Pranto
Muitos poetas crescem para dentro numa implosão da alma, como nitroglicerina cálida do pranto em autocombustão... E, por sua vez, na aura o brilho eclode num parto, expõe-se o filho, o fio e o farto, num alto salto muito além da concepção.
Um aperto
Um vazio
Um querer sem fim
Lágrimas que lentamente
Tomam forma de pranto
Sinto o gosto do sal
Que forçadamente umedecem meus lábios
Líquido salobro
Que tempera exageradamente minha alma
Que um dia foi doce
Deus te levou de mim, tão cedo quanto me entregou, deixou-me aqui em lágrimas, em pranto, apenas a lua me acompanha na solidão, espero que ao lado de Deus esteja ainda me amando, pois a mim sempre serás eterna.
Desce a noite
escorre entre meus dedos em pranto.
Pouco a pouco tudo cobre
com seu espesso manto.
Fecham-se as cortinas do dia.
Escurece,
esmorece,
diante da noite o dia desaparece.
Desce a noite...
calada,
desesperançada...
sem mais sonhos
ela
simplesmente adormece.
E o riso fez-se pranto
tudo era simples encanto
o amor em desamor
a alegria em dor.
E o riso...
e o pranto...
encanto
procuro você
por todo canto...
E o pranto
em riso
encontro suas pegadas
por tudo onde piso...
e o riso... e o riso... e o riso...
só você consegue acabar com meu pranto...
Onde encontro você,
meu amor?
Você está onde as outras coisas não estão?
Meu amor....
não deixe sozinho meu coração...
"Algum dia, quando meu pranto estiver acabado
Eu vou exibir um sorriso e caminharei sob o sol
Posso parecer um tolo
Mas até lá, meu bem, você nunca me verá reclamar
Eu farei o meu pranto na chuva"
A primeira palavra
é choro
pranto abraçando o respirar
Ou será luz ?
a última palavra
é silêncio
quietude provocando temporais
ou será escuridão?
Pranto para o homem que não sabia chorar
Havia quitandas naquele tempo. Vendiam verduras, legumes, ovos, algumas chegavam a vender galinhas em pé, quer dizer, vivas, mas eram poucas, pois todas as casas tinham quintal e todos os quintais tinham galinhas. Ia esquecendo: as quitandas mais sortidas tinham à porta, bem visíveis aos passantes, um feixe de varas de marmelo.
Para que serviam? Fica difícil explicar, mas serviam para os pais comprarem uma delas e a guardarem em casa, num lugar à mão e bem visível aos filhos. Quem nunca tomou uma surra de vara de marmelo não pode saber o que é a vida, de que ela é feita, de suas ciladas e enigmas. Há aquela frase: "Quem nunca passou pela rua tal às cinco da tarde não sabe o que é a vida". A frase não é bem essa, mas o sentido é esse.
Uma surra de vara de marmelo era o recurso mais eficaz para colocar a prole em bom estado de moralidade e bom comportamento. Acima dela, só havia o recurso capital de ameaçar o filho com um colégio interno da época: Caraça! Ir para o Caraça, a possibilidade de ir para o Caraça era uma pena de morte, uma condenação ao inferno, um atestado de que o guri não tinha jeito nem futuro.
Houve a tarde em que o irmão mais velho fez uma lambança com umas tintas que o pai comprara para pintar a casa de Segredo, o cachorro, que era solto à noite para evitar que os amigos do alheio pulassem para o quintal e roubassem as galinhas -repito, todas as casas tinham galinhas.
E "amigos do alheio" era uma expressão, uma metáfora civilizada que os jornais usavam para se referirem aos ladrões de qualquer coisa, inclusive de galinhas.
Pois o irmão foi surrado com vara de marmelo e chorou. O pai então proferiu a sentença que ele jamais esqueceria:
Homem não chora!
Em surras seguintes e sucessivas, com a mesma vara de marmelo (ela nunca se quebrava, por mais violenta que tivesse sido a surra anterior), o irmão tinha o direito de gritar, de urrar, de grunhir como um leitão na hora em que entra na faca, mas não de chorar.
Por isso, mesmo sem nunca ter tomado uma surra daquelas, ele sabia que um homem não pode chorar, nem mesmo quando açoitado por vara de marmelo. O vizinho do Lins, que tinha um filho considerado perdido, percebendo que a vara de marmelo era ineficaz como um remédio com data de validade vencida, adotou uma tira de borracha que servira de pneu a um velocípede desativado. Tal como a vara de marmelo, era maleável mas inquebrável, deixava lanhos nas pernas do filho -que mais tarde chegaria a ser capitão-do-mar-e-guerra, medalhado não em guerra nem em mar, mas por tempo de serviço.
Homem não chora e, por isso, ele decidiu que seria um homem e jamais choraria. O irmão, sim, era um bezerro desmamado, chorava à toa, nem precisava de vara de marmelo. Chorou no dia em que Segredo morreu envenenado -um amigo do alheio, antes de pular no quintal, jogou-lhe um pedaço de carne com arsênico.
Chorou mais tarde, quase homem feito. Esquecido de que homem não chora, ele chorou quando o Brasil perdeu para o Uruguai no final da Copa do Mundo de 1950. Não era homem. Atrás do gol, viu quando Gighia chutou e o estádio emudeceu e logo depois chorava, seguramente o maior pranto coletivo da história da humanidade, 200 mil pessoas que não eram homens, chorando sem vergonha de não serem homens.
