Coleção pessoal de odair123

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O SANTO RETRATO


À minha frente,
Na parede do meu quarto,
Um crucifixo dependurado.
Faz tempo!
Muito tempo...
Numa tremenda data passada,
Que me disseram tê-lo colocado ali,
Tão visível, perceptível,
No entanto, eu ? indiferente ?
Sempre me omiti;
Só agora vi que nem o tinha notado.


Crucificado!
Jesus preso à cruz,
Com os braços abertos,
SEM NUNCA tê-los cruzados.


Jesus em meu quarto,
Há tanto tempo,
Mas, em mim, aqui comigo...?
Ah! Apenas Lhe dei a oportunidade
De estar em meus aposentos,
Pouco me importando
Com os tantos ferimentos
Que Lhe foram aplicados.
As cruéis perfurações da grande maldade,
Os cortes dos profundos machucados.


Jesus crucificado!
A sacra figura, o santificado retrato.
A imagem do grande sofrimento
DAQUELE que só falou do bem
Em seus maravilhosos ensinamentos.
O sangue, a expressão da dor,
Os pregos pontiagudos.
A coroa toda feita de espinhos
E eu, a cada dia,
Reclamando em demasia,
Somente pelo dissabor
De ter que encarar os fatos,
Que se sucedem pelo caminho.
Por ter que suplantar
Miúdas barreiras, diminutos degraus,
Pequenos obstáculos.


Jesus que eu esqueci!
Que o descaso fez com que
Eu tanto O deixasse de lado!
Não acatei as suas inigualáveis vantagens.
Não estive ?nem aí? ? e daí? - com Você
E com suas pregações, suas mensagens.
Com as divinas palavras,
Que se fazem presentes.
Que vão sendo apregoadas
Há mais de vinte séculos,
Por todos aqueles que sempre
Olham-te de frente e continuamente se salvam.


Jesus,
consciente, eu admito!
Não fui além de ter-me entregue
À insignificância, ao nada praticamente;
Permanecendo estático, inerte, distante,
Sem saldar tantas dívidas de meus tamanhos débitos.
Por isso, abro-Lhe agora,
Ainda robusto, forte, vivo,
As portas desse meu coração desamparado
Que não soube estimar
O quanto Você era e é
Indispensável, necessário, preciso.
Contudo, mesmo assim,
Talvez, só isso seja insuficiente,
Pois, quando eu tocar os vitrais do céu,
Pode ser que se ouça alguém dizer:
?Contente-se em ir a outro local
- Lá bem diferente, quente e tumultuado -.
Ao mal que você fez por merecer.
Não há como permiti-lo entrar,
Visto que seu nome não consta, aqui relacionado!?

CONFESSANDO-ME A DEUS


Senhor,
Eu sei que Você sabe dos fatos, das coisas,
Muito, muito além do que possa ser imaginado,
Mas, como a população aumenta
E sua área de ronda é tão extensa,
Talvez, nem todas as minhas transgressões doidas
Estejam inclusas no volumoso Diário dos Pecados.
Por isso, eu me abro, me desembaralho.
Dedico-Lhe, ao menos, essa migalha,
Esperando que a recompensa quebre o galho
De rabiscar parte dos meus excessos e das falhas.

Aqui, eu transformei a crença em comédia.
Da comédia, fiz o humor virar antipatia
E consenti que ela me atasse as rédeas,
Para que eu também puxasse a carga da desvalia.
Aqui, eu recusei fumar o cachimbo da paz.
Arremessei o amor e a compreensão num labirinto
E enquanto seus adeptos julgavam-No tão capaz
Eu fazia de Você, algo falido e extinto.

Senhor...
Eu paro, penso, repenso.
Aprofundo-me no confessionário das revelações
E pergunto a mim mesmo:
Como pude desligá-Lo do pensamento,
Se esse é um descrédito que me põe a esmo
E gera a pior das conclusões?!

