Poesia de Cora Coralina aos Mocos
[...] gente que a gente nunca viu, mas se sente bem ao ver pela primeira vez, e é como se as conhecesse desde sempre.
Fragmento do poema 
"De Goiás a Brasília – 
Memórias de Minas Gerais".
ouço seu andar pelos morros dos meus olhos
nem sei se aqui é Minas
mas vejo pontas de minhas raízes ressequidas nessas páginas
conheço esse caminho de pedrinhas miúdas, reviradas...
florzinhas acanhadas, pisadas, maltratadas.
- aqui há sol! muito sol!
sua voz de nascimentos  sopra-me versos
feinha vou milagrando em letras nas rachaduras
da dureza da vida
frágil, relutante, bravia...
integrando na lição terna
curvo em seu ouvido
-semear, vigiar, colher...
Ah, Aninha, ainda faço doces com suas receitas.
A FIRMEZA DE ANINHA.
( de Madalena Ferrante Pizzatto )
Aninha ajuntou pedras,  
das pedras fez sua escada, 
com firmeza subiu alto.  
Entre pedras com firmeza 
plantou e cultivou rosas.  
Com firmeza entre pedras
edificou  sua história. 
Uma pedra foi seu berço 
morou na casa de pedras.  
Aninha comeu pedras 
com seu marido de pedra 
e teve filhos de pedras.  
Viveu seus anos de pedra 
com pedras no seu caminho.  
As pedras duras e rudes, 
esmigalharam Aninha 
Com firmeza  fez seus versos 
que brilharam nos poemas.    
E com firmeza se fez, 
doce Cora Coralina. 
* Uma releitura do poema PEDRAS ( de Cora Coralina )
Faz do cenário da tua vida, 
Do cenário de horror que você presencia, um filme inesquecível.
Um show que você irá se lembrar para sempre,
Um espetáculo do qual você é a maior atração que brilhará no centro principal.
Faça uma reviravolta e construa um final feliz, 
Pois, finais felizes existem sim, mas para aquele que faz acontecer no mundo real, e não apenas sonha.
Seja o protagonista da sua própria trama 
Crie o enredo 
Seja o personagem que você acredita,
Mas nunca, nunca mesmo, seja o coadjuvante da sua própria vida.
Cidade de Goyas (Goiás Velho)
Hoje, eu fui o menino de cabelos brancos,
que andou na ponte da menina feia (Aninha)
poetando suas lembranças em cânticos
do rio vermelho e das serras que recitam poesia em ladainha
E lá em sua janela a figura dela, Coralina, de versos românticos
tão meigo, tão terno, tão teu... que alegria
poder caminhar nos teus passos semânticos
das ruas indecisas, entrando e saindo em romaria
em trovas dos teus larguinhos e becos tristes
ouvindo os cochichos das casas encostadinhas
fui cada trepadeira sem classe, que vistes
cada morro enflorados, lascados, grotinhas
fui cada muro da ruinha pobre e suja, momentos tão teus...
Eu,
só quero te servir de versos, meus...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
A Cora Coralina (paráfrase)
Após minha primeira visita a sua cidade
09/06/2015, 19’13”
Cidade de Goyas
Cora, coragem, coração
No doce aroma do tempo, Cora vive,
na pedra do rio, na rua sem nome,
uma mulher que lavra o chão da palavra,
colhe versos onde a vida some.
Cora, que cora o papel de coragem,
borda em linhas a força do ser,
tece histórias de um lar invisível,
mas que em cada canto insiste em nascer.
Inteligência que brota do chão duro,
do fogão de lenha, do pão repartido,
é a sabedoria que não se mede em livros,
mas no viver, puro e esculpido.
Protagonista de sua própria jornada,
frente à sombra do mundo e do tempo,
não calou sua voz, fez dela escudo,
e no silêncio plantou sentimento.
O empoderamento veste seu nome,
não como grito, mas como raiz,
que finca na alma, que cresce em segredo,
e na eternidade resiste e insiste.
