Régua
O espaço tempo, sem saber do meu (não) retorno, presenteou-me com uma régua que mede a inata solidão do irreversível.
REGADOR DE VIDAS
Regue de beijo o nosso amor
enquanto a régua do tempo...
Nos régua.
Regue a cor da nossa flor
depois semeie flores e pétalas
pelos jardins dessa nossa terra.
Siga regando a nossa dor
e faça colchão d’água
para os sonhos que nos afaga.
E na calçada da esperança
ande de braços dados com a fé
olhe para o céu?!
E encare essa vida brava de pé.
Antonio Montes
Meu Eclesiastes 7:2
"A percepção de uma finitude, pluraliza.
A morte é a régua que nos nivela!
O desejo de ser singular precisa gerar revolta interna. Por sermos seres finitos, precisamos buscar aquilo que é eterno."
A propósito de caligrafia, letra cursiva e outras belezuras
Para passar a régua nesse assunto cheio de boas intenções (proposto pelo amigo Wilton Soares), segue depoimento.
Desde pequenininho lá em Água Preta, sempre fui fascinado com letra bonita, desenhada, etc.
Por mais que tentasse, contudo, minha “caligrafia” continuava horrível. (Há uma espécie de esquecimento etimológico aqui, uma vez que “caligrafia” já quer dizer “escrita bela”, né?)
Pois bem. O tempo foi passando e aquele menino, por ironia do destino, acabou se licenciando em Letras e Literaturas Brasileira e Portuguesa, mas a letra seguia feia, horrível, pavorosa.
Professor de língua portuguesa, poeta e jornalista. E a bendita caligrafia... torta de nascença!
Para resolver o problema, cheguei a comprar aqueles cadernos de caligrafia... para praticar. Em vão. Os dedos, duros por natureza, não obedeciam ao comando do cérebro e, zás, descambavam para cima, para baixo ou de través, ignorando a bendita linha, como um trem desgovernado!
Frustrado, cheguei a dividir o mundo em duas classes de pessoas: as que têm letra bonita e as que não têm. (Minhas duas filhas têm uma gracinha de letra, o que descarta qualquer tipo de herança nessas questões caligráficas!)
Fato é que, se tivesse uma letra bonitinha, desenhadinha, cursivinha, estaria dando aulas de gramática, já que sou expert no assunto. Mais: já teria escrito uma gramática ou alguns manuais de português instrumental.
Na impossibilidade de me tornar professor de português, virei poeta. Os dedos continuam duros, mas o pensamento segue maleável, mágico, feito fumaça. Felizmente.
Isso é tão verdadeiro que, atualmente, no máximo, me permito autografar uns dois livros ou, mais raramente, assinar o nome de batismo...
Eu? Sigo grato aos modernos editores de textos, sem os quais ainda estaria sofrendo com a velha Olivetti ou, muito pior, me recuperando duma Lesão por Esforço Repetido LER)!
Oh
Humanidade é a régua por onde medimos nossa habilidade racional de conviver em sociedade sem a necessidade de quaisquer regras impostas.
Com régua e compasso desenhei um castelo, mas só à mão livre consegui dar vida à construção, desenhando uma princesa; uma lágrima caiu sob seu coração; no portal surgiu um nome: EMOÇÃO.
A minha carne é feita de livros...
encaixados à força da régua e do carimbo
do "tens que aprender a lição!"
enquanto lá fora...
a saia primaveril que vestia os meus sonhos
me inundava de interjeições...
Távola de Estrelas - A Minha crane é Feita de livros
Já pensei em comprar régua e compasso, mas esse amor que sinto por você creio que não haja traço que o direcione ao meu regaço.
Mesma régua, duas possibilidades: Numa extremidade, o paraíso; no outro lado, o inferno. Quanto mais o ser opta pela potencialização do que é, mais ele se aproxima do paraíso; quanto mais o estar se deixa impor pelo que não lhe cabe inatamente, mais ele caminha em direção ao inferno.
Não existe uma régua para medir as consequências
Mas o remorso e o arrependimento também são incalculáveis
Aquele que teme a Deus deve ter muito respeito ao seu nome porque um dia a régua será posto e o torto não apoiará em linha reta.
Medimos as pessoas pela régua que somos, se a régua é justa a medida será a justiça, se a régua é imoral, a medida será a imoralidade. Podemos fingir, mas sobre pressão retornamos rapidamente a medir todos conforme somos.
O valor de um candidato mede-se pela quantidade de votos; o valor de um estadista mede-se pela régua do caráter.
Sem regras
desenho
círculos sem compasso,
quadrados sem régua,
paredes sem prumo
e vãos sem esquadro...
rabisco poemas
sem nenhuma regra,
navego entre letras
sem remos nem rimas...
sem mote, sem métrica,
no papel, meu porto,
dou o meu recado
e morro entrelinhas...
sem nenhum dilema
minha regra é o rigor
em não ser quadrado
nem em regras ancorado...