Ele não podia ou não sabia chorar? Essa era a questão. Volta e meia forçava a barra, lembrava as coisas tristes que lhe aconteceram, o dia em que o pai o colocou de castigo, atribuindo-lhe a quebra de uma moringa. A perda da medalhinha de Nossa Senhora de Lourdes que a madrinha lhe dera, uma medalhinha de ouro que, segundo a madrinha, o livraria de todo o mal, amém. Não chorou nem mesmo quando, naquela primeira noite após a morte de sua mãe, ele se sentiu sozinho na vida e perdido no mundo.
Daí lhe veio a certeza. Poder chorar até que podia. O diabo é que ele não sabia mesmo chorar. Chorar é como o samba que não se aprende na escola: ou se nasce sabendo, ou nunca se sabe. Bem verdade que ele desconfiou de que os outros chorassem errado, misturando motivos. Por exemplo: o irmão, que era um Phd na matéria, quando chorava, fazia um embrulho de coisas e desditas, um mix de quebrações de cara e obtinha um pranto copioso, sincero, lágrima puxando lágrima, soluço puxando soluço.
Quando perdeu uma bolada num cassino de Montevidéu, foi para o quarto do hotel, bebeu meia garrafa de uísque e, tarde da noite, telefonou dizendo que, passados 40 e tantos anos, ainda estava chorando pela morte de Segredo.
Tivera ele essa virtude, aquilo que os ascetas chamam de "dom das lágrimas"! José, vendido por seus irmãos ao faraó do Egito, tornou-se poderoso e um dia recebeu os irmãos que o procuraram para matar a fome. Os irmãos não o reconheceram. José perguntou-lhes sobre o pai e retirou-se a um canto para chorar. Depois, sim, deu-se a conhecer e matou a fome dos irmãos que o venderam.
Jesus chorou quando soube da morte de Lázaro e o ressuscitou. A lágrima é um dom, e ele não mereceu esse dom nem mesmo quando Débora foi embora de seus sonhos e, como nos tangos, nunca mais voltou.
No pranto uma gota me faça
assombrado poeta para noutra
me tornar selvagem eremita
sorrindo proscrito.
As lágrimas inspiram a poesia.
O pranto vem ao anoitecer.
O que era alegria virou agonia
Confesso: não sei o que fazer.
Tenho que cumprir o meu dever
Mas a paixão me leva...
Também quero prazer
Mas minha mente se nega.
Os mistérios me atraem a você
De maneira inexplicável.
E são eles que fazem sofrer
Tão distante, tão amável.
É muito encantador
Sua falta canta minha dor.
Meu pranto escorria pelos meus olhos, por pensar, o que seria dos meus dias, mas em um instante, renovei todos os meus sentimentos, e segurei nas mãos de Deus.
Quando estou com você meu mundo gira, quando estou com o coração em pranto lembro que você existe. E cada dia que passa, vejo a força das palavras agindo em nossas vidas. Você, sim, sabe me deixar alegre com um toque sutil de suas palavras. Sendo assim, vivo em busca dos teus caminhos, pois ao seu lado sei que jamais estarei sozinho.
UM CONTRASTE
Rias o teu riso demorado e forte.
Que eu, de dor, derramarei o meu pranto.
Enquanto o teu riso gozoso no entanto
Ecoa de norte a sul, de sul a norte.
E eu, na esperança de contar com a sorte,
Não encontro no teu riso nenhum encanto.
E de tudo o que mais me importa é o meu manto,
O manto da esperada e fatídica morte!
Tu, enquanto podes, rias ao vento.
E eu, triste, num só pensamento,
O pensamento negro do inevitável fim!
E no teu riso que provoca, que insulta,
Me faz focar nesse fantasma que se avulta,
O fantasma morte que persegue a mim!
Cavalos selvagens , tempestade de neve
onde correm como o vento...
do seu desalento, pranto sentido choroso.
Lágrimas que derretem o gelo da alma..
como fogo ardente selvagem de uma paixão..
corpo nú belo charmoso quente .!!
BANAL
Daqui a alguns instantes,
Ao som da tua voz ou do teu sorriso,
Ao som do teu pranto...
Ao som do teu silencio,
Vou te contar
Como se fosse a coisa mais banal...
Sem que você perceba toda esta ansiedade,
Que fervilha nas minhas veias...
Daí então andorinhas farão tantos verões...
Quantas manhãs relutarão
Com seus raios dourados
A se entregarem calmas, fagueiras
Às tardes silenciosas e preguiçosas,
Até que você perceba a dimensão exata,
Então algum dia depois de todas andorinhas
E todos verões, numa manhã ensolarada
Ou numa tarde quase noite, cinzenta,
Fria e monótona de algum inverno,
Admirando o orvalhar nas plantas,
Sob uma neblina fria e constante
O olhar perdido na luz tênue
De alguma estrela teimosa,
Entre nuvens grafites,
Ouvindo a voz assustadora da realidade,
Dando-te a dimensão exata
Do daqui a alguns instantes...
Daqui a alguns instantes...
Nesse esvair-se...
Nesse dissolver-se...
Nesse descompor-se...
De uma forma assim inapelável e quase imperceptível..
Como açúcar na água ou como sal.
Como se fosse a coisa mais banal...
Você percebe que as tulipas murcharam
E que as auroras se foram...
TRAUMA
O tempo arrastou a dor e o pranto,
Levou as folhas secas do meu mal…
E tudo passou, feito temporal,
Levando minha angústia a qualquer canto.
Ainda que o drama fosse tanto,
Esperei... já que tudo tem final!
Assim, nasceram flores no quintal
Trazendo nova vida, novo encanto.
Talvez até bastasse este presente,
Os instantes, pequenas alegrias
Ou esta tarde fria, tão somente…
Mas há horas que ainda são vazias
E há lembranças vis na minha mente:
Pesadelos devolvem estes dias!
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