Aqui, eu mantive distância dos pobres,
Considerando-os o retrato vivo da imundície,
Só porque eu tinha alguns níqueis, alguns cobres,
Obtidos através de minha costumeira vigarice.
Aqui, eu fui racista até no luto da viúva negra.
Trafiquei tóxicos ao invés de distribuir pães
E senti nojo ao me sentar à mesa,
Para comer no prato,
Anteriormente usado pela minha mãe.
Aqui, eu achei que prece
Era assunto preá moleque.
Que procissão era o desfile da ilusão.
Que a Santa Missa
Era só para tirar o padre da preguiça,
Entretanto, hoje,
Ele, espiritualmente, é um gigante
E eu menor, bem menor, que um anão.

E agora, Senhor?
E agora?
Para onde eu iria,
Se daqui a pouco eu fosse embora?
O que eu faria,
Se o Expresso do Diabo passasse e me levasse,
Tal como faz a carrocinha
Ao recolher os cães vadios
Ou se Você chegasse e me mostrasse
O asfalto do SEU CAMINHO
E as valetas do meu desvio?

Mas, quem sabe ainda haja tempo.
Tempo para desistir dessas besteiras.
Tempo para adentrar no rumo certo.
Tempo para varre toda a sujeira,
Depois de se ouvir o aviso,
O recado formulado pela consciência arrependida:
?-Adiante, vou tê-Lo junto, por perto,
Nem que essa seja a última coisa,
Que eu tenha a fazer na vida!?

De: editoria@oregional.com.br
Para: rizzo.3004@terra.com.br


Olá Rizzo!

Como sempre, impecável no dom de lidar com as palavras.
Adorei o poema "Deus Triste"; tão realista; triste ver a que ponto chegamos, não? Já sem tempo para as coisas mais simples que outrora nos deixavam tão felizes, como uma simples conversa de poucos minutos.
É o preço que pagamos, meu amigo, em nome dessa tal modernidade, que confunde necessidade e busca desenfreada pelo dinheiro.
Bem, deixe-me parar de filosofar...
Espero receber sempre seus poemas, que com certeza enriquecem muito mais o nosso jornal.

Abraço de sua amiga

Vânia Afonso
Editora-Chefe
Do Jornal “O Regional”
Catanduva – SP.

DEUS TRISTE

Eis que Deus
Está triste!
- Ah, se você O visse! (?) -
Encabulado, pensativo,
Desolado, apreensivo...
Decepcionado com o baita disparate
- Solto, à mercê, sem rumo e sem classe -,
Dada à enorme disparada
Das dívidas contraídas;
Do pouco que se empreendeu;
Na adversa evolução propagante e às pressas,
Para com a nítida e solícita lição,
Tão recomendada a cada um
Dos amados filhos seus.


Ei-Lo, lá em cima,
Com suas sacras orientações,
Enviando-as aos cérebros, às mentes,
Aos conscientes corações,
Mas, inconformado com o acrescer do inverso.
Com o desrespeito,
O desleixo, o desapreço veemente.
Com tamanha falta de consideração.


Eis Ele, lá do Alto,
A ver tanto destrato!
A observar quem não é
Nem o esboço de um santo
E sim um mini-pedaço gostoso
Do bolo do mundo grandioso;
Um simples punhado de pó apenas;
Uma porção de cinza
Alçada ao mar, ao lago, ao ar,
Ou, então, reclusa num pequeno receptáculo,
Reservado à sua memória, à sua menção.
Querendo, o metido a Mecenas;
Na verdade, o desmedido inculto,
Ser o maior a qualquer custo,
Com seu dedo em riste insinuante,
Como se fosse um rei predominante,
A possuir o privilégio régio
De desejar mandar,
No todo, em tudo.


Eis que Ele...
Que Deus está triste!
Perplexo ante os flashes do funesto descrédito.
Impassível, sem descanso
Para com os fortes solavancos
Desembestados pelo incrível avanço do desdém.
Preocupado com a acintosa proporção de deslizes
Em série e, por tabela,
Transportados sobre descuidadas selas;
Com a gigantesca escalada da crise,
Forçando, intransigente,
Em concretizar a maldita façanha:
De, prosseguindo adiante, avante, além...
Querer fazer frente
À já tão corroída montanha
Do Amor e do Bem.


Eis que, assim,
Desfaz-se dos avisos - já passados e ao vivo -;
Desliga-se dos recados imparciais;
Idênticos, iguais. Convencionais ou virtuais,
Transmitidos aos fora-de-sintonia,
Com a ora desantenada, desconectada,
E errônea idolatria dos tais
Que julgam ter muito, quando nada têm.
Que, desleixados, inflexíveis,
Atolados até o pescoço,
- Remexendo-se entre a lama e a roer o duro osso -
Deixam fácil que as desqualificações da avaria
Tomem bastante conta daquilo
- Mas, que gosto pelo desgosto!
- Que vacilo, hein! -
Que eles acham,
Tremendamente, que lhes convém.


Hei! É chegada à hora!
É mais que agora e pode bem ser para você:
Se for um dos elementos dessa toda ofensa, aí;
Caso faça parte dessa turma,
Dessa massa sem graça,
Que se envolve, se agrupa, se abraça,
Para bulhufas, para o vazio de uma inservível busca,
Por favor, sai já, daí!


Pare! Arrêter! Stop!
Dê um basta para isso que tanto o afasta!
Dê o bote, o choque,
O ultimato, o firme golpe,
Neste que se dá de bacana
Para atrair e envenenar a alma insana,
E resgate, pelo braço, com eficiente contato,
Um outro que teima não haver mais defesa;
Que pensa que a ajuda intensa já não vem.
Que não vê o quanto está cheio
De recheio de embaraços,
Para que caia fora, também.


É conquista alcançada!
É triunfo exuberante, alvissareiro, celeste!
É só seguir as pegadas do Mestre!
É barbada, é tão legal!
Enfim, é o pró que dá fim ao mal,
Quando SÓ se quer O SIM!
Que ASSIM SEJA!
AMÉM !!!

MORTO POR UM ABORTO

(Esta poema é produto de uma ficção que traz à tona o veemente repudio do próprio feto, contra UM CRIME CHAMADO ABORTO.)


Mãe! Eu consigo e você comigo,
Poderíamos viver juntos por muito tempo
Se não fosse esse seu inescrupuloso intento,
Prestes a decretar minha não-vinda.
Esse intento que desenfeita a beleza feminina
De dois corpos num só.
Que desvenda o mal que você apronta,
Ao ilustrar na tela do desrespeito à vida
Ao apresentar a aparição dos contras
E o desenrolar da eliminação dos prós.


Mãe! Eu que queria ser o fruto de sua existência.
A rósea flor da sua façanha,
Regada com o choro da criança que viria,
Sou, no entanto, um botão pisoteado num canto.
SOU UMA CRIATURA sendo abatida, sem clemência.
SOU UM SER sendo assassinado nas entranhas,
Sob os mandos e desmandos
Da frieza, da perversidade, da covardia.


Mãe, como é pecaminoso esse seu delito!
Emolduras um quadro com falso desenho.
Colas um cartaz com rasurados manuscritos,
Ocultando, no ventre, a falência de seu juízo,
Ao agredir-me, às escondidas, com golpes doloridos,
Certificando-se, assim, que não mais tenho
O vigor que possuí outrora.
O calor materno daquela ocasião...
Nos minutos daquelas horas.


Mãe, eu me perco na escuridão desse desafeto
E, pouco a pouco, desfalecendo,
Sou um feto doado à dor e à agonia.
...Me remexo, me enfraqueço.
Desfaço-me nesse embaraço
Que tanto me judia.
Que me tinge com o corante da violência.
Que me queima com o fogo do sofrimento,
Levando-me a saborear
A ceia das conseqüências,
Como o mais recomendável dos alimentos.


Mulher!
Você é simplesmente mulher, adiante,
Porém, jamais pura ou sublime.
Você não é mais digna
Da minha admiração que se finda,
Ao ser impiedosamente detonada, explodida,
Pela exterminadora sem-vergonhice do seu crime.
Você, pra mim, vale menos que uma moeda,
Pois a gestante que se preza não pratica isso:
Não ignora a semente de sua vida,
Pondo-lhe um maltratante sumiço.