Cora, que cora de emoção o passado,
e enche de coração o presente,
é mulher, poeta, e a força do vento
que leva sua palavra ao futuro urgente.
Imortal, não porque o mundo lhe deu,
mas porque ela tomou para si o direito
de ser eterna nas rimas, nos ecos,
em cada coração que bate no peito.
[...] E perto do fogão a lenha, sentindo o calor do tacho quente a me aquecer no inverno sorriria, saboreando as delícias feitas pela poetiza. Com um pedaço generoso de bolo de milho com queijo às mãos e rodeado por vários cães e gatos manhosos, por todos os lados que olhasse, me lembraria de Minas!
Fragmento do poema 
"De Goiás a Brasília – 
Memórias de Minas Gerais".
POEMA
A minha vida é o mar o abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita
Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará
Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento
A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto
Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento
E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
A arquitetura como construir portas, 
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e tecto.
O arquiteto: o que abre para o homem 
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.
Até que, tantos livres o amedrontando, 
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até fechar o homem: na capela útero, com confortos de matriz, outra vez feto.
Por trás do que lembro,
ouvi de uma terra desertada,
vaziada, não vazia,
mais que seca, calcinada.
De onde tudo fugia,
onde só pedra é que ficava,
pedras e poucos homens
com raízes de pedra, ou de cabra.
Lá o céu perdia as nuvens,
derradeiras de suas aves;
as árvores, a sombra,
que nelas já não pousava.
Tudo o que não fugia,
gaviões, urubus, plantas bravas,
a terra devastada
ainda mais fundo devastava.
Rasas na altura da água
começam a chegar as ilhas.
Muitas a maré cobre
e horas mais tarde ressuscita
(sempre depois que afloram
outra vez à luz do dia
voltam com chão mais duro
do que o que dantes havia).
Rasas na altura da água
vê-se brotar outras ilhas:
ilhas ainda sem nome,
ilhas ainda não de todo paridas.
Ilha Joana Bezerra,
do Leite, do Retiro, do Maruim:
o touro da maré
a estas já não precisa cobrir.
O Engenheiro
A luz, o sol, o ar livre  
envolvem o sonho do engenheiro.  
O engenheiro sonha coisas claras:  
Superfícies, tênis, um copo de água.  
O lápis, o esquadro, o papel;  
o desenho, o projeto, o número:  
o engenheiro pensa o mundo justo,  
mundo que nenhum véu encobre.  
(Em certas tardes nós subíamos 
ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro).
A água, o vento, a claridade,  
de um lado o rio, no alto as nuvens,  
situavam na natureza o edifício  
crescendo de suas forças simples.
A um rio sempre espera
um mais vasto e ancho mar.
Para a agente que desce
é que nem sempre existe esse mar,
pois eles não encontram
na cidade que imaginavam mar
senão outro deserto
de pântanos perto do mar.
Por entre esta cidade
ainda mais lenta é minha pisada;
retardo enquanto posso
os últimos dias da jornada.
Não há talhas que ver,
muito menos o que tombar:
há apenas esta gente
e minha simpatia calada.
Os velhos que se mostram muito saudosos da sua mocidade não dão uma ideia favorável da maturidade e progresso da sua inteligência.
A indiferença ou apatia que em muitos é prova de estupidez pode ser em alguns o produto de profunda sapiência.
Faço dizer aos outros aquilo que não posso dizer tão bem, quer por debilidade da minha linguagem, quer por fraqueza dos meus sentidos.
O rosto de uma mulher, seja qual for a sua discrição ou a importância daquilo em que se ocupa, é sempre um obstáculo ou uma razão na história da sua vida.
As coisas maiores só devem ser ditas com simplicidade; a ênfase estraga-as. As menores precisam de ser ditas com solenidade; elas só se sustentam pelo modo de expressão, pela atitude e pelo tom.
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