humor, que tem levado a nossa nação ao clímax de um colapso irreversível.
"Buscar a Santidade é está
em plena sintonia com a caridade;
e repudia toda a maldade;
que corrompe a divindade;
do Verbo que se fez Carne".
O amor abortado
E viu com repúdio o que foi-lhe abortado.
E viu o parasita que lhe domara as entranhas.
Utopias antigas agora tão estranhas,
Sem os olhos do puro amor derrotado.
E viu encarnado em si mesmo este sol.
Sol este repleto de chamas valentes.
Valentes chamas tais quais mil serpentes.
Serpentes que dançam no próprio cheol.
E viu com repúdio o verme falante.
Bípede animal repleto de mal.
Abortara o amor e foi despertado.
"Não me impressiona um verme que cante "
Sem o parasita se viu racional,
E escarrou com repúdio o amor abortado.
Nas esquinas do meu ser, caminha a solidão a passos contidos, meio tímida, repudiando o amor, transformando cada fração de segundo em eternidade. É intolerante, é covarde mas é o jeito dela, fria como as noites de julho, certeira como um tiro, calma como a escuridão do meu quarto.
Uma alma com instinto assassino que mata sem mover uma palma, ela tortura seus pensamentos te fazendo pensar como o passado poderia ter sido diferente e de como o futuro pode não chegar!
O meu patriotismo não é exclusivo. Engloba tudo. Eu repudiaria o patriotismo que procurasse apoio na miséria ou na exploração de outras nações. O patriotismo que eu concebo não vale nada se não se conciliar sempre, sem exceções, com o maior bem e a paz de toda a humanidade.
A maior loucura na vida de um cristão, não é a coragem de abraçar a cruz, mas a coragem de repudiá-la.
MORTO POR UM ABORTO
(Esta poema é produto de uma ficção que traz à tona o veemente repudio do próprio feto, contra UM CRIME CHAMADO ABORTO.)
Mãe! Eu consigo e você comigo,
Poderíamos viver juntos por muito tempo
Se não fosse esse seu inescrupuloso intento,
Prestes a decretar minha não-vinda.
Esse intento que desenfeita a beleza feminina
De dois corpos num só.
Que desvenda o mal que você apronta,
Ao ilustrar na tela do desrespeito à vida
Ao apresentar a aparição dos contras
E o desenrolar da eliminação dos prós.
Mãe! Eu que queria ser o fruto de sua existência.
A rósea flor da sua façanha,
Regada com o choro da criança que viria,
Sou, no entanto, um botão pisoteado num canto.
SOU UMA CRIATURA sendo abatida, sem clemência.
SOU UM SER sendo assassinado nas entranhas,
Sob os mandos e desmandos
Da frieza, da perversidade, da covardia.
Mãe, como é pecaminoso esse seu delito!
Emolduras um quadro com falso desenho.
Colas um cartaz com rasurados manuscritos,
Ocultando, no ventre, a falência de seu juízo,
Ao agredir-me, às escondidas, com golpes doloridos,
Certificando-se, assim, que não mais tenho
O vigor que possuí outrora.
O calor materno daquela ocasião...
Nos minutos daquelas horas.
Mãe, eu me perco na escuridão desse desafeto
E, pouco a pouco, desfalecendo,
Sou um feto doado à dor e à agonia.
...Me remexo, me enfraqueço.
Desfaço-me nesse embaraço
Que tanto me judia.
Que me tinge com o corante da violência.
Que me queima com o fogo do sofrimento,
Levando-me a saborear
A ceia das conseqüências,
Como o mais recomendável dos alimentos.
Mulher!
Você é simplesmente mulher, adiante,
Porém, jamais pura ou sublime.
Você não é mais digna
Da minha admiração que se finda,
Ao ser impiedosamente detonada, explodida,
Pela exterminadora sem-vergonhice do seu crime.
Você, pra mim, vale menos que uma moeda,
Pois a gestante que se preza não pratica isso:
Não ignora a semente de sua vida,
Pondo-lhe um maltratante sumiço.
Mulher, conclui-se o seu insensato desejo!
Sei que, prematuramente, sairei.
Que sua barriga logo... logo eu a deixarei,
Para entre os seres vivos não permanecer.
Para não dar e nem receber
Sequer um... um único beijo.
Agora, mulher!
Agora... agora tudo está para ser desfeito.
Se o arrependimento a fizer voltar atrás,
Não será possível dar um jeito,
Porque já é tarde demais.
Porque eu já presencio a morte
Vindo ao meu encalço, ao meu encontro,
E, daqui a alguns segundos,
Ela fará com que eu esteja morto.
Morto por sua conduta contrária.
Morto por seu aborto.
Por essa injustiça cruel e voluntária,
Que me traz o ponto final
De um total desconforto.
Adeus,
Mulher que não quis dar-me ao mundo.
Adeus,
Mulher que não quis ser a minha mãe.
Adeus...
É o meu irremediável fim... ADEUS!
Recomeço
já não consigo descrever quem somos nós
a minha voz não declama poesia
quem repudia muito antes do após
faz do algoz aquele ombro em que confia.
E a escrófula, repudiada, inexistente
Afasta o horror, num beijo cálido
A evadir-se, como chegou, furtivamente.
Ser humano e bicho esquisito mesmo, ele repudia certas atitudes, mas por incrível que pareça somente na vida do outro e na dele o bambam
Eu te amo faz parte da peculiaridade na busca do encontrar e possuí um certo repúdio d'entre duas tênues divergentes, quais estão na ternura e na posse.
Tu repudias o coração que tanto te queres
Não te contentas com a veneração de seu amor tirano?
Há muito além de uma simples mágoa que te atormentas
Nada além de sentimentos ocultos em uma casca ôca
Mantidos subjetivamente por uma alma opressora.
Pessoas que você dizia conhecer, hoje são estranhos, estranhos que você repudiava, hoje são seus amigos.