Mulher, conclui-se o seu insensato desejo!
Sei que, prematuramente, sairei.
Que sua barriga logo... logo eu a deixarei,
Para entre os seres vivos não permanecer.
Para não dar e nem receber
Sequer um... um único beijo.


Agora, mulher!
Agora... agora tudo está para ser desfeito.
Se o arrependimento a fizer voltar atrás,
Não será possível dar um jeito,
Porque já é tarde demais.
Porque eu já presencio a morte
Vindo ao meu encalço, ao meu encontro,
E, daqui a alguns segundos,
Ela fará com que eu esteja morto.
Morto por sua conduta contrária.
Morto por seu aborto.
Por essa injustiça cruel e voluntária,
Que me traz o ponto final
De um total desconforto.


Adeus,
Mulher que não quis dar-me ao mundo.
Adeus,
Mulher que não quis ser a minha mãe.
Adeus...
É o meu irremediável fim... ADEUS!

Se, deliberadamente, você não vê com gosto o envolver-se pelas “graças” de Deus, está, então, sob a inconteste tendência de ter que inclinar-se ante as desgraçadas tentações de um outro que se põe tão oposto!

Se, de forma alguma, você espera ver alguém se atrever com sua filha-moça, há de expor o exemplo de se dar ao respeito e à disparidade de idade, de também não querer tomar a liberdade de dar de cima de uma adolescente que descende de outros!

Para o vagabundo, o arredio à arte do trabalho, obter a manutenção da subsistência é algo que, como os frutos, bastante se acha entre os galhos das árvores, além daquilo que se encontra convenientemente e com sorte, perdido no chão ou o que se vive a pedir nas praças ou esquinas de quaisquer das ruas!

No túnel da honestidade, não há quem fique no escuro!

Você pode ser um mero “espantalho”, contudo, está sendo útil pelo menos para com alguma coisa, por mais insignificante que seja a causa!

Aos olhos de Deus somos todos iguais. Aos nossos, para com nós mesmos, nos fazemos tão opostos, diferentes, desproporcionais...

Na cidade das indiferenças, vi muitos homens fazendo compras nas luxuosas lojas do orgulho e da arrogância e alguns poucos reformando os modestos casebres da simplicidade, para que pudessem sustentá-los de pé!

ESTEJA PREPARADO PARA encarar o que é de praxe, o que dele vem sempre, o que já está previsto: o indiferente demonstrar-se-à constantemente disposto a lhe disparar, com prazeroso gosto O “E EU, COM ISSO”???

Discreto e sempre de braços abertos, Jesus sobressaiu-se sem ter que ofuscar ninguém para propagar a luminosidade mais brilhante de um Sábio. E você, aspirante de super-homem, quer o quê? Com esses punhos atados para o nada, essas mãos cerradas à fértil empreitada, ao invés de conseguir coroar-se de magnitudes, poderá até ser visto como um malfadado presságio!

Integridade é uma palavra bonita, linda, auspiciosa, todavia, mais insigne será sua beleza se você a fizer sair do papel, inserindo-a como uma flor pitoresca no jardim, sem cercas, do seu dia a dia!

Você pode ser - mas é claro! – um “veículo” e TANTO de Deus, ininterruptamente monitorado por Ele e que não tenha de encostar-se à beira de alguma rua por falta de “combustível” ou ser alçado pelo reboque, por não ter pego nem mesmo – que fosse – AOS TRANCOS E BARRANCOS!

Eu não posso me esquecer de lembrá-la, de que se lembre de não esquecer que eu me lembro de que não a esqueci!

Sem Deus, nada sou. Sem mim, ainda mesmo que seja assim, Ele é e sempre será tudo!

Vagabundo é quem se acomoda, deixando que suas curáveis infecções demoníacas, se transformem numa diabólica enfermidade eterna!

O que você prefere: o amuleto do pé-de-coelho que dizem atrair a sorte ou o pé-de-cabra para estourar o cofre que não lhe pertence?