Régua
Já pensei em comprar régua e compasso, mas esse amor que sinto por você creio que não haja traço que o direcione ao meu regaço.
A RÉGUA
Lá vem a morte...
Em seu trem forte, não atrasa
com sopapo, com seu choque
vem moendo, vem morrendo
foiçando de sul ao norte,
não tem asas, mas arrasa.
Lá vem a morte...
Pelos campos pelas casas
arranca caretas, arranca lagrimas
espalha dor entre amores
seca espinhos , seca flores
espalha ausência e arrasa.
Mesmo sem asa ela voa
voa até a pessoa má
voa até a pessoa boa.
A morte é incerta
a na certa infecta
até mesmo a mais leve garoa.
Eu sou forte, vou lutar
mas tenho medo da morte, me levar.
Antonio Montes
Sem regras
desenho
círculos sem compasso,
quadrados sem régua,
paredes sem prumo
e vãos sem esquadro...
rabisco poemas
sem nenhuma regra,
navego entre letras
sem remos nem rimas...
sem mote, sem métrica,
no papel, meu porto,
dou o meu recado
e morro entrelinhas...
sem nenhum dilema
minha regra é o rigor
em não ser quadrado
nem em regras ancorado...
Não existe uma régua para medir as consequências
Mas o remorso e o arrependimento também são incalculáveis
Aquele que teme a Deus deve ter muito respeito ao seu nome porque um dia a régua será posto e o torto não apoiará em linha reta.
O POETINHA E A RÉGUA
O poetinha acordou
Tomado de inspiração
Quis abrir o coração
A tudo o que lhe acontecia
Quis dizer do sentimento
Da dor daquele momento
E tudo o mais que sofria
Pegou a régua o poetinha
E passou a medir os versos
Passou a contar as rimas
Que corriam no papel
E quanto mais ele contava
E quanto mais ele media
Bem mais a rima escorria
Em inspirado cordel
Mas o poetinha, coitado
Desejava ser letrado
Sonhava em ser publicado
No mais famoso jornal
E até quem sabe um dia
Entrar para a academia
E ter da sua poesia
O aplauso universal
Metrificou cada verso
Enquadrou a redondilha
Enfiou uma sextilha
Escreveu um alexandrino
E pra mostrar que era bom
Esquadrinhou cada som
Findou com um tom sobre tom
O seu trabalho mais fino
Seu poema magistral
Logo saiu no jornal
Ficou famoso afinal
E convidado à academia
Envergou o seu fardão
Seguiu toda a convenção
Mas no fundo do coração
A sua alma sofria
Era a poesia que gritava
Chorando por liberdade
Pois o poeta covarde
A mantinha acorrentada
Presa em vil estrutura
A sua essência mais pura
Perdia toda a formosura
Estava metrificada
Então o poetinha entendeu
Que o verso não era seu
E aquilo que escreveu
Não era da sua lavra
Ou era, mas não dizia
De verdade o que sentia
E que a verdadeira poesia
Não mede suas palavras
E ele jogou fora a régua
Quebrou a calculadora
E a poesia avassaladora
Lhe chegou em inspiração
Passou a noite escrevendo
E com o dia amanhecendo
O poeta foi reaprendendo
A escrever com o coração.
(Joseli Dias)
Com régua e compasso desenhei um castelo, mas só à mão livre consegui dar vida à construção, desenhando uma princesa; uma lágrima caiu sob seu coração; no portal surgiu um nome: EMOÇÃO.
Tanto quanto o tempo é a régua que mede a variação do espaço, um louco é a mais inviável das companhias para um covarde.
A minha carne é feita de livros...
encaixados à força da régua e do carimbo
do "tens que aprender a lição!"
enquanto lá fora...
a saia primaveril que vestia os meus sonhos
me inundava de interjeições...
Távola de Estrelas - A Minha crane é Feita de livros
Mesma régua, duas possibilidades: Numa extremidade, o paraíso; no outro lado, o inferno. Quanto mais o ser opta pela potencialização do que é, mais ele se aproxima do paraíso; quanto mais o estar se deixa impor pelo que não lhe cabe inatamente, mais ele caminha em direção ao inferno.
EXÓTICO
És a paz que jamais pude ter
Régua de medida sem segredos
Dez ancas que decantam dedos
Nada é tudo que padece o ser.
Da vida rojam jatos de tinta
Sem tréguas vadios português
Vazios que preencha ou sinta
Na língua, no corpo outra vez.
Para medir o quanto você é importante teríamos que alinhar todas as galáxias e formar uma régua que ainda não chegaria lá